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6ª Jornada Científica e Tecnológica da FATEC de Botucatu 23 a 27 de Outubro de 2017, Botucatu São Paulo, Brasil

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃOS DOS PRINCIPAIS ASPECTOS REPRODUTIVOS DA FÊMEA BUBALINA

Ariane Dantas¹, Michel de Campos Vettorato2, Jéssica Leite Fogaça2, Eunice Oba2 ¹Professora da Escola Técnica Estadual (Etec) Dona Sebastiana de Barros, dantas.vet@gmail.com.

2Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Unesp/Campus de Botucatu.

1 INTRODUÇÃO

A população mundial de búfalos é estimada em 180 milhões de cabeças, das quais mais de 80% estão localizadas na Índia, China e Paquistão, onde são destinados em sua maioria a produção de carne e leite (WANAPAT; CHANTHAKHOUN, 2015). Segundo Hamid et al. (2016), grande parte do desenvolvimento econômico e social de diversos países asiáticos ocorreu em dependência do crescimento e fortalecimento da atividade nessas regiões.

No Brasil o número de cabeças de búfalos é de aproximadamente 1.300.000 distribuídos principalmente nas regiões Norte (66,49%) e Sudeste (11,32%), onde concentram-se as parcelas mais efetivas dessa espécie. Entre os anos de 2010 e 2011, a criação de búfalos no país teve crescimento de 7,8%, demonstrando assim a excelente capacidade de adaptação dessa espécie ao manejo e às condições ambientais, bem como o significativo potencial de expansão da atividade em nosso país (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE, 2017).

Deste modo, para que a ampliação do rebanho bubalino persista e que continue a ser um empreendimento pecuário cada vez mais atraente sob o ponto de vista econômico, é necessário a realização de estudos mais aprofundados sobre os aspectos reprodutivos nessa espécie (BRITO, 2017), visto que o desenvolvimento integral e harmonioso dessas características, principalmente das fêmeas, é determinante para a otimização da fertilidade, eficiência reprodutiva, seleção e melhoramento genético dos rebanhos (WARRIACH et al., 2015).

Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo apresentar as principais características anatômicas e fisiológicas reprodutivas da espécie bubalina, afim de fornecer informações preditivas para a estruturação e ampliação da atividade em nosso país.

2 DESENVOLVIMENTO 2.1. Anatomia reprodutiva

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Primeiramente, é importante salientar a existência de diversas diferenças anatômicas, fisiológicas e endócrinas entre a vaca e a búfala. O trato reprodutivo da fêmea bubalina comparado com o de vacas caracteriza-se por possuir a vulva hiperpigmentada e estruturas interiores menores e mais leves, mais rígidas e tortuosas e com mais tônus (DROST, 2007). Na tabela 1, encontram-se sumarizados as principais características anatômicas reprodutivas de búfalas.

Ressalta-se que os búfalos são classificados em duas espécies principais, sendo essas: os búfalos selvagens africanos (Syncerus) e búfalos asiáticos (Bubalus bubalis). Os búfalos asiáticos são ainda classificados em duas sub-espécies, sendo chamados de búfalos do rio e búfalos de pântano, os quais diferem em diversas características fisiológicas reprodutivas, tais como a idade à puberdade, maturidade sexual e duração do ciclo estral e da gestação (ZAVA, 2011). Contudo, o nosso trabalho reserva-se apenas na descrição de búfalas de rio que são as que apresentam os melhores valores produtivos, além de serem os predominantes no nosso país.

Tabela 1. Descrição das principais características anatômicas da búfala

Estrutura Parâmetro

Ovário Comprimento= 2,0 - 3,0 cm; Largura= 1,4 cm; Peso= 2,9 - 6,1

g

Corpo lúteo Marrom/avermelhado, embebido para o interior do ovário.

Difícil proeminência

Tuba uterina Comprimento= 19 - 24 cm

Cornos uterinos Mais rígidos e tortuosos que nos bovinos; maior tônus

Corpo do útero Comprimento= 5,3 - 8,0 cm

Cérvix Menor com mais anéis cervicais 3 - 5

Fontes: VALE e RIBEIRA (2005); DROST (2007).

2.2. Ciclo estral e desenvolvimento folicular

A atividade reprodutiva das búfalas é mediada pela produção de melatonina, que por sua vez é influenciada positivamente pela redução das horas de luz no dia, sendo, portanto, considerada poliéstrica estacional de dia curto (PHOGAT et al, 2016), com sua estação de monta condensada entre os meses de março a julho na região sudeste do Brasil (CARVALHO et al., 2016).

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O seu ciclo estral apresenta quatro fases distintas (pró-estro, estro, metaestro e diestro), com comprimento médio de 21 dias (intervalo 16 - 33 dias) e duração média de estro de 18 h (intervalo 5-36 h), concentrados na maioria das vezes à noite, visto a temperatura ser mais amena durante esse período (PERERA, 2011).

Essa variação observada na manifestação e intervalo do estro e no tempo de duração do ciclo estral pode ocorrer devido a vários fatores, tais como o clima, manejo, genética e principalmente o plano nutricional. A função reprodutiva é a primeira atividade a ser comprometida devido a um desequilíbrio nutricional, sendo essa função novamente ativada somente quando as demandas por manutenção, crescimento e reserva de nutrientes forem devidamente atendidas (WARRIACH et al., 2015).

Já em regiões equatoriais, onde a variações de luminosidade não tão intensas durante o ano inteiro, a búfala é considerada poliestra contínuo, não sofrendo influência do fotoperíodo, ciclando assim durante todo o ano (PHOGAT et al, 2016).

A população ovariana no nascimento (folículos primordiais) é de 12.000 - 20.000 e o desenvolvimento dos folículos ovarianos é caracterizado pela ocorrência na maioria das vezes de duas ondas foliculares por ciclo estral, todavia, pode ocorrer apenas uma ou três (CAMPANILE, 2010). A primeira onda tem início no primeiro dia após a ovulação e é chamado de dia 0, a segunda surge no dia 10 e para os animais com 3 ondas por ciclo, a primeira onda ocorre também no dia 0, a segunda no dia 9 e a terceira no dia 16 do ciclo (GIMENES et al., 2011).

O diâmetro do folículo dominante e subordinado no momento da divergência folicular é de 7,2 ± 0,3 mm e 6,4 ± 0,3 mm, respectivamente, obtendo capacidade ovulatória a partir de 8,5 mm de diâmetro. O folículo pré-ovulatório possui diâmetro máximo de 15,5 ± 1,6 mm em animais com duas ondas foliculares e de 13,4 ± 1,3 mm em animais com três ondas foliculares (VARUGHESE et al., 2014).

Sabe-se também que o comportamento da fêmea ao cio também é bem peculiar, sendo observado sinais clínicos de estro, tais como: micção, vocalização, inchaço vulvar e descarga de muco manifestados de forma muito discreta e pouco pronunciada, a explicação para tal fato baseia-se nas baixas concentrações de estradiol que as búfalas apresentam durante o estro, havendo a necessidade do uso de rufião com buçal marcador, aliada a frequente observação visual para detectá-lo, sendo que um dos sinais mais seguros para detecção de estros é a aceitação de monta pelo rufião (SUTHAR; DHAMI, 2010).

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2.3. Puberdade

A puberdade pode ser definida como um fenômeno fisiológico complexo cujas origens são os mecanismos neuro-endócrinos que determinam a primeira ovulação e aquisição de características sexuais (DUITTOZ et al., 2016).

Fêmeas pré-púberes apresentam-se sexualmente imaturas, pois o estradiol atua como hormônio inibitório do início da puberdade exercendo efeito retrógado sobre o hipotálamo, regulando a síntese e secreção do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). Quando próximo da ocorrência da puberdade há uma inversão do efeito negativo para positivo, através da redução de receptores de estradiol no hipotálamo e aumento na frequência dos pulsos dos hormônios luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH) na adeno-hipófise, os quais exerceram efeito positivo no ovário, promovendo o crescimento folicular e atividades hormonais, o que resultará em desencadeamento da puberdade (TERZANO; BARILE; BORGHESE, 2012).

Em novilhas bubalinas o início da puberdade pode ser considerado quando os níveis plasmáticos de progesterona atingem valores superiores a 1,5 ng/mL em duas avaliações de ciclos estrais consecutivas (TERZANO; BARILE; BORGHESE, 2012).

Contudo, a transição para a puberdade envolve não só mudanças endócrinas, mas também metabólicas, as quais conduzem à completa preparação fisiológica para a maturação sexual. As búfalas geralmente alcançam a puberdade quando atingem aproximadamente 60% do peso adulto das fêmeas do rebanho (250 a 400 kg), mas a idade na qual ocorre o desencadeamento da puberdade pode ser altamente variável podendo ocorrer entre os 18 a 46 meses (DROST, 2007) (Tabela 2).

Segundo Gupta et al. (2016), o início da puberdade não é uma simples função da idade cronológica, mas sim um processo complexo afetado por fatores internos e externos, dentre eles podemos citar a nutrição, a genética, interações sociais e peso corporal.

Tabela 3. Variação da idade à puberdade (meses) de búfalas em diferentes países

Idade a puberdade (meses) País Autor

14,5 - 20 Brasil Vale (2000)

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10 - 13 Egito Hafez (1955)

26 - 36 Índia Bodhipaksha (1987)

26,5 ± 6,5 Itália Roychoudhury (1967/1969)

Uma vez iniciados os ciclos estrais, a idade ao primeiro parto ocorrerá por volta de 33 a 45 meses em animais com média de peso corporal de 480 kg, variação essa, também relacionada a fatores como raça, clima, sistemas de alimentação e taxa de

crescimento. O tempo de gestação da búfala varia entre 293 - 318 dias, o tipo de placenta é

cotiledonária - epitélio corial e é esperado o nascimento de apenas um filhote por gestação.

A primeira ovulação pode ocorrer com 60 a 90 dias após o parto e o primeiro estro poderá ser detectado com em média 130 dias após o parto, dependendo das condições nutricionais e climáticas (VALE e RIBEIRA, 2005).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A bubalinocultura é uma atividade que vem crescendo e se desenvolvendo muito nos últimos anos no Brasil, tornando-se mais uma alternativa a pecuária nacional. Contudo, para que a ampliação do rebanho bubalino persista o conhecimento dos aspectos reprodutivos é fundamental, visto possuir características peculiares, tais como idade à puberdade, maturidade sexual, duração e características do ciclo estral, sendo tais fatores determinantes também para o desenvolvimento de boas práticas de manejo geral e qualidade da relação homem-animal.

4 REFERÊNCIAS

BRITO, M. F. Aspectos reprodutivos e biotecnologias aplicadas à espécie bubalina. Sinapse Múltipla, v. 6, n. 1, p. 60-65, 2017.

BODHIPAKSHA, P. Physiology of female swamp buffalo reproduction. In: Swamp buffalo reproduction. Bangkok: Chulalongkorn University, p.117-124, 1987.

CAMPANILE G. et al. Ovarian function. Animal Reproduction Science, v. 121, n. 1-2, p. 1-11, 2010. CARVALHO, N. A. T.; SOARES, J. G; BARUSELLI, P. S. Strategies to overcome seasonal anestrus in water buffalo. Theriogenology, v. 86, p. 200-206, 2016.

DROST, M. Bubaline versus bovine reproduction. Theriogenology, v. 68, p. 447-449, 2007.

DUITTOZ, A. H. et al. The timing of puberty (oocyte quality and management). Animal Reproduction, v. 13, n. 3, p. 313-333, 2016.

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GIMENES, L. U. et al. Ultrasonographic and endocrine aspects of follicle deviation, and acquisition of ovulatory capacity in buffalo (Bubalus bubalis) heifers. Animal Reproduction Science, v. 123, p. 175-179, 2011.

GUPTA, S. K. et al. Strategies for attaining early puberty in cattle and buffalo: A review. Agricultural

Reviews, v. 37, n. 2, p. 160-167, 2016.

HAMID, M. A. et al. Status of Buffalo Production in Bangladesh Compared to SAARC Countries. Asian

Journal of Animal Science, v. 10, n. 6, p. 313-329, 2016.

HAFEZ, E. S. E. Puberty in buffalo-cow. Journal of Agriculture Science, v. 46, p. 137-42, 1955. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Pecuária Municipal: Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em: 02 setembro 2017.

IVANOV, P.; ZACHARIEV, S. J. Biologische Eigeschaften und Wirtschaftlichkeit der Büffel in Bulgarien. Z. Tierz Züchtungs Biology, v. 74, p. 340-360, 1960.

PHOGAT, J. B.; PANDEY, A. K.; SINGH, I. Seasonality in Buffaloes Reproduction. International Journal of Plant, Animal and Environmental Sciences, v. 6, n. 2, p. 46-54, 2016.

PERERA, B. M. A. O. Reproductive cycles of buffalo. Animal Reproduction Science, v. 124, p. 194-199, 2011.

ROYCHOUDHURY, P. N. Month of calving and age at first calving of buffalo herd in Italy. Philippine

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SUTHARM, V. S.; DHAMI, A. J. Estrus Detection Methods in Buffalo. Veterinary World, v. 3, n. 2, p. 94-96, 2010.

TERZANO, G. M.; BARILE, V. L.; BORGHESE, A. Overview on Reproductive Endocrine Aspects in Buffalo. Journal of Buffalo Science, v. 1, p. 126-138, 2012.

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VALE, W. G.; RIBEIRO, H. F. L. Características reprodutivas dos bubalinos: puberdade, ciclo estral, involução uterina e atividade ovariana no pós-parto. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 29, n. 2, p. 63-73, 2005.

VARUGHESE, E. E. Correlation of Blood Flow of the Preovulatory Follicle to its Diameter and Endocrine Profile in Dairy Buffalo. Reproduction Domestic Animal, v. 49, p. 140-144, 2014.

WANAPAT, M.; CHANTHAKHOUN, V. Buffalo production for emerging market as a potential animal protein source for global population. Buffalo Bull, v. 34, p. 169-180, 2015.

ZAVA, M. El Bufalo Domestico. Ed. Orientation Grafica, Buenos Aires, Argentina. 2011.

WARRIACH, H. M. et al. A Review of Recent Developments in Buffalo Reproduction - A Review. Asian

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