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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

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Academic year: 2021

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Turma e Ano: Improbidade Administrativa 2016 Matéria / Aula: Improbidade Administrativa / 03 Professor: Samuel Côrtes

Monitor: Victor R. C. de Menezes Aula 03

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

- PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

A LIA prevê em seus arts. 14 e ss. procedimento administrativo de caráter não obrigatório destinado a apurar a ocorrência de ato de improbidade o que viabiliza a constituição de lastro probatório favorável ao ajuizamento de futura ação civil pública de improbidade.

De acordo com o STJ é possível apenar com demissão para o bem do serviço público o agente público que praticar ato de improbidade apurada tão somente em processo administrativo disciplinar, desde que haja expressa previsão legal e se respeite as garantias do contraditório e da ampla defesa.

Demais disso, referida sanção, seja em processo administrativo, seja em processo judicial, pode impedir a nomeação do apenado a cargo público de qualquer ente da federação, desde que previsto expressamente no edital de regência do certame ou em lei. Tal é o entendimento manifestado pela 6ª turma do STJ no julgamento do RMS nº 30.518 – RR, veiculado no informativo 500.

Feitas essas considerações iniciais, é de se dizer que o procedimento administrativo em estudo instaura-se ex officio ou por representação de qualquer pessoa.

Quando instaurado por representação, exige o art. 14, §§ 1º e 2º da LIA a obrigatória identificação do representante sob pena de rejeição da representação. Tal medida objetiva possibilitar a aplicação do art. 19 da mesma lei, que criminaliza o ato de falsa representação dolosa por ato de improbidade.

Cabe ressaltar que o STJ vem abrandando substancialmente o rigor da aludida exigência ao permitir a formulação de representação anônima, por analogia ao que ocorre na sistemática dos inquéritos policiais.

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Uma vez instaurado o procedimento administrativo, providencia-se a cientificação do tribunal ou conselho de contas competente e do MP.

Com relação ao MP é importante esclarecer que sua cientificação não o impede de instaurar inquérito administrativo para correr em paralelo ao procedimento de apuração de improbidade já instaurado.

Pode também o MP requerer a concessão de medidas cautelares de caráter antecedente ou incidental, neste último caso quando o fizer no bojo da ação civil pública de improbidade.

- DAS MEDIDAS DE URGÊNCIA

A LIA prevê 3 espécies de medida de urgência: a) sequestro de valores (art. 16); b) indisponibilidade de bens (art. 7º); e c) afastamento de cargo ou emprego público (art. 20, parágrafo único).

O sequestro de valores terá lugar quando houver fundados indícios de responsabilidade do investigado ou réu, de modo que, caso esta circunstância emerja no curso de procedimento administrativo, a comissão processante representará ao MP ou à procuradoria do órgão para que requeira judicialmente a concessão da medida em caráter antecedente.

O sequestro alcança bens do agente público e/ou do particular que tenha agido em conluio com aquele. Alcança ainda contas bancárias mesmo que mantidas no exterior. Observe-se, outrossim, que o rastreio de verbas públicas não se sujeita à reserva de jurisdição e afasta a garantia do sigilo bancário.

No tocante à indisponibilidade de bens, diga-se que tal medida, tanto quanto o sequestro de valores, terá cabimento quando houver indícios de improbidade. Note-se que em ambas as medidas não há necessidade de demonstração de fumus boni iuris, tendo em vista que tal requisito se presume diante de meros indícios de improbidade, em homenagem ao princípio in dubio pro societate.

Outra semelhança mantida entre as medidas de urgência de sequestro e de indisponibilidade repousa no fato de que ambas são previstas pela LIA como instrumentos de combate aos atos de improbidade que resultem em enriquecimento ilícito ou em prejuízo ao erário.

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Ocorre, porém, que o STJ vem admitindo a concessão dessas medidas no caso de improbidade que atente contra os princípios da administração pública, haja vista a possibilidade de imposição de multa civil nesta modalidade.

Sobre a indisponibilidade, contudo, a jurisprudência admite sua concessão para recair sobre bens adquiridos antes ou depois do ato de improbidade, ressalvados os bens absolutamente impenhoráveis e desde que não sejam fruto do ato ímprobo.

É possível também que a indisponibilidade resulte em bloqueio de bens de valor superior ao requerido pelo autor da ação para que sirvam de garantia à eventual imposição de multa civil. Já o afastamento de cargo ou emprego público é medida que deve ser contrastada com as sanções de perda de função pública e de suspensão de direitos políticos.

Mencionadas sanções exigem trânsito em julgado da sentença condenatória proferida em ação de improbidade. Assim é que, ao prever a possibilidade de afastamento de cargo ou emprego público de agente investigado por ato de improbidade, a LIA de certa forma mitiga o rigor da exigência para a aplicação de parcela dos efeitos das sanções em referência.

Porém, por coerência, o afastamento de cargo ou emprego público exige não só a demonstração de indício de ato ímprobo como também da presença de fumus boni iuris, já que tal não se presume neste caso.

A medida de afastamento se dá sem prejuízo da remuneração do agente público investigado e poderá ser requerida judicial ou administrativamente. O afastamento deve persistir pelo máximo de 180 dias ou até que se extinga o motivo que lhe deu ensejo, prevalecendo o evento que ocorrer primeiro. Caso não haja condenação com trânsito em julgado até o implemento de quaisquer desses eventos, o agente retorna às suas funções.

É importante esclarecer que o afastamento de função pública tem por objetivo promover a salvaguarda da apuração administrativa ou da instrução processual, de modo que a duração destas fases procedimentais não poderá ultrapassar o derradeiro prazo de 180 dias.

Por fim, convém mencionar que qualquer das medidas de urgência inerentes à improbidade administrativa podem ser validamente decretadas, mesmo que por juízo incompetente.

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- PRESCRIÇÃO

A prescrição para o ajuizamento da ação de improbidade é regulada pelo art. 23 da LIA, havendo basicamente 2 situações que reclamam regras próprias delineadas em razão do vínculo mantido entre o agente público infrator e a Administração Pública, quais sejam: a) vínculo temporário, tal como exercício de mandato eletivo, de função de confiança, cargo em comissão e etc; e b) vínculo permanente, como ocorre com os titulares de cargo efetivo e de emprego público, por exemplo. Nesse sentido, prescreve em 5 anos, a contar do término do vínculo provisório, a pretensão de sancionar o agente público que tenha cometido ato de improbidade.

Em se tratando de titular de mandato eletivo que tenha se reeleito, o prazo prescricional somente começará a contar a partir do término do último mandato.

No que diz respeito ao agente que mantenha com a Administração Pública vínculo de natureza permanente, o prazo prescricional será o mesmo previsto para a aplicação da pena de demissão para o bem do serviço público decorrente de faltas disciplinares, nos termos do estatuto dos servidores públicos aplicável.

Caso, porém, o ato ímprobo também configure infração penal, a prescrição da ação de improbidade coincidirá com a prescrição da ação penal correlata, desde que ao menos iniciados os procedimentos investigatórios.

O art. 23, III da LIA ainda traz outra regra específica de prescrição para o caso de atos de improbidade praticados contra entidades privadas que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público ou contra aquelas que possuam ente da administração direta ou indireta como sócio ou acionista minoritário, nos termos do art. 1º, parágrafo único da LIA. Para esses casos, o prazo prescricional será de 5 anos a contar da data em que referidas entidades apresentarem à Administração Pública a prestação de contas final. Esclareça-se, contudo, que mencionada regra foi inserida ao texto da LIA por força da Lei 13.019/2014, a qual possui vacatio legis de 540 dias a contar da data de sua publicação.

Neste momento, mostra-se de suma importância tecer algumas considerações particulares relativas a pretensão de ressarcimento do erário.

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legal contra atos de improbidade, uma vez que na ocorrência de qualquer desfalque patrimonial nos cofres públicos, ainda que não resultante de ato de improbidade, haverá logicamente de se impor ao agente infrator a responsabilidade por restituir o erário ao status quo ante.

Nesse sentido, observe-se que a parte final do art. 37, §5º da CF torna imprescritível a pretensão de ressarcimento, o que retira da LIA a competência para regular matéria prescricional no tocante à aplicação desta sanção em particular, ainda que motivada em ato ímprobo. Este entendimento é endossado pelo STJ e dominante na doutrina.

Ocorre que o STF, no julgamento do RE nº 669.069, de relatoria do Ministro Teori Zavascki, concluiu que a pretensão de ressarcimento aos cofres públicos, fundada em ilícito civil, prescreve em 3 anos, nos termos do CC. Contudo, ressalvou-se expressamente do julgado a prescrição em matéria de improbidade administrativa, por motivo meramente formal já que o ressarcimento em casos tais não integrava a temática discutida nos autos.

No entanto, considerando que a improbidade constituiu espécie de ilícito civil capaz de ensejar aplicação de pena de ressarcimento é bastante provável que referido julgado esteja a denunciar mudança de entendimento da Suprema Corte no tocante ao tema.

Referências

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