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Custos de transação em deciões de investimento: uma ótica direcionada para o modelo de franquias

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA (ICT)

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Márcio Sousa Carvalho da Silva

CUSTOS DE TRANSAÇÃO EM DECIÕES DE INVESTIMENTO: UMA

ÓTICA DIRECIONADA PARA O MODELO DE FRANQUIAS

RIO DAS OSTRAS - RJ, 2016

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MÁRCIO SOUSA CARVALHO DA SILVA

CUSTOS DE TRANSAÇÃO EM DECISÕES DE INVESTIMENTO: UMA ÓTICA DIRECIONADA PARA O MODELO DE FRANQUIAS

Projeto final de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como parte do requisito para obtenção de grau de graduado em Engenharia de Produção.

Orientador: Dsc, Luis Enrique Valdiviezo

RIO DAS OSTRAS – RJ, 2016

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MÁRCIO SOUSA CARVALHO DA SILVA

CUSTOS DE TRANSAÇÃO EM DECISÕES DE INVESTIMENTO: UMA ÓTICA DIRECIONADA PARA O MODELO DE FRANQUIAS

Projeto final de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como parte do requisito para obtenção de grau de graduado em Engenharia de Produção.

Aprovado em de de .

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________ Prof. D.Sc. LUIS ENRIQUE VALDIVIEZO - UFF

___________________________________________________________________ Prof. M.Sc. RAMON BAPTISTA NARCIZO - UFF

___________________________________________________________________ Prof. D.Sc. GUIDO VAZ SILVA - UFF

RIO DAS OSTRAS – RJ, 2016

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Ana Maria, por me apoiar e me incentivar nessa jornada, sem você eu nada seria. Por ter me dado forças nos momentos difíceis, ter cuidado, passado ensinamentos de sobrevivência na cozinha e, sobretudo, por ter me criado com dedicação, amor e carinho incondicionais. O significado de família só é tão claro por ter você em meu caminho.

Ao meu pai, Marcos César, por toda a sabedoria, disciplina e confiança de que não importaria o quão difícil seria a caminhada, se formos juntos, seremos capazes. Por todo o sacrifício, amor e dedicação para me proporcionar tranquilidade para terminar com êxito a graduação.

Ao meu amor, Luna Rocha, sem você não saberia o significado de companheirismo. Por ser minha psicóloga e meu equilíbrio desde os primeiros dias dessa caminhada. Com você, meus dias foram mais felizes em Rio das Ostras.

Aos meus avós, Vó Raquel, Vó Haydee e Vô Raimundo, não existe carinho mais lindo que o de vocês. O sentimento de estar cuidadosamente acolhido com amor, é sempre presente ao estar ao lado de vocês. Obrigado pela sabedoria secular e por ter fincado virtudes de bem que norteiam nossa família.

À minha família que, apesar de distância, sempre me apoiou nessa jornada com honestidade. Não importa quanto tempo passarei longe, ao voltar para minha cidade, sempre me sentirei em casa graças a vocês.

Aos amigos que fiz e aos que já eram presentes, felicidade só existe quando é compartilhada! Esta frase é tão real quanto a amizade de cada um. Vocês são inesquecíveis.

Ao exímio professor e orientador Luis Enrique, por toda sua sapiência e resiliência em compartilhar o conhecimento de maneira singular. Tenho imenso prazer de ter tido seu apoio para executar esta etapa acadêmica. Obrigado.

A todos que de alguma forma compartilharam energias positivas para prosseguir com perseverança, o objetivo de se tornar engenheiro foi facilitado graças a vocês.

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“Sou um amante fanático da liberdade, considerando-a como o único espaço onde podem crescer e desenvolver-se a inteligência, a dignidade e a felicidade dos homens. Não esta liberdade formal, outorgada e regulamentada pelo Estado, mentira eterna que, em realidade, representa apenas o privilégio de alguns, apoiada na escravidão de todos. Só aceito uma única liberdade que possa ser realmente digna desse nome, a liberdade que consiste no pleno desenvolvimento de todas as potencialidades materiais, intelectuais e morais que se encontrem em estado latente em cada um”.

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RESUMO

A análise da viabilidade econômica em decisões de investimento para aquisição de franquias se torna cada vez mais trivial em empreendimentos que apresentam imprevisibilidade. O negócio de franquias representa modelos previamente testados e que exigem um nível menor de investimento.Os custos de transação, são compreendidos como o dispêndio de recursos econômicos para planejar as interações entre os agentes do processo, garantindo que o cumprimento dos acordos contratuais possa se estabelecer de maneira satisfatória entre as partes envolvidas e que não seja obstante de sua funcionalidade econômica. Sua correta mensuração influencia na tomada de decisão, gera novas informações ao projeto e permite ao investidor gerenciar as consequências de desacordos que não estejam pré-estabelecidos via contrato. O presente trabalho, apresenta, por meio da análise de um caso, a relevância dos custos de transação na viabilidade de projetos e sua influência na tomada de decisão.

Palavras-Chave: Custos de transação, Viabilidade econômica, Gestão de Investimentos,

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ABSTRACT

The economic viability analysis of investment decisions for acquisition of franchise becomes increasingly trivial in enterprises that have unpredictability. The Franchising business represent previously tested models which require a lower level of investment. Transaction costs are understood as the expenditure of economic resources to plan the interactions between the agents of the process, ensuring compliance with contractual agreements can be established can be established to the satisfaction of the parties involved and that is regardless of its economic functionality. Correct measurement of the costs influences in decision making, generates new information to the project and allows the investor to manage the consequences of disagreements that are not pre-set via contract. This study demonstrates, through the analysis of a case, the relevance of transaction costs on the viability of projects and their influence on decision making.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Cronologia e Evolução do Franchising ... 17

Tabela 2 – Quantitativo de Residências por Região ... 35

Tabela 3 – Demanda Mensal ... 36

Tabela 4 – Remuneração Média por Cliente ... 37

Tabela 5 – Custos de Transação de Franquia ... 41

Tabela 6 – Quantitativo de residências por região completo ... 48

Tabela 7 – Projeção financeira ... 54

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Faturamento de Franquias ... 21

Figura 2 - Redes franqueadoras ... 22

Figura 3 - Crescimento Anual de Redes Franqueadoras ... 22

Figura 4 - Crescimento do faturamento de Franquias por Segmento ... 23

Figura 5 - Racionalidade Limitada e Oportunismo ... 24

Figura 6 - Fluxo de Caixa ... 25

Figura 7 - Método VPL ... 27

Figura 8 – Fluxograma do método de estudo ... 31

Figura 9 – Segmentação do Projeto 1 ... 34

Figura 10 – Lucratividade Mensal ... 37

Figura 11 – Segmentação de projeto 2 ... 52

Figura 12 – Segmentação de projeto 3 ... 52

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Sumário 1. INTRODUÇÃO ... 11 1.1 Considerações Iniciais ... 11 1.2 Objetivos ... 12 1.2.1 Objetivo Geral ... 12 1.2.2 Objetivos Específicos ... 12 1.3 Justificativa do Estudo ... 12 2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

2.1 Terminologias Adotadas no ambiente de Franquias ... 14

2.2 Definição de Franchising... 15

2.3 Origem do Franchising ... 16

2.5 Franquias no Brasil ... 20

2.6 Custos de Transação... 23

2.7 Decisões de investimento com base no fluxo de caixa descontado ... 25

2.8 Taxa mínima de Atratividade e Custo de Oportunidade ... 25

2.9 Valor Presente Líquido (VPL) ... 26

2.10 Taxa Interna de Retorno (TIR) ... 28

3. METODOLOGIA DO ESTUDO ... 30

4. ANÁLISE DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO EM DECISÕES DE INVESTIMENO ... 32

4.1 Introdução ... 32

4.2 Análise de decisão de investimento de uma franquia: O caso de uma franquia do setor de telecomunicação em Rio das Ostras ... 32

4.2.1 Apresentação da Empresa (Franqueadora) ... 32

4.2.2 Apresentação da Empresa (Franqueado) ... 33

4.2.3 Análise de Mercado ... 33

4.2.4 Projeção financeira dos resultados da empresa ... 35

4.2.5 Projeção financeira dos resultados da empresa considerando os custos de transação ... 39 4.2.6 Análise de VPL e TIR ... 41 5. CONCLUSÃO ... 43 5.1 Limitação do estudo ... 43 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 45 ANEXOS ... 48

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

O desemprego no país é o maior desde 2010, chegando ao patamar médio de 6,8% desde janeiro ate outubro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em vista deste cenário, torna-se necessário analisar minuciosamente diversos tipos de modelos e estratégias empresariais para poder se adaptar ou inserir-se no mercado.

O ambiente empresarial contemporâneo é marcado pela competitividade acirrada e pelo dinamismo crescente das formas de relação entre a organização e seus diversos stakeholders. Nesse tipo de espaço complexo, o desenvolvimento de novas formas de geração de valor deve orientar a organização na incessante busca de êxito (GIOVANNINI, 2008; OROFINO, 2011)

O Franchising é um modelo de negócio que viabiliza a expansão de empresas que não teriam recursos, know-how, estrutura ou tecnologia para se inserir em mercados cada vez mais competitivos e dinâmicos. A estratégia de franquias, nada mais é do que um sistema de distribuição de produtos ou serviços, além de poder usufruir de uma determinada marca, com seus respectivos fornecedores e mercados já conquistados.

O avanço da tecnologia aliado ao incentivo governamental para novos empreendedores, faz com que o mercado de franquias se torne atrativo para pessoas que anseiam difundir seu próprio negócio. De acordo com dados de 2014 da Associação Brasileira de Franchising (ABF), existem 125.000 unidades franqueadas em operação, com um faturamento total de aproximadamente R$ 139 bilhões por ano (ABF, 2015).

O responsável pelo investimento deve levar em consideração que após a aquisição, ainda existem alguns processos internos que devem ser desenvolvidos para então buscar a excelência. Além de um mínimo conhecimento sobre a área que o franqueador estará prestes a se envolver, também se torna fundamental entender da gestão do negócio.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do estudo é identificar a importância dos custos de transação em investimentos de aquisição de franquias no ramo de telecomunicações.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Identificar e analisar aspectos críticos do modelo de franquias que contribuam para a avaliação econômico-financeira;

 Identificar e mensurar as principais fontes de custos de transação no projeto de franquias do setor de telecomunicações

 Mostrar uma utilidade da mensuração dos custos de transação e dos custos de produção na viabilidade econômico-financeira de uma franquia na cidade de Rio das Ostras

1.3 Justificativa do Estudo

O modelo de franquias no Brasil, independente de como seja o comportamento da economia do país, apresenta considerável expansão ano a ano, crescimento de 8.3%. no último ano (ABF, 2015). Sendo assim, surge a necessidade que o assunto seja melhor difundido e disseminado entre as diferentes classes da sociedade, para que o índice de acesso a este tipo de informação seja mais esclarecedor. Visto que, na maioria dos casos, durante o processo de aquisição da franquia, o franqueado carece de informações que são triviais para a manutenção e sobrevivência do negócio neste momento inicial. Esta carência, além de prejudicar o desenvolvimento de processos internos, dificulta na resolução de um planejamento estratégico.

Em vista desse contexto, o presente trabalho contribui com o processo de desenvolvimento estratégico empresarial, explanando quais possibilidades poderão surgir e qual a melhor maneira da empresa reagir de forma a assegurar o bom andamento dos processos e de sua saúde financeira.

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Ao se inserir no mercado, seja através de franquias ou de um próprio negócio, é necessário tomar conhecimento sobre diversos fatores. Este processo exige ampla capacitação e profissionalismo, por parte dos responsáveis. Por mais que sejam modelos previamente testatos, eles ainda podem ser componentes decisivos para o sucesso. Ainda que existam diversas ferramentas para calcular a viabilidade do projeto e mapear os riscos, o franqueado não possui conhecimento das estratégias do franqueador, o que pode gerar situações comprometedoras aos objetivos do investidor.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Terminologias Adotadas no ambiente de Franquias

Foram abordados ao longo deste trabalho, termos relacionados ao ramo de franchising. A seguir foram definidos cada um deles, com o intuito de facilitar o entendimento do estudo.

Franqueador: É a pessoa jurídica que autoriza terceiros (os franqueados) a fazerem uso restrito

de uma marca cujos direitos são próprios. Nos sistemas mais avançados, também são transmitidos padrões e conhecimentos necessários para a operação bem-sucedida do negócio. O conhecimento transmitido permite a um franqueado implantar, operar e administrar seu próprio negócio. (CARTILHA – O QUE É FRANQUIA, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, E COMÉRCIO EXTERIOR, 2006)

Franqueado: Pessoa física ou jurídica que adquire uma franquia. (CARTILHA – O QUE É

FRANQUIA, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, E COMÉRCIO EXTERIOR, 2006)

Franquia: Uma unidade de determinada rede. O termo ainda designa o sistema como um todo

no Brasil. (CARTILHA – O QUE É FRANQUIA, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, E COMÉRCIO EXTERIOR, 2006)

Território: Área geográfica de atuação de uma franquia determinada em contrato firmado entre

as partes, com garantia de exclusividade ou preferência do franqueado. (CARTILHA – O QUE É FRANQUIA, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, E COMÉRCIO EXTERIOR, 2006)

Royalties: Remuneração paga ao franqueador pelo franqueado em contrapartida à cessão dos

direitos da franquia ao franqueado. (CARTILHA – O QUE É FRANQUIA, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, E COMÉRCIO EXTERIOR, 2006)

Fundo de Propaganda: É um fundo em que todos os franqueados de uma determinada rede

contribuem especificamente para viabilização de ações de marketing e publicidade da rede que sejam comuns a todos. Esse fundo é administrado pelo franqueador, podendo ter também a participação representantes dos franqueados. (CARTILHA – O QUE É FRANQUIA, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, E COMÉRCIO EXTERIOR, 2006)

Circular de Oferta de Franquia: Documento obrigatório pela lei de franquias 8.955/94. Deve

conter todos os dados e informações necessárias para o candidato a franqueado poder analisar a oportunidade de investimento em determinada franquia. (CARTILHA – O QUE É

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FRANQUIA, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA, E COMÉRCIO EXTERIOR, 2006)

2.2 Definição de Franchising

Segundo Vaz (2010), franchising é um sistema estratégico para distribuição de bens e serviços pelo qual uma empresa chamada franqueadora cede o direito de uso do seu nome, seu logotipo, know-how e tecnologia, mediante o pagamento de taxas através de um terceiro, o franqueado, conforme termos e condições pré-estabelecidos em comum acordo, durante um certo período de tempo e numa área ou região específica. É um negócio já formatado que engloba todos os aspectos de funcionamento do ramo estabelecido. Antes que a franquia comece a funcionar, o franqueado recebe, orientações e manuais para garantir a padronização, esta é a característica mais relevante do sistema de franquias.

A palavra franquia, deriva do idioma francês medieval, através do termo “fran”, que significava “concessão de um privilégio ou de uma autorização”. As cidades ditas “francas”, era uma cidade que oferecia a livre circulação das pessoas e dos produtos que nela podiam transitar. O verbo “franquear” significava então conceder um privilégio ou autorização mediante a cedência de uma serventia, ou seja, os soberanos ofereciam “Lettres de franchise” cujo interesse era ceder as pessoas, mediante o pagamento de um certo valor financeiro, e concediam-lhes uma certa liberdade de trânsito ou de comercialização de produtos ou serviços, em detrimento de sua autoridade. (LUZ, 2016)

Segundo a definição contida na Lei nº 8.955 de 15 de Dezembro 1994, art. 2º, do código civil Brasileiro:

Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.

Apesar da lei ter sido formulada em 1994, houve modificações consideráveis no que tange as franquias. Na época que surgiu a lei, muito se pensava sobre o produto final e a passagem deste através do franqueador para o franqueado. Atualmente, as franquias se caracterizam por entregarem todo o processo para o empresário que está a adquirindo. Como ponto comercial, design do ambiente, treinamento padrão para novos colaboradores, relação com o consumidor final, processos para obtenção de valor, entre outros. Como corrobora (PLÁ,

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2001, p. 17): “Este conceito foi evoluindo até que chegássemos ao business format franchising – o modelo de franchising mais utilizado nas organizações varejistas atualmente, em que o franqueador licencia todo o formato de um negócio, não apenas um produto ou marca.

Segundo (NEWTON SILVEIRA, 2009 apud MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO) um conceito descritivo e bastante ilustrativo dado pela Corte de Apelação de Paris, em 28/04/78:

O franchising se define como um método de colaboração entre duas ou várias empresas comerciais, uma franqueadora, outra franqueada, pelo qual a primeira, proprietária de um nome ou de uma razão social conhecidos, siglas, símbolos, marcas de fábrica, de comércio ou de serviços, coloca à disposição da outra o direito de utilizar, mediante um pagamento ou outra vantagem, uma coleção de produtos ou de serviços, originais ou específicos, para os explorar obrigatoriamente e totalmente segundo técnicas comerciais experimentadas, desenvolvidas e periodicamente recicladas, de uma maneira exclusiva, para o fim de realizar um melhor impacto sobre um mercado considerado e de obter um desenvolvimento acelerado da atividade comercial das empresas envolvidas; esse contrato pode ser acompanhado de uma ajuda industrial, comercial ou financeira, permitindo a integração na atividade comercial do concedente franqueador em benefício do franqueado iniciado em uma atividade técnica original de marca do serviço ou do produto vendido e o desenvolvimento da clientela por menor custo e com uma maior rentabilidade para as duas partes, que conservam juridicamente uma independência total.

Apesar de existirem técnicas comerciais testadas, produtos com aceitação positiva e marcas solidificadas, nem todo mercado possui características semelhantes, projetos contundentes devem ser elaborados para que tudo ocorra conforme planejado e os empresários estejam preparados para eventuais surpresas.

2.3 Origem do Franchising

Vários estudiosos relatam que o processo base de uma franquia pode ser detectado na época da Idade Média, quando a Igreja Católica “cedia” autorizações para senhores feudais de determinados vilarejos possuírem o direito de cobrar impostos da população local, desde que a maior porcentagem destes fossem repassadas para as igrejas. Apesar do fato de não existir nenhum tipo de produto/serviço nem técnicas previamente testadas, este fato pode ser considerado na história das franquias através do “conceito”. A grosso modo, a igreja, nesse caso, desenvolveu o “conceito” de cobrar impostos da população e detinha esse direito, repassando para quem fosse de seu interesse a um custo determinado. (ANNUNCIATO, 2014) De fato, considera-se que o conceito de franquia surgiu nos Estados Unidos em meados do século XIX, através de uma empresa americana que apresentara, na época, crescimento

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consideravelmente rápido e marca disseminada no mercado. Era a Singer Sewing Machine, uma grande indústria de máquinas de costura, que percebeu a necessidade de expandir sua capacidade de produção. Para isto, eles estabeleceram novos pontos de vendas para em todo o país e utilizaram do sistema de “franqueamento” de sua marca, de seu sistema de produção, marketing, técnicas de varejo, e principalmente, seu know-how. Toda a operação foi um sucesso, posteriormente outras grandes marcas, como General Motors e Coca-Cola aderiram ao modelo. (ANDRADE, 1998, p. 14)

Pode-se dizer que a empresa americana Singer Sewing Machine Company, fabricante de máquinas de costura, inventou o franchising por volta de 1850. Ela propôs a comerciantes independentes, que se dispusessem seguir algumas regras e ter suas lojas doravante denominadas Singer, vantagens comerciais na distribuição de seus produtos. A estratégia provou ser ótima porque a indústria com muito pouco investimento multiplicou e padronizou seus canais de distribuição, passando a ser conhecida em quase todo território americano. Os comerciantes, por sua vez, passaram a obter melhores resultados financeiros aplicando métodos de controles sugeridos pelo fabricante. A prática obviamente foi seguida por outras empresas. (RIBAS, 2006, p. 23)

A cronologia dos fatos mais interessantes das franquias, no Brasil e no mundo, é descrita a seguir, conforme informações do site altoretornofranquia.blogspot.com.br e adaptados na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 – Cronologia e Evolução do Franchising

Ano Descrição

1850 Surge o franchising nos Estados Unidos da América. A companhia fabricante de máquinas de costura Singer Sewing utilizou operadores proprietários independentes para comercializar a sua linha de equipamentos. Os mesmos desfrutavam do prestígio do nome Singer.

1898 A General Motors passa a usar o sistema para expandir sua rede de revenda de carros. 1899 A Coca-Cola passa a outorgar franquias de engarrafamento e distribuição dos

refrigerantes.

1900 A partir do século XX, o franchising começa a ser difundido com outros fabricantes de automóveis e refrigerantes que aderem ao sistema.

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1921 A Hertz Rent-a-Car, locadora de veículos fundada em 1918, adota o sistema de franquias.

1925 Criada a primeira cadeia de franquias destinada à comercialização de lanches e refeições, a A e W Root Berr.

1930 É a vez das companhias de petróleo adotarem o sistema, convertendo os postos de gasolina, operados diretamente, em franquias outorgadas a operadores locais. A partir desta década, a franchising torna-se mais popular, como método de expansão de redes de negócios em vários ramos.

1941 A grande explosão da franchising ocorre após a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados americanos voltam para suas casas determinados a serem seus próprios patrões. Talentosos e com muita garra, porém sem muita experiência e com pouco dinheiro, esses homens encontraram no sistema de franquia a grande saída para a falta de opções de emprego.

1950 Nesta década surgem as redes Burger King, McDonald`s, Dunkin`Donuts e outras. 1954 Um certo senhor de nome Ray Kroc, obtém dos irmãos McDonald os direitos para a

concessão de franquias McDonald`s a terceiros.

1960 O franchising tem início no Brasil nesta década, com o lançamento das franquias da escola de idiomas Yázigi que havia sido fundada em 1950.

1970 – Década em que há uma ativa expansão dos franqueadores americanos em todo mundo. A rede McDonald`s chega ao Brasil com unidades próprias, abrindo a sua primeira franquia 10 anos depois.

1979 O Boticário também adota o sistema de franchising.

1980 Outras franquias despontam no cenário nacional nesta década. A rede Água de Cheiro e o Bob`s, que nasceu em 1952, mas só passou a franquear em 1984, são algumas delas.

1987 É criada a ABF, Associação Brasileira de Franchising.

1990 Devido à abertura de mercado nesta década, várias franquias internacionais passam a operar no Brasil.

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2.4 Gerações de Franquias

A classificação de franquias quanto à natureza dos serviços prestados pelo franqueador à rede de franquias está relacionada com o nível de integração do franqueador com a rede, e convencionalmente é dividido em gerações, e, conforme (PLÁ, 2001, pág. 18) objetiva uma forma de categorizar as franquias, não significando que haja superioridade.

As gerações apresentadas a seguir foram baseadas em (SCHWARTZ, 2009, pág. 30) e (RIZZO, 2006, pág. 12):

 FRANQUIAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO - caracterizam-se pela licença para venda de um produto ou o uso de uma marca com um mínimo de prestação de serviço na orientação e suporte operacional à rede de franquias por parte do franqueador. Não há a obrigatoriedade de exclusividade dos pontos de venda em favor do franqueado, pois os mesmos produtos ou serviços podem ser encontrados em diversos pontos de venda, inclusive em lojas multimarcas. O foco do franqueador está mais no desenvolvimento do produto ou serviço do que na operação do negócio

 FRANQUIAS DE SEGUNDA GERAÇÃO - distinguem-se da primeira pela exclusividade aos estabelecimentos que integram a rede de franquias, na comercialização dos produtos ou serviços. O franqueador ainda presta poucos serviços à rede franqueada, mas já existe a preocupação do mesmo em transferir tecnologia de implantação e operação às unidades franqueadas, bem como um mínimo de padronização dos pontos de venda. Como exemplo: O Boticário e Casa do Pão de Queijo;

 FRANQUIAS DE TERCEIRA GERAÇÃO (compreende o conceito de Franquia de Negócio Formatado - Business Format Frachising) - caracterizam-se por um sistema totalmente padronizado e formatado, pois o franqueador, além de desenvolver um produto ou serviço, desenvolve a operação do negócio, e também fornece um suporte contínuo quanto aos sistemas de controle, supervisão, treinamentos, processos de trabalho, layout e assessoria na escolha do ponto comercial. Inclui garantia de exclusividade de área de atuação. Neste tipo de franquia a transparência é total. A característica principal é a parceria entre franqueador e franqueado, que objetiva garantir a manutenção em toda a rede de estabelecimentos de um padrão mínino de qualidade e de uniformidade que assegure a eficiência e a eficácia do negócio

 FRANQUIAS DE QUARTA GERAÇÃO - destacam-se pela maior qualidade do sistema desenvolvido e quantidade dos serviços prestados à rede de franquia pelo franqueador. Existe grande comunicação entre os membros da rede - franqueados e franquias. São franquias que possuem Conselho de Franqueados, que participa efetivamente das decisões da empresa,

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colaborando para o fortalecimento da marca, bem como na agilidade das soluções de problemas, buscando continuamente o desenvolvimento de novos diferenciais competitivos, essenciais à sobrevivência dos negócios. O nível de profissionalização é alto. Há uma grande assistência na operação do negócio, na tecnologia de rede e nos planos estratégicos de marketing. Como exemplos, grandes drogarias, cursos de idioma e postos de gasolina: Esso, Shell e Yázigi; FRANQUIAS DE QUINTA GERAÇÃO (ou redes inteligentes) – representa um avanço no sistema de franquia em relação à 4ª Geração, com algumas características adicionais, tais como garantia de recompra pelo franqueador, quando o mesmo for detentor do ponto comercial (proprietário ou locatário, que aluga ou subloca ao franqueado), informatização e integração de todas as unidades, implantação de um sistema para determinação de fatores críticos de sucesso para o negócio (disponibilizando-o aos franqueados que podem monitorar seus negócios), incentivo aos franqueados no desenvolvimento de novas idéias, soluções e contribuições ao negócio, que são disseminados às demais franquias. O franqueador deixa de ser um agente de mudanças e passa a ser um coordenador e fiscalizador do processo, pois conta com a participação efetiva dos franqueados. Como exemplo: Mc Donald’s.

2.5 Franquias no Brasil

As primeiras franquias brasileiras, cujas redes ainda estão em atividade, remontam a meados do século passado. Mas, ao se falar na primeira franquia brasileira, alguns autores apontam o empresário Arthur de Almeida Sampaio, dono da empresa Calçados Stella, como o pioneiro do modelo de franquias no Brasil. Em 1910, ele iniciou a formação de uma rede de representantes comerciais que investiam na instalação de seus pontos comerciais, vendiam os produtos da marca e estampavam seu nome nas fachadas. Os contratos, no entanto, eram apenas verbais. (FRANQUIAS, SEBRAE, 2013, p. 24)

Na metade da década de 1980, as primeiras redes de franchising já estavam funcionando no Brasil, principalmente nos segmentos de fast food e de cursos de idiomas. Eram marcas nacionais, como Escolas Fisk, Yazigi, Bob‟s, mas também internacionais, como McDonald‟s e Kentucky Fried Chicken. (20 ANOS DE FRANCHISING/ABF - 100 ANOS DE VAREJO, 2008, p. 66)

Os dados mais recentes, divulgados no ano anterior (2015) pela ABF, apresentam um crescimento acentuado no setor de franquias, sob vários aspectos, conforme apresentado e ilustrado nas Figuras de 1 a 4 que se apresentam na sequência.

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Apesar do país estar impactado pelo crescimento ínfimo da economia, nota-se que o faturamento anual das franquias continua crescendo de forma sustentável, mantendo a média em torno de 8 por cento ao ano. Percebe-se também que o crescimento anual se mantém positivo, porém, com tendência ao decréscimo, o que pode ser detalhado através dos anos anteriores, visto que de 2012 para 2013 cresceu 10,2 por cento, de 2013 para 2014 cresceu 8,9 por cento e de 2014 para 2015, 8,3 por cento, conforme ilustrado na Figura 1 a seguir.

Figura 1 – Faturamento de Franquias Fonte: ABF, 2015

Analisando o crescimento anual do número de redes franqueadoras no Brasil, percebe-se que existe uma tendência a estagnação e posterior decrescimento neste percebe-setor. As Figuras 2 e 3 a seguir corroboram essas informações

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Fonte: ABF, 2015

A Figura 3 a seguir relata que o número de rede franqueadoras continua a crescer no Brasil, porém, feito a análise anual deste crescimento em termos percentuais, nota-se que este modelo pode não ser mais tão atraente quanto nos anos anteriores, o que significa que sua tendência aponta para o estado de saturação e posterior crescimento nulo ou até mesmo negativo.

Figura 3 - Crescimento Anual de Redes Franqueadoras Fonte: Autor

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Outro fator interessante, é que enquanto alguns segmentos continuam a apresentar crescimento e faturamento positivo, o setor imobiliário desmoronou e apresentou resultado

negativo em 2015, como podemos perceber na Figura 4 abaixo:

2.6 Custos de Transação

Para (RESENDE, 1999) os custos de transação são os custos para se gerenciar o sistema econômico por meio da identificação, explicação e atenuação dos riscos contratuais. Segundo WILLIAMSON, 1985, pág. 20) estes custos são divididos em duas categorias: ex ante e ex post. Os custos de transação ex ante são aqueles relativos a redação, negociação e garantia de cumprimento dos contratos. Já os custos de transação ex post, se tratam de custos ocorridos após o estabelecimento do contrato, ou transação, e incluem os custos que incorrem quando as transações não saem conforme o que havia sido alinhado anteriormente no contrato.

A transação, possui três elementos básicos, que são a frequência, a incerteza e a especificidade dos ativos envolvidos, sendo que este último fator é o principal responsável por fazer surgir a assimetria das informações, que consequentemente gera o oportunismo, com intuito intrínseco de apropriação de lucros. A Figura 5 a seguir, ilustra essas informações.

Figura 4 - Crescimento do faturamento de Franquias por Segmento Fonte: ABF, 2015

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Implicações\Hipóteses Racionalidade Limitada Oportunismo

Para a teoria contratual Contratos completos são

impossíveis

Contrato é uma promessa ingênua

Para a Organização Econômica

Trocas são facilitadas por instituições que permitem

processos de decisão sequencias e adaptativos

A realização de transações depende da existência de

salvaguardas

Figura 5 - Racionalidade Limitada e Oportunismo Fonte: (FAGUNDES, 1997 apud WILLIAMSON, 1985, p. 93).

Em outras palavras, ainda segundo (FAGUNDES, 1997 apud WILLIAMSON, 1985, p.369) as principais implicações das hipóteses comportamentais acima apresentadas são: (i) contratos complexos são necessariamente incompletos; (ii) a confiança entre as partes envolvidas não pode ser estabelecida simplesmente a partir da existência de uma contrato: todo contrato implica riscos; e (iii) é possível criar-se valor adicionado com a elaboração de outras formas organizacionais que objetivem economizar a racionalidade limitada e salvaguardar as transações contra o exercício de oportunismo por parte dos agentes envolvidos. Isso significa que nem sempre relações de mercado serão adequadas para a gestão das transações entre os agentes econômicos.

A racionalidade limitada não faz sentido em um ambiente simples e previsível, isto é, ela só se torna relevante para o estudo dos Custos de Transação em condições que existam complexidade e incerteza. A complexidade torna a descrição de todas as consequências envolvidas na Transação difíceis de se mensurar, já a incerteza, combinada com a Racionalidade limitada torna difícil a definição e distinção dos diferentes eventos associados a transação. A junção desses 3 conceitos, Racionalidade Limitada, Complexidade e Incerteza leva a condição básica para a existência de Custos de Transação: A assimetria de informação. Isto é, a distorção entre as informações que possuem os compradores, e os vendedores, principalmente quando a existência dessas informações influência no resultado final das transações. (HASENCLEVER; KUPFER, 2002, p.269)

(25)

2.7 Decisões de investimento com base no fluxo de caixa descontado

Fluxo de caixa é a apreciação das contribuições monetárias (entradas e saídas de dinheiro) ao longo do tempo a uma caixa simbólica já constituída. Pode ser representado de forma analítica ou gráfica. (HIRSCHFELD; HENRIQUE, 2007, p. 21). Para qualquer contabilidade empresarial, o fluxo de caixa é indispensável e deve estar presente como uma maneira de trazer uma visão simples e prática sobre os desempenhos financeiros da companhia. Através de sua elaboração, torna-se possível criar prognósticos a respeito de excessos ou escassez de caixa.

Ainda segundo HIRSCHFELD, 2007, p.183:

O fluxo de caixa referente a um empreendimento deve compor-se de contribuições que refletem, com grande probabilidade de acerto, as entradas e as saídas de dinheiro que realmente vão atuar ao longo do prazo analisado. Tais contribuições poderiam dizer respeito a gastos com investimentos em bens como propriedades, equipamentos, móveis e utensílios, gastos usuais com aluguéis, materiais, mão-de-obra, contribuições trabalhistas, impostos, taxas, consumos de água, força e luz, gás, entre outros;

A seguir, na Figura 6, um exemplo de como o fluxo de caixa pode ser ilustrado de forma gráfica:

Figura 6 - Fluxo de Caixa Fonte: ALVES, 2016

2.8 Taxa mínima de Atratividade e Custo de Oportunidade

Ao desejarmos investir uma quantia, comparamos, geralmente, os prováveis dividendos que serão proporcionados por este investimento com os de outros investimentos disponíveis. A taxa de juros que o dinheiro investido irá proporcionar, via de regra, deverá ser superior a uma taxa prefixada, com a qual, mentalmente, fazemos a comparação. (HIRSCHFELD, 2007, p.104)

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Os critérios do VPL e da TIR baseiam-se em fluxos de caixa descontados a uma determinada taxa. Esta taxa é denominada de TMA, ou seja, o retorno mínimo exigido para o projeto de investimento. Assim, quando a TIR de um projeto for superior a TMA, o projeto deveria ser aceito, pois, além de superar os custos do projeto de investimento e pagar o custo

de capital, um possível remanescente da taxa adicionaria valor à firma. (SCHROEDER, 2005).

A diferença de valores entre duas taxas de juros, provindas de alternativas econômicas diferentes de investimentos, constitui, para a alternativa aceita e de menor valor, uma taxa de juros chamada custo de oportunidade. Na maioria dos casos, o investidor possui diversas opções de investir o seu capital, sendo que cada uma delas possui uma taxa de rentabilidade. Nem sempre a opção que resulta na maior taxa de juros é a preferível. Isto se deve ao fator risco que está atrelado a cada uma das alternativas, geralmente o risco e a rentabilidade são proporcionais, isto significa que a opção mais rentável é a que envolve o maior risco.

Por exemplo, se existe uma taxa de juros que rende 60% a.a e uma outra de 15% a.a. O investidor que não está disposto a passar por riscos consideráveis, conscientemente decide por optar pela taxa de 15%, visto que o seu retorno financeiro terá uma probabilidade maior de ocorrer. Dessa forma, houve uma perda na possibilidade de ganho de 45% (diferença entre as taxas), essa matemática constitui no custo que se paga por não se preferir a melhor alternativa e é conhecida como Custo de Oportunidade.

2.9 Valor Presente Líquido (VPL)

O método do Valor Presente Líquido também chamado Método do Valor Atual Líquido, tem como finalidade determinar um valor no instante considerado inicial, a partir de um fluxo de caixa formado de uma série de receitas e dispêndios. (HIRSCHFELD; HENRIQUE, 2007, p. 105). Apesar de aparentemente simples, este método é largamente utilizado para avaliação de investimentos, visto que o investidor pode ter uma noção aproximada sobre o valor do seu projeto, desde que seja feita uma projeção financeira contundente e próxima da realidade.

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Figura 7 - Método VPL Fonte: (TINOCO, 2010, p. 316)

Ao analisarmos um fluxo de caixa referente a determinada alternativa j, teremos vários valores envolvidos, ora como receitas, ora como dispêndios. A somatória algébrica de todos os valores envolvidos nos n períodos considerados, reduzidos ao instante considerado inicial ou instante zero e sendo i a taxa de desconto comparativa, se chama valor presente líquido. Este valor de um fluxo de caixa de uma alternativa j é, portanto, a somatória algébrica dos vários valores presentes P envolvidos neste fluxo de caixa. (HIRSCHFELD; HENRIQUE, 2007, p. 105).

Logo:

𝑉𝑃𝐿𝑗 = ∑ 𝐹𝑛𝑛0 (1 + 𝑖)−𝑛 (1)

Onde:

𝑉𝑃𝐿𝑗: Valor Presente Líquido de um fluxo de caixa da alternativa j;

n: número de períodos envolvidos em cada elemento da série de receitas e dispêndios do fluxo de caixa; (Costuma-se denominar n ao número de períodos do horizonte);

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i: Taxa de juros comparativa ou taxa mínima de atratividade, também chamada taxa de equivalência, taxa de expectativa, ou ainda, taxa de desconto

Após o cálculo do VPL, podemos analisar o resultado e chegar as seguintes conclusões:

i. VPL > 0 – O investimento apresenta uma taxa de rentabilidade maior que a Taxa

Mínima de Atratividade, ou seja, o projeto deverá ser financeiramente rentável;

ii. VPL = 0 - Neste caso os custos investidos renderam exatamente, uma taxa característica de juros, que na maioria dos casos é a taxa mínima de atratividade. Em outras palavras, o retorno do projeto é igual ao mínimo que se deseja ganhar.

iii. VPL < 0 - Indica que o retorno do projeto é menor do que o mínimo que se deseja ganhar, isto significa que o projeto poderá trazer prejuízos financeiros e o investidor deve considerar outras alternativas para investir seu capital;

2.10 Taxa Interna de Retorno (TIR)

A taxa de retorno é muitas vezes chamada de taxa de retorno de um fluxo de caixa descontado, taxa interna de retorno ou taxa verdadeira de retorno. Sua representação pode ser pelo símbolo i*, 𝑖𝑟, ou simplesmente i, para não sobrecarregar demais a simbologia. A taxa de juros que torna nulo o valor presente líquido é a taxa de retorno. É nesta taxa que o somatório das receitas, isto é, dos benefícios, se torna exatamente igual ao somatório dos dispêndios, ou seja, dos custos, pois sabemos que o valor presente líquido é a soma algébrica, no instante inicial, dos benefícios e dos custos. (HIRSCHFELD; HENRIQUE, 2007, p. 243).

A taxa de juros que iguala o VPL ao valor 0 é a própria taxa interna de retorno e representa a rentabilidade de um projeto de investimento. Na prática, o cálculo da taxa interna de retorno é feito através de um processo iterativo, isto é, calculando‐se o valor presente líquido do fluxo de caixa e observando‐se a taxa, na qual ocorre a inversão do sinal do VPL do projeto de investimento.

(GITMAN, 2006, p.344) define a TIR como a taxa que iguala o VPL ao valor 0, isso é, o retorno do Projeto é o mínimo que se deseja ganhar (cobrir o investimento). É a taxa composta de retorno anual proveniente dos fluxos de caixa relativos ao projeto ou situação. Se a TIR for

(29)

maior que o custo de capital, deve se aceitar o projeto. Se menor, deve-se rejeitar o projeto. Matematicamente, a TIR é o valor de i que faz com o que o VPL tenha valor igual a 0, onde:

0 = ∑

( 𝐹𝐶𝑗)

(1+𝑖)𝑛

𝑛

𝑗=0 (2) Visto que FCj é o fluxo de caixa no momento j;

(30)

3. METODOLOGIA DO ESTUDO

O presente trabalho baseia-se no processo de tomada de decisão para decisões de investimento. Nesse sentido, a metodologia utilizada para elaboração do estudo foi composta de uma pesquisa bibliográfica e uma análise de caso. A pesquisa permite verificar junto à literatura dos principais autores quais são os métodos existentes para a análise de viabilidade econômica e como é o funcionamento do modelo de franquias, seu surgimento, evolução e conceitos básicos.

Primeiramente, realizou-se uma revisão da literatura através de pesquisas a livros, artigos, dissertações, revistas, sites, organizações de associados e empresas do setor. De forma a possibilitar o conhecimento sob o ponto de vista de diferentes autores e aprofundar a compreensão sobre o assunto. Feito isso, foram coletados os dados a respeito do projeto de franquias na cidade de Rio das Ostras e obtido informações sobre o desenvolvimento da operação na cidade. Os parâmetros utilizados para suporte a análise da viabilidade econômica são o Valor presente Líquido e a Taxa interna de Retorno.

Posteriormente, na análise de caso, optou-se pelo estudo empírico de caráter predominantemente exploratório, por se tratar de um problema em que informações são reduzidas (TOLEDO, GERALDO e PROENÇA, CRISTINA, 2005, REVISTA DE GESTÃO apud SELLTIZ, WRIGHTSMAN, e COOK, 1975, pág. 59). Os autores sugerem que, em áreas em que o conhecimento é reduzido, os pesquisadores utilizem exemplos selecionados, pois são apropriados para estimular a compreensão e sugerir hipóteses de pesquisa. Os procedimentos compostos na análise são enumerados a seguir:

 Estudo de Mercado;  Projeção financeira;

 Projeção financeira considerando os custos de transação;  Interpretação com base no VPL e TIR;

A Figura 8 a seguir, ilustra, de maneira simplificada, a linha de raciocínio da metodologia:

(31)

Figura 8 – Fluxograma do método de estudo Fonte: Autor Estudo de mercado Pesquisa Bibliográfica Coleta de dados / Definição de parâmetros Análise de Caso Mapeamento dos Custos de Transação Projeção Financeira (1 ano) Discussão dos reultados Redação de Relatório / Conclusões

(32)

4. ANÁLISE DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO EM DECISÕES DE INVESTIMENO

4.1 Introdução

É comum em todo investimento que o responsável pelo capital a ser investido concentre suas preocupações no tempo que será necessário para se ter um retorno positivo de seu capital. Em todo negócio existem os custos de produção, que apesar de outras abordagens, os mais comumente utilizados são os custos fixos e os custos variáveis, e os custos de transação, que na maioria dos casos são desconsiderados (talvez pelo fato de complicações para sua mensuração e/ou desconhecimento por parte dos envolvidos). Este último, pode influenciar consideravelmente para que este tempo que está intrinsicamente atrelado a taxa interna de retorno possa ser mais curto ou mais longo por mais alguns meses, ou até anos.

A teoria dos custos de transação retrata, de maneira simplificada, que esses “custos” devem ser incorporados na estruturação do projeto. Ou seja, isso significa que após ter tomado conhecimento da existência do mesmo, o investidor deve manter em mente que poderá existir impactos tanto positivos quanto negativos. O fato é que para uma maior compreensão e visão sistêmica do investimento, estes custos devem ser atrelados a possíveis riscos que possam vir a acontecer ao longo do caminho.

4.2 Análise de decisão de investimento de uma franquia: O caso de uma franquia do

setor de telecomunicação em Rio das Ostras

Para subsidiar o processo de tomada de decisão a metodologia proposta foi subdividida em várias etapas, de forma a esclarecer com mais compreensibilidade o presente trabalho.

4.2.1 Apresentação da Empresa (Franqueadora)

A empresa escolhida para o desenvolvimento do presente estudo, possui nome fictício de INTRANET S.A, multinacional mexicana, possui uma base na cidade de Rio das Ostras, no estado do Rio de Janeiro. Situada em mais de 20 estados do Brasil, possui cerca de 7,2 milhões de clientes atendidos diariamente com seus serviços de TV por assinatura, internet, telefone

(33)

fixo e celular. Está imersa no mercado de telecomunicações a mais de 25 anos e possui liderança no Brasil no que tange a serviços de banda larga.

Neste sentido, a companhia cria e desenvolve seu próprio projeto de rede em novas cidades, estabelece links e cabeamentos para difusão de seus serviços. Oferece suporte aos franqueados e matéria prima para instalação de novos assinantes, além de disponibilizar sua marca e rede de dados.

4.2.2 Apresentação da Empresa (Franqueado)

A empresa atuante como franqueada possui nome de MF TELECOM, também situada na cidade de Rio das Ostras, apresenta-se como franquia de segunda geração. Atua como representante comercial da franqueadora e também oferece serviços de instalação e manutenção de assinantes. Seus serviços de TV por assinatura, Internet banda larga, telefone fixo e celular são a principal fonte de receita.

4.2.3 Análise de Mercado

Elaborou-se um estudo sobre a demanda do mercado a fim de verificar a possibilidade de viabilizar uma franquia na cidade de Rio das Ostras

Indubitavelmente, antes de decidir investir em algum determinado negócio, há inúmeros fatores que necessitam ser verificados, como concorrência, preço, existência de demanda, qualidade do produto/serviço, entre outros.

Segundo dados do IBGE, ano de 2015, a cidade de Rio das Ostras possui uma população estimada de 131.976 habitantes. Porém, quantos desses cidadãos possuem residências minimamente estruturadas para receber serviços de telecomunicações, como internet, televisão por assinatura e telefone? Esse estudo tem o intuito de trazer a solução dessa dubiedade.

Como na maioria dos problemas complexos, é mais simples separar o grande quebra-cabeças em pequenos processos e ir solucionando os mesmos de forma mais minuciosa, de forma a conectar as pequenas resoluções e chegar a um resultado global. Em vista dessa premissa, para o estudo da demanda, a cidade de Rio das Ostras foi segmentada em grupos menores. As regiões estudadas foram aquelas em que não existia qualquer tipo de risco a população, portanto os bairros Âncora e Nova Cidade foram excluídos da análise.

(34)

O modus operandi do processo consiste em verificar a estrutura física, rua a rua, de cada segmento selecionado, executando a contagem de residências (ou “house count”, jargão utilizado no ramo) minimamente estruturadas fisicamente para receber os serviços oferecidos. Vale comentar que esta etapa é tanto interessante para o franqueador quanto para o franqueado, visto que além de fornecer uma noção sobre a possível demanda, também proporciona ao franqueador uma visão estratégica sobre o projeto de rede que ali deverá ser estabelecido.

Os segmentos foram elaborados de forma a criar uma equidade de residência entre eles, independentemente de sua extensão (geográfica). Cada bloco obteve um código, de acordo com sua localização na cidade, de maneira a facilitar sua identificação geográfica. A seguir, na Figura 9 e na Tabela 2 são descritos parte do resultado deste estudo, as demais figuras e tabelas encontram-se em anexo:

Figura 9 – Segmentação do Projeto 1 Fonte: Autor

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Tabela 2 – Quantitativo de Residências por Região

Código

Quantitativo de

Residências KM Região/Bairro

ROPM1A 471 2,409 PRAIA MAR

ROPM1B 472 3,852 PRAIA MAR

ROEG1A 483 3,211 ENSEADA GAIVOTAS ROEG1B 486 4,939 ENSEADA GAIVOTAS ROEG1C 483 3,652 ENSEADA GAIVOTAS

ROTF1A 514 3,626 TERRA FIRME

ROTF1B 512 4,579 TERRA FIRME

ROTF1C 520 5,278 TERRA FIRME

ROVL1A 493 2,038 VILLAGE ROVL1B 488 2,837 VILLAGE ROVL1C 489 3,26 VILLAGE ROJA1A 494 3,18 JARDIM ATLÂNTICA Fonte: Autor

Após essa análise, para 114 segmentos estabelecidos, verificou-se que para a cidade de Rio das Ostras, apesar de existir mais de 130 mil habitantes, somente 57.120 residências possuem a capacidade de adquirir os serviços oferecidos, o que gira em torno de 44 por cento da população.

De acordo com dados do franqueador, historicamente, para novas cidades em que o serviço é oferecido, a taxa média de captação de novos clientes é de 10% por cento, o projeto para a cidade de Rio das Ostras tem período de ativação dos segmentos com duração de oito meses, o que significa que em cada mês, aproximadamente 14 segmentos, com aproximadamente 500 residências estruturadas, serão ativados. Este fator de 10% não surge por acaso, é uma estratégia do franqueador que ajusta seu preço para ter esse percentual mínimo de captação. Outro dado interessante é que para a cidade, serão escolhidos exatamente 9 franqueados, nem mais nem menos.

4.2.4 Projeção financeira dos resultados da empresa

Após a verificação da real possibilidade da implantação de uma franquia na cidade, torna-se necessário verificar se o empreendimento será lucrativo, pois mesmo que existam os

(36)

fatores que garantam a sobrevivência do negócio, como a demanda, se este não for minimamente rentável, todo o esforço empregado será em vão.

Nesta etapa, foi elaborado um fluxo de caixa de forma a retratar como será o possível desenvolvimento financeiro da microempresa em questão. Os fluxos serão montados com todos os custos envolvidos para a operacionalização da franquia em seu primeiro ano de vida, sem considerar os custos de transação, visto que essa análise foi realizada em um momento posterior. Para isso, foram levantadas todas as informações necessárias para a elaboração desta etapa, que é condição sine qua non para qualquer tipo de empreendimento.

Para realizar os cálculos, foram levados em consideração as informações chave do projeto, como segmentos a serem ativos por mês, quantidade de franqueados, percentual de captação e residências potenciais, além dos custos operacionais da franquia. A seguir, a projeção financeira do primeiro ano de vida da franquia.

Tabela 3 – Demanda Mensal

Mês Captação de clientes Outubro 78 Novembro 93 Dezembro 112 Janeiro 134 Fevereiro 155 Março 170 Abril 187 Maio 206 Junho 226 Julho 238 Agosto 249 Setembro 245 Fonte: Autor

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Nota-se que inicialmente houve uma taxa de crescimento de aproximadamente 20% ao longo dos meses iniciais que posteriormente decaiu até chegar em determinado que a expansão estagnou, fruto de o universo de possibilidades ter sido limitado, já que no mês de maio não houve mais ativação de novas áreas.

Tendo em vista a noção da capacidade da franquia, basta conectar a remuneração média (ilustrada na Tabela 4, abaixo) de cada cliente captado com o quantitativo mensal de captação, por poder então ter uma conclusão a respeito da possível receita que a microempresa irá gerar. Logo após, estão discriminados o fluxo de caixa com o gráfico da projeção do lucro.

Tabela 4 – Remuneração Média por Cliente

Remuneração Média (Por cliente, em R$) Área Comercial 210 Área Técnica 70 Total 280 Fonte: Autor

Figura 10 – Lucratividade Mensal Fonte: Autor R$10.000,00 R$20.000,00 R$30.000,00 R$40.000,00 R$50.000,00 R$60.000,00 R$70.000,00 R$80.000,00

LUCRO (Bruto)

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Após a execução do fluxo de caixa (o fluxo completo encontra-se em anexo), para uma análise mais contundente do projeto, calculou-se também o valor presente líquido e a taxa interna de retorno, comumente conhecidos como VPL e TIR. Porém, qual será a taxa mínima de atratividade para ser tomada como parâmetro? Para solucionar esse problema, será utilizado o modelo CAPM (de William Sharpe e John Lintner, que conseguiram provar matematicamente que, em uma situação de equilíbrio, existe uma relação linear entre o retorno de um investimento e o retorno de mercado, cuja equação é expressa abaixo:

𝑅𝑗 = 𝑅𝑓+ 𝛽𝑗 ∗ [𝑅𝑀− 𝑅𝑓] (3) Onde,

Rj: retorno esperado ou exigido de um ativo;

Rf: taxa de retorno livre de risco;

βj: beta de um ativo ou carteira;

RM: retorno esperado da carteira de mercado;

[RM - Rf]: Prêmio ao risco.

A taxa livre de risco (Rf) geralmente é estimada a partir do retorno de letras do Tesouro

dos Estados Unidos (5,75%). Os títulos públicos do governo brasileiro e a taxa Selic, mostraram-se inadequadas como taxas livre de risco para o mercado brasileiro. O coeficiente Beta é a medida de risco ou de sensibilidade dos retornos da ação da empresa em relação aos retornos do mercado acionário. O imposto considerado é o Simples Nacional, que gira em torno de 6% para microempresas.

Considerando um Beta de 1,30 (média para o setor de telecomunicações) e o retorno esperado da carteira de mercado de 15 por cento, baseado no S&P 500 (abreviatura para Standart & Poor`s 500 um índice de mercado norte-americano que consiste em ações de 500 empresas escolhidas, entre outros fatores, de acordo com o seu tamanho, liquidez e setor), temos um retorno exigido para um ativo próprio de aproximadamente 18%, porém, devido a fatores externos que somam a possibilidade de existir risco ao projeto, a taxa mínima de atratividade será considerada de 20%.

Em vista desses parâmetros, obteve-se um VPL de R$ 210.790,93 e uma TIR de 31 por cento, com uma taxa mínima de atratividade de 1,5% ao mês. O fluxo de caixa completo encontra-se em anexo ao final deste trabalho.

(39)

4.2.5 Projeção financeira dos resultados da empresa considerando os custos de transação

Após a verificação da possibilidade de existir uma demanda para que seja implantada uma franquia, é necessário que seja feita uma análise econômica para que se possa mensurar a real possibilidade de benefício financeiro. Para isto, é trivial para o projeto que além dos custos de operação, os custos de transação também sejam corretamente identificados e mensurados.

Para estimar custos de transação em um cenário onde exista carência de dados, exige-se que seja feito um estudo probabilístico, onde se conheça a distribuição de probabilidade e seja possível calcular sua esperança matemática. Feito isso, é possível dar continuidade ao processo e concluir o valor esperado desses custos, que foi estimado através das equações a seguir:

𝐷𝑖 = 𝐸[𝐷𝑖] = ∑ 𝑝𝑛 𝑗

𝑗 ∗ 𝐷𝑖𝑗 (4)

𝜎𝑖2 = 𝑉𝐴𝑅 [𝐷𝑖] = ∑ {𝑝𝑛𝑗 𝑗 ∗ [𝐷𝑗− 𝐸(𝐷𝑗)]2} (5)

Legenda:

𝐷𝑖: Valor esperado do custo de transação;

𝐷𝑗: Estimativa j do custo de transação i;

𝑝𝑗: Probabilidade de ocorrência da estimativa j do custo de transação i; 𝜎𝑖2: Variância do custo de transação i;

A seguir, foi utilizado uma distribuição beta triangular, com a moda, os valores pessimistas, otimistas e medianos, onde este último é o mais próximo da realidade dos custos de transação segundo análise de especialistas do ramo e experiência de colaboradores que já participaram de projetos similares. No presente caso, para a distribuição beta, é necessário calcular o seu valor esperado e a sua variância pelas equações a seguir:

𝐷𝑖 = 𝐸[𝐷𝑖] = 4𝑚+𝑎+𝑏

6 (6)

𝜎

𝑖2

=

(𝑏−𝑎)²

6 (7)

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a: Estimativa otimista do valor do custo de transação; b: Estimativa pessimista do valor do custo de transação; m: Estimativa mais provável do valor do custo de transação;

Com essas informações, Di e σi, pode-se estimar a probabilidade dos custos de transação NÂO serem nulos, através da equação:

𝑧 =

𝑋−𝐷𝑖

𝜎𝑖

= −

𝐷𝑖

𝜎𝑖 (8) Logo, P(x ≥ z) é a probabilidade de existirem custos de transação, onde z é igual a 0. Os fatores mais relevantes para a possibilidade de existir custos de transação que possam vir prejudicar o investimento foram identificados como:

1. Atraso no projeto de ativação dos segmentos – É comum que em projetos de franquia

de telecomunicações, a operação comece sem que a cidade inteira esteja realmente estruturada. Isso significa que a cada segmento que esteja com a rede disponível para que a comercialização dos serviços possa ser disponibilizada, este será ativado e a operação inicializada no local. Como dito anteriormente, a cidade tem previsão de ativação para oito meses, sendo que em cada mês 14 segmentos serão ativos, segundo o planejamento do franqueador. Caso os prazos não se cumpram e os atrasos comecem a existir, é intuitivo que a demanda prevista seja consideravelmente reduzida, fato que pode causar custos financeiros graves aos primeiros meses de vida da franquia.

2. Descumprimento do acordo de limite de áreas – Para o franqueador, quanto maior o

número de franqueados, maior será a sua lucratividade, pois é uma metodologia similar ao fato de aumentar sua capacidade de produção (no caso, de serviços oferecidos). A cidade possui nove franqueados, cada um responsável pela captação de clientes em uma determinada área, sendo que um franqueado não pode atuar em segmento que não seja de sua competência. Caso este acordo seja violado, a demanda prevista irá ser reduzida, dessa forma, prejudicando a receita.

3. Atraso na Logística Franqueador x Franqueado - Neste caso estudado, o franqueador

fornece ao franqueado o material necessário para a instalação dos serviços, ou seja, não existe a necessidade de compra de matéria prima. Apesar deste fator parecer ser positivo, o franqueado fica refém da correta logística do franqueador. Como não existe estoque de segurança e nem excesso de material, os franqueados trabalham com estoques exatos para a demanda prevista,

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qualquer alteração brusca por fatores externos ou defeitos de fábrica podem complicar o bom andamento da operação

Na Tabela 5 abaixo, estão as quantias estimadas dos custos de transação assim como os valores esperados.

Tabela 5 – Custos de Transação de Franquia

Valores Médios Mensais

Descrição Pessimista Normal Otimista Valor esperado

Atraso no projeto de ativação de segmentos R$ 19.520,00 R$ 12.200,00 R$ 4.880,00 R$ 12.200,00 Descumprimento do acordo de limites de áreas R$ 9.760,00 R$ 6.100,00 R$ 2.440,00 R$ 6.100,00 Atraso na Logística Franqueador x Franqueado R$ 4.880,00 R$ 3.050,00 R$ 1.220,00 R$ 3.050,00 TOTAL R$ 21.350,00 Fonte: Autor

Após ter incorporado os custos de transação ao fluxo de caixa original, criou-se novas informações para o investimento, onde o investidor possui uma visão mais ampla de possíveis obstáculos que possam vir à tona e qual o impacto que estes poderão trazer. O VPL considerando os custos de transação passou a ser de R$ 2.542,00 e a TIR de 2%, com a taxa mínima de atratividade de 1,5% ao mês.

4.2.6 Análise de VPL e TIR

Nesta fase, avaliou-se a efetividade de investir ou não no empreendimento com base no Valor Presente Líquido e na Taxa Interna de Retorno

Nesta etapa foram avaliados os fluxos de caixa elaborados, comparando as duas projeções, a que foi elaborada com os custos de transação e sem estes. O intuito principal é verificar a real atratividade de pôr o projeto em prática, com uma visão aproximada de quanto valeria o projeto na data atual, caso ele pudesse ser comercializado.

É trivial considerarmos nesta fase o conceito do valor do dinheiro em determinado tempo, visto que uma certa quantia no dia de hoje não será igual a mesma quantidade daqui a alguns meses ou anos. A técnica de calcular o Valor Presente Líquido é um método simples,

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muito utilizado no planejamento de investimentos e que pode trazer uma contundente noção se é realmente atrativo enfrentar todos os riscos existentes no projeto.

De acordo com a tabela que contém os custos de transação, percebe-se que o fator crítico que pode impactar consideravelmente no empreendimento é o atraso na ativação dos segmentos, que gera uma consequência negativa na demanda do franqueado, visto que limita a captação de novos clientes.

Tendo em vista esses dados, podemos concluir sobre cada um dos cenários. A primeira projeção, retorna um VPL expressivamente atraente, no valor de R$ R$ 210.790,73. Já a segunda projeção resulta em um valor de R$ R$ 2.542,72, consideravelmente inferior ao primeiro, entretanto, ainda continua com um valor positivo, fato que não inviabiliza o empreendimento, porém, o torna extremamente pífio do ponto de vista financeiro, pois o VPL teve uma redução de 98% e a possibilidade de alto rendimento econômico foi reduzida a praticamente nula.

Portanto, incorporando-se os custos de transação sobre a decisão de investimento, nota-se que estes não somente deixaram de nota-ser irrelevantes como tornaram-nota-se dados primordiais para a tomada de decisão de um investidor. No presente caso, não foi feita uma análise aprofundada sobre os riscos externos, contudo, as repercussões de alguns fatores críticos foram identificadas e suas consequências financeiras mensuradas através da teoria dos custos de transação.

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5. CONCLUSÃO

A decisão de investir em qualquer tipo de empreendimento é uma decisão complexa que exige um amplo planejamento baseado em incontáveis fatores. Quando existe alguma oportunidade de transformar um determinado capital em rentabilidade, o primeiro fator que conscientemente pensamos é o quão lucrativo poderá ser o projeto. Dito isso, inicia-se a análise econômica a respeito da viabilidade, que tradicionalmente tem como base os custos de produção.

O presente trabalho partiu desta prerrogativa de análise do processo de tomada de decisão, entretanto, adicionou-se a informação sobre os custos de transação na apreciação econômica. Além disso, o estudo foi direcionado para o setor de franquias no ramo de telecomunicação na cidade de Rio das Ostras, onde foi notável que apesar dos Custos de Transação serem mais evidentes em empresas de grande porte, por terem processos mais complexos, que envolvem custos mais elevados no que tange ao processo produtivo, evidenciou-se a importância de considerar os custos de transação em decisões de investimento de pequenas empresas.

Dito isto, nota-se que não é suficiente identificar os possíveis desacordos que podem ocorrer ao longo dos primeiros anos da operação de uma companhia, se estes não forem mensurados quantitativamente. Pois, somente assim, pode-se obter uma noção tangível da magnitude que pequenos problemas podem impactar no resultado financeiro. Caso não exista proteções contratuais previamente estabelecidas, o investidor poderá criá-las, visto que os contratos, como discutido sobre racionalidade limitada, não são capazes de abranger situações que fujam ao perfeito andamento do processo.

Portanto, conforme descrito ao longo deste trabalho, percebe-se que a teoria dos custos de transação mostra-se como uma contundente ferramenta para subsídio ao processo de tomada de decisão no que tange a viabilidade econômica. Além destes fatos, o investidor adquire informação (financeira) primordial para seu projeto e consequente poder de barganha para negociações contratuais de novos empreendimentos, conjuntura que auxilia em mitigação de prováveis riscos ao negócio.

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Em cenários onde os custos de transação são irrelevantes ou pouco impactantes financeiramente, a metodologia proposta tem eficiência debilitada. Outro fato importante é que o estudo se restringe ao setor de franquias no ramo de telecomunicações, onde não existe um produto tangível a ser oferecido, somente serviços, não podendo ser considerado, portanto, para outros fins de estudo e aplicação.

Referências

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