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Propriedades eletrônicas de sistemas puros e híbridos de grafeno

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Academic year: 2021

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INSTITUTO DE F´ISICA

ANTONIO BERNARDO F´

ELIX DE SOUZA

PROPRIEDADES ELETR ˆ

ONICAS DE SISTEMAS PUROS E

IBRIDOS DE GRAFENO

MONOGRAFIA

NITER ´OI Mar¸co de 2017

(2)

PROPRIEDADES ELETR ˆ

ONICAS DE SISTEMAS PUROS E

IBRIDOS DE GRAFENO

Monografia apresentada ao Instituto de F´ısica da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obten¸c˜ao do grau de “Bacharel em F´ısica” – ´Area de Concentra¸c˜ao: Ciˆencias Exatas e da Terra.

Orientadora: Andrea Latg´e

NITER ´OI Mar¸co de 2017

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Agrade¸co aos meus familiares que acompanham de perto ou de longe a realiza¸c˜ao dos meus sonhos.

Meus primeiros passos neste mundo maravilhoso da nanoescala, foram poss´ıveis gra¸cas a minha musa inspiradora, formalmente orientadora, Andrea Latg´e. Obrigado por compartilhar de maneira incans´avel o seu conhecimento.

Se me perguntassem hoje o que quero ser quando crescer, certamente – Quero ser igual a Daiara! – eu diria. Me ajudaste, n˜ao s´o com os problemas que envolvem n´umeros e letras gregas, mas com aqueles da vida, dos quais seus conselhos sempre foram preciosos. Obrigado.

Agrade¸co aos meus amigos Lu˜a, James, Breno, Cl´audio e Marcos, e as minhas amigas Louise e Ana Carolina, que de longa data me trazem tanta alegria e nas mais descontra´ıdas conversas, nos mais diversos bares, compartilharam de sonhos a vivˆencias, fortalecendo ainda mais o amor que temos uns pelos outros.

Christine, compartilhamos muitas vezes das mesmas frustra¸c˜oes que antecedem o sucesso, seja tentando fazer um programa funcionar ou tentando entender um artigo. Tem sido muito bom poder aprender com vocˆe. Obrigado pela amizade.

Obrigado B´arbara, Maria Tereza e Enzzo pelas trilhas e praias que definitivamente me trouxeram paz e calma que precisava para terminar este trabalho.

N˜ao poderia deixar de agradecer a todos os colegas de curso que promoveram as mais ricas discuss˜oes, de teoria quˆantica de campos aos poemas de Drumond, e ao pessoal do Diret´orio Acadˆemico, em especial Yngrid.

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Motivados pelo interesse na possibilidade de uma nova revolu¸c˜ao tecnol´ogica, que levasse a atual microeletrˆonica para a nanoeletrˆonica, sistemas nanoestruturados tem se tornado alvo de v´arios estudos nos ´ultimos anos. Como consequˆencia grandes avan¸cos cient´ıficos tem sido alcan¸cados por distintas ´areas como a F´ısica e a Engenharia. Dada a mudan¸ca da escala micro (10−6 m) para nano (10−9 m) desses dispositivos eletrˆonicos, suas propri-edades (t´ermicas, el´etricas, magn´eticas, ´opticas e de transporte) s˜ao explicadas n˜ao mais por teorias cl´assicas e sim por teorias quˆanticas.

Neste contexto estudamos propriedades eletrˆonicas de materiais nanoestruturados de car-bono. Como ´e sabido da literatura, a topologia da rede tem uma enorme influˆencia sobre as propriedades desses materiais e, portanto, investigamos possibilidades de se modu-lar algumas propriedades eletrˆonicas a partir do confinamento eletrˆonico. Nesse sentido, estudamos nanofitas de grafeno e nanotubos de carbono que isoladamente apresentam propriedades bastante interessantes por si s´o, j´a que podem ser consideradas como pro-dutos diretos do grafeno que, tem se mostrado um material que exibe propriedades f´ısicas bastante singulares e promissoras. Consideramos aqui sistemas chamados de h´ıbridos de carbono, sobrepondo nanotubos de carbono (CNTs) em nanofitas de grafeno (GNRs) em diferentes configura¸c˜oes. Uma grande aten¸c˜ao ´e dada ao estudo da dependˆencia das propriedades eletrˆonicas desses sistemas com suas peculiaridades de confinamento. Utilizamos a aproxima¸c˜ao de liga¸c˜oes fortes (Tight Binding) de um ´unico orbital por s´ıtio, o formalismo da Fun¸c˜ao de Green e t´ecnicas de renormaliza¸c˜ao no espa¸co real para calcular densidades de estados eletrˆonicas numericamente de nanofitas de grafeno, nanotubos de carbono e dos sistemas h´ıbridos de carbono. Os efeitos das geometrias consideradas s˜ao discutidos neste trabalho.

Palavras-chave: Grafeno, Nanociˆencia, Transporte eletrˆonico, Estrutura de bandas, Densidade de estados eletrˆonicos.

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F´ELIX, A.B.. ELECTRONIC PROPERTIES OF HYBRID AND PURE GRAPHENE SYSTEMS. 53 f. Monografia – Instituto de F´ısica, Universidade Federal Fluminense. Niter´oi, Mar¸co de 2017.

The possibility of a new technological revolution, which would take the current microelec-tronics to the nanoelecmicroelec-tronics, have motivated the development of various recent studies. Consequently great scientific advances have been reached in distinct areas in the last ye-ars, as in Physics and in Engineering. Given the change on the scale, from micrometers (10−6m) to nanometers (10−9m), of such electronic devices, their properties (thermal, electric, magnetic, optical and of transport) are explained by quantum theory.

Within this context we study here the electronic properties of carbon based nanostruc-tured systems. It is known from the literature that the lattice topology has a enormous influence on these materials properties. Therefore, we investigate possibilities to modu-late their electronic responses by considering different confinement configurations. In this sense, we started our study by considering two different systems, graphene nanoribbons (GNR’s) and carbon nanotubes (CNT’s), which, isolated, present very interesting pro-perties themselves. We also analize the confinement effects on hybrid systems, formed by carbon nanotubes on graphene nanoribbons, in different configurations.

A single band tight-binding approximation is considered. Following the Green’s function formalism and using real space renormalization techniques, we calculate numerically the electronic density of states of graphene nanoribbons, carbon nanotubes and carbon based hybrid systems. We discuss the obtained results for different hybrid configurations and analyze the confinement effect in each case.

Keywords: Graphene, nanoscience, electronic transport, electronic band structure, elec-tronic density of states.

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FIGURA 2 Porcentagem de elementos qu´ımicos abundantes no universo, crosta terrestre, ´agua do mar e corpo humano (2). . . 13 –

FIGURA 3 (a) Rede do grafeno. (b) C´elula unit´aria do grafeno. . . 14 –

FIGURA 4 (a) Imagem de STM (Scanning Tunneling Microscope) de uma folha de grafeno. (b) Primeira Zona de Brillouin do grafeno. . . 15 –

FIGURA 5 Densidade de probabilidade dos orbitais sp2

i. Note que os orbitais

hibridizados possuem um ˆangulo de 120o se comparado a orienta¸c˜ao espacial de cada um. . . 16 –

FIGURA 6 (a) Corte em tiras de grafeno formando nanofitas zigzag e armchair. (b) Imagem AFM de uma nanofita armchair, retirado de (3). (c) Imagem AFM de uma nanofita zigzag, retirado de (4). . . 17 –

FIGURA 7 (a) Rede hexagonal de um nanotubo aberto com os seus respectivos vetores de transla¸c˜ao ˆT e chiral ˆCh. (b) Nanotubos de carbono zigzag

e armchair sendo enrolados a partir de nanofitas armchair e zigzag, respectivamente (5) . . . 18 –

FIGURA 9 Esquema de n´ıveis para dois n´ucleos de hidrogˆenio, formando uma mol´ecula de H2com seus respectivos estados ligante (de menor energia)

e anti-ligante (de maior energia). . . 21 –

FIGURA 10 Cadeia linear formada por s´ıtios de um mesmo elemento qu´ımico. 21 –

FIGURA 11 Rela¸c˜ao de dispers˜ao (E(~k) ×~k) para orbitais s de uma cadeia linear monoatˆomica. . . 23 –

FIGURA 12 Esquerda: Bandas π (superior) e π∗ (inferior) do grafeno, onde se observa a rela¸c˜ao de dispers˜ao linear nos v´ertices da primeira zona de Brillouin. Direita: Proje¸c˜ao da banda π do grafeno sobre o plano dos momentos. . . 25 –

FIGURA 14 Rede quadrada infinita na dire¸c˜ao longitudinal e finita na transver-sal. . . 28 –

FIGURA 15 Rede quadrada semi-infinita, como um exemplo de eletrodo. . . 30 –

FIGURA 16 Exemplos de nanofitas infinitas enumeradas: (a) armchair (7-AGNR) e (b) zigzag (12-ZGNR). . . 32 –

FIGURA 17 (a) Densidade de estados de trˆes nanofitas armchair com diferentes larguras: 11-AGNR, 10-AGNR e 9-AGNR. (b) Evolu¸c˜ao do gap de energia para as trˆes fam´ılias das nanofitas armchair, com o aumento da largura das mesmas. . . 33 –

FIGURA 18 Painel superior: Densidade de estados de uma nanofita armchair 50-AGNR. Painel inferior Densidade de estados do grafeno, retirado da ref. (1) . . . 34

(9)

FIGURA 20 Numera¸c˜ao de s´ıtios para um nanotubo (a) (5,5) armchair e um (b) (9,0) zigzag. A liga¸c˜ao em vermelho representa o hopping de fe-chamento do tubo. . . 36 –

FIGURA 21 Densidade de estados de um nanotubo zigzag (a) com 24 ´atomos [(12,0)-ZCNT] e (b) 32 ´atomos [(16,0)-ZCNT] ao longo da circun-ferˆencia. . . 37 –

FIGURA 22 Densidade de estados de 2 nanotubos armchair de tamanhos diferen-tes de circunferˆencia: (a) 20 ´atomos [(5,5)-ACNT] e (b) 32 ´atomos [(9,9)-ACNT]. . . 37 –

FIGURA 23 Exemplo de um sistema h´ıbrido de grafeno: nanotubo armchair sobre uma nanofita armchair. . . 38 –

FIGURA 24 (a) DOS de um nanotubo (3,3)-ACNT, sobre nanofitas armchair com 10 e 11 ´atomos de largura (figuras superior e inferior, respectiva-mente). (b) Dependˆencia da DOS com a varia¸c˜ao do hopping entre o ACNT (3,3) e a nanofita 11-AGNR. Curvas em negro correspondem a DOS da nanofita isolada. Na figura superior (inferior) γˆ0 = 0.2 e 0.3γˆ0. . . 40 –

FIGURA 25 DOS de um nanotubo (6,0)-ZCNT, sobre uma nanofita 12-ZGNR (painel superior) e uma nanofita 14-ZGNR (painel superior). . . 41 –

FIGURA 26 DOS para dois valores diferentes de energia de hopping entre um nanotubo (6,0) e uma nanofita com 12 ´atomos de largura : 0, 2γ (painel superior) e 0, 3γ (painel inferior). . . 41

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12

2.1 O CARBONO . . . 12

2.2 O GRAFENO . . . 14

2.2.1 HIBRIDIZAC¸ ˜AO DOS ´ATOMOS DE CARBONO NO GRAFENO . . . 15

2.3 SISTEMAS CONFINADOS: NANOFITAS E NANOTUBOS DE CARBONO . 17 2.3.1 NANOFITAS . . . 17

2.3.2 NANOTUBOS . . . 17

3 COMBINAC¸ ˜AO LINEAR DE ORBITAIS AT ˆOMICOS - APROXIMAC¸ ˜AO DE LIGAC¸ ˜OES FORTES (TIGHT BINDING) . . . 19

3.1 INTRODUC¸ ˜AO AO M´ETODO . . . 19

3.1.1 SISTEMA DE DOIS S´ITIOS . . . 19

3.1.2 CADEIA LINEAR DE S´ITIOS . . . 21

3.2 RELAC¸ ˜AO DE DISPERS ˜AO E ESTRUTURA DE BANDAS DO GRAFENO 23 4 DENSIDADE DE ESTADOS ELETR ˆONICOS A PARTIR DO FOR-MALISMO DAS FUNC¸ ˜OES DE GREEN . . . 26

4.1 M´ETODO DA DIZIMAC¸ ˜AO . . . 27

4.1.1 SISTEMA INFINITO . . . 28

4.1.2 SISTEMA SEMI-INFINITO . . . 29

4.2 DENSIDADE DE ESTADOS DAS NANOFITAS DE GRAFENO . . . 31

4.3 DENSIDADE DE ESTADOS DOS NANOTUBOS DE CARBONO DE PAREDE SIMPLES . . . 36

4.4 DENSIDADE DE ESTADOS DE SISTEMAS H´IBRIDOS DE GRAFENO: NA-NOTUBOS SOBRE NANOFITAS . . . 38

5 CONCLUS ˜AO . . . 43

REFERˆENCIAS . . . 45

Apˆendice A -- FUNC¸ ˜OES DE GREEN . . . 48

(11)

1 INTRODUC¸ ˜AO

1.1 NANOCIˆENCIA E NANOTECNOLOGIA

Podemos come¸car a falar de nanociˆencia e nanotecnologia observando que mo-delos te´oricos e realiza¸c˜oes experimentais frequentemente se comunicam de uma forma simbi´otica e consequentemente acabam promovendo, a constru¸c˜ao ou at´e mesmo a refor-mula¸c˜ao de grandes ´areas do conhecimento, a partir de conceitos e ideias. Basta voltarmos um pouco o tempo, mais precisamente no final do s´eculo XIX e in´ıcio do s´eculo XX, para perceber que homens e mulheres, experimentais e te´oricos, em plena faculdade para a F´ısica revolucionaram o modo como o mundo e seus fenˆomenos naturais eram aborda-dos. Trabalhos realizados, por exemplo, pelo Wilhelm C. R¨ontgen, vencedor do Nobel de 1901 pela descoberta dos raios-X e Max von Laue, de 1914 pela difra¸c˜ao destes raios-X por cristais, despertaram o interesse de W. H. Bragg e W. L. Bragg para a an´alise das estruturas cristalinas por raios-X, ´area ate ent˜ao inexistente. Neste mesmo per´ıodo, a teoria quˆantica se encontrava em seus primeiros passos, o que permitiu posteriormente, um rico e detalhado conhecimento de uma escala antes visitada somente por ideias que hoje chamamos de cl´assicas.

´

E neste ambiente de destaques da F´ısica Moderna, que os pilares da nanociˆencia se firmam, uma vez que os detalhes dos s´olidos na escala atˆomica s˜ao gradualmente revelados.

A partir de meados do s´eculo XX a habilidade de f´ısicos experimentais em sin-tetizar e caracterizar materiais com dimens˜oes da ordem de 10−9m cresce enormemente em laborat´orios do mundo todo. Richard P. Feynman em seu texto ”Plenty Room at the Bottom”(6), descreve majestosamente esse momento onde a F´ısica do Estado S´olido cresce com um grande potencial de aplica¸c˜ao: ”I would like to describe a field, in which little has been done, (...) it is more like solid-state physics(...). What I want to talk about is the problem of manipulating and controlling things on a small scale”. ”Why cannot we write the entire 24 volumes of the Encyclopedia Brittanica on the head of a pin?”

(12)

em distintas formas e dimens˜oes. Os fulerenos s˜ao estruturas de carbono na escala quasi-zerodimensional que podem ser compostos por apenas sessenta ´atomos. Eles formam verdadeiras mol´eculas que se assemelham enormemente `a bolas de futebol compostas por estruturas hexagonais e pentagonais. Os nanotubos de carbono s˜ao sistemas quasi uni-dimensionais, nos quais os el´etrons est˜ao submetidos a um grande confinamento eletrˆonico lateral e podem se mover livremente na direc˜ao axial do tubo. Esses materiais apresen-tam diferentes propriedades eletrˆonicas, met´alicas ou semicondutoras, dependendo dos detalhes da estrutura da rede hexagonal das paredes do tubo. Por sua vez, o grafeno, evidenciado experimentalmente por processos de exfolia¸c˜ao em 2014 ´e um sistema planar que confina os el´etrons em 2 dimens˜oes e apresenta propriedades f´ısicas bastante interes-santes. Nanofitas de grafeno podem tamb´em ser geradas a partir da folha de grafeno por diferentes processos experimentais. Elas tamb´em apresentam propriedades diferentes de-pendendo, por exemplo, da forma geom´etrica de suas bordas. Nosso interesse ´e investigar possibilidades de alterar respostas f´ısicas de sistemas de carbono a partir de diferentes composi¸c˜oes desses materiais. Com esse objetivo estudamos sistemas h´ıbridos compostos por nanofitas de grafeno e nanotubos de carbono nesta monografia e apresentamos ainda um resumo das bases te´oricas usadas (modelos f´ısicos) para descrever esses sistemas.

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2 DO CARBONO AO GRAFENO E SUAS VARIEDADES

TOPOL ´OGICAS

2.1 O CARBONO

O carbono possui 15 is´otopos dos quais apenas 3 ocorrem naturalmente: 12C,13C e 14C, sendo o primeiro o mais abundante, constitu´ıdo por 6 pr´otons e 6 nˆeutrons. A ocupa¸c˜ao eletrˆonica dos orbitais ´e feita da seguinte forma: 1s2, 2s2, 2p2 sendo que os dois el´etrons que ocupam o primeiro n´ıvel 1s s˜ao fortemente ligados ao n´ucleo e, portanto, denominados el´etrons do caro¸co. Os quatro el´etron restantes, que ocupam em pares os n´ıveis 2s e 2p, s˜ao mais fracamente ligados e denominados el´etrons de valˆencia.

As diferentes possibilidades de arranjos, quando uma quantidade consider´avel de ´atomos de carbono s˜ao aproximados uns dos outros para a forma¸c˜ao de um material s´olido, justificam-se pelas diferentes hibridiza¸c˜oes dos orbitais eletrˆonicos que estes podem assumir. Cristalinos ou amorfos, ou seja, dispostos em uma rede peri´odica ou n˜ao, o s´olido de carbono possui diversos al´otropos dos quais os mais tradicionais s˜ao o grafite e o diamante.

Com o advento da nanotecnologia foi poss´ıvel identificar outras estruturas como os fulerenos, nanotubos de carbono (CNT) e folhas de grafeno, que s˜ao mostrados na Figura 1). Em particular, as mol´eculas C60 descobertas por Kroto, Smalley et al. (7), quando

estes tentavam entender os mecanismos pelos quais longas cadeias de carbono s˜ao formadas no meio interestelar, demarcam o in´ıcio do estudo dos materiais nanoestruturados de carbono. Curiosamente, na tentativa de entender como essa mol´ecula era organizada geometricamente, Smalley contacta Bill Veech, professor do departamento de matem´atica, que o responde: ”I could explain this to you in a number of ways, but what you’ve got there, boys, is a soccer ball”(8).

O carbono ´e o quinto elemento mais abundante no universo (Figura 2) e uma das bases para a composi¸c˜ao de mol´eculas orgˆanicas necess´arias para a manuten¸c˜ao da vida. Um fato interessante ´e a prioridade da natureza para compostos de carbono se comparado ao sil´ıcio. A tabela da Figura 2 mostra que o sil´ıcio ´e 146 vezes mais abundante do que o

(14)

Figura 1: Nanoestruturas de carbono: folha de grafeno (canto superior esquerdo), grafite como uma sobreposi¸c˜ao de planos de grafeno (canto superior direito), nanotubo de carbono (canto inferior esquerdo) e a uma mol´ecula C60; retirado de (1)

carbono na crosta terrestre e verificamos tamb´em que na tabela peri´odica estes pertencem a mesma fam´ılia IVA e apresentam muitas caracter´ısticas em comum. Isto se deve pela facilidade quase que ´unica do carbono em formar longas cadeias. Esta versatilidade do ´

atomo carbono ´e respons´avel por milhares de compostos orgˆanicos encontrados na terra (2).

Figura 2: Porcentagem de elementos qu´ımicos abundantes no universo, crosta terrestre, ´

(15)

2.2 O GRAFENO

Grafeno ´e o nome dado a monocamada plana de ´atomos de carbono dispostos em uma rede bidimensional (2D) que lembra um favo de mel (9). A rede formada por hex´agonos regulares ´e cristalina com uma base de dois ´atomos de carbono e n˜ao constitui uma rede de Bravais (10) uma vez que o grafeno n˜ao possui uma ´unica orienta¸c˜ao de seus s´ıtios com rela¸c˜ao a seus primeiros vizinhos.

A rede hexagonal pode ser vista como uma sobreposi¸c˜ao de duas redes triangulares transladadas, denominada bipartite, das quais podemos identificar os dois s´ıtios (cada um pertencente a uma das redes triangulares) que determinam as duas poss´ıveis orienta¸c˜oes com rela¸c˜ao aos primeiros vizinhos no grafeno. Portanto, a c´elula unit´aria cont´em dois ´

atomos vizinhos, um de cada subrede triangular, a uma distˆancia de 1.42 ˚A.

(a)

(b)

Figura 3: (a) Rede do grafeno. (b) C´elula unit´aria do grafeno.

No espa¸co real, os vetores de base #»a1 e #»a2 do grafeno podem ser escritos da

seguinte forma: ~ a1 = a  3 2; √ 3 2 ; 0  , ~a2 = a  3 2; − √ 3 2 ; 0  . (2.1)

Na Figura 3, os vetores δi correspondem as posi¸c˜oes dos primeiros vizinhos de um

s´ıtio. Portanto, considerando a Figura 3(a) temos

~ δ1 = a √ 3 2 ; 1 2; 0  , ~δ2 = a  − √ 3 2 ; 1 2; 0  , ~δ3 = a  0; −1; 0  . (2.2)

A rede rec´ıproca do grafeno ´e obtida atrav´es de uma transformada de Fourier da rede no espa¸co real para o espa¸co K (espa¸co do momento). A c´elula primitiva de Wigner-Seitz (10) da rede rec´ıproca, conhecida como primeira zona de Brillouin, ´e mostrada na Figura 4(b).

(16)

(a)

(b)

Figura 4: (a) Imagem de STM (Scanning Tunneling Microscope) de uma folha de gra-feno. (b) Primeira Zona de Brillouin do gragra-feno.

Os vetores primitivos ~b1 e ~b2 da rede rec´ıproca podem ser escritos como,

~ b1 =  2π a√3; 2π a ; 0  , ~b2 =  2π a√3; − 2π a ; 0  . (2.3)

2.2.1 HIBRIDIZAC¸ ˜AO DOS ´ATOMOS DE CARBONO NO GRAFENO

Dada a configura¸c˜ao eletrˆonica do ´atomo de carbono, sabemos que dois pares de el´etrons, com spin up e down cada, ocupam os dois primeiros n´ıveis 1s e 2s. O par de el´etrons restante ´e acomodado no n´ıvel 2p. Este ´ultimo, pode acomodar at´e seis el´etrons respeitando o princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli. Entretanto, o ´atomo de carbono disp˜oe somente de quatro el´etrons de valˆencia e ´e justamente com o intuito de se buscar uma configura¸c˜ao mais est´avel (tipo a dos gases nobres) que o carbono admite a superposi¸c˜ao dos orbitais 2s e 2p, a qual chamamos de hibridiza¸c˜ao nas liga¸c˜oes qu´ımicas.

Uma das justificativas microsc´opicas para a variedade macrosc´opica dos materiais de carbono, deve-se aos trˆes tipos de hibridiza¸c˜oes que podem ocorrer: sp, sp2 e sp3. A

hibridiza¸c˜ao dos ´atomos de carbono no grafeno ´e do tipo sp2, e pode ser calculada

ana-liticamente efetuando a superposi¸c˜ao do orbital 2s com os orbitais 2px e 2py, escrevendo os orbitais da seguinte forma (11):

|2si = R20Y00 =  1 8πa3 o 12 1 − r 2a0  exp(−r/2a0), (2.4) |2pxi = R21 2(Y −1 1 − Y 1 1) =  1 8πa3 o 12 r 2ao 

(17)

|2pyi = R21 i√2(Y −1 1 − Y 1 1) = −  1 8πa3 o 12 r 2ao 

exp(−r/2ao)sin (θ)sin (φ), (2.6)

|2pzi = R21Y10 = 1 2  1 8πa3 o 12 r 2ao  exp(−r/2ao)cos (θ), (2.7)

onde a0 = (4π0~2)/me2 (raio de Bohr). Uma vez que cada s´ıtio no grafeno possui trˆes

liga¸c˜oes no plano orientadas segundo os vetores δi, a hibridiza¸c˜ao sp2 consiste na seguinte

superposi¸c˜ao de orbitais: sp2a = C1|2si − q 1 − C12|2pyi , (2.8) sp2b = C2|2si + q 1 − C22 √ 3 2 |2pxi + 1 2|2pyi  , (2.9) sp2c = −C3|2si + q 1 − C32  − √ 3 2 |2pxi + 1 2|2pyi  , (2.10)

onde os coeficientes C1, C2 e C3 s˜ao determinados a partir das condi¸c˜oes de normaliza¸c˜ao

dos orbitais sp2

a,b,c , |2si e |2px,yi (12). Portanto, C1 = C2 = 1/

3 e C3 = -1/

3. Note que os orbitais acima s˜ao para um s´ıtio da subrede A. O mesmo c´alculo pode ser efetuado para um s´ıtio da subrede B, bastando considerar o terno δi correspondente do mesmo.

Figura 5: Densidade de probabilidade dos orbitais sp2

i. Note que os orbitais hibridizados

possuem um ˆangulo de 120o se comparado a orienta¸ao espacial de cada um.

Os orbitais hibridizados σ mostrados na Figura 5 formam fortes liga¸c˜oes covalen-tes no plano e s˜ao respons´aveis pelas propriedades mecˆanicas do grafeno. O orbital Pz ´e

perpendicular ao plano do grafeno e n˜ao se superp˜oe a camada 2s, sendo portanto fraca-mente ligado. A este orbital π perpendicular ao plano ´e que atribuimos as propriedades el´etricas do grafeno.

(18)

em tiras (comprimento muito maior que a largura) do grafeno. Tal corte pode ser feito em diferentes dire¸c˜oes com ˆangulos discretos como mostrado na Figura 6(a), dando origem a uma variedade de nanofitas que s˜ao classificadas quanto o seu tipo de borda. Definimos a borda pelos ´atomos da fronteira (mais externos) dispostos ao longo do comprimento da fita. As nanofitas podem ent˜ao ser caracterizadas em trˆes tipos: armchair - AGNR (Figura 7(b)), zigzag - ZGNR (Figura 7(c)) e quiral.

Figura 6: (a) Corte em tiras de grafeno formando nanofitas zigzag e armchair. (b) Imagem AFM de uma nanofita armchair, retirado de (3). (c) Imagem AFM de uma nanofita zigzag, retirado de (4).

A mobilidade eletrˆonica no grafeno se d´a pelo confinamento dos portadores de carga no plano. Ao efetuarmos um corte para obter uma nanofita, os el´etrons passam a exibir um confinamento unidimensional ao longo da dire¸c˜ao perpendicular a borda e livre para trafegar ao longo da dire¸c˜ao paralela da nanofita.

2.3.2 NANOTUBOS

Inicialmente descobertos como um produto secund´ario na s´ıntese dos fulerenos, os nanotubos de carbono foram reportados em 1991 por Iijima (13) mas propostos teori-camente, um ano antes, por M. Dresselhaus e R. Smalley (14). Os nanotubos de carbono podem ser imaginados como um enrolamento das folhas de grafeno, podendo conter uma (”Single-Walled Carbon Nanotubes”) ou v´arias (”Multi-Walled Carbon Nanotubes”).

Analogamente `as diferentes geometrias da borda que as nanofitas de carbono podem assumir, quando consideramos as v´arias dire¸c˜oes de corte, o enrolamento destas fitas acabam gerando nanotubos com diferentes geometrias na sua sec¸c˜ao transversal. As

(19)

Figuras 6 (a) e (b) mostram dois t´ıpicos enrolamentos onde podemos identificar uma simetria de transla¸c˜ao da sua se¸c˜ao transversal.

(a)

(b)

Figura 7: (a) Rede hexagonal de um nanotubo aberto com os seus respectivos vetores de transla¸c˜ao ˆT e chiral ˆCh. (b) Nanotubos de carbono zigzag e armchair sendo enrolados a

partir de nanofitas armchair e zigzag, respectivamente (5)

O vetor chiral , ~Ch (Figura 6(a)), ´e o vetor que descreve a circunferˆencia do tubo

e portanto a dire¸c˜ao de enrolamento que pode variar entre 0 (zigzag) e 30o (armchair). Ele ´e escrito como

~

Ch = n~a1 + m~a2 ≡ (n,m), (2.11)

onde n, m s˜ao inteiros e devido a simetria da rede hexagonal 0 ≤ |m| ≤ n. O diˆametro do tubo (dt) pode ser obtido de maneira simples a partir do vetorC# »h

dt=

q

( ~Ch· ~Ch)

π . (2.12)

Similar as nanofitas, el´etrons em um nanotubo de carbono s˜ao livres para trafegar ao longo da dire¸c˜ao perpendicular `a sua sec¸c˜ao transversal, mas confinados ao longo da sua circunferˆencia. Portanto esperamos resultados similares quanto ao transporte eletrˆonico para esses dois sistemas.

Um tratamento muito utilizado para o estudo das propriedades eletrˆonicas de sistemas de carbono ´e a aproxima¸c˜ao Tight Binding. No pr´oximo cap´ıtulo vamos fazer uma breve introdu¸c˜ao ao m´etodo.

(20)

A combina¸c˜ao linear de orbitais atˆomicos (Linear Combination of Atomic Orbitals - LCAO) ou liga¸c˜oes fortes (Tight Binding - TB), ´e um m´etodo semi-emp´ırico bastante usado para calcular a estrutura de bandas e estados de part´ıcula ´unica de Bloch de um material.

No cap´ıtulo a seguir, o modelo de liga¸c˜oes fortes ´e introduzido e utilizado como base para descrever os sistemas de carbono e a partir deste efetuar c´alculos de estrutura eletrˆonica, como a estrutura de bandas de energia e a densidade de estados eletrˆonicos via formalismo das fun¸c˜oes de Green, que ser´a introduzido no cap´ıtulo 4.

3.1 INTRODUC¸ ˜AO AO M´ETODO

O modelo TB surge na Qu´ımica como uma aproxima¸c˜ao para a intera¸c˜ao de orbitais eletrˆonicos em mol´eculas. As ideias precursoras do m´etodo LCAO, desenvolvido inicialmente por B. N. Finkelstein e G. E. Horowitz para o c´alculo da energia do estado ligante da mol´ecula diatˆomica de h´elio (He2) (15), remetem aos trabalhos te´oricos de F.

Hund (16, 17) e R. S. Mulliken (18–20) sobre o espectro molecular.

3.1.1 SISTEMA DE DOIS S´ITIOS

Para entender as ideias b´asicas do modelo TB, podemos considerar um caso simples, similar ao tratado na ref. (15), de uma mol´ecula de H2+. Nesse caso, a influˆencia

do segundo n´ucleo (s´ıtio) incrementa a energia do el´etron presente no primeiro n´ucleo (s´ıtio) al´em de permitir o salto desse el´etron para o segundo.

Da energia do el´etron situado em um dado s´ıtio i , podemos escrever: ˆHatom|ii =

εi|ii, e portanto

ˆ

(21)

onde εi ´e a energia do el´etron no s´ıtio i e |ii o estado de s´ıtio i . Da energia de intera¸c˜ao

eletrˆonica entre s´ıtios, que descreve o ”salto” ou mudan¸ca do estado do el´etron, por exemplo, do estado de s´ıtio j para o estado de s´ıtio i (i 6= j), podemos escrever o seguinte operador: ˆVi,j|ji = γ |ii, tal que

ˆ

Vi,j = γ |ii hj| , (3.2)

onde γ ∈ IR e ´e chamada de integral de hopping que acopla os estados do s´ıtio i com estados do s´ıtio j. A hamiltoniana do sistema, a partir dos operadores (3.1) e (3.2), se resume a ˆ H = 2 X i=1 εi|ii hi| + 2 X i6=j γ |ii hj| . (3.3)

Uma hamiltoniana desta forma ´e chamada de hamiltoniana tight binding e escrita matri-cialmente fica: ˆ H = ε1 γ γ ε2 ! , (3.4)

onde ε1 = ε2 = hi| ˆH |ii (no caso de s´ıtios idˆenticos) e γ = hi| ˆH |ji, para i,j = {1,2}.

Como a energia de hopping surge da intera¸c˜ao do el´etron com o s´ıtio vizinho, deve-se esperar que a intensidade desta diminua com o aumento da distˆancia relativa entre s´ıtios. Podemos finalmente escrever os autoestados do nosso sistema de dois s´ıtios, su-pondo neste modelo que |1i e |2i formam uma base ortonormal h1|2i ≈ 0 (o que ´e razo´avel uma vez que estamos lidando com estados localizados), como uma combina¸c˜ao linear dos orbitais atˆomicos de cada s´ıtio, ou seja,

|±i = √1

2(|1i ± |2i), (3.5)

com autovalores

E±= ε ± γ. (3.6)

O autoestado |+i representa o estado ligante e |−i o estado anti-ligante, pois se definirmos γ < 0 temos que E+ < E−. O estado ligante apresenta uma interferˆencia

construtiva dos orbitais atˆomicos na regi˜ao entre os s´ıtios, enquanto o estado anti-ligante apresenta uma interferencia destrutiva, como ilustrado na Figura 9.

(22)

Figura 9: Esquema de n´ıveis para dois n´ucleos de hidrogˆenio, formando uma mol´ecula de H2 com seus respectivos estados ligante (de menor energia) e anti-ligante (de maior

energia).

3.1.2 CADEIA LINEAR DE S´ITIOS

Considere agora uma cadeia linear de N s´ıtios idˆenticos igualmente espa¸cados como mostrado na Figura 10. Novamente, iremos escrever nossa hamiltoniana tight bin-ding como uma soma das hamiltonianas atˆomicas e com o que chamaremos de energia de hopping; ambas escritas em termos de estados de part´ıcula ´unica: H = Hatom+Hhop.

Portanto: H = N X i=1 εi|ii hi| + N X i6=j γi,j|ii hj| . (3.7)

Como todos os ´atomos deste cristal unidimensional s˜ao de um mesmo elemento, εi = ε e

denotamos γi,j = γ como sendo a energia de salto de um s´ıtio para um vizinho `a direita,

e γi,j = γ∗ de um s´ıtio para um vizinho `a esquerda. Vale ressaltar que como estamos

lidando com fun¸c˜oes de onda localizadas em torno de cada n´ucleo, a superposi¸c˜ao destas ocorre para s´ıtios que estejam muito pr´oximos, ou seja, iremos considerar somente saltos de um s´ıtio para seus primeiros vizinhos, j = i ± 1, o que ´e chamado de aproxima¸c˜ao TB de primeiros vizinhos.

Figura 10: Cadeia linear formada por s´ıtios de um mesmo elemento qu´ımico.

Notemos agora que no sistema proposto, a contribui¸c˜ao do potencial de cada s´ıtio disposto como mostra a figura 10, d´a origem a uma simetria de transla¸c˜ao na rede. Esta simetria faz com que um el´etron que se move nesta rede, tenha a sua fun¸c˜ao de onda tamb´em peri´odica. A partir desta ideia Bloch desenvolve o m´etodo LCAO para s´olidos

(23)

cristalinos (21), e as fun¸c˜oes de onda de part´ıcula ´unica que carregam a periodicidade da rede recebem seu nome, ou seja, fun¸c˜oes de Bloch.

Os autoestados da cadeia linear podem ser escritos como uma combina¸c˜ao linear de estados de part´ıcula ´unica de Bloch de camada s da seguinte maneira

s~k = ψ~k(~r) = 1 √ N X ~ R ei~k· ~Rφs(~r − ~R); (3.8)

o termo 1/√N ´e a constante de normaliza¸c˜ao (N = n´umero de ´atomos da rede), ~R o vetor primitivo da rede de Bravais para uma cadeia linear, e a fun¸c˜ao de onda atˆomica φi constitui um conjunto completo de fun¸c˜oes ortonormais conhecidas como fun¸c˜oes de

Wannier centradas nas posi¸c˜oes ~R. Note que neste caso ~R = na0ˆi; n ∈ Z.

A partir da hamiltoniana (3.7) podemos calcular a rela¸c˜ao de dispers˜ao para a pri-meira Zona de Brillouin utilizando a fun¸c˜ao de Bloch (3.8). Tomando E(~k) =s~k

H s~k , temos E(~k) = 1 N Z X ~ R e−i~k· ~Rφ∗s(~r − ~R)HX ~ R0 ei~k· ~R 0 φs(~r − ~R 0 )d~r = 1 N X ~ R, ~R0 ei~k·( ~R 0 − ~R) Z φ∗s(~r − ~R)Hφs(~r − ~R 0 )d~r,

e fazendo a seguinte mudan¸ca de vari´aveis ~r → ~X = ~r − ~R, temos E(~k) = 1 N X ~ R, ~R0 ei~k·( ~R 0 − ~R) Z φ∗s( ~X)Hφs( ~X + ~R − ~R 0 )d ~X.

Para que a an´alise de E(~k) fique mais simples, vamos definir o seguinte vetor de transla¸c˜ao: ~

R00 = ~R0 − ~R (distˆancia entre dois s´ıtios) e somar sobre todos os s´ıtios em ~R, de forma que: E(~k) =X ~ R” ei~k· ~R 00Z φ∗s( ~X)Hφs( ~X − ~R 00 )d ~X = Z φ∗s( ~X)Hφs( ~X)d ~X + X ~ R006=0 ei~k· ~R 00Z φ∗s( ~X)Hφs( ~X − ~R 00 )d ~X (3.9) = εs+ X ~ τ ei~k·~τγ(|~τ |). (3.10)

Do lado direito da igualdade temos que o primeiro termo εs´e a energia do orbital

(24)

A rela¸c˜ao de dispers˜ao E(~k) para a primeira zona de Brillouin ´e mostrada na Figura 11 onde 0 ≤ k ≤ 2π/a0.

Figura 11: Rela¸c˜ao de dispers˜ao (E(~k) × ~k) para orbitais s de uma cadeia linear mo-noatˆomica.

3.2 RELAC¸ ˜AO DE DISPERS ˜AO E ESTRUTURA DE BANDAS DO GRAFENO

No caso da cadeia linear precisamos somente de uma fun¸c˜ao de Bloch para o c´alculo da sua rela¸c˜ao de dispers˜ao, tendo em vista que a c´elula unit´aria da cadeia linear cont´em apenas um s´ıtio. Considerando a descri¸c˜ao cristalogr´afica do grafeno descrita na se¸c˜ao 2.2, fica claro que s˜ao necess´arios neste caso duas fun¸c˜oes de Bloch: uma para estados dos s´ıtios da subrede A e outra para estados dos s´ıtios da subrede B,

A~k = ψ~kA(~r) = 1 √ N X ~ RA ei~k· ~RAφA(~r − ~RA), (3.12) B~k = ψ~kB(~r) = 1 √ N X ~ RB ei~k· ~RBφB(~r − ~RB). (3.13)

Para o c´alculo da rela¸c˜ao de dispers˜ao do grafeno via modelo TB, devemos encon-trar a partir das fun¸c˜oes de Bloch (3.12) e (3.13) os elementos de Hi,j = hi|H|ji, chamada

de matriz de transferˆencia ˆH. Portanto para i = j = A ou B, temos HA,A= HB,B =A~k ˆH A~k = B~k ˆH B~k = ε2p, (3.14)

(25)

onde ε2p ´e o autovalor da camada mais energ´etica, dada a distribui¸c˜ao eletrˆonica do

´

atomo de carbono. Note que o autovalor encontrado em (3.14) n˜ao ´e da mesma forma que o encontrado em (3.10). Isto se d´a pelo fato de que n˜ao estamos levando em conta a contribui¸c˜ao dos primeiros vizinhos de cada sub-rede triangular, o que corresponderia a segundos vizinhos na rede hexagonal. Agora, para i = A e j = B, temos

HA,B = X ~ R00 ei~k· ~R 00Z φ∗A( ~X)HφB( ~X − ~R 00 )d ~X =X ~ R00 ei~k· ~R 00 γ(| ~R00|). (3.15)

Para os primeiros vizinhos de um s´ıtio do tipo A (Fig. 3(a)), os valores poss´ıveis de ~R00 s˜ao os ternos ~δ1, ~δ2 e ~δ3 em (2.2). Desta forma,

HA,B = γ(|δ|)(ei~k·~δ1 + ei~k·~δ2 + ei~k·~δ3) ≡ γf (~k). (3.16)

De forma an´aloga, podemos obter o elemento HB,A para um terno ~δi de um s´ıtio B:

HB,A = γf∗(~k). (3.17)

A matriz de transferˆencia pode ser escrita ent˜ao como

ˆ

H = ε2p γf (~k)

γf∗(~k) ε2p

!

. (3.18)

Finalmente podemos obter a rela¸c˜ao de dispers˜ao do grafeno atrav´es da equa¸c˜ao secular [ ˆH − ˆIE] = 0, em fun¸c˜ao de kx e ky (12)o que nos leva a

Eg2D± (kx, ky) = ε2p∓ γ s 1 + 4 cos (3 2kyac−c) cos ( √ 3 2 kxac−c) + 4 cos 2( √ 3 2 kxac−c). (3.19) A partir desta express˜ao, tomando ε2p = 0 (uma vez que este representa somente

um translado no eixo da energia) e γ = -2.8 eV (obtido via primeiros princ´ıpios (1)), podemos obter a rela¸c˜ao de dispers˜ao do grafeno, como mostrado na Figura 12. A es-trutura de bandas π, dita ligante, que corresponde ao termo Eg2D+ e π∗, anti-ligante, que corresponde ao termo Eg2D− podem ser vistas tamb´em na figura.

Nas proximidades dos seis pontos em que as bandas π e π∗ se tocam, podemos observar a estrutura em forma de cones, conhecidas como cones de Dirac, onde a rela¸c˜ao

(26)

de gap nulo.

Figura 12: Esquerda: Bandas π (superior) e π∗ (inferior) do grafeno, onde se observa a rela¸c˜ao de dispers˜ao linear nos v´ertices da primeira zona de Brillouin. Direita: Proje¸c˜ao da banda π do grafeno sobre o plano dos momentos.

Curiosamente os c´alculos realizados nesta se¸c˜ao foram primeiramente obtidos por P. R. Wallace (22) em 1947 numa tentativa de explicar algumas das propriedades f´ısicas do grafite atrav´es da teoria de bandas para s´olidos, muito antes de se pensar na realiza¸c˜ao experimental do grafeno.

(27)

4 DENSIDADE DE ESTADOS ELETR ˆONICOS A PARTIR DO

FORMALISMO DAS FUNC¸ ˜OES DE GREEN

A densidade de estados eletrˆonicos (Electronic Density of States - DOS) como fun¸c˜ao da energia ρ(E), ´e uma das grandezas f´ısicas indiretas que s˜ao obtidas utilizando-se da mecˆanica quˆantica. Podemos entender a DOS como uma medida que descreve o n´umero prov´avel de estados ocupados em um dado intervalo de energia de um sistema. Tanto a rela¸c˜ao de dispers˜ao quanto a densidade de estados s˜ao quantidades simples de serem obtidas e evidenciam a forte rela¸c˜ao entre a topologia dos sistemas nanoestruturados e suas propriedades eletrˆonicas.

O c´alculo da DOS, entretanto, pode ser efetuado de maneira simples do ponto de vista do formalismo das fun¸c˜oes de Green uma vez que estas podem ser obtidas das fun¸c˜oes de onda que s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao de Schr¨odinger, sujeitas as mesmas condi¸c˜oes de contorno. Para os fenˆomenos de transporte, as fun¸c˜oes de Green se destacam por ser um conceito poderoso capaz de fornecer uma resposta local em um sistema nanoestruturado devido a uma excita¸c˜ao em qualquer outro ponto (23).

A densidade de estados pode ser encontrada analiticamente a partir da fun¸c˜ao de Green local (veja mais detalhes no Apˆendice A). Dado que

G±(E) = lim η→0+ X a, ψa,(r)ψa∗,(r) E ± iη − Ea, , (4.1)

e utilizando a seguinte identidade lim η→0+ 1 x ± iη = P  1 x  ∓ iπδ(x), (4.2)

podemos obter que

G±(E) = P X a, ψa,(r)ψa∗,(r) E − Ea, ! ∓ iπX a, δ(E − Ea,)ψa,(r)ψa∗,(r). (4.3)

A parte imagin´aria de G±(E) em (4.3) ´e exatamente um contador do n´umero de estados, digamos, no intervalo de energia E + dE, ou seja, a densidade de estados local (Local

(28)

e utilizando a representa¸c˜ao de s´ıtio ρ(E) = ∓1

πImTr G

±

i,j(E)  , (4.5)

onde Tr ´e o tra¸co da matriz G±i,j, ou seja, uma soma sobre os elementos da diagonal principal, que s˜ao justamente as fun¸c˜oes de Green localizadas em cada s´ıtio do sistema.

Entretanto, para sistemas que cont´em um n´umero de s´ıtios muito grande, calcular a DOS de forma anal´ıtica se torna exaustivo e impratic´avel. Portanto, para os sistemas nanoestruturados aqui estudados, a densidade de estados foi obtida numericamente por um processo recursivo, chamado de dizima¸c˜ao, a partir da equa¸c˜ao de Dyson (Apˆendice B) ˆ Gi,j = ˆgiδi,j+ ˆgi X k ˆ Vi,kGˆk,j, (4.6)

que corresponde a escrever a fun¸c˜ao de Green de um sistema ( ˆGi,j) em termos das fun¸c˜oes

de Green de s´ıtio n˜ao-interagentes (ˆgi) e interagentes com a vizinhan¸ca ( ˆGk,j).

4.1 M´ETODO DA DIZIMAC¸ ˜AO

A dizima¸c˜ao de s´ıtios consiste em um m´etodo recursivo da equa¸c˜ao de Dyson (4.6), a partir da qual podemos encontrar rela¸c˜oes recursivas para a fun¸c˜ao de Green exata do sistema. O m´etodo difere de uma simples itera¸c˜ao, onde uma opera¸c˜ao ´e executada substituindo o parˆametro de entrada pelo resultado at´e atingir o limite do contador, justamente por um processo onde a cada passo o parˆametro de entrada ´e renormalizado a partir das rela¸c˜oes encontradas pela equa¸c˜ao de Dyson. Veremos que em cada passo do m´etodo recursivo, as fun¸c˜oes de Green dos s´ıtios vizinhos, da forma (4.6), v˜ao sendo incorporadas `as fun¸c˜oes de Green de outros s´ıtios, ou seja, os s´ıtios v˜ao sendo dizimados at´e que um ´unico s´ıtio contenha toda a informa¸c˜ao do sistema, e se possa calcular as densidades de estados segundo (4.5).

(29)

4.1.1 SISTEMA INFINITO

Para exemplificar o m´etodo, consideremos agora um sistema descrito na apro-xima¸c˜ao de liga¸c˜oes fortes onde o s´ıtio central, na posi¸c˜ao i = 0, est´a conectado a dois outros s´ıtios, `a esquerda (i = ¯1) e `a direita (i = 1). A fun¸c˜ao de Green para tais s´ıtios ´e dada por ˆ G00= ˆg0+ ˆg0Vˆ00Gˆ00+ ˆg0Tˆ01Gˆ10+ ˆg0Tˆ0¯1Gˆ¯10, (4.7) ˆ G10= ˆg1Vˆ11Gˆ10+ ˆg1Tˆ10Gˆ00+ ˆg1Tˆ12Gˆ20, (4.8) ˆ G¯10= ˆg¯1¯1Gˆ¯10+ ˆg¯110¯ Gˆ00+ ˆg¯1Tˆ¯2Gˆ¯20, (4.9)

onde ˆV ´e o hopping no s´ıtio e ˆT o hopping entre s´ıtios primeiros vizinhos ( ˆTi,k ≡ ˆVi,k para

i 6= k), por exemplo, em uma rede quadrada (Figura 14), se definirmos um s´ıtio como sendo uma cadeia linear finita. Neste caso, ˆV representa o hopping entre os ´atomos da cadeia enquanto ˆT representa o hopping entre as cadeias.

Figura 14: Rede quadrada infinita na dire¸c˜ao longitudinal e finita na transversal.

Supomos aqui todos os s´ıtios da rede sendo de um mesmo elemento. Desta forma ˆ

g0 = ˆg¯1 = ˆg1. Logo, podemos definir a seguinte normaliza¸c˜ao ˆg = ( ˆI − ˆg0Vˆ00)−1gˆ0, de

forma que (4.7), (4.8) e (4.9) ficam ˆ G00 = ˆg + ˆg ˆT01Gˆ10+ ˆg ˆT0¯1Gˆ¯10, (4.10) ˆ G10 = ˆg ˆT10Gˆ00+ ˆg ˆT12Gˆ20, (4.11) ˆ G¯10 = ˆg ˆT¯10Gˆ00+ ˆg ˆT¯1¯2Gˆ¯20, (4.12)

(30)

ˆ gR = ( ˆI − ˆg ˆT01g ˆˆT10− ˆg ˆT0¯1ˆg ˆT¯10)−1g,ˆ (4.14) ˆ TR = ˆT01g ˆˆT12, (4.15) ˆ TR† = ˆT0¯1g ˆˆT¯1¯2. (4.16)

De forma mais compacta, uma vez que todos os s´ıtios da rede s˜ao iguais e compostos de um mesmo elemento, denotemos ˆTik = ˆT para k = i + 1 e ˆTik = ˆT† para k = i − 1, de

forma que as equa¸c˜oes (4.14), (4.15) e (4.16) ficam ˆ gR= ( ˆI − ˆg ˆT ˆg ˆT†− ˆg ˆT†g ˆˆT )−1ˆg, (4.17) ˆ TR= ˆT ˆg ˆT , (4.18) ˆ TR† = ˆT†g ˆˆT†. (4.19)

Podemos ver que no primeiro passo do processo de dizima¸c˜ao a fun¸c˜ao de Green do s´ıtio central, eq.(4.13), passa a estar ligado aos segundos vizinhos, por´em com a fun¸c˜ao de Green n˜ao-interagente e hoppings entre s´ıtios renormalizadas. A eq.(4.13) pode ser generalizada para os demais s´ıtios pares, uma vez que na primeira renormaliza¸c˜ao os s´ıtios ´ımpares s˜ao dizimados (24), da seguinte maneira

ˆ

Gii = ˆgR+ ˆgRTˆRGˆi+2,i+ ˆgRTˆ †

RGˆi−2,i, i = 0, 2, 4, 6... (4.20)

A medida que o processo de dizima¸c˜ao ´e repetido muitas vezes, o s´ıtio central (i = 0) estar´a ligado a s´ıtios cada vez mais distantes de forma que ˆTR→ 0, e consequentemente ˆT

† R→ 0,

e desta forma ˆG00 → ˆgR. O processo de dizima¸c˜ao ´e interrompido ent˜ao quando a fun¸c˜ao

de Green do s´ıtio central converge para a fun¸c˜ao de Green do sistema renormalizado.

4.1.2 SISTEMA SEMI-INFINITO

O processo de dizima¸c˜ao para sistemas semi-infinitos ´e bastante ´util quando o sistema estudado consiste de um dispositivo (finito), acoplado por contatos ou eletrodos (semi-infinitos). Portanto, para encontrarmos a fun¸c˜ao de Green de superf´ıcie para um contato, digamos, `a direita de um dispositivo, devemos lembrar que o s´ıtio mais externo (i = 0) possui apenas um primeiro vizinho, como mostra a Figura 15, enquanto s´ıtios

(31)

internos, do bulk, possuem dois. Inicialmente iremos considerar a fun¸c˜ao de Green local

Figura 15: Rede quadrada semi-infinita, como um exemplo de eletrodo.

ˆ

g0 do s´ıtio da borda e o hopping ˆT01, diferentes, se comparado aos demais s´ıtios do bulk.

Portanto, para os dois primeiros s´ıtios do sistema, temos as seguintes fun¸c˜oes de Green ˆ

G00 = ˆg0+ ˆg0Vˆ00Gˆ00+ ˆg0Tˆ01Gˆ10, (4.21)

ˆ

G10 = ˆg1Vˆ11Gˆ10+ ˆg1Tˆ10Gˆ00+ ˆg1Tˆ12Gˆ20, (4.22)

definindo as seguintes fun¸c˜oes renormalizadas ˆg = ( ˆI − ˆg0Vˆ00)−1ˆg0 e ˆg∗ = ( ˆI − ˆg1Vˆ11)−1gˆ1,

as equa¸c˜oes (4.21) e (4.22) ficam ˆ

G00= ˆg + ˆg ˆT01Gˆ10, (4.23)

ˆ

G10= ˆg∗Tˆ10Gˆ00+ ˆg∗Tˆ12Gˆ20, (4.24)

e substituindo (4.24) em (4.23), estaremos dizimando o s´ıtio i = 1, logo ˆ

G00 = ˆgR+ ˆgRTˆ 0

RGˆ20. (4.25)

A fun¸c˜ao de Green ˆgR e o hopping ˆT 0 R renormalizados, s˜ao ˆ gR= ( ˆI − ˆg ˆT01gˆ∗Tˆ10)−1g,ˆ (4.26) ˆ TR0 = ˆT01gˆ∗Tˆ12, (4.27)

e em uma nota¸c˜ao mais compacta, fa¸camos ˆT01 = ˆT 0

, ˆTi,i+1 = ˆT , ˆTi,i−1 = ˆT† e ˆg∗ =

(32)

vamos repetir o c´alculo para a dizima¸c˜ao dos s´ıtios 3 e 5. Portanto, considere as fun¸c˜oes de Green para os s´ıtios i = 3, 4, 5

ˆ G30 = ˆg∗Tˆ†Gˆ20+ ˆg∗T ˆˆG40, (4.30) ˆ G40 = ˆg∗Tˆ†Gˆ30+ ˆg∗T ˆˆG50, (4.31) ˆ G50 = ˆg∗Tˆ†Gˆ40+ ˆg∗T ˆˆG60, (4.32) e substituindo (4.30) e (4.32) em (4.31), temos ˆ G40 = ˆg∗RTˆ † RGˆ20+ ˆgR∗TˆRGˆ60, (4.33) donde ˆg∗R, ˆTR e ˆT †

R s˜ao a fun¸c˜ao de Green e os hoppings renormalizados para os s´ıtios do

bulk ˆ gR∗ = ( ˆI − ˆg∗Tˆ†ˆg∗T − ˆˆ g∗T ˆˆg∗Tˆ†)−1gˆ∗, (4.34) ˆ TR = ˆT ˆg∗T ,ˆ (4.35) ˆ TR† = ˆT†ˆg∗Tˆ†. (4.36)

Novamente, dado que o processo de dizima¸c˜ao ´e repetido diversas vezes, a fun¸c˜ao de Green do s´ıtio 0 converge para a fun¸c˜ao de Green renormalizada do sistema, ˆG00 → ˆgR.

4.2 DENSIDADE DE ESTADOS DAS NANOFITAS DE GRAFENO

A DOS das nanofitas de grafeno foram calculadas a partir da fun¸c˜ao de Green obtida pelo processo de dizima¸c˜ao (apresentado anteriormente) considerando as nanofitas como um sistema infinito. As matrizes de hopping iniciais ˆV , ˆT e ˆT†podem ser constru´ıdas a partir da escolha da poss´ıvel numera¸c˜ao dos ´atomos ao longo da dire¸c˜ao transversal da fita. Na Figura 16 mostramos um exemplo poss´ıvel de numera¸c˜ao dos ´atomos dos s´ıtios para nanofitas armchair e zigzag.

A energia de hopping γ entre os ´atomos de carbono no grafeno ´e da ordem de -2.8 eV (12) por´em, assumimos no c´alculo da DOS um hopping γ unit´ario de modo que a escala de energia ´e dada em termos do valor deste hopping. A matriz ˆg0 ´e diagonal e

(33)

Figura 16: Exemplos de nanofitas infinitas enumeradas: (a) armchair (7-AGNR) e (b) zigzag (12-ZGNR). seus elementos s˜ao    gjk = E+iη−E1 n, para j=k gjk = 0, para j 6= k (4.37)

onde consideramos a energia atˆomica nula (En = 0) e o valor de η como 10−4γ. Os

elementos n˜ao nulos de matriz de ˆV , ˆT e ˆT† correspondem a uma unidade de hopping. Considerando, por exemplo, a numera¸c˜ao da Figura 16(a) o hopping do o ´atomo 1 para o 2 ´e V12= γ e do ´atomo 13 para o s´ıtio vizinho da c´elula, ´e T13,2= γ.

Uma vez constru´ıdas as matrizes ˆg0, ˆV , ˆT e ˆT†, o processo de dizima¸c˜ao ´e realizado

e a densidade de estados das nanofitas, s˜ao calculadas conforme a equa¸c˜ao (4.5) em unidades de γ. Os resultados obtidos s˜ao apresentados a seguir.

Como podemos observar na Figura 17(a), as nanofitas armchair podem se com-portar como sistemas met´alicos ou semicondutores, dependendo da sua largura. Basta observarmos a presen¸ca de um gap na energia de Fermi (Ef = 0). Constatamos que para

estas fitas existem trˆes fam´ılias que s˜ao definidas com base no n´umero de ´atomos ao longo da largura da fita. Estas fam´ılias dividem as nanofitas entre semicondutores e metais e podem ser escritas como 3p, 3p + 1 e 3p + 2. Nanofitas armchair com 3p e 3p + 1 (p ∈ N) ´

atomos de largura s˜ao semicondutoras e as que possuem 3p + 2 ´atomos de largura s˜ao met´alicas. Observamos tamb´em que a medida que a largura da fita aumenta o gap de energia das fitas semicondutoras diminui, como mostrado na Figura 17(b).

(34)

(a)

(b)

Figura 17: (a) Densidade de estados de trˆes nanofitas armchair com diferentes larguras: 11-AGNR, 10-AGNR e 9-AGNR. (b) Evolu¸c˜ao do gap de energia para as trˆes fam´ılias das nanofitas armchair, com o aumento da largura das mesmas.

(35)

Como esperado, o confinamento eletrˆonico nas nanofitas armchair quando o n´umero de ´atomos de largura ´e muito grande, passa a ser quasi-bidimensional. Este fato pode ser constatado pelo resultado obtido na Figura 18(a) para uma nanofita armchair com 50 ´

atomos de largura, se comparado `a densidade de estados de uma folha de grafeno como mostrado na Figura 18(b).

Figura 18: Painel superior: Densidade de estados de uma nanofita armchair 50-AGNR. Painel inferior Densidade de estados do grafeno, retirado da ref. (1)

(36)

(a)

(b)

Figura 19: Densidade de estados de uma nanofita (a) zigzag 12-ZGNR e uma (b) zigzag 50-ZGNR.

(37)

Exemplos de densidades de estados obtidas para nanofitas zigzag s˜ao mostradas na Figura 19 (a,b). Podemos ver que estas fitas apresentam um comportamento met´alico, e uma alta densidade de estados no n´ıvel de Fermi. Entretanto, a medida que a largura da fita ´e incrementada, a densidade de estados no n´ıvel de Fermi diminui e o n´umero de singularidades de Van Hove aumenta. Como ´e de se esperar, a densidade de estados eletrˆonico de uma nanofita zigzag muito larga (Figura 19(b)) tamb´em se assemelha a do grafeno.

4.3 DENSIDADE DE ESTADOS DOS NANOTUBOS DE CARBONO DE PAREDE

SIMPLES

O c´alculo da densidade de estados dos nanotubos de carbono foi efetuado de forma an´aloga `as nanofitas de grafeno (consideramos os nanotubos como um sistema infi-nito quasi 1D) e as matrizes iniciais ˆg0, ˆV , ˆT e ˆT†para os nanotubos podem ser constru´ıdas

a partir da mesma numera¸c˜ao dada aos ´atomos de um s´ıtio de uma nanofita, por´em, com um termo de hopping entre as extremidades do s´ıtio, como podemos ver nas Figuras 20 (a) e (b).

(a) (b)

Figura 20: Numera¸c˜ao de s´ıtios para um nanotubo (a) (5,5) armchair e um (b) (9,0) zigzag. A liga¸c˜ao em vermelho representa o hopping de fechamento do tubo.

Os resultados obtidos para os nanotubos zigzag (Figura 21 (a,b)) mostram que estes tubos podem ser met´alicos ou semicondutores, dependendo do tamanho da sua cir-cunferˆencia. Constatamos tamb´em que estes nanotubos, de forma semelhante `as nanofitas armchair, se dividem em duas fam´ılias quanto ao n´umero de ´atomos ao longo da circun-ferˆencia. Nanotubos com 3p ´atomos de circunferˆencia s˜ao met´alicos enquanto os demais s˜ao semicondutores.

(38)

(a) (b)

Figura 21: Densidade de estados de um nanotubo zigzag (a) com 24 ´atomos [(12,0)-ZCNT] e (b) 32 ´atomos [(16,0)-ZCNT] ao longo da circunferˆencia.

Nas Figuras 22(a) e (b) apresentamos os resultados de DOS obtidos para dois nanotubos armchair. Estes CNTs apresentam um comportamento met´alico para qualquer n´umero de ´atomos ao longo da circunferˆencia, como podemos notar.

(a) (b)

Figura 22: Densidade de estados de 2 nanotubos armchair de tamanhos diferentes de circunferˆencia: (a) 20 ´atomos [(5,5)-ACNT] e (b) 32 ´atomos [(9,9)-ACNT].

Em geral as DOS dos nanotubos de carbono s˜ao bastante semelhantes as DOS das nanofitas de grafeno. Ambos nanosistemas podem ser considerados nanoestruturas quasi-unidimensionais que apresentam um conjunto de singularidades de van Hove, t´ıpico dos sistemas 1D. Novamente constatamos que a medida que a circunferˆencia aumenta, o plateau perto da energia de Fermi, para os nanotubos de comportamento met´alico (tanto

(39)

armchair quanto zigzag) diminui. O mesmo ocorre com o gap de energia dos nanotubos semicondutores (zigzag). Tubos de raios muito grandes tendem a se comportar como uma folha de grafeno.

4.4 DENSIDADE DE ESTADOS DE SISTEMAS H´IBRIDOS DE GRAFENO:

NANO-TUBOS SOBRE NANOFITAS

Os sistemas h´ıbridos propostos consistem em um nanotubo de carbono disposto sobre uma nanofita de grafeno do mesmo tipo (nanotubo zigzag/armchair sobre uma nanofita tamb´em zigzag/armchair), como mostra a Figura 23. Dada a composi¸c˜ao desses dois sistemas (nanofita e nanotubo), ´e poss´ıvel variar a largura da nanofita, o tamanho da circunferˆencia do nanotubo e o hopping entre o tubo e fita, analizando os efeitos destas varia¸c˜oes sobre as densidades de estados eletrˆonicos.

Figura 23: Exemplo de um sistema h´ıbrido de grafeno: nanotubo armchair sobre uma nanofita armchair.

Para encontrar a densidade de estados, dividimos o sistema em trˆes partes: uma parte central, finita, que cont´em o nanotubo e uma linha de ´atomos da nanofita; e dois contatos (eletrodos) formados por nanofitas semi-infinitas de mesmo tamanho do tubo finito. Utilizamos o m´etodo da dizima¸c˜ao no espa¸co real para sistemas semi-infinitos, descrito na se¸c˜ao anterior, a fim de obter a fun¸c˜ao de Green de superf´ıcie dos contatos e ent˜ao acopla-las `a parte central. A fun¸c˜ao de Green renormalizada do sistema ´e escrita como

ˆ

GSist = ( ˆI − ˆGCT ˆˆGDTˆ†− ˆGCTˆ†GˆET )ˆ −1GˆC, (4.38)

(40)

temas h´ıbridos estudados e portanto n˜ao apresentamos as DOS dos sistemas com essas varia¸c˜oes. No que segue, vamos analizar os resultados obtidos considerando diferentes valores de hopping entre esses dois sistemas e diferentes larguras de nanofitas. ´E im-portante avaliar como a DOS varia com o acoplamento entre o tubo e a nanofita j´a que diferentes mecanismos podem ser usados para fazer com que esta intera¸c˜ao entre as partes do sistema h´ıbrido possa ser alterado. Um exemplo poderia ser o efeito de press˜ao sobre o nanotubo, fazendo com que a distˆancia entre as partes seja reduzida e o acoplamento aumentado

Os primeiros resultados, mostrados na Figura 24(a), s˜ao para um sistema com-posto por um nanotubo sobre uma nanofita, ambos do tipo armchair. Mantendo fixo o comprimento da circunferˆencia do CNT e o valor do hopping entre o tubo e a fita (um d´ecimo do hopping entre os s´ıtios da rede), observamos o surgimento de novos picos de alta densidade de estados (tipo singularidades de van Hove) em rela¸c˜ao ao resultado da DOS de uma AGNR pura, assim como uma redu¸c˜ao nos valores da DOS entre picos consecutivos.

Se compararmos os resultados da Figura 24(a) inferior, que foram calculados usando uma energia de hopping de 0.1γ, com os resultados apresentados na Figura 24(b) (superior e inferior), podemos acompanhar a mudan¸ca na densidade de estados do sistema, a medida que aumentamos o hopping entre nanotubo e a nanofita. Observamos que para energias na regi˜ao do antigo plateau (perto do n´ıvel de Fermi E=0) n˜ao ocorrem mudan¸cas significativos na estrutura eletrˆonica. Para energias maiores novas estruturas eletrˆonicas come¸cam a aparecer para acoplamentos maiores.

O sistema h´ıbrido zigzag mant´em a caracter´ıstica de uma alta densidade de es-tados no n´ıvel de Fermi, encontrada nas nanofitas zigzag isoladas [vide Figura 19(a)], como mostrado nos resultados da Figura 25. Podemos observar neste caso o desmembra-mento do pico central em picos laterais, bem pr´oximos ao n´ıvel de Fermi, e uma supress˜ao da DOS na regi˜ao onde no caso da fita isolada os valores eram praticamente constante. Ocorre o que podemos chamar de transi¸c˜oes do tipo metal-isolante para estas faixas de energia. A medida que aumentamos a energia de hopping entre o nanotubo e a nanofita

(41)

(a)

(b)

Figura 24: (a) DOS de um nanotubo (3,3)-ACNT, sobre nanofitas armchair com 10 e 11 ´atomos de largura (figuras superior e inferior, respectivamente). (b) Dependˆencia da DOS com a varia¸c˜ao do hopping entre o ACNT (3,3) e a nanofita 11-AGNR. Curvas em negro correspondem a DOS da nanofita isolada. Na figura superior (inferior) γˆ0 = 0.2 e 0.3γˆ0.

(42)

Figura 25: DOS de um nanotubo (6,0)-ZCNT, sobre uma nanofita 12-ZGNR (painel superior) e uma nanofita 14-ZGNR (painel superior).

Figura 26: DOS para dois valores diferentes de energia de hopping entre um nanotubo (6,0) e uma nanofita com 12 ´atomos de largura : 0, 2γ (painel superior) e 0, 3γ (painel inferior).

(43)

zigzag, mantendo fixos os outros parˆametros geom´etricos considerados, observamos uma altera¸c˜ao da DOS para energias muito pr´oximas ao n´ıvel de Fermi enquanto para as de-mais energias calculadas a DOS n˜ao parece ter dependˆencia importante com a intensidade do acoplamento, como sugerido pelos resultados mostrados na Figura 26.

Propriedades de transporte devem ajudar no estudo eletrˆonico desses sistema h´ıbridos identificando o efeito do grau de confinamento das partes do sistema h´ıbrido (comprimentos do CNTS/larguras das nanofitas e raios dos tubos) sobre as respostas nas condutˆancias desses sistemas. Estudos de transporte baseados no formalismo de Landauer j´a foram iniciados e podemos escrever a condutˆancia em termos das fun¸coes de Green dos sistemas seguindo as linhas b´asicas descritas no Apˆendice B. Resultados preliminares apontam para assinaturas nos perfis de condutˆancia mostrando supress˜oes no transporte eletrˆonico em fun¸c˜ao do grau de confinamento destes sistemas. Estamos trabalhando neste sentido para qualificar de forma mais completa os resultados aqui apresentadas sobre os sistemas h´ıbridos.

(44)

Nesta monografia tivemos dois objetivos principais que foram: (i) explorar possi-bilidades de se alterar propriedades eletrˆonicas de sistemas nanoestruturados de carbono a partir de mudan¸cas nas geometrias de seus componentes, como larguras de nanofitas, raios de nanotubos e mudan¸cas em condi¸c˜oes externas, como presen¸ca de press˜ao e gases que alterem a energia de acoplamento entre as partes constituintes dos sistemas e (ii) aprender modelos f´ısicos aproximados, formalismos matem´aticos e num´ericos para poder descrever esses sistemas em diferentes configura¸c˜oes.

Os sistemas aqui tratados foram chamados de sistema h´ıbridos de carbono, com-postos basicamente por tubos depositados sobre nanofitas de grafeno. Com o intuito de entender a f´ısica desses sistemas h´ıbridos, realizamos um an´alise preliminar das proprie-dades eletrˆonicas de cada uma das partes dos sistemas h´ıbridos. Desta forma estudamos a rede do grafeno, nanotubos de carbono e nanofitas de grafeno e calculamos densidades de estados eletrˆonicas desses sistemas considerando diferentes geometrias. Utilizamos a apro-xima¸c˜ao tight binding e o formalismo da fun¸c˜ao de Green, que tamb´em foi apresentado em um apˆendice deste trabalho. Adotamos t´ecnicas de renormaliza¸c˜ao no espa¸co real que nos permitiram encontrar densidades de estados das nanofitas e dos nanotubos. Nossos resultados foram comparados com resultados da literatura, tanto para os nanotubos como para as nanofitas, o que nos levou a certeza que as partes isoladas estavam sendo bem descritas no modelo e nos programas num´ericos desenvolvidos para calcular as densidades de estados eletrˆonicos.

Os sistemas h´ıbridos escolhidos para este estudo foram os nanotubos armchair finitos depositados em nanofitas de grafeno tamb´em na configura¸c˜ao armchair e nanotubos zigzag finitos depositados sobre nanofitas zigzag. As an´alises realizadas nos mostraram que ao se considerar sistemas h´ıbridos ocorrem altera¸c˜oes nas estruturas eletrˆonicas, como por exemplo, deslocamento da posi¸c˜ao dos picos de van Hove, e ainda surgimento de transi¸c˜oes do tipo metal-isolante (forma¸c˜ao de gaps de energia). No caso das nanofitas zigzag com tubos zigzag, verificamos supress˜oes da DOS na regi˜ao vizinha ao pico central

(45)

(proveniente dos estados de borda das nanofitas de grafeno) bastante clara.

Diferentes valores de hopping entre os tubos e as nanofitas foram considerados para simular mudan¸cas em condi¸c˜oes externas deste acoplamento que poderiam fazer variar a intensidade de acoplamento entre as partes do sistema. ´E sabido que mediante uma press˜ao sobre o tubo, poderia haver uma redu¸c˜ao de distˆancia entre o tubo e a fita, e com isso um aumento no acoplamento entre as partes. Essas altera¸c˜oes no acoplamento entre os sitemas n˜ao evidenciou mudan¸cas significativas na DOS dos sistemas estudados nas faixas de energias investigadas.

Como perspectiva atual de nossa pesquisa, pretendemos dar continuidade aos estudos iniciados relativos `as propriedades de transporte desses sistemas, como adiantado na ultima se¸c˜ao deste trabalho. C´alculos de condutˆancia el´etrica desses sistemas est˜ao sendo realizados tanto analiticamente como numericamente, tendo como base o formalismo de Landauer. Nosso intuito ´e correlacionar estas respostas de transporte `as geometrias particulares de cada sistema h´ıbrido e poder contribuir para uma engenharia inteligente desses compostos h´ıbridos de carbono.

(46)

1 NETO, A. H. C. et al. The electronic properties of graphene. Rev. Mod. Phys., American Physical Society, v. 81, p. 109–162, Jan 2009. Dispon´ıvel em: <http://link.aps.org/doi/10.1103/RevModPhys.81.109>.

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(47)

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25 SON, Y.-W.; COHEN, M. L.; LOUIE, S. G. Energy gaps in graphene nanoribbons. Phys. Rev. Lett., American Physical Society, v. 97, p. 216803, Nov 2006. Dispon´ıvel em: <http://link.aps.org/doi/10.1103/PhysRevLett.97.216803>.

(48)

Grafeno. Disserta¸c˜ao (Mestrado) — Instituto de F´ısica - UFF, IF, 7 2013.

29 Paulsson, M. Non Equilibrium Green’s Functions for Dummies: Introduction to the One Particle NEGF equations. eprint arXiv:cond-mat/0210519, out. 2002.

(49)

APˆENDICE A -- FUNC¸ ˜OES DE GREEN

Podemos entender o conceito das fun¸c˜oes de Green quando derivado da ideia de propagadores em mecˆanica quˆantica (26). Propagadores s˜ao fun¸c˜oes que especificam a amplitude de probabilidade para uma part´ıcula que se movimenta de um ponto a outro, com uma dada energia e momento, em um dado instante de tempo.

Portanto, considere que em um instante inicial t0 um sistema se encontre em um

estado |α, t0i e para um instante posterior (t > t0), esteja em um estado |α, t0; ti, tal que

lim

t→t0

|α, t0; ti = |α, t0i , (A.1)

uma vez que o tempo ´e uma vari´avel cont´ınua. Podemos estabelecer uma rela¸c˜ao entre os estados inicial e posterior atrav´es de um operador evolu¸c˜ao temporal da seguinte forma

|α, t0; ti =U (t, t0) |α, t0i , (A.2)

onde U (t, t0) para uma hamiltoniana independente do tempo (26) ´e simplesmente

U (t, t0) = exp ( −i ˆH(t − t0) ~ ) . (A.3)

Substituindo (A.3) em (A.2), temos

|α, t0; ti = exp ( −i ˆH(t − t0) ~ ) |α, t0i , (A.4)

e para um observ´avel A que comuta com a hamiltoniana [ ˆA, ˆH] = 0 ⇒ ˆH |a,i = E a,|a,i,

uma vez que os autoestados de A formam um conjunto completo, podemos escrever (A.4) da seguinte maneira |α, t0; ti = X a, |a,iha,|α, t 0iexp  −iEa,(t − t0) ~  . (A.5)

(50)

escrito da seguinte maneira ha,|α, t 0i = Z ha,|ri hr|α, t 0i d3r. (A.7)

Lembrando que hr|α, t0i = ψ(r, t0), com o aux´ılio de (A.7), a fun¸c˜ao de onda final (A.6)

pode ser entendida como um operador integral que atua na fun¸c˜ao de onda inicial ψ(r, t0)

ψ(r,, t) = Z d3r  X a,

hr,|a,i ha,|ri exp −iEa,(t − t0) ~  ψ(r, t0), (A.8) = Z d3rK(r,, t; r, t0)ψ(r, t0). (A.9)

Como podemos ver, a evolu¸c˜ao temporal da fun¸c˜ao de onda ´e completamente descrita uma vez que o propagador K(r,, t; r, t

0) e a fun¸c˜ao de onda inicial ψ(r, t0) s˜ao conhecidos.

O termo K(r,, t; r, t

0), conforme mostra a express˜ao (A.8), ´e escrito como

K(r,, t; r, t0) =

X

a,

hr,|a,i ha,|ri exp −iEa,(t − t0)

~



. (A.10)

Agora, se operarmos sobre o propagador com o operador hamiltoniano ˆH, veri-ficamos que o propagador tamb´em ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Schr¨odinger dependente do tempo ˆ HK(r,, t; r, t0) = X a, exp −iEa,(t − t0) ~  ˆ H hr,|a,i ha,|ri =X a, Ea,exp  −iEa,(t − t0) ~  hr,|a,i ha,|ri = i~∂ ∂t X a,

hr,|a,i ha,|ri exp −iEa,(t − t0)

~  = i~∂ ∂tK(r ,, t; r, t 0). (A.11) O propagador K(r,, t; r, t

0) ´e simplesmente a fun¸c˜ao de Green para o espa¸co e tempo, ou

seja, K(r,, t; r, t

(51)

fun¸c˜ao de Green para a energia G(r,, r; t0; E) = F {G(r,, t; r, t0)} ≡ − i ~ Z +∞ −∞ G(r,, t; r, t0)e iEt ~ dt, (A.12)

fazendo a seguinte troca de vari´aveis: t ≡ t − t0, e considerando que G(r,, r; t) = 0 para

t < 0, a fun¸c˜ao de Green pode ser escrita em termos da fun¸c˜ao degrau θ(t), G(r,, r; E) = F {G(r,, r; t)θ(t)} ≡ −i

~ Z +∞

0

G(r,, r; t)eiEt~ dt (A.13)

'X

a,

ψ(r,(r)

E − Ea,

. (A.14)

Para evitar os casos em que a fun¸c˜ao de Green (A.14) n˜ao ´e bem definida, ou seja, quando E = Ea,, consideramos E = E ± iη com η bem pequeno de modo a assegurar sua

convergˆencia. Portanto, podemos redefinir a fun¸c˜ao de Green para a energia da seguinte forma G±(r,, r; E) = lim η→0+ X a, ψ(r,)ψ∗(r) E ± iη − Ea, , (A.15)

tal que G+ ´e chamada fun¸c˜ao de Green retardada e Gavan¸cada; comumente denotadas

na literatura como por Gr e Ga, respectivamente.

Podemos ver facilmente que a fun¸c˜ao de Green da forma (A.15), ´e solu¸c˜ao da seguinte equa¸c˜ao

[E − H(r,)] G(r,, r; E) = δ(r,− r), (A.16) a qual, com o aux´ılio da express˜ao (A.8), ´e equivalente a equa¸c˜ao de Schr¨odinger

h

E − ˆHiψ(r,) = f (r,), (A.17)

com uma perturba¸c˜ao f (r,) =R d3r,δ(r,− r)f (r).

A equa¸c˜ao (A.16) pode ser reescrita em termos de operadores quando considera-mos as seguintes rela¸c˜oes entre o espa¸co vetorial de coordenadas na nota¸c˜ao de Dirac(27)

δ(r,− r)H(r,) = hr,| ˆH |ri , (A.18)

G(r,, r; E) = hr,| ˆG(E) |ri , (A.19)

hr,|ri = δ(r,− r), (A.20)

Z

dr,|ri hr,| = ˆ1, (A.21)

portanto,

h

Referências

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