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Os problemas na liquidação e pagamento da despesa em uma Unidade Gestora do Exército Brasileiro

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Os problemas na liquidação e pagamento da despesa em uma Unidade

Gestora do Exército Brasileiro.

Eduardo de Melo Araujo – edu.crislei@hotmail.com – UFF/ICHS

Resumo

Este trabalho tem o intuito de apontar como são realizados os processos da despesa nas Unidades Gestoras do Exército Brasileiro, no qual são elencados os principais obstáculos que afetam a ordem dos procedimentos formais dentro da unidade, bem como as consequências geradas por problemas encontrados nas liquidações e pagamento, causando o desperdício de recursos públicos principalmente em períodos de crises econômicas no país. Os problemas mais comuns são as demoras na entrega dos materiais e serviços, entregas com incorreções nas notas fiscais e/ou produtos, ocasionando a demora na conclusão do processo da despesa e gerando restos a pagar, sendo que tais problemas partem do fornecedor. Têm-se ainda, os problemas provocados pela Administração Pública, como a demora na liberação de numerário para efetuar os pagamentos e a falta de créditos para o processo da despesa.

Palavras-chave: Liquidação, pagamento e despesa.

1 - Introdução

O presente relatório tem o intuito de elencar o processo da liquidação e pagamento da despesa em uma Unidade Administrativa Autônoma do Exército Brasileiro, mais precisamente no 17º Batalhão Logístico Leve, situado em Juiz de Fora - MG, apontando todos os procedimentos necessários para sua realização prevista em legislação, bem como apontar as dificuldades quanto à sua execução com relação ao recebimento de materiais para a concretização desses processos e o recurso para efetivação da quitação junto ao fornecedor.

O que ocorre nas unidades das Forças Armadas é a existência de uma descentralização quanto a autonomia administrativa dessas unidades, diferentemente de diversos órgãos do governo que centralizam suas despesas e os problemas financeiros. Os procedimentos para a busca de soluções nas Forças Armadas são tomadas isoladamente junto ao órgão que descentraliza os recursos, então os problemas encontrados em uma unidade são repetidos em diversas outras, ou seja, períodos de crise financeira trazem igualmente para todos os quartéis as dificuldades impostas pela falta de recursos financeiros, ocasionando problemas relacionados a multas e juros, perdas de crédito por falta de entrega de materiais por parte de fornecedores e atraso no repasse financeiro para pagar os fornecedores.

Inicialmente será apresentado o caso a ser analisado, onde o foco é apresentar os problemas mais comuns que envolvem a liquidação e o pagamento do fornecedor. Logo a

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2 seguir será apresentado o embasamento teórico com relação aos procedimentos a serem executados, e por fim as ações que são realizadas para a correção dos problemas encontrados.

2 – Apresentação do Caso

A situação aqui apresentada é delimitada pelos processos de liquidação e pagamento no Exército Brasileiro, sendo utilizado para isso o 17º Batalhão Logístico Leve (Unidade Gestora: 160116), onde seu foco é a logística e a manutenção de viaturas e armamento das unidades militares da região de Minas Gerais.

A caracterização desta Unidade estudada tem como consequência um movimento de recursos maiores que as outras unidades do Exército, devido ao fato de ser responsável por realizar o apoio técnico indispensável para o funcionamento das demais unidades. Isso leva a organização a ter maiores necessidades de materiais, a licitar mais, gerando uma quantidade vultosa de compromissos com fornecedores.

Essa quantidade de compromissos gerados possuem lados positivos e negativos para os processos executados na Organização Militar em questão, pois junto com as necessidades e os maiores recursos para realização de licitações, acompanham também os problemas de diversos tipos, como falta do material especificado, demora na entrega, a entrega de produto com especificações diferentes, erros na conferência da comparação entre nota de empenho e nota fiscal e a demora na quitação da despesa com o fornecedor, com a imputação de juros e multas.

O foco é mostrar as consequências ocasionadas pelos problemas gerados na liquidação e pagamento da despesa, bem como todas as possibilidades de soluções, onde destaca-se as ações realizadas pelo setor financeiro da unidade para evitar os pagamentos de multas e juros a fornecedores, o contato direto junto aos fornecedores para entrega em tempo hábil dos materiais e/ou serviços contratados, evitando-se os restos a pagar e a possível perda de créditos orçamentários caso o fornecedor não cumpra seus deveres acordados quanto as entregas contratadas.

2.1 – Processos que antecedem a liquidação e o pagamento

A despesa inicia-se com a necessidade estipulada pelos setores da organização e a autorização para gastar (créditos orçamentários), dando origem à requisição do material por parte do interessado, tendo como consequência os processos licitatórios para apontar as propostas mais vantajosas dos serviços e/ou materiais necessários para a Administração Pública.

Posteriormente, com a definição do licitado, entra-se na primeira fase da despesa e a assunção do compromisso da Administração Pública com o fornecedor, por intermédio da emissão do empenho. A partir do empenho, ambas as partes possuem direitos e obrigações em relação ao compromisso firmado. O fornecedor tem o dever de entregar o serviço e/ou material acordado dentro do especificado e o direito de receber o valor estipulado, já a Administração Pública possui o direito de receber o material e/ou serviço especificado e o dever de quitar seus compromissos com o fornecedor.

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3 2.2 – Liquidação e pagamento da despesa

Os processos em questão são realizados pelo Setor Financeiro da Unidade Administrativa, cujo processo inicia-se com o recebimento da Nota de Empenho (NE) e a Nota Fiscal (NF) do fornecedor, recebidas anteriormente pelo Almoxarifado da Unidade, que possui a incumbência de atestar o recebimento do material especificado.

O Setor Financeiro de posse das NE e NF faz a conferência comparativa das mesmas, bem como se todas as certidões do fornecedor como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e Receita Federal, estão regularizadas. Terminado o passo anterior, a despesa poderá ser liquidada junto ao Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), ou seja, é a confirmação para a Unidade Orçamentária que os estágios anteriores foram cumpridos. O passo seguinte é a liberação do recurso financeiro (numerário) pela Secretaria de Economia e Finanças do Exército (SEF) por intermédio da sua Diretoria de Contabilidade à unidade, no qual realiza o pagamento ao fornecedor e quita o compromisso firmado. O processo é detalhado através do fluxograma de liquidação e pagamento da despesa abaixo.

FLUXOGRAMA

Fonte: Elaborado pelo autor

Pode-se ainda ressaltar neste processo, que todos os documentos gerados são previamente autorizados pelo Ordenador de Despesas, sendo este o responsável pelo gerenciamento da Unidade Administrativa, além disso, dentro deste processo está inserido o

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4 responsável pela conformidade de todos os registros documentais, atestando todo o procedimento realizado depois de concluído.

2.3 – Problemas quanto à quitação da despesa

O item 2.2 passa uma visão geral de um processo sem nenhum tipo de erros e/ou falhas, porém acontece em algumas situações, problemas neste percurso, e justamente é o ponto a ser considerado neste relatório.

Há grande dificuldade de se contratar na Administração Pública por diversos fatores, mas uma das grandes questões é a escassez de recursos que ocasiona a demora em pagar o fornecedor, é notório, principalmente em períodos de crises financeiras que o país passa, muitos ajustes fiscais são realizados, afetando diretamente os órgãos da administração.

Esses ajustes influenciam diretamente no fornecimento de materiais e/ou serviços, pois o fornecedor realiza a entrega do material, cumprindo sua parte no acordo, e o seu direito de receber o que é devido atrasa, pela dificuldade de liberação financeira dos órgãos superiores, o que ocasiona juros e multas.

Outro problema pontual é a geração de restos a pagar, causado principalmente pelo fornecedor, cujo fornecimento do especificado ou sua falta, causa demora na entrega, o que impossibilita a liquidação e o pagamento, transpondo o exercício financeiro corrente, podendo causar até o cancelamento do acordo em alguns casos, trazendo prejuízo a Unidade Administrativa no que diz respeito à perda do crédito para cumprir determinadas necessidades. Vale lembrar neste ponto que a perda do crédito não gera desperdício para a Administração Pública, mas a perda de oportunidades para a unidade em questão.

A tabela 1 apresenta características a serem observadas com relação aos problemas apontados, com enfoque nos potenciais, pontos de defesa, debilidades e vulnerabilidades do processo.

Tabela 1 - Matriz FOFA (SWOT)

Matriz FOFA Análise Externa OPORTUNIDADES (O)

Análise Externa AMEAÇAS (A)

Análise Interna FORTES (F)

- Análise e contratação de fornecedores confiáveis e históricos favoráveis;

- Entrega do serviço e/ou materiais especificados em tempo hábil e sem erros; e

- Tempestividade para liquidar e pagar a despesa realizada.

- Demora no fornecimento do serviço e/ou material, gerando restos a pagar;

- Fornecedores pouco confiáveis; e - Cobrança aos fornecedores para tempestividade na entrega do material.

Análise Interna FRACOS (F)

- Erros na confecção do empenho ou da parte requisitória do interessado; e

- Demora na liberação de recursos para quitação do compromisso junto ao fornecedor.

- Falta de interesse do fornecedor em fornecer para a Administração Pública devido à demora no recebimento do recurso

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5 Deve-se considerar que a busca pela eficiência nas instituições públicas tem que estar direcionada para seus pontos fortes e as oportunidades encontradas, mas sempre mapeando o que se espera melhorar.

3 – Referencial Teórico

3.1 – Unidade Administrativa Autônoma

É uma Unidade investida do poder de gerir créditos orçamentários e/ou recursos financeira através do SIAFI.

Art. 11. Unidade Administrativa é a Organização Militar estruturada para o exercício de administração própria, possuindo competência para gerir bens da União e de terceiros e à qual foi concedida autonomia ou semi-autonomia administrativa. § 1º UA autônoma é a que dispõe de organização e meios para exercer plena administração própria e tem competência para praticar todos os atos e fatos administrativos decorrentes da gestão de bens da União e de terceiros, bem como estudar. encaminhar, dar parecer e julgar direitos (RAE – R3, p.5).

3.2 – Crédito e Numerário 3.2.1 – Crédito

É a autorização legislativa para a realização de despesa, destinada à emissão de empenho. Sua descentralização acontece de uma Unidade Orçamentária para a Unidade Administrativa, conforme explica Giacomoni (2002, p.28):

Entende-se como descentralização de créditos à transferência, de uma Unidade Orçamentária para outra Unidade Gestora ou Orçamentária, do poder de utilizar créditos orçamentários ou adicionais que estejam sobre sua supervisão ou lhe tenham sido dotados ou transferidos.

O crédito nada mais é que o direito que a organização tem de gastar, ou seja, o direito de assumir o compromisso de uma despesa junto ao fornecedor.

3.2.2 – Numerário

“É o recurso financeiro necessário à satisfação dos compromissos assumidos através do empenho.” (art. 50, Decreto-Lei Nº 200). É o dinheiro propriamente dito. No Exército seu sub-repasse as Unidades Administrativas é realizado pela Secretaria de Economia e Finanças (SEF). Segundo Piscitelli (2002, p.173):

O sub-repasse é a liberação de recursos do órgão setorial de programação financeira, no caso do Exército é a SEF, para as unidades gestoras de sua jurisdição e entre as unidades gestoras de um mesmo Ministério, órgão ou entidade.

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6 3.3 – Estágios da Despesa

Segundo Giacomoni (2002), os estágios da despesa possuem três procedimentos, a saber: empenho, liquidação e pagamento.

3.3.1 – Empenho

Toda despesa para ser realizada, depende de empenho prévio, não podendo exceder os limites do crédito que foi descentralizado.

Segundo a Lei Nº 4320/64, o empenho da despesa é o ato emanado da autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

O Conselho Federal de Contabilidade traz na sua conceituação o seguinte:

É o ato da autoridade competente ou, por delegação de competência, dos vice-presidentes, do diretor executivo e/ou de outro designado para tal, que cria para o Conselho a obrigação do pagamento dentro do limite dos créditos concedidos no orçamento para cada despesa.

É prévio, ou seja, precede a realização da despesa e está restrito ao limite do crédito orçamentário; consequentemente, é vedada a realização de despesa sem prévio empenho. A emissão do empenho deduz o seu valor da dotação orçamentária, tornando a quantia empenhada indisponível para nova aplicação.

3.3.2 - Liquidação

Esse é o segundo estágio da despesa, onde são procedidas às verificações e avaliações sobre o cumprimento do credor, das condições determinadas na licitação, contrato, empenho, etc.

Segundo Giacomoni (2002, p.268),

A liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tomando-se por base os títulos e documentos que comprovam o respectivo crédito.

A liquidação deverá considerar ainda: 1. O contrato, ajuste ou acordo respectivo; 2. A Nota de Empenho; e

3. Os comprovantes de entrega de material ou prestação efetiva do serviço.

A Lei Nº 4320/64, no se capítulo III esclarece o seguinte com relação ao assunto:

Art. 62. – O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.

Art. 63. – A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. §1º Essa verificação tem, por fim, apurar:

I – a origem e o objeto do que se deve pagar; II – a importância exata a pagar;

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§2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:

I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II – a nota de empenho;

III – os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

3.3.3 - Pagamento

O último estágio da despesa, que segundo Giacomoni (2002), possui dois momentos, a ordem de pagamento, que constitui no despacho pela autoridade competente da unidade dirigida, ou seja, neste caso o Ordenador de Despesas e o outro momento o pagamento propriamente dito.

O art. 64, Lei Nº 4320/64, esclarece que a ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.

O Conselho Federal de Contabilidade aponta em sua INSTRUÇÃO DE TRABALHO – INT/VPCI Nº 001/2007, o seguinte:

O pagamento é o último estágio da despesa. Por ele se extinguem as obrigações assumidas com terceiros.

O pagamento é ordenado pela autoridade competente, quando a despesa for considerada liquidada ou processada.

A Ordem de Pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelo Setor Financeiro, tais como: emissão de cheques, DOC, TED, depósitos ou outros procedimentos adotados pelos Conselhos, e encaminhados, posteriormente, ao Setor de Contabilidade, para as providências sob sua responsabilidade.

3.4 – Restos a Pagar

Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas.

Deste modo, a despesa orçamentária empenhada que não for paga até o dia 31 de dezembro, final do exercício financeiro, será considerada como Restos a Pagar, para fins de encerramento do correspondente exercício financeiro. Uma vez empenhada, a despesa pertence ao exercício financeiro em que o empenho ocorreu, onerando a dotação orçamentária daquele exercício. No art. 36, da Lei nº 4.320/64 é apontado o seguinte:

Entende-se por Restos a Pagar de Despesas Processadas aqueles cujo empenho foi entregue ao credor, que por sua vez já forneceu o material, prestou o serviço ou executou a obra, e a despesa foi considerada liquidada, estando apta ao pagamento. Nesta fase a despesa processou-se até a liquidação e em termos orçamentários foi considerada realizada, faltando apenas à entrega dos recursos através do pagamento. Já os Restos a Pagar de Despesa Não Processada são aqueles cujo empenho foi legalmente emitido, mas depende ainda da fase de liquidação, isto é, o empenho fora emitido, porém o objeto adquirido ainda não foi entregue e depende de algum fator para sua regular liquidação; do ponto de vista do Sistema Orçamentário de escrituração contábil, a despesa não está devidamente processada.

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8 É justamente os Restos a Pagar de despesa não processada que causa o transtorno com relação à perda de créditos por parte da unidade, pois se o fornecedor não cumprir sua parte do contrato, não entregando o acordado, cabe a Administração Pública cancelar o compromisso, deixando de adquirir um material e/ou serviço, devolvendo o crédito aos órgãos superiores.

Quanto ao cancelamento, Kohama (1999, p. 77 e 79) fez os seguintes comentários:

Poderá haver necessidade de cancelamento de restos a pagar e, quando isto ocorrer, nesta parte o valor será considerado como pago, do ponto de vista financeiro, e, ao mesmo tempo, a contrapartida desse registro contábil, como consequência será considerada como recolhimento de receita orçamentária, embora seja uma operação contábil, aliás, alguns chamam de “receita figurativa”. Em razão dos restos a pagar, quando inscritos como contrapartida contábil constituírem receita extra orçamentária, atendendo ao disposto no parágrafo único, do art. 103, da Lei nº 4320/64, para compensar sua inclusão na despesa orçamentária, essa operação será refletida no passivo financeiro como dívida flutuante.

O cancelamento dos restos a pagar se constituirá em despesa extra orçamentária, demostrada como baixa de pagamento, apesar de não ter havido desembolso financeiro.

3.5 – Multas e Juros

A mensagem SIAFI NR 2010/ 0471465, DE 3 DE MARÇO DE 2011, da 11ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército, amparada pelo ACÓRDÃO Nº 20/2008 - TCU - 2ª CÂMARA, esclarece o seguinte em relação ao assunto:

... 3. As despesas com juros e multas por atraso no pagamento de fatura oneram irregularmente o erário com a criação de encargos adicionais que não se coadunam com o caráter público da despesa ou com os gastos próprios da administração pública, ferindo o princípio da economicidade e da eficiência. A exemplo, o TCU manifestou recomendações no Acórdão nr 20/2008 – 2ª câmara, da seguinte forma: ...“1.2.quando houver pagamento de contas (tais como telefone, energia elétrica, água, etc.) de responsabilidade do órgão em atraso, que venha a acarretar prejuízo para o erário em encargos tais como juros de mora e multa, adote providências para a identificação do responsável pela falha, a fim de se proceder à cobrança amigável ou ao desconto em folha de pagamento do prejuízo causado pelo servidor, nos termos do art. 46 da lei 8.112/90”... (p.12)

4. Em face do acima exposto, oriento-vos a:

A.estabelecer no instrumento contratual as regras para devolução de faturas que não estejam dentro do prazo previsto para o pagamento tempestivo;...

Outra orientação a ser considerada é a constante na alínea “a”, do item 8, do Capítulo IV, do Manual da DGO – Orientações aos Agentes da Administração 2015, que aponta o seguinte:

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Com o objetivo de reduzir o atraso nas liquidações de despesas com concessionárias de serviços públicos, e, consequentemente, os gastos com multas e juros, oriundos da demora no recebimento de faturas, esta Diretoria informa que as apropriações destas despesas poderão ser realizadas com base nas faturas emitidas por meio do sítio das empresas, que fornecem esse serviço na internet.

4. Plano de Ação

Neste ponto cabe destacar quais são as ações tomadas para a redução ou a eliminação dos problemas gerados pelos processos de liquidação e pagamento no Exército, aqui foca-se principalmente na geração de juros e multa por atraso de pagamento aos fornecedores e a geração de restos a pagar por falta do material a ser entregue e/ou fora de especificação, acarretando a perda do crédito disponibilizado a Unidade Gestora. Para isso será apresentado na tabela 2, um quadro com as respectivas ações realizadas pelo 17º Batalhão Logístico Leve. Tabela 2 - Plano de Ação de Liquidação e Pagamento da despesa

Ação Quem

Executa? Quando? Onde? Por que? Como?

Recebimento/ Conferência NE e NF. Setor Financeiro Imediatamente após o recebimento da NE e NF Setor Financeiro

Evitar erros na liquidação da despesa, evitando retrabalho e atrasos no pagamento. Confrontando NE e NF. Lançamento no SIAFI Setor Financeiro Após confronto das NE e NF Setor Financeiro A tempestividade do lançamento no SIAFI proporciona mais tempo ao órgão que descentraliza

o numerário, sendo este recebido antes do vencimento da fatura. Realizando a liquidação da despesa no SIAFI, ou seja, a solicitação do numerário para pagamento. Recebimento do numerário Setor Financeiro Após a liquidação no SIAFI Setor Financeiro

Para quitar as obrigações com os fornecedores Efetuando o pagamento em domicílio bancário pré-determinado, através de Ordem Bancária, através SIAFI. Envio da Ordem Bancária ao Banco Setor Financeiro Após liberação no SIAFI, o Ordenador de Despesas assina o documento físico para envio ao Banco Setor Financeiro

Para autorizar o banco a liberar o recurso ao fornecedor Com o recebimento do documento assinado. Fonte: Elaborado pelo autor

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10 O plano de ação apresentado é objeto de processos que não tiveram nenhum obstáculo para sua execução, colocado aqui propositalmente para melhor entendimento das ações necessárias quando os problemas surgirem no processo, sendo este utilizado para melhor visualização nas ações a serem tomadas para se evitar a geração de atraso de pagamento / geração de juros e multas e cancelamentos de créditos devido a restos a pagar.

O atraso de pagamento é gerado principalmente pela escassez de recursos financeiros na esfera do Governo Federal, no qual o sub-repasse para os órgãos públicos sofrem atrasos, refletindo na ponta da linha, ou seja, na Unidade Gestora, trazendo em muitos casos a geração de juros e multas, desperdiçando recursos importantes. Geralmente isso ocorre com os pagamentos relacionados a despesas de energia elétrica, água, telefone e correios. Algumas ações são tomadas rotineiramente pelo 17º Batalhão Logístico Leve, como são descritas nos próximos parágrafos em relação ao quadro do Plano de ação de liquidação e pagamento da despesa.

Na ação recebimento da NF, no caso das concessionárias de serviço público (Água, Energia Elétrica, Telefonia e Correios), as faturas atrasam constantemente, fazendo com que essas cheguem próximas do vencimento ao setor financeiro do 17º Batalhão Logístico Leve, onde torna-se o tempo entre a liquidação e a liberação do recurso pequeno, fazendo com que o pagamento seja posterior ao vencimento da fatura, gerando juros e multas para a fatura posterior. Neste caso adota-se o cadastro pela internet para a retirada prévia das faturas pelo setor financeiro, aumentando o tempo entre a liquidação e o pagamento. Outras ações precisam ser tomadas, pois apenas aumentar o tempo entre o acesso à fatura e o pagamento não resolve o problema totalmente, o setor financeiro precisa estar atento à proximidade da data de vencimento da fatura e para isso efetua a cobrança através mensagens pelo SIAFI ao órgão descentralizador dos numerários, alertando sobre o vencimento das obrigações, esse ponto inclusive é uma das principais ações a tomar, pois vem ocorrendo até a inscrição no SERASA dos Ordenadores de Despesas por débito com fornecedores, como relatado em reportagem do Jornal “ O Estado “ no dia 24 de agosto de 2015.

Outro relacionamento importante se refere à obrigação entre o fornecedor e o 17º Batalhão Logístico Leve, ou seja, ela existe logo da confecção da Nota de Empenho, já existindo o crédito para efetuar a despesa. Então ocorre que o fornecedor não entrega o material especificado e/ou não o possui, essa demora pode ocasionar a virada do exercício financeiro sem que o compromisso seja realizado, a despesa é inscrita em restos a pagar, existindo prazo estipulado em decreto anual para que todo o processo seja concluído, caso isso não ocorra o compromisso é cancelado e o 17º Batalhão Logístico Leve perde o crédito a ele destinado. As ações tomadas nesse sentido são mais complicadas, o esforço é grande por parte da organização, principalmente em relação a conhecer bem a qualificação e o histórico dos fornecedores e o acompanhamento direto junto ao fornecedor para solucionar as pendências necessárias dentro do prazo estipulado.

Têm ocorrido também neste período conturbado da economia no Brasil, problemas com relação à cessação do serviço por parte das concessionárias de serviços públicos junto as Unidades do Exército que não conseguem realizar o pagamento do serviço prestado, sendo efetuados cortes de energia, água, esgoto, etc. Com isso, outro patamar de problema surgiu devido ao não pagamento, dependendo de soluções advindas da Advocacia-Geral da União, com interferência através de procedimentos judiciais para a continuidade da prestação do serviço.

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11 O 17º Batalhão Logístico Leve, entre 2013 e 2015, conseguiu evitar o cancelamento de créditos em torno de 98% com as ações tomadas junto aos fornecedores, propiciando suprir suas necessidades e evitando a perda de oportunidades de melhoria.

5 – Conclusão

O caso apontado para a consecução do estudo em questão visou abranger a necessidade de buscar soluções viáveis para superar os problemas encontrados em processos rotineiros de liquidação e pagamento na Administração Pública, mostrar que algumas medidas simples servem para aliviar desperdícios de dinheiro público, mesmo em períodos conturbados da economia no Brasil.

Essas alternativas não eliminam os problemas de maneira definitiva, pelo contrário, estes continuarão a acontecer, principalmente devido a Unidade Administrativa depender dos recursos financeiros do Governo Federal, ou seja, por mais atento aos problemas e por mais iniciativa que se tenha na ponta da linha, o recurso financeiro é liberado por órgãos superiores, e estes não chegando no prazo, causarão transtornos como cortes do serviço, perda de oportunidades pelo cancelamento de créditos, juros e multas para todos os órgãos subordinados da esfera pública.

Cabe aos gestores e executores da Administração Pública que se encontram em posição desfavorável com relação aos recursos existentes, continuar buscando soluções para evitar que as perdas de recursos financeiros continuem a acontecer, intensificando as cobranças aos órgãos de descentralização de créditos e numerários, preparando melhor o fornecedor para a realidade em que encontra-se o país em relação a parte financeira, amenizando a expectativa em relação ao recebimento do numerário, ou seja, é importante deixar claro no momento do início do processo da despesa que atrasos de pagamento estão ocorrendo, mas que providências estão sendo buscadas para ambas as partes.

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12 6 – Referências

BRASIL. Decreto-Lei Nº 4320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasilia-DF. Disponível: < http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l4320.htm>. Acesso em: 4 maio 2015.

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KOHAMA, Heilio. Balanços públicos: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1999.

PISCITELLI, Roberto Boccacio; TIMBÓ, Maria Zulene Farias; ROSA, Maria Berenice. Contabilidade Pública: Uma abordagem da Administração Financeira Pública. São Paulo, Atlas. 2002. 7ª edição.

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13 SANTANA, João Alberto Redondo. Mensagem SIAFI NR 2010/ 0471465: Juros e multas por atraso no pagamento de fatura. 11ª ICFEx. Brasília-DF. 3 mar 2011. Disponível em: <http://www.11icfex.eb.mil.br/index.php/orientar-e-controlar/artigosorientarecontrolar/ 81-financeiro-e-contabil/273-mensagem-siafi-0471465-s-3>. Acesso em: 4 mai 2016.

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