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Palavras-chave: Historia da Educação Física. Formação Profissional. Tendências Pedagógicas.

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Academic year: 2021

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GT10 – EDUCAÇÃO, HISTÓRIA E MEMÓRIA

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FISICA NO BRASIL E SUAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR.

Jose Carlos de Sousa1

RESUMO

Este artigo constitui-se numa reflexão a respeito da trajetória dos conhecimentos que sustentaram a formação profissional da Educação física. Constata-se ao longo de sua história a prevalência do caráter Militarista, Eugenista e Tecnicista e empírico analítico, com poucas reflexões realizadas em torno da prática, e não só, aquelas oriundas das tendências pedagógicas que se tornaram hegemônicas nesta formação profissional. Os objetivos e as propostas educacionais da Educação Física foram se modificando ao longo deste último século, e todas estas tendências, de algum modo, ainda hoje influenciam a formação do profissional e as práticas pedagógicas dos professores de Educação Física. Em oposição à vertente mais tecnicista, Esportivista, Eugenista e Higienista (biológico), surgem novos movimentos na Educação Física a partir, especialmente, no final da década de 70, inspirados no movimento histórico social por que passou o país, a Educação de uma maneira geral e a Educação Física especialmente. O objetivo deste estudo é apresentar as principais abordagens pedagógicas que norteiam a Educação Física Brasileira no ensino superior a partir de seus principais autores, obras, pressupostos teóricos, temáticas principais, contextos metodológicos e ideológicos no qual estão inseridos. As abordagens foram classificadas a partir de duas características. Preditivas ( concebem uma nova concepção de Educação Física, definem princípios norteadoras de uma nova proposta) e Não Preditivas (abordam a Educação Física, sem estabelecer parâmetros, princípios norteadoras e metodologias para o seu ensino). Buscou-se chamar a atenção, para a contribuição que essas concepções trouxeram para o processo de transformação que passou e passa a Educação Física Brasileira. Concluindo pode-se dizer que, isoladas, são concepções com limitações, entende-se que uma abordagem prescinde de elementos teóricos vinculados ao contexto histórico e sócio-educacional em que se faz inserida.

Palavras-chave: Historia da Educação Física. Formação Profissional. Tendências Pedagógicas.

INTRODUÇÃO

A prática profissional em Educação Física no Brasil ainda tem uma história curta, pois essa profissionalização é bem recente. No Brasil, militares e médicos contribuíram na construção e organização dos conhecimentos para esta formação

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profissional, a partir de um momento bastante significativo de sua história, o inicio no século XIX. Segundo Oliveira (1999) destacar que a dicotomia prática-teórica em torno da Educação Física já estava presente no século XIX. Os médicos contribuíram os estudos científicos, ou seja, a teoria, enquanto os militares organizaram a prática segundo alguns manuais de ginástica. Os médicos produziram estudos teóricos na faculdade de medicina a respeito das atividades físicas, enquanto os militares, a partir de tratados que exemplificavam alguns métodos ginásticos, contribuíram seu conhecimento a partir da prática de atividades físicas.

Em que pese, porém, à persistência de muitos valores das influências das tendências pedagógicas já presente no XIX até os dias atuais, é possível falar em um momento na qual professores de Educação Física lutaram, e lutam pelo que seria uma orientação pedagógica durante sua formação profissional com influência de tendências pedagógicas Higienista, Eugenista, militarista e crítica progressista.

Segundo Marinho (1958), a Educação Física iniciou-se, no Brasil, com a vinda da família real em 1808, ao fundar as primeiras instituições públicas: Biblioteca Nacional, Escola de Engenharia, Escola de Direito, Escola de Medicina e a Academia Militar Real. Foi justamente por meio dos militares da Academia Militar Real que houve a sistematização dos conhecimentos práticos das atividades em ginástica, caracterizadas, inicialmente, pelos métodos ginásticos da escola alemã, por influência da contratação de um instrutor alemão responsável por preparar fisicamente os militares brasileiros. Algumas considerações sobre a Educação Física, os estudos nessa época defendem que a atividade física:

Além do aprimoramento físico e da saúde individual [...] promoveria também um maior controle das funções e dos movimentos corporais, bem como dos instintos destrutivos e dos desejos sexuais que [...] impelia aos vícios, permitindo uma maior limitações de [...] vontade e um maior controle de [...] emoções. (CUNHA JUNIOR, 1999).

O projeto de atividade física para a sociedade civil tendeu à expansão, e foi com uma ação decisiva do governo Getulio Vargas em 1933, surgiu a possibilidade de transformação do Centro Militar de Educação Física do Exército, no dizer de Neto (1996), p. 291) esta foi a “célula-máter” da formação de profissionais para a área no país. A Escola de Educação Física do Exército promoveu em 1938 um curso de emergência, onde se formaram alguns instrutores que teriam de cumprir uma finalidade especial na época. Estes instrutores, formados na turma de 1938 junto com alguns

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médicos, militares e destaques esportivos da época, formaram o primeiro corpo docente da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD) da Universidade do Brasil, criada em 1939.

Aqueles que eram inicialmente os instrutores e logo a seguir os professores de Educação física possuíam pouco poder para determinar os caminhos a serem perseguidos para a formação profissional. Neste tempo a Educação Física, enquanto disciplina, não era dona de sua história, seus objetivos eram determinados por outros atores. Seus professores eram executores de vontades alheias.

Segundo Ferreira Neto (1996), os vestibulando, de Educação Física, só lhes era exigido o curso secundário fundamental, deixando indícios da existência de uma despreocupação intelectual no ingresso nessa carreira. Além disso, inicialmente as disciplinas pedagógicas não faziam parte do plano curricular dessa graduação. Parece que somente quando a licenciatura Educação Física passou a exigir cursos com disciplinas pedagógicas os seus professores começaram a se entender como educadores.

Segundo Ferreira Neto (1996) a ENEFD foi um modelo de instituição de formação de professores de Educação Física para mudar escolas ou faculdades criadas nas universidades brasileiras. Pode-se até afirmar que em determinados momentos a história da ENEFD se confunde com a história da Educação Física brasileira.

A disciplina militar e os códigos biomédicos associados aos objetivos da era Vargas tiveram influência significativa na formação profissional em Educação Física mas, a cultura do movimento sofrera influência de um fenômeno mundial: o esporte, como comenta Neto (1996).

Como nos afirma Oliveira (1994), na década de 1970 passou a ser incentivada a pesquisa na área da Educação Física, em grande parte, em virtude do desenvolvimento da pós-graduação no Brasil. Esse momento marca o inicio de uma busca de independência intelectual dos profissionais de Educação Física, o que não significa um isolamento da Educação Física em relação a outras áreas. Ao aproximar-se da Educação os professores de Educação Física incorporaram práticas pedagógicas que, no inicio dos anos 70, ainda se revestiam de influência tecnicista. Somente no final da década, com a abertura política, aparecem idéias contra-hegemônicas, construindo-se produções acadêmicas que tentam desvelar a realidade em diversas práticas sociais.

Assim os professores de Educação Física que se pós-graduaram em Educação a partir do fim dos anos 70 passaram a partir a rejeitar as influências do modelo

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biomédico, a hegemonia do esporte. Esses movimentos da década de 1970 na Educação Física são resumidos com clareza:

Os anos 1970 incorporaram elementos da pedagogia ao corpus teórico da Educação Física brasileira, ainda que sua versão tecnicista,via didática. O velho jargão de que Educação Física e a educação tornou-se realidade. Apenas nos anos 80 parece surgir a perspectiva de Educação Física como prática social. Até o final dos anos 70, apesar de pedagogizada, a Educação Física ainda não era analisada em suas implicações políticas. Os influxos médico-militares criaram a falsa idéia de que as praticas corporais eram neutras, cabendo aos professores de Educação Física preocupações eminentemente técnicas. Essas posturas e da repressão impostas à sociedade brasileira, subproduto do golpe militar de 1964. (OLIVEIRA, 1994, p.17).

FORMAÇÃO TRADICIONAL & CIENTÍFICA

Dárido (2003), afirma que nas últimas décadas, no que se refere à Educação Física, foram caracterizadas por um grande desenvolvimento em relação ao estudo do movimento humano, tendo sido sugerido por vários autores (PETERSON et alii, 1991; GOBBLI, 1991; BETTIB, 1992; SERGIO, 1992) que a ação profissional em Educação Física/esporte deve basear-se num corpo teórico, interdisciplinar, de conhecimento que tem por objeto de estudo o ser humano em movimento.

De acordo com Betti (1999) segundo Dárido (2003), os profissionais da Educação Física tomam consciência da necessidade de teorizar a sua prática como única alternativa para superar a crise da área. Go Tani (1984) ainda segundo Dárido (2003), na mesma linha de raciocínio, afirmou que a pesquisa científica foi vista como uma possibilidade de romper a estagnação e provocar mudanças, ao introduzir novas informações.

Dárido, (2003) afirma que no Brasil, no período de 1950-1975 ocorre uma explosão no número de Faculdade de Educação Física, para exemplificar, até 1950 funcionavam apenas dois cursos no estado de São Paulo, chegando a quase 30 no final da década de 70. Discutindo o mesmo tema, Canfield (1988), segundo Dárido (2003) ressalta que no Brasil as faculdades ou escolas isoladas constituem a maior parte da rede de instituições do sistema de ensino superior e por natureza a escola isolada é essencialmente uma escola de formação profissional, voltada para o atendimento de uma função social específica.

Dárido (1995) e Betti (1994) identificaram dois tipos de currículos na formação do profissional de Educação Física: o tradicional-esportivo e o científico. Os autores explicam que o tradicional enfatiza as chamadas disciplinas práticas, o saber fazer para

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ensinar, especialmente as habilidades esportivas, e fazem clara distinção entre teoria e prática. Referem-se à teoria como conteúdo apresentado na sala de aula (principalmente o ligado ao domínio biológico) e a prática como sendo a atividade desempenhada nas quadras, piscinas, pistas e outras. De acordo com os mesmos autores esta é uma concepção histórica e dominante nos cursos de formação das instituições privadas.

O currículo científico, ao contrário, é empregado especialmente nas instituições públicas porque estas demandam poucos alunos por sala, e professores engajados na produção de conhecimentos. Assim Betti (1994, p.52), afirma:

O modelo científico surgiu no Brasil na década de 80 e consolidou-se no inicio da década de 90, acompanhando as mudanças conceituais e epistemológicas da Educação Física. Recebeu muitas influências da concepção que vê a Educação Física como área do conhecimento (disciplina acadêmica) ou ciência.

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA AO LONGO DO SÉCULO XX e XXI

Os objetivos e as propostas educacionais da Educação Física foram se modificando ao longo deste último século, e todas estas tendências, de algum modo, ainda hoje influenciam a formação do profissional e as práticas pedagógicas dos professores de Educação Física.

Dárido, (2003) afirma que três anos após a aprovação da reforma do primário e do secundário, em 1854, a ginástica passou a ser uma disciplina obrigatória no primário e a dança o secundário. Em reforma realizada, a seguir, por Rui Barbosa, em 1882, houve uma recomendação para que a ginástica fosse obrigatória para ambos os sexos e que fosse oferecida para as Escolas Normais. Todavia, a implantação de fato destas leis ocorreu apenas em parte, na capital da republica e nas escolas militares. É apenas a partir da década de 1920 que vários estados da federação começam a realizar suas reformas educacionais e incluem a Educação Física, com o nome mais frequente de ginástica.

A partir de meados da década de 30, a concepção dominante da Educação Física é calcada na perspectiva Higienista. Nela, a preocupação central é com os hábitos de higiene e saúde, valorizando o desenvolvimento do físico e da moral, a partir do exercício. No inicio do século passado, em função da necessidade de sistematizar a

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ginástica na escola, surgem os métodos ou as escolas, sendo as principais foram propostos pelos suecos (Escola Sueca), pelos francês (Escola Francesa), e pelo Alemão (Escola Alemã) que procuravam valorizar a imagem da ginástica na escola e, assim, acabaram por fornecer elementos para o aprimoramento físico dos indivíduos.

Em oposição à vertente mais tecnicista, Esportivista, Eugenista e Higienista (biológico), surgem novos movimentos na Educação Física a partir, especialmente, no final da década de 70, inspirados no movimento histórico social por que passou o país, a Educação de uma maneira geral e a Educação Física especialmente.

Segundo Dárido, (2003) atualmente coexistem na área da Educação Física várias tendências pedagógicas, todas elas tendo em comum à tentativa de romper com o modelo mecanicista, fruto de uma etapa recente da Educação Física. Essas abordagens pedagógicas da Educação Física podem ser definidas como movimentos engajados na renovação teórico-prático com o objetivo de estruturação do campo de conhecimentos que são específicos da Educação Física. Tanto que, SOUZA JÚNIOR (1999, p. 20-21), afirma que estes movimentos surgem:

Na busca de uma nova dimensão, tais proposições sugerem desde o que entendem como elemento específico (objetivo de estudo) da Educação Física, passando por operacionalização de conteúdos do ponto de vista pedagógico, indo até o entendimento de como avaliar em Educação Física.

Afirma ainda Dárido,(2003) existem disputas pela hegemonia no pensamento pedagógico e científico da Educação Física, como também, a construção de seu campo acadêmico gerando uma diversidade de abordagens norteadoras da Educação Física brasileira e que são denominadas: Aula aberta; Atividade física para promoção da saúde; Construtivista-Interacionista; Critico-emancipatória; Crítico-superadora; Desenvolvimentista; Educação física plural; Humanista; Psicomotricista e Sistêmica,

CONSIDERAÇOES FINAIS

Como vimos na história da Educação Física, os seus profissionais mostraram buscar o comando dessa história. Vários são os acontecimentos incidentes sobre as organizações e reorganizações do conhecimento na Educação Física. Aqui se tem a preocupação de registrar a Educação Física como detentora de uma história..Várias são as lutas e idéias que tentam orientar a ação profissional no campo da Educação Física.

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O viés crítico-progressista da fase de influência de Tendências ou abordagem corresponde a uma busca de rompimento, mas esse será conquistado com sucessivas retificações, que demandam tempo. Não obstante, em que medida a Educação Física, quando a começar a pensar criticamente seu passado. É preciso considerar que a produção de conhecimento da Educação Física já se subordinou a valores, saberes e práticas oriundos de diferentes fontes, influência militar, abordagem preditivas e não preditivas , surgidas no seio da academia após a década de 80, e que conseqüentemente, nos anos seguintes a perspectiva do conhecimento também passa a ser alvo de negação e questionamentos e com isto surgem diversas tendências, que representam dois tipos de saberes a serem conquistados pela Educação Física: o científico e o pedagógico que vem re-elaborando os aspectos pedagógicos, epistemológicos da Educação Física no nível superior.

Portanto buscar-se chamar a atenção neste trabalho, para a contribuição que essas concepções, abordagens ou tendências trouxeram para o processo de transformação histórica que passou e passa a Educação Física Brasileira. Porém isoladas são tendências com limitações, pois, entende-se que uma prescinde de elementos teóricos vinculadas ao contexto histórico, sócio-educacional em que se faz inserida.

REREFENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BETTI, Mauro, Valores e finalidades da educação física escolar: uma concepção sistêmica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, nº 16, V-1 p. 14-21. 1994.

CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira, Arthur Higgins, Uma história de intervenção e conhecimento na educação física brasileira IN: CBCE, nº 2, Florianópolis. Anais, UFSC, p. 1323-1329, 1999.

DARIDO, Suraya Cristina., Educação Física na Escola, questões e reflexões, Guanabara, Rio de Janeiro, 2003

MARINHO, Inezil Penna. Sistemas e métodos de educação física, gráfica mercúrio, São Paulo, 1958.

NETO, Amarilio Ferreira, (org), Pesquisa histórica na educação física, CEFD/UFES, Volume 1 e 2, Vitória, 1996

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OLIVEIRA, Vitor Marinho, Consenso e conflitos da educação física brasileira, papirus, Campinas-SP, 1994

______. História da educação física e do esporte no Brasil: Panorama e perspectiva, Ibrasa, São Paulo, 1999

SOUZA, Junior M. O saber e o fazer pedagógico: a Educação Física como componente curricular...? isso é história? EDUPE, Recife, 1999

Referências

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