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IX SEMANA ACADÊMICA DE

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PRO

FILOSÓF

BLEMAS

ICOS DA

CONTEMPORANEIDADE

IX SEMANA ACADÊMICA DE

16 A 19 DE NOVEMBRO DE 2010

Filosofia e cinema: Metodologia de prática pedagógica em

Filosofia na Educação Superior

Dennis Donato Piasecki - UNICENTRO

O presente trabalho tem como objetivo descrever a metodologia de prática pedagógica no ensino de Filosofia em uma instituição privada de educação superior. Tal prática - tendo como referencial teórico o livro O Cinema Pensa: uma

introdução à Filosofia através dos filmes, do prof. Julio Cabrera - tem em seu cerne

a aproximação entre Filosofia e Cinema para buscar incitar a problematização filosófica-conceitual nos acadêmicos através da forma imagética.

Atuando como professor da disciplina de Filosofia nos cursos de graduação em Administração, Ciências Contábeis e Serviço Social em uma instituição privada na cidade de Laranjeiras do Sul, no Paraná, conto com sessenta (60) acadêmicos com os quais trabalho, simultaneamente, todas as quartas-feiras no espaço de quatro (4) horas-aula no período noturno.

Logo, a questão que surge é: como lecionar Filosofia com uma turma tão

heterogênea? A diversidade dos cursos nos traz a problemática do método, pois a

perspectiva filosófica a ser tomada como norte pedagógico deveria respeitar, de alguma forma, as especificidades dos três cursos em questão.

Neste sentido, partindo-se da premissa de que a Filosofia é a ciência que trabalha - de forma sistematizada - reflexiva e criticamente o humano e o mundo, bem como é através da mesma que o homem obtém o conhecimento sobre si mesmo e o mundo no qual se insere, e levando em consideração que as três graduações se inserem no setor de conhecimento das ciências sociais aplicadas, consideramos a disciplina como o lócus privilegiado para a construção e desenvolvimento de uma atitude de estranhamento e despertar por parte dos acadêmicos, na qual as significações sobre a realidade naturalizada do humano, do conhecimento e do mundo são postas em discussão em vista de uma nova postura na forma de pensar e agir.

Para tanto, deveríamos criar em sala de aula uma amplitude de perspectivas e reflexões aos acadêmicos, no sentido de projetá-los para uma maior e

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melhor visibilidade sobre assuntos teóricos e práticos no que tangem ao cotidiano, à subjetividade e prática profissional. Assim delimitamos os objetivos da disciplina: (1) apresentar a História da Filosofia, seus pensadores, idéias e conceitos através dos textos clássicos da Filosofia; (2) determinar a importância do conceito em Filosofia; (3) desenvolver temas e assuntos contemporâneos numa perspectiva filosófica; (4) fomentar a discussão dirigida e construtiva em sala de aula e; (5)

utilizar o cinema para a compreensão de conceitos filosóficos pautado numa perspectiva logopática, onde racionalidade e sensibilidade confluem no conceito-imagem, proporcionando uma experiência única no trabalho com Filosofia. Sobre

este último objetivo, que norteia nossa metodologia, é que nos deteremos agora.

O professor de filosofia da linguagem e ética na UnB, Julio Cabrera, propõe em sua obra O Cinema pensa: uma introdução à Filosofia através dos filmes, para além da simples comparação entre filosofia e cinema, que as películas cinematográficas, muito mais do que servirem como exemplos de concepções filosóficas, problematizam o pensamento tradicional de modo radical e inovador. O livro é composto por um ensaio inicial onde o autor expõe seu método de análise e catorze exercícios logopáticos que contrapõe as ideias contidas nos filmes de Spilberg, Murnau, Polanski, Tarantino entre outros com as teses defendidas por filósofos como Bacon, Wittgenstein, Aquino, Hegel e Kant, evidenciando a existência de um profundo diálogo entre os filmes e pensadores.

Para Cabrera, “as imagens parecem vincular conceitos e explorar o humano de maneiras mais perturbadoras do que a lógica e a ética escritas” (CABRERA, 2006, p. 13). Deste modo, Cabrera vê o cinema como uma forma de pensamento em que a Filosofia pode adentrar e procurar a verdade, sem prender-se apenas na tradição escrita filosófica. Segundo Cabrera a Filosofia pode se expressar através das imagens e para defender sua tese se utiliza de duas categorias básicas de análise: razão logopática e conceito-imagem.

Cabrera aponta que há alguns séculos algumas linhas de pensamento filosófico tentaram uma modificação na estrutura da racionalidade humana. Nomes como Kierkegaard, Schopenhauer, Nietzsche e Heidegger teriam

problematizado a racionalidade puramente lógica (logos) com a qual o filósofo encarava habitualmente o mundo, para fazer intervir também, no processo de compreensão da realidade, um elemento afetivo (ou “pático”). Tais filósofos não se limitaram a tematizar o componente afetivo, mas o incluíram na racionalidade como um elemento essencial de acesso ao mundo (CABRERA, 2006, p. 16).

Desta forma a razão logopática, que trabalha conjuntamente a afetividade

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aparece como a redefinidora de uma tradição que apenas se permite expressar através da escrita lógica articulada; as imagens dos filmes, como contraponto, aparecem como introdutoras de problematizações filosóficas através do pathos (elemento afetivo), como forma de direcionamento ao pensar. “O emocional não desaloja o racional: redefine-o” (CABRERA, 2006, p. 18).

No que tange ao conceito-imagem, apesar do mesmo ter várias especificidades que devido ao espaço não podemos explanar aqui, Cabrera aponta que é “um tipo de ‘conceito visual’ estruturalmente diferente dos conceitos tradicionais utilizados pela filosofia escrita, a que chamarei aqui de conceitos-ideia” (CABRERA, 2006, p. 20).

Cabrera afirma que não é possível dar um definição fechada ao conceito-imagem, por não ter o mesmo uma definição precisa; tais conceitos serviriam como uma espécie de direção metodológica, um encaminhamento para ver o cinema filosoficamente. Assim, o valor conceitual de um filme reside nas “proposições imagéticas” por ele instauradas, incompatíveis à condição epistêmica prévia à sua experiência, dado que nela emerge a sensibilidade condizente ao caso cinematográfico (KUSSLER; PORTELLA, 2009, p. 119).

Indicados nossos aportes teóricos, procuramos estabelecer de que forma seria trabalhada em sala de aula tal proposta de ensino. Inicialmente, dividimos a sala em onze equipes, que teria uma média de cinco acadêmicos em cada grupo. O próximo passo foi definir quais seriam os exercícios logopáticos a serem trabalhados. Conforme plano de ensino da disciplina foram selecionados:

- Para o dia 29/09/2010 – “EXERCÍCIO 4: Bacon, Steven Spielberg e o cinema-catástrofe (A relação do homem com a natureza)”. Filme selecionado: Tubarão, de Steven Spielberg;

- Para o dia 27/10/2010 – “EXERCÍCIO 14: Wittgenstein, o cinema mudo e a diligência: o que é dito e o que é só mostrado (A questão dos limites da linguagem)”. Filme selecionado: A Última Gargalhada, de Murnau;

- Para o dia 24/11/2010 – “EXERCÍCIO 3: São Tomás e o bebê de Rosemary (A filosofia e o sobrenatural)”. Filme selecionado: O bebê de Rosemary, de Polanski.

A escolha dos textos se baseou na estrutura do plano de ensino da disciplina que se divide em três módulos: (I) Homem; (II) Conhecimento e (III) Mundo, sendo que cada texto corresponde respectivamente a um dos módulos trabalhados. Na aula precedente a cada exercício logopático, estando os acadêmicos com o texto em mãos de cada exercício proposto e já com a leitura prévia dos mesmos, será trabalhado o filósofo e o conceito que posteriormente será

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encontrado e discutido nas películas: Bacon/Natureza; Wittgenstein/Linguagem; Tomás de Aquino/Deus.

No dia da efetuação do exercício, os grupos se reunirão e nas duas primeiras aulas assistirão ao filme selecionado. Logo após, será entregue uma folha com questões para cada um dos grupos. As questões versarão sobre o entendimento dos acadêmicos sobre o filme e a relação do mesmo com as ideias filosóficas do pensador perscrutado, buscando nos conceitos-imagem a inteligibilidade imagética que os mesmos apresentam para a compreensão logopática da Filosofia.

Para concluir, deixamos a advertência de Cabrera no que tange a apreensão dos conceitos-imagem na leitura do filme, algo que esperamos que nossos acadêmicos consigam efetuar durante a realização dos exercícios:

É claro que o pressuposto básico para que o cinema tenha as características mencionadas na formulação do conceito-imagem é que nos disponhamos a

ler o filme filosoficamente, isto é, a tratá-lo como um objeto conceitual, como um conceito visual e em movimento. Ou seja, devemos impor a pretensão de verdade e universalidade em nossa leitura do filme, quer o diretor tenha proposto isso ou não. Não quero dizer que os filmes sejam

filosóficos “em si mesmos”; evidentemente se trata de uma certa leitura, entre outras possíveis. O cinema pode ser considerado filosófico se for possível analisar os filmes do ponto de vista conceitual, considerando-os como sucessões de conceitos mostrados ou conceitos vistos. (CABRERA, 2006, p. 45).

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Referências

CABRERA, Julio. O cinema pensa: uma introdução à Filosofia através dos

Filmes. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

KUSSLER, L.; PORTELLA, S.. Resenha. IN.: Revista Filosofia Unisinos. Vol. (10), nº 1. São Leopoldo: 2009 (pp. 118-120).

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