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O Enigma do Crescimento Brasileiro. Síntese Econômica Mensal

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Academic year: 2021

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O Enigma do Crescimento Brasileiro

Apesar das sucessivas reduções da taxa básica (SELIC), das políticas de estímulo ao crédito e das diversas desonerações de tributos e de encargos trabalhistas, os indicadores de desempenho da economia continuam apontando para baixos níveis de crescimento.

Os efeitos da política monetária sobre o consumo e investimento produtivo do setor privado requerem certo tempo para se manifestar. Além disso, a experiência moderna mostra que a intensidade e a tempestividade desses efeitos dependem em grande medida da existência de regras estáveis em sua condução.

Ainda existe grande indefinição sobre o modelo econômico adotado, com anúncios de estímulos setoriais quase semanais, carentes de maior planejamento. Tudo isso aumenta a incerteza que já enfrentam consumidores e investidores, produto da fragilidade da economia mundial, diminuindo e retardando os impactos das políticas econômicas anticíclicas sobre a expansão do PIB.

Se o governo realmente deseja elevar o crescimento da economia brasileira no curto prazo, deverá reduzir as margens de discricionariedade e improvisação na condução destas, mostrando compromisso crível com o modelo superávit primário-meta de inflação-câmbio flutuante, responsável pelo fortalecimento dos fundamentos da economia brasileira.

Síntese Econômica Mensal

 Crédito à pessoa física continuou mostrando expansão mais moderada*.  Inflação voltou a acelerar-se na primeira quinzena.

 Produção industrial cresceu levemente, após três meses consecutivos de redução*.

 Volume de vendas do comércio varejista apresentou redução**.

 Ocupação caiu em três regiões metropolitanas e permaneceu estável em duas*.  Salário médio prosseguiu crescendo em termos anuais*.

 Inadimplência apresentou ligeira redução.

 Superávit fiscal primário diminuiu fortemente na comparação anual, devido, principalmente, aos fracos resultados estaduais e municipais*.

 Arrecadação federal apresentou nova queda, devido às menores receitas atípicas e à desaceleração da economia*.

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 Despesas do Tesouro voltaram a crescer, por conta do aumento dos gastos com custeio e pessoal, enquanto o investimento público, descontando-se os subsídios “Minha Casa Minha Vida”, mostrou queda em termos anuais*.

 Exportações retrocederam ligeiramente mais do que as importações, na comparação anual, provocando redução no saldo comercial.

 Real mostrou leve desvalorização frente ao dólar.

 Expectativas para o crescimento anual da atividade econômica continuam sendo revisadas para baixo.

 Inflação deverá fechar o ano ao redor da meta anual.

 Cumprimento da meta de superávit fiscal primário cada vez mais difícil.

 Desequilíbrio das contas externas deverá diminuir, sendo financiado pela entrada de capitais estrangeiros.

* Dados relativos a junho de 2012. ** Dados relativos a maio de 2012. a: Reajustado pelo IPCA.

b: Variação do IPCA-15. c: Dados dessazonalizados. d: Média do período.

Var. Mensal (%) Var. Julho 2011 (%)

Crédito à Pessoa Física*a 1,3% 10,9%

Inflação - IPCAb 0,3% 0,1%

Crescimento do PIB**c 0,0% 0,2%

Produção Industrial*c 0,2% -5,5%

Vendas no Varejo**c 0,8% 8,2%

Ocupação** 1,2% 2,5%

Rendimento Médio Real** -0,1% 4,9%

Taxa de Inadimplência BC -0,1% 21,9%

Receitas Governo Federal*a -2,0% -9,2% Despesas Governo Federal*a 5,7% 5,6%

Superávit Primário*a 5,3% -84,0%

Exportações -1,3% -9,9%

Importações -11,2% -9,5%

Saldo Comercial 257,2% -8,3%

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4 1. Moeda, Crédito e Inflação

Dados do Banco Central de junho de 2012 mostram alta anual de 6,9%, na média dos saldos diários de criação de moeda. Por sua vez, o crédito à pessoa física apresentou alta de 13,3%, na mesma base de comparação, contra 15,4% registrado no final de 2011. A inflação (IPCA 12 meses) em 15 de julho de 2012 caiu para 5,0%.

Em meados de julho, o Banco Central efetuou nova redução da taxa de juros básica (SELIC), fixando-a em 8,0% ao ano. Repetiu o comunicado da última ata, afirmando que “neste momento”, permanecem limitados os riscos para uma trajetória de alta na inflação, e dada a fragilidade da economia global, sua contribuição “tem sido desinflacionaria”. Prioriza-se, então, a retomada da atividade econômica, que tem se mostrado praticamente estagnada.

2. Produção, Vendas e Inadimplência

A prévia de maio para o PIB, divulgada pelo Banco Central, registrou leve alta de 0,1% na comparação interanual. Além disso, dados da indústria de maio, informados pelo IBGE, mostraram, na mesma base de comparação, queda de 5,5%, enquanto as vendas no varejo se expandiram em 8,2% em junho.

Dados da ACSP/BVS com base nas consultas ao SCPC e SCPC Cheque, relativos aos sete primeiros meses de 2012, mostraram alta moderada para a cidade de São Paulo (3,0% e 2,6%, respectivamente), enquanto a inadimplência no comércio em julho apresentou alta de 9,4% nos registros de atrasos e elevação de 9,7% nos cancelamentos, sugerindo estabilidade, com ligeira propensão à baixa. Por sua vez, de acordo com os dados do Banco Central, que incluem dívidas bancárias, a taxa de inadimplência atingiu 7,8% em junho, ante 7,9% em maio. Porém, vale destacar que, em qualquer dos dois casos, a proporção de atrasos nos pagamentos de dívidas foi mais elevada que a verificada em 2011.

O dado positivo, nesse contexto, continua sendo o crescimento anual da massa salarial, que em maio, alcançou 7,5% (2,5% no emprego e 4,9% nos salários), o que deveria contribuir para manter a inadimplência sob controle, facilitando a renegociação de dívidas.

Em síntese, a política de “afrouxamento monetário” tem sido orientada para a retomada do nível de atividade econômica, mas ainda não produziu os resultados esperados. Por isso, a taxa SELIC ainda deverá cair, mas “com parcimônia”, não se descartando o anúncio de novas medidas de estímulo para o setor industrial. A inflação deve terminar o ano em cerca de 5,0%, enquanto a inadimplência deveria mostrar maior queda nos meses próximos ao fim do ano.

3. Finanças Públicas

Durante o primeiro semestre do ano, o Governo Central (Tesouro, Previdência e Banco Central) registrou superávit primário (diferença entre receitas e gastos do Governo, sem incluir os juros da dívida pública) de R$ 65,7 bilhões (3,1% do PIB), cumprindo 47% da

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meta estipulada para o ano (R$ 139,8 bilhões). No entanto, apesar do resultado ter sido inferior ao alcançado em igual período de 2011 (3,9% do PIB) pelo quarto mês consecutivo, representou expressiva queda real (corrigindo a inflação pelo IPCA) de 20,9%. A redução de junho em relação ao mesmo mês do ano anterior foi ainda mais expressiva, alcançando, em termos reais, a 84,0%. Vale notar que as cifras anteriores, como é habitual, não incluem bancos estatais nem Petrobrás e Eletrobrás.

A arrecadação federal registrada durante o período janeiro-abril somou R$ 336,4 bilhões, com crescimento real (acima da inflação) de 5,3% em relação a 2011, mostrando desaceleração em relação à expansão registrada durante o primeiro quadrimestre (7,2%). Essa desaceleração pode ser explicada majoritariamente pelo fraco desempenho da economia brasileira, que novamente provocou em maio a queda dos tributos ligados aos lucros das empresas (Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ – 36,4% e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL – 44,3%).

Com relação às despesas do Governo Federal, registrou-se um aumento real de 7,9% em relação ao período janeiro-maio de 2011, superando o crescimento da arrecadação, a exemplo do que ocorreu nos primeiros quatro meses do ano, embora mostrando aumento acumulado menor que o observado nesse período (8,4%). Apesar do gasto com Pessoal e Encargos Sociais ter continuado a mostrar diminuição em termos reais (3,0%), embora menos do que o observado no primeiro quadrimestre do ano (3,4%), isto novamente foi mais do que compensado pela expansão real das despesas de Custeio e Capital (16,4%). No caso dessas últimas, mais uma vez destaca-se a rubrica “Outras Despesas de Capital”, que tradicionalmente inclui os gastos de capital do governo, com grande expansão real de 25,2%, maior inclusive que o resultado registrado no primeiro quadrimestre de 2012. Contudo, deduzindo-se os subsídios do programa “Minha Casa Minha Vida”, que passaram a ser incluídos nessa rubrica, visualiza-se uma queda real ainda maior dos investimentos públicos federais, que alcança a aproximadamente 8,4%.

Em resumo, tal tem sido projetado em edições anteriores desse Boletim, o menor crescimento econômico, que reduz o incremento da arrecadação, aliado à contínua expansão das despesas públicas, põe em risco o cumprimento da meta “cheia” de superávit fiscal primário para o presente ano. Porém, é bastante provável que o governo continue utilizando o expediente de alocar parte da despesa na rubrica “Restos a Pagar”, o que asseguraria o cumprimento da meta fiscal, ainda que em termos puramente contábeis.

4. Setor Externo

A balança comercial brasileira, em julho, com exportações de US$ 21 bilhões e importações de US$ 18,1 bilhões, registrou o segundo maior saldo mensal do ano, de US$ 2,9 bilhões. No entanto, esse saldo positivo, medido pela média por dias úteis, foi 8,3% inferior ao registrado em julho do ano passado, decorrente da redução de quase 10% tanto das exportações, como das importações brasileiras. Esses resultados podem ser atribuídos, no caso das primeiras, à retração da economia mundial, e no caso das compras no exterior, à desaceleração da economia interna, e, em boa parte, pela operação padrão

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dos fiscais da Receita Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que, desde meados de junho, tem atrasado os despachos aduaneiros nos portos do país.

No acumulado do ano, as vendas ao exterior somaram US$ 138,2 bilhões e as importações US$ 128,3 bilhões, obtendo-se saldo, de US$ 9,9 bilhões, 38% inferior ao do mesmo período do ano passado. Mesmo assim, o Banco Central não mudou sua estimativa para o saldo da balança comercial, esperando que este termine o ano em torno de US$ 18 bilhões, provavelmente na esperança de que os recentes aumentos de preços internacionais das commodities agrícolas possam favorecer nossas exportações.

De fato, nos dois últimos meses, o índice CRB, um dos principais medidores de preços das commodities, acumulou uma alta de 9,7%, impulsionada pelas cotações do milho, da soja e do trigo, em decorrência da estiagem nas principais regiões produtoras de grãos dos Estados Unidos. Como esses produtos são insumos para a produção de ração, é de se esperar aumento dos preços da carne suína e de aves, produtos também importantes na pauta de exportação do país.

No tocante as transações correntes (exportação menos importações de bens e serviços), conforme dados divulgados até o mês de junho, seu desempenho, nos últimos doze meses, acumulou um déficit de US$ 51,8 bilhões, equivalente a 2,2% do PIB, mantendo-se estável desde meados de 2010. A redução do saldo da balança comercial nos últimos meses foi em parte compensada pela menor remessa de lucros e dividendos para fora do país e pela maior entrada de investimentos diretos estrangeiros, em decorrência da desvalorização do real.

Durante o mês de julho o valor da moeda americana no mercado de câmbio manteve-se praticamente estabilizado, flutuando num pequeno intervalo entre US$ 2,02 e US$2,04, fechando o mês à taxa de US$ 2,046, sem praticamente haver intervenção por parte do Banco Central. Em relação a dezembro do ano passado, a desvalorização do real em relação ao dólar foi de 9% e de 29,8%, em relação a julho de 2011.

Referências

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