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ANÁLISE COMPARATIVA: Residências Alto de Pinheiros e Boaçava. Introdução. Implantação

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Academic year: 2021

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ANÁLISE COMPARATIVA: Residências Alto de Pinheiros e Boaçava

Introdução

As residências Alto de Pinheiros (2003) e Boaçava (2009) foram desenvolvidas pelo Una Arquitetos, escritório paulista composto pelos arquitetos Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Barbara e Fernando Viégas, formados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Apesar de estarem localizadas em regiões diferentes do estado de São Paulo e de terem sido concebidas com seis anos de diferença, ambas possuem semelhanças compositivas, o que sugere abordá-las em um mesmo grupo tipológico e, por isso, adotá-las como objeto deste estudo. (Figura 01)

(a) (b)

Implantação

A residência Alto de Pinheiros está implantada em um lote de esquina, amplo e de geometria irregular. Para otimizar o aproveitamento do lote, o volume compacto é implantado próximo a uma das divisas laterais, repeitando os recuos e afastamentos legais. Essa estratégia garante a criação de um amplo pátio lateral, para onde se abrem os ambientes transversalmente dispostos no volume. (Figura 2a)

Residência Alto de Pinheiros Residência Boaçava Local: São Paulo - SP

Ano: 2003 Local: São Paulo - SPAno: 2009 Escritório UNA Arquitetos Escritório UNA Arquitetos Autoras: Alice Moraes e Ana Elísia da Costa – nov. 2017

Figura 1: Vistas: (a) Casa Alto de Pinheiros (2003); (b) Casa Boaçava (2009)

(2)

A Boaçava, por sua vez, ocupa um lote retangular, estreito e comprido, configuração esta típica dos lotes de meio de quadra de zonas urbanas consolidadas. A implantação do volume compacto respeita os afastamentos laterais e o recuo frontal, explorando como pátio a parte posterior do lote, este com um suave desnível em relação ao corpo principal da casa. (Figura 2b)

(a) (b)

Aspectos formais

Ambas as casas configuram composições aditivas, com um volume superior de proporções retangulares (setor íntimo) parcialmente apoiado sobre volume inferior linear (setor de serviços) e sobre pilotis (setor social). O caráter aditivo é enfatizado pelo deslizamento do volume inferior em relação ao superior e pelo tratamento dos volumes – opacidade no volume superior e transparência no pilotis parcial, que ressalta a natureza compositiva do volume inferior. Na Boaçava, esse caráter também é explorado através do contraste cromático – concreto avermelhado no volume inferior (pigmentado com óxido de ferro) e concreto aparente no volume superior.

Nos dois casos, o volume superior sofre operações de subtração para configurar terraços, sem que se perca, contudo, a sua integridade volumétrica original. Na Alto de Pinheiros, numa estratégia similar à Vila Savoye de Le Corbusier, os planos de fachadas que delimitam os terraços são contínuos, ficando estes terraços abertos para o exterior através de rasgos horizontais (Figura 3). Na Boaçava, as pequenas subtrações se explicitam na composição, sendo possível recompor a integridade do volume através da “força gestalt” da própria forma. (Figura 4)

As aberturas dos ambientes do pavimento superior, também nos dois casos, se voltam para os referidos terraços, o que mantém a abstração das fachadas do volume superior, caracterizadas por grande peso visual.

Figura 2: Implantação: (a) Casa Alto de Pinheiros (2003) (b) Casa Boaçava (2009) Fonte: STRIEBEL (2015) – adaptações do autor

(3)

(a) (b)

(a) (b)

Nas duas casas, transversalmente, as volumetrias são regidas por uma modulação compositiva-estrutural - grelha - que envolve quatro ou três módulos entre pilares (Alto de Pinheiros e Boaçava, respectivamente) e dois módulos em balanço em cada um dos extremos dos volumes. Essa malha regula o arranjo espacial das plantas da Alto de Pinheiros, como se observa explicitamente nas subtrações dos terraços e no agrupamento dos núcleos hidráulicos do seu segundo pavimento. Na Boaçava, contudo, essa modulação não coordena o arranjo dos ambientes dos dois pavimentos.

Longitudinalmente, as plantas dos pavimentos são bi (Alto de Pinheiros) ou tripartidas (Boaçava), configurando eixos que organizam os arranjos espaciais. Destaca-se que, nos pavimentos inferiores, essa partição define o regramento da planta livre dos ambientes do setor social e a largura do volume de serviços, caracterizado por sua planta compartimentada. (Figura 5)

Figura 3: Volumetria Casa Alto de Pinheiros (2003)

Fonte: (a) http://www.unaarquitetos.com.br: (b) FERNANDES, VIDAL, POSSATTI (2015) – adaptações do autor

Figura 4: Volumetria Casa Boaçava (2009)

(4)

(a)

(b)

Configuração funcional

O zoneamento das duas casas é convergente, com social-serviços no pavimento inferior e o íntimo no pavimento superior. Em ambos os pavimentos inferiores, há um eixo de circulação principal que se estende longitudinamentel na interface dos volumes de serviços, preservando parcialmente o uso dos ambientes do setor social. Contudo, a largura desses mesmos volumes de serviços condiciona a inserção da escada – internalizada no mesmo e tratada como parte dos elementos irregulares de composição (Alto de Pinheiros); ou incorporada na planta livre do social (Boaçava), fazendo a transposição dos estares dispostos em níveis diferentes. (Figura 06)

No pavimento superior da Alto de Pinheiros, esse mesmo eixo de circulação é preservado, sendo a partir dele distribuído os ambientes. Observa-se que as aberturas dos quartos são voltadas para a fachada de menor afastamento, priorizando a relação visual dos estares e terraços com o pátio. Essa organização possibilitou a orientação dos dormitórios para a melhor insolação, garantindo, ainda assim, o contato visual indireto dos mesmos com o jardim, através dos terraços (Figura 06). Na Boaçava, a falta de um pátio lateral justifica a abertura da maioria dos dormitórios para os dois grandes terraços voltados para frente e fundos. Assim, há aqui uma tensão entre a longitudinalidade e a transversalidade sugeridas pelos seus pavimentos. Esse mesmo gesto pode justificar a aparente falta de regramento na disposição dos elementos irregulares de composição. (Figura 7)

Figura 5: Modulação: (a) Casa Alto de Pinheiro (2003) (b) Casa Boaçava (2009)

(5)

(a) (b)

(a) (b)

Considerações finais

Analisar duas obras do mesmo escritório permite avaliar a habilidade dos arquitetos em usar e adaptar um mesmo esquema tipológico a demandas com contextos e programas distintos.

Formalmente, o esquema volumétrico dos dois projetos é o mesmo - composição aditiva apoiada parcialmente em pilotis - regida, transversalmente, por uma grelha compositiva-estrutural e, longitudinalmente, por uma partição que, em conjunto, definem eixos que organizam os arranjos espaciais. Destaca-se, nos dois casos, os pátios resultantes de subtrações volumétricas operadas sobre os volumes superiores que preservam, contudo, a integridade dos mesmos. O tratamento das fachadas desses arranjos volumétricos também convergem entre si, explorando o contraste do peso dos pavimentos superiores com a leveza do pilotis parcial dos pavimentos inferiores.

Figura 6: Plantas Casa Boaçava (2009) (a) Pavimento térreo (b) Pavimento superior Fonte: FERNANDES, VIDAL, POSSATTI (2015) - adaptações do autor

Figura 7: Plantas Casa Alto de Pinehiros (2003) (a) Pavimento térreo (b) Pavimento superior Fonte: STRIEBEL (2015) - adaptações do autor

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Funcionalmente, uma mesma estratégia de zoneamento também pode ser identificada nestas composições, onde os setores íntimos estão localizados nos volumes superiores e os setores social e de serviço, nos volumes inferiores e nos pilotis parciais envidraçados, respectivamente. Os esquemas distributivos dos térreos das duas casas também são convergentes, onde um eixo de circulação longitudinal e tangente aos setores conecta e dá autonomia de uso aos ambientes.

Contudo, no arranjo do segundo pavimento das casas observa-se grandes variações impostas pela geometria e orientação dos lotes. Na Alto de Pinheiros, o arranjo espacial do segundo pavimento é explorado transversalmente no volume, permitindo que os ambientes usufruam, direta ou indiretamente, da relação visual com o pátio lateral. Já na Boaçava, o arranjo é explorado longitudinalmente, assumindo uma configuração frente-fundos, o que se justifica pela restrição das visuais e privacidade impostas pelos pequenos afastamentos laterais determinados pela geometria estreita do lote. Apesar dessas transgressões e pontuais divergências entre os projetos, observa-se que é preservada a integridade do esquema tipológico original. Revela-se assim, a habilidade dos arquitetos em flexibilizar a manipulação do tipo pressupostamente adotado, adaptando-o a diferentes contingências de contexto e programa.

Referências Bibliográficas

CABRAL, Mariana. Um lar de aberturas. In Galeria da Arquitetura, n.d. Disponível em < https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/una-arquitetos_/casa-boacava/434>. Acesso em setembro de 2017. CASA ALTO DE PINHEIROS. In Una Arquitetos, n.d. Disponível em < http://www.unaarquitetos.com.br >. Acesso em setembro de 2017.

CASA ALTO DE PINHEIROS. In Casa Contemporânea Brasileira, n.d Disponível em < https://www.ufrgs.br/casacontemporanea/ >. Acesso em setembro de 2017.

CASA BOAÇAVA. In Una Arquitetos, n.d. Disponível em < http://www.unaarquitetos.com.br >. Acesso em setembro de 2017. CASA BOAÇAVA. In Casa Contemporânea Brasileira, n.d. Disponível em < https://www.ufrgs.br/casacontemporanea/ >. Acesso em setembro de 2017.

"Casa Boaçava / Una Arquitetos" [Boaçava House / Una Arquitetos] . In ArchDaily Brasil, nov. 2012. (Trad. Delaqua, Victor). Disponível em < http://www.archdaily.com.br/br/01-82508/casa-boacava-slash-una-arquitetos>. Acesso em setembro de 2017.

CORRALES, Luis. UNA Arquitectos: La tradición de la arquitectura paulista. In Drops, São Paulo, año 13, n. 058.04, Vitruvius, jul. 2012. Disponível em < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.058/4438>. Acesso em setembro de 2017.

Referências

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