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O PAPEL ECONÔMICO DA PECUÁRIA BRASILEIRA E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS

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Academic year: 2021

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O PAPEL ECONÔMICO DA PECUÁRIA BRASILEIRA E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS

Maurício Luiz Borges Ramos Dias1

Resumo: O presente artigo apresenta a importância econômica da atividade pecuária

brasileira e as suas consequências negativas ambientais, tais como a grande produção de gases nocivos que agravam o Efeito Estufa, principalmente, o gás metano (CH4), a poluição, o enorme uso dos recursos hídricos brasileiros e desmatamento que é causado pela expansão desse ramo econômico. O objetivo desse artigo é o de mostrar como se dá a relação entre a pecuária e o meio-abiente brasileiro, mostrando tanto os pontos positivos, quanto os negativos. O resultado final desse artigo foi o de formar essa balança e, ao final, mostrar uma possibilidade de como a pecuária pode se desenvolver e crescer sem afetar tão negativamente o meio ambiente. Dessa forma, então conclui-se que é necessária um maior diálogo entre essa atividade econômica e o meio-ambiente. Por fim, o método utilizado foi de caráter quali-quantitativo e se baseou por meio da pesquisa bibliográfica e documental.

Palavras-chave: Pecuária; Água; Desmatamento.

Abstract: The present article presents the economic importance of the Brazilian livestock

activity and its negative environmental consequences, such as the great production of harmful gases that aggravate the Greenhouse Effect, mainly methane gas (CH4), pollution, the enormous use of water resources Brazilians and deforestation that is caused by the expansion of this economic branch. The objective of this article is to show how the relationship between cattle ranching and the Brazilian mid-shoot, showing both the positive and the negative aspects. The final result of this article was to form this balance and, in the end, to show a possibility of how cattle raising can develop and grow without adversely affecting the environment. In this way, it is concluded that a greater dialogue is needed between this economic activity and the environment. Finally, the method used was of a qualitative and quantitative nature and was based on bibliographical and documentary research.

Key words: Livestock; Water; Deforestation.

1. Introdução

O objetivo desse artigo é o de demonstrar a importância econômica que a atividade pecuária possui, dentro do território brasileiro, e expor as suas consequências negativas feitas ao meio ambiente para, ao final, descobrir se existe a possibilidade de essa atividade existir em harmonia com a natureza. Dessa forma, primeiramente, será mostrado o contexto histórico da pecuária no Brasil para, depois, serem ressaltados os seus aspectos positivos como crescimento econômico, desenvolvimento tanto regional, quanto para o país ao todo e o aprimoramento de áreas científicas para a maior produção e qualidade desses produtos. Logo

1 Graduando do 6º semestre de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa – Campus Santana do

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2 em seguida, os problemas ambientais serão expostos, tais como a grande emissão de gases tóxicos que acabam agravando o Efeito Estufa, tendo um maior enfoque na emissão do gás metano (CH4), a poluição, o uso exacerbado dos recursos hídricos brasileiros e, por último, o grande desmatamento que o Brasil sofre, focando na região da floresta Amazônica.

Tendo isso em vista, ao longo do artigo, serão demonstrados como a pecuária, ao mesmo tempo em que traz crescimento e desenvolvimento econômico, destrói, desmata, polui e mata os vastos biomas e a enorme biodiversidade brasileira. Dessa forma, a questão específica que será analisada é como se dá a relação da pecuária com o meio-ambiente dentro do território brasileiro, sendo esse o problema de pesquisa. Tendo isso em vista, a justificativa para essa pesquisa é a de demonstrar o papel econômico e o impacto ambiental que a pecuária tem dentro do Brasil.

Nesse artigo, a hipótese inicial é a de que a expansão da pecuária, movida por interesses econômicos, acaba trazendo diversos problemas ambientais, que a longo prazo irão fazer com que o Brasil se torne um grande país destruidor de sua própria biodiversidade e biomas, poluidor de seus rios e produtor de muitos gases tóxicos oriundos dessa atividade econômica. Logo, ao final desse artigo, é desejado que esse resultado seja alcançado.

Com o objetivo de qualificar o artigo, teremos diversos dados numéricos acompanhados por textos de caráter explicativos, caracterizando a pesquisa como quali-quantitativa. Além disso, diversas imagens serão ilustradas. Vale ressaltar que, o conteúdo apresentado ao longo do artigo foi construído baseado, por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental.

2. Contexto histórico da pecuária no Brasil

No século XVI, graças à grande projeção, rentabilidade e grau de especialização da economia açucareira no território brasileiro, outras atividades econômicas secundárias foram surgindo no nordeste brasileiro, dentre elas a pecuária. Nessa época, como as importações consistiam mais em artigos de luxo, a produção de alimento tinha que ser interna e o suficiente para suprir, minimamente, a demanda da população localizada na região. Além disso, existia a necessidade de lenha e do uso de animais como fonte de energia para os engenhos açucareiros. Dessa forma, a pecuária começou a ter um papel, relativamente, importante não somente ligado ao transporte de carga, mas também na elaboração de energia e carne para consumo local. Ademais, devido à grande devastação das florestas litorâneas

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3 próximas aos locais em que a atividade açucareira estava se desenvolvendo, surge a necessidade de procurar madeira no interior nordestino. Assim, nesse primeiro momento, a pecuária começa a adentrar um pouco para o interior em busca de madeira.

Como muitas vezes os gados invadiam as plantações de açúcar, atrapalhando essa atividade econômica, o governo portugues proibiu totalmente a criação de gados na área litorânea, pedindo um afastamento de 80 quilometros de distância entre a atividade pecuária e a açucareira. Com isso, ocorre a separação dessas duas economias e a economia pecuária precisa procurar novas terras para continuar sendo importante no setor da subsistência nordestina. Logo, o adentramento nas terras do nordeste se torna uma ação essencial para a sobrevivência dessa economia, já que seria por meio da disponibilidade de terras que seria garantida a sua expansão e, inclusive, sua existência. De acordo com Celso Furtado, “a acumulação de capital na economia criatória induziu a uma permanente expansão - sempre que houvesse terras por ocupar - independentemente das condições da procura” (FURTADO, 2012, p. 96). Dessa forma, é possível compreender como que a pecuária da época acabou ocupando territórios bem grandes que atualmente são os estados do Maranhão, Piauí, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Goiás.

Quando ocorre a descoberta de ouro na região de Minas Gerais no século XVIII, a pecuária acaba se expandindo mais para essa localidade. Como essa área possuia diversos rios, que ajudam na criação do gado pela existência de água para beber, a atividade pecuária acaba se fixando nesse território. “Minas Gerais e seu gado passam, a partir daí, a abastecer também as regiões de São Paulo e Rio de Janeiro” (BARBOSA et al, 2015, p.8). Nesse mesmo século, a pecuária chega no sul do país. Tendo em vista a geografia plana do relevo sulista, a pecuária consegue se desenvolver melhor e, assim, se consolidar na região. Aliás, sua produção se torna muito importante, já que ela produzia mais carne do que ela consumia, podendo então fazer a distribuição desse alimento no território brasileiro. No século XX, mais precisamente na década de 70, o governo militar começa a fazer a ocupação do norte do país. Durante essa ocupação, a atividade pecuária também foi se expandindo, desmatando e prejudicando muito o ecossistema dessa região.

Ao longo da história brasileira, a pecuária foi uma atividade essencial para a ocupação do país, principalmente o seu interior, já que ela foi expandindo os seus terrenos em diversas regiões sempre que possível. Até nos dias de hoje, essa atividade econômica continua se expandindo, principalmente na região norte e centro-oeste do país. No entanto, ao mesmo

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4 tempo em que ela ocupa um papel econômico importante dentro da economia brasileira, ela acaba causando danos ao meio ambiente. Dessa forma, surge diversos questionamentos de como a pecuária deveria ser feita no país.

3. Importância da pecuária para o Brasil

No Brasil, a pecuária possui um papel econômico importante. No ano de 2015, de acordo com Beef Point (2016), o agronegócio alcançou 21% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, totalizando R$1,26 trilhão. Dentro dessa quantidade de dinheiro levantada pelo agronegócio, a pecuária representou 30%, logo R$400,7 bilhões. A pecuária brasileira conseguiu esse montante de dinheiro tanto graças ao mercado interno brasileiro, quanto ao mercado internacional, além das diversas movimentações de dinheiro nas indústrias, varejos, fazendas e nos frigoríficos. Ademais, foram repassados, por meio de salários e encargos, R$11,37 bilhões aos trabalhadores de indústrias e fazendas que estavam nesse ramo. Na tabela a seguir, podemos perceber que, mundialmente, o Brasil possui o segundo maior rebanho bovino comercial do mundo, mas é o país que mais exporta e abate bovinos no mundo o que influencia no seu crescimento econômico.

Figura 1: Número de Rebanhos Bovinos no Brasil

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5 Conforme vai ocorrendo o crescimento da renda per capita brasileira, o consumo de carne também vai aumentando. Logo, tempos de ascensão e recessão econômica afetam diretamente no consumo dos produtos da pecuária em uma escala doméstica. Como o Brasil está passando por uma crise econômica, criada a partir de uma enorme crise política, pode-se concluir que o consumo de carne irá diminuir pelo menos um pouco enquanto essa crise estiver ocorrendo. No entanto, isso não quer dizer, necessariamente, que a pecuária irá se prejudicar tanto.

Tento em vista que, de acordo com Barbosa et al (2015, p. 15), há uma perspectiva de aumento de 1,5% do consumo internacional de carne por ano, fazendo com que exista a probabilidade do consumo de carne em 2022 ser de 76 bilhões de toneladas. Dessa forma, mesmo com o consumo doméstico diminuindo, caso a crise econômica brasileira continue, o setor pecuário ainda tem uma grande oportunidade de crescer e gerar renda para o país. Portanto, o mercado da indústria da carne para a exportação pode gerar muitos lucros.

Figura 2: Perspectiva de crescimento do consumo de carne mundial

Fonte: BARBOSA et al, 2015, p.16

Levando, então, em consideração o possível crescimento do consumo de carne mundial, o Brasil, como já um dos maiores países na atividade pecuária, pode conseguir um alto crescimento econômico, ao longo dos anos, graças a essa atividade econômica. Esse crescimento será muito importante, pois permitirá a criação de novos empregos, o aumento do PIB e até um maior desenvolvimento do país. Ademais, fará com que aos poucos os produtores de carne parem de pensar que a pecuária para a exportação brasileira não é valorizada e que, por isso, não precisa ser desenvolvida (pensamento que, de acordo com a

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6 pesquisa de Furquini e Cyrillo (2013, p. 327), está presente na maioria dos produtores de carne do Brasil).

Além dessas mudanças que podem ser geradas graças à pecuária, o setor de saúde animal que combate doenças que podem diminuir o preço e a qualidade da carne, as áreas de estudo da genética, nutrição, sanidade e manejo, veterinária que podem aprimorar e qualificar a produção da carne, o setor primário que fornece grãos, o setor de processamento e o setor de exportação acabarão sendo mais valorizados e, assim, terão um maior desenvolvimento como consequência da demanda de exportação da carne oriunda da pecuária brasileira.

Localmente, com a maior demanda e venda da carne para o setor internacional, os estados que possuem grandes quantidades de abate conseguirão ter um crescimento econômico que poderá possibilitar no desenvolvimento dessas regiões. De acordo com Oliveira e Montebello (s/d, p. 9), os estado brasileiros que mais abatem gados bovinos são compostos por São Paulo, Minas Gerais, Pará, Rondônia e todos os que compõem a região centro-oeste, ou seja Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás. Sendo assim, caso essa previsão do aumento do consumo de carne esteja certa, esses estados serão muito beneficiados.

4. Consequêcias ambientais

Na maioria das vezes em que a pecuária é praticada, ela gera impactos ambientais negativos já que sua produção não ocorre de maneira sustentável, mas sim visando o maior lucro possível. Ao redor mundo, a pecuária é responsável pela degradação dos solos, produção de diversos gases que acelaram o Efeito Estufa, poluição dos recursos hídricos e também pela destruição de ecossistemas e da biodiversidade, principalmente, para ocorrer o aumento da área do proprietário em que o gado é cultivado. De acordo com o documentário Cowspiracy (2014), de Kip Andersen e Keegan Kuhn, a cada segundo 110 espécies de animais e insetos são perdidos todos os dias por causa dessa atividade. Sendo assim, a situação que diversos países do mundo vive é a da expansão de latifúndios em busca de lucros, por meio da pecuária. Ao longo do território brasileiro, a situação não é diferente. Tendo essa destruição ambiental em vista, em 2006, a ONU anunciou, por meio de um relatório, que a pecuária é uma das maiores contribuintes para os problemas ambientais. Dentro do território brasileiro, é possível perceber o crescimento da pecuária conforme o gráfico a seguir:

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Figura 3: Efetivo de rebanho da pecuária nos anos de 1990, 1994, 2000 e 2002

Fonte: MARTINS-COSTA, 2006, p.3

Ao longo dos anos analisados na figura exposta anteriormente, é possível perceber que a pecuária tem se expandindo, principalmente, nas regiões norte e centro-oeste do país. Vale, inclusive, ressaltar em como a região centro-oeste a partir de 1994 ficou com uma quantidade extremamente grande de rebanhos em seu território. Ao mesmo tempo em que essa atividade

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8 econômica vai se consolidando nessas áreas, diversos problemas ambientais também aparecem.

4.1. Emissão de poluentes gasosos

A pecuária contribui para o efeito estufa, por meio da liberação de gases como o metano (CH4), oriundo da fermentação entérica e dos dejetos sólidos dos gados, o óxido nitroso (N2O), que surge graças à utilização de fertilizantes nitrogenados no solo das pastagens, e, por fim, pela produção de dióxido de carbono (CO²). Dentre esses gases, o mais agressivo é o gás metano, tendo em vista que “um dos efeitos da criação bovina sobre o ambiente é a emissão de 35% a 40% de metano, que é 21 vezes mais prejudicial que o gás carbônico” (ALBERTI, 2013, s/p).

Essa produção de CH4, que é naturalmente maior nos animais ruminantes (búfalos, gados bovinos, ovelhas e caprinos), varia conforme a alimentação do gado, sendo ela maior quando ocorre o consumo de pasto e não de uma ração mais concentrada. Assim, percebemos que a alimentação do gado é muito importante. Ademais, outro fator que faz com que a produção de CH4 aumente é o tamanho do gado, já que quanto maior ele for, maior será sua produção desse gás.

De acordo com Martins-Costa (2006, pág 6), um bovino adulto produz em média, ao longo de sua vida, cerca de 80 a 120 quilos de gás metano. Isso é pouco, mas temos que lembrar de multiplicar esse número pelo total desses animais, aproximadamente 1,5 bilhões, que existem no mundo graças à ação humana. Na figura abaixo, em uma escala global, podemos perceber o quanto a criação de ruminantes pela pecuária produz o gás metano que é tão nocivo para o meio-ambiente:

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Figura 4: Atividades que mais produzem gás metano (CH4) no mundo

Fonte: ALBERTI, 2013, s/p

Como é possível ver no gráfico da figura anterior, dentre as três maiores atividades que produzem gás metano, a criação de ruminantes está em primeiro lugar (28%) com uma grande porcentagem de diferença quando comparada com as outras duas atividades que também produzem muito desse gás, sendo elas a queima de gás natural (15%) e a queima de carvão (13%). No Brasil, a produção de CH4 é muito alta, devido, principalmente, ao seu rebanho.

No contexto das emissões mundiais de metano oriundo da fermentação entérica, a pecuária brasileira é uma importante fonte emissora, dado o tamanho do rebanho brasileiro. De fato, com 166 milhões de cabeças (ANUALPEC, 2002), o Brasil apresenta o maior rebanho comercial do mundo, sendo que, desse total, 129 milhões de cabeças são de bovinos de corte (MARTINS-COSTA, 2006, pág. 6).

Tendo isso em vista, em 2015, no território brasileiro, a agropecuária foi a terceira maior produtora de gases nocivos ao meio ambiente, estando apenas atrás do setor do uso de terra e do setor de energia, sendo responsável assim por 22% das emissões de gases poluentes. Dentro desse setor da agropecuária, a pecuária foi responsável por 56,4% da produção desses gases, logo contribuiu de maneira expressiva para a intensificação do Efeito Estufa e, consequentemente, para o Aquecimento Global, conforme o Observatório do Clima (2016, s/p). No Brasil, conforme podemos ver na figura a seguir, o maior crescimento da produção de metano encontra-se na região norte e centro-oeste, sendo a região centro-oeste a que mais produz esse gás:

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Figura 5: Crescimento da produção de gás metano nas regiões brasileiras de 1987 a 2002

Fonte: MARTINS-COSTA, 2006, p.10

De acordo com o jornal O Globo, um novo estudo do Chatham House, o Real Instituto de Relações Internacionais do Reino Unido, indica que cerca de 15% dos poluentes que levam ao aquecimento global são provenientes da pecuária. Dessa forma, podemos perceber o quanto que a pecuária afeta o meio ambiente de maneira negativa também nesse aspecto.

Além da produção desses gases por parte da criação dos gados, a pecuária é responsável pela produção de gases que aumentam o efeito estufa quando ocorrem as queimadas e também por diminuir a absorção de gases, como CO², que poderiam ser feitas pelo próprio ambiente. No território brasileiro, a região norte e a centro-oeste são as que estão mais sofrendo com essas ações.

4.2. Poluição e uso dos recursos hídricos

De acordo com Alberti (2013, s/p), a pecuária acaba sendo responsável por 8% do consumo de água de todo o planeta. Além disso, principalmente, nos rios e nos lagos, ela causa o assoreamento, acúmulo de sedimentos e também a contaminação dos recursos hídricos por meio dos pesticidas, dos hormônios, dos fertilizantes usados na produção das rações para os gados e pelos dejetos animais (“conjunto de fezes, urina, água desperdiçada dos bebedouros, água de higienização e resíduos de ração, resultantes do processo de criação intensiva dos animais” (SILVA; SILVA; PIRES, 2014, p.3629)). Para uma melhor

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11 compreensão, segue abaixo uma figura que expões a média da quantidade de dejetos produzidos pelos animais que estão inseridos na pecuária:

Figura 6: Média da quantidade de dejetos animais produzidos por cada animal da pecuária

Fonte: SILVA; SILVA; PIRES, 2014, p.3629

Todas essas causas acabam fazendo com que ocorram inundações, destruição do ecossisstema aquático, problemas na reprodução das espécies tanto marinhas, quanto terrestres e, por fim, a poluição dos rios, lagos e até mesmo de aquíferos. Ademais, o ciclo da água é afetado, a partir do momento em que a cobertura vegetal é retirada, por meio da pastagem dos rebanhos dos animais, tornando a infiltração e o armazenamento da água no solo mais difícil.

Vale ressaltar que, não são só os animais e as plantas que acabam sofrendo com a poluição dos recursos hídricos, os seres humanos também são afetados. É importante salientar que diversas pessoas vivem ao lado de rios e precisam de seu recurso hídrico para garantia de necessidades básicas como beber, conseguir comida, por meio da pesca, fazer comida, e até mesmo para tomar banho.

Além da poluição dos recursos hídricos, ocorre também um grande uso de água durante as diversas etapas da pecuária, tais como,

[...] na produção de insumos, dessedentação dos animais, produção dos alimentos, na higienização das instalações, serve como veículo de retirada dos resíduos (fezes, urinas, restos de alimentos e camas) no abate de animais e no processamento dos produtos de origem animal (PALHARES, 2012, apud SILVA; SILVA; PIRES, 2014, p. 3625).

De acordo com as autoras Silva, Silva e Pires, uma vaca leiteira consome entre 38 a 110 litros de água por dia. No entanto, no Brasil, devido às condições climáticas e, até mesmo, por causa da infraestrutura da atividade pecuária leiteira, uma vaca localizada em território

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12 brasileiro não chega a consumir tudo isso, conforme podemos ver no gráfico a seguir:

Figura 7: Consumo médio de água, em litros, na pecuária leiteira

Fonte: SILVA; SILVA; PIRES, 2014, p. 3626

Além desse consumo de água por parte das vacas leiteiras, ainda de acordo com Silva, Silva e Pires, um boi consome em média 60 litros, uma porca em fase de lactação consome até 32 litros e um galo consome 0,2 litros de água por dia no Brasil. Esse dados podem parecer poucos, mas quando multiplicamos esses litros de água que cada animal consome pela sua quantidade no setor da pecuária brasileira, o número será gigantesco. Além dessa quantidade enorme de água consumida, de acordo com o documentário Cowspiracy (2014), dirigido por Kip Andersen e Keegan Kuhn, para a produção de apenas um simples hambúrguer é utilizado 2500 litros de água, o equivalente a dois meses de água utilizada em banhos por uma pessoa adulta. Dessa forma, podemos perceber que a pecuária brasileira acaba, além de poluir, utilizando muitos recursos hídricos. Logo, sem um maior controle sobre as ações da pecuária, os rios, lagos e lençóis freáticos podem acabar sofrendo muito, seja por meio do seu esgotamento, ou por meio da poluição causada por essa atividade.

4.3. Desmatamento

A maior parte da expansão pecuaria ocorre quando o solo, antes ocupado por ela, já não possui mais tanta produtividade ou não consegue comportar mais a quantidade desejada de animais. Dessa forma, para o proprietário dessa terra vale mais a pena expandir seus latifúndios. Graças à maior redução dos custos dos transportes e à baixa necessidade de investimentos de capitais, fazer essa expansão tornou-se algo que gera lucro mesmo estando mais longe dos grandes centros consumidores. No entanto, essa ação faz com que diversos biomas e habitas naturais sejam destruídos. No Brasil, a pecuária é responsável por grande

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13 parte do desmatamento brasileiro, tendo em vista que existem territórios ocupados por essa atividade, como por exemplo a Amazônia Legal, Pantanal e o Cerrado, sendo mais afetados negativamente conforme essa atividade aumenta. Nesse artigo, a Amazônia e sua relação com a a pecuária é que será analisada.

Na Amazônia, tendo em vista, principalmente, a pecuária, o desmatamento da região foi aumentanto, conforme podemos perceber no gráfico seguinte, em que é possível ver que os demais municípios dos Estados da região que abrangem a Amazônia Legal estão dando espaço à atividade pecuária e outras do agronegócio:

Figura 8: Percentual de desmatamento por parte dos municípios na região da Amazônia Legal

Fonte: RIVERO et al, 2009, p. 46

Os Estados do Pará, do Mato Grosso, de Rondônia, do Maranhão e de Tocantins concentram o maior número de municípios com áreas desmatadas, sendo elas acima de 80%. Enquanto que, o Sudeste Paraense, o Sul do Mato Grosso, o Centro de Rondônia, o Leste do Maranhão e o Norte do Tocantins têm a maior parte da sua área já desmatada (RIVERO et al, 2009, p. 48). É possível perceber que ao longo dos anos a área desmatada só vai aumentando, embora políticas contra o desmatamento tentem diminuir isso.

Vale ressaltar que essas áreas aumentam não somente pelos baixos custos nos transportes e na aquisição de terras da região, mas também por causa da demanda internacional e doméstica dos produtos oriundos da pecuária brasileira. Logo, ter uma maior produção de animais e, consequentemente, um maior terreno se torna necessário para o proprietário que se importa mais com o seu lucro do que com o efeitos negativos que serão gerados ao meio ambiente. O que acaba explicando o porquê o crescimento dessa atividade ocorreu, conforme citada por Rivero et al a seguir.

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14 De 1990 a 2006, o rebanho bovino, cresceu a uma taxa de 6,74% ao ano¹,[...], enquanto no resto do Brasil o crescimento médio do rebanho foi de 0,57% ao ano¹. Com essas taxas, segundo os dados da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE, o rebanho cresceu de 26 milhões de cabeças em 1990 para 73,7 milhões em 2006, mais de 180% em 16 anos ( RIVERO et al, 2009, 57 p).

Além disso, como o Brasil não tem uma infraestrutura de análise da qualidade da carne muito rigorosa e também não possui uma restrição sanitária forte, a produção de carne é mais fácil e, por causa da demanda interna, acaba se expandindo. Logo, essas situações também podem explicar o aumento das cabeças dos rebanhos brasileiros. Podemos perceber que o crescimento dos rebanhos bovinos está em constante crescimento, já que “a participação do rebanho bovino da Amazônia Legal no total do rebanho brasileiro subiu de 17,85% em 1990 para 36,01% em 2005” (RIVERO et al, 2009, 61 p), conforme na figura abaixo:

Figura 5: Variação percentual do rebanho bovino na Amazônia Legal e Brasil

Fonte: RIVERO et al, 2009, p.62

Podemos perceber ao analisar os dados trazidos pela figura de Rivero et al, que durante os anos de 1991 a 2005 o crescimento dos rebanhos bovinos sempre teve uma maior porcentagem na área da Amazônia Legal quando comparada com o resto do Brasil. Muito disso se deve ao fato de que na região norte se tem muitos territórios que não estão ocupados por nenhuma atividade econômica ou por cidades. Assim, a expansão da pecuária para a Amazônia Legal acaba sendo mais simples.

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Figura 6: Aumento da cabeça de gado no Brasil e na Amazônia Legal

Fonte: RIVERO et al, 2009, p. 62

Nessa última figura, é mostrado que mesmo com a Amazônia Legal tendo, ao longo dos anos analisados anteriormente, uma maior porcentagem no aumento dos rebanhos bovinos, ela ainda não tem o maior número de cabeça de gado do que o resto de todo o território brasileiro. Ademais, se torna nítido que, caso esse crescimento continuar, um dia a quantidade existente na Amazônia Legal será maior do que em todo o Brasil. Essa possibilidade pode ser positiva para a pecuária, o agronegócio, para os donos de latifúndios e até mesmo para diversos políticos brasileiros ligados com a pecuária, no entanto a devastação ambiental que a região sofrerá será enorme, irreparável e incomparável com o lucro que essas pessoas irão produzir para o país e, principalmente, para elas mesmas. Esse aumento acaba tendo uma imagem ainda mais negativa quando, de acordo com o documentário americano Cowspiracy (2014), 91% da devastação que ocorre na Amazônia é causada pela expansão das atividades econômicas que utilizam animais.

5. Considerações Finais

Ao longo desse artigo foi possível perceber a importância da pecuária para a economia, o crescimento econômico e o provável desenvolvimento que o Brasil pode obter com essa atividade, principalmente, graças ao grande consumo interno e ao consumo, que tem previsão para aumentar ao longo dos anos, internacional da carne produzida no território brasileiro. Além disso, foi demonstrada a importância da pecuária dentro da economia brasileira, tendo em vista a sua alta contribuição para o PIB brasileiro dentro do setor do agronegócio.

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16 Pode-se dizer que com o crescimento dessa atividade, diversos setores da sociedade serão beneficiados, tanto como os da área da ciência que trabalham para conseguir melhores condições e produtividade da atividade pecuária, quanto para as pessoas que consiguirão trabalhos e, assim, uma renda para seu sustento. Além disso, essa atividade poderá chegar a causar um maior desenvolvimento nas regiões em que ela já está consolidada com o passar dos anos.

Embora perspectivas positivas surjam com o aumento dessa atividade dentro do território brasileiro, muitos pontos negativos surgem graças a essa atividade. Dentro do território brasileiro, diversas regiões como o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia sofrem cada vez mais devastações feitas pela atividade pecuária. Devastações, essas, tão grandes que englobam perda da biodiversidade, de biomas, de habitats, a extinção de plantas e animais, ou seja que incluem a destruição da vida.

Ressaltando que, além da destruição dessas regiões, a pecuária acaba poluindo e destruindo a biodiversidade da grande maioria dos recursos hídricos naturais brasileiros que cruzam o seu caminho. Principalmente, devido à sua incapacidade de enviar os seus dejetos a locais adequados e de utilizar produtos mais ecologicamente corretos sem, por exemplo, hormônios demais na alimentação de seus animais. Ademais, vale salientar as enormes quantidades de água utilizada e de gás metano produzido por esse setor do agronegócio.

Tendo em vista esses fatos, é necessário fazer um balança que pese os pontos positivos e negativos que a pecuária gera para o Brasil. Embora, a ideia de crescimento econômico de maneira mais fácil, em detrimento do meio ambiente, seja tentadora para diversos proprietários de latifúndios e, até mesmo, grandes políticos é preciso compreender que o quê anda de mãos dadas com esse crescimento é a destruição do meio ambiente.

Caso o crescimento da pecuária continue da mesma maneira que está atualmente, o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores de carne do mundo. Mas, ao mesmo tempo, será um dos países que mais desmata, polui recursos hídricos e produz gás metano em todo o globo. Portanto, caso mesmo com os pontos negativos expostos o aumento da pecuária continue sendo interessante, é preciso que, para se conseguir um crescimento dessa atividade de maneira sustentável, tenha-se a criação de políticas públicas eficazes que garantam que o meio ambiente não será afetado negativemente em uma proporção muito grande. Dessa forma, essas políticas públicas deverão ser cobradas, principalmente, pela população e deverão ter

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17 um viés menos econômico e mais ecológico, para assim garantirem que o meio ambiente brasileiro não será tão afetado, negativamente, pela pecuária em um curto período de tempo.

No final desse artigo, pode-se concluir que o problema de pesquisa foi alcançado e que a hipótese foi comprovada, tendo em vista que foi demonstrado como se dá a relação entre a pecuária e o meio ambiente brasileiro e foi-se demonstrado os impactos ambientais negativos promovidos por essa atividade econômica.

REFERÊNCIAS

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Referências

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