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Cristiane Ramos Justen

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Academic year: 2021

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Cristiane Ramos Justen

Inovação Tecnológica no setor elétrico brasileiro:

contribuições para a Avaliação do Programa de P&D

regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel)

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Metrologia (Área de

concentração: Metrologia para Qualidade e

Inovação) da PUC-Rio.

Orientadora: Profa Maria Fatima Ludovico de Almeida

Co-Orientador: Prof.Reinaldo Castro Souza

Rio de Janeiro Abril de 2016 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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Cristiane Ramos Justen

Inovação Tecnológica no setor elétrico brasileiro:

contribuições para a Avaliação do Programa de P&D

regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel)

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de

Pós-Graduação em Metrologia (Área de

concentração: Metrologia para Qualidade e

Inovação) da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Prof.ª Maria Fatima Ludovico de Almeida

Orientadora Programa de Pós-Graduação em Metrologia – PUC-Rio

Prof. Reinaldo Castro Souza

Co-orientador Programa de Pós-Graduação em Metrologia – PUC-Rio

Prof. José Francisco Moreira Pessanha

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Prof. Rodrigo Flora Calili

Departamento de Engenharia Elétrica – PUC-Rio

Prof. Marcio da Silveira Carvalho

Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico – PUC-Rio Rio de Janeiro, 15 de abril de 2016

PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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CDD: 389.1 de seus orientadores.

Cristiane Ramos Justen

Bacharel em Estatística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2009. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Metrologia para Qualidade e Inovação da PUC-Rio.

Ficha Catalográfica

Justen, Cristiane Ramos

Inovação tecnológica no setor elétrico brasileiro : contribuições para a avaliação do Programa de P&D regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) / Cristiane Ramos Justen ; orientadora: Maria Fatima Ludovico de Almeida; co-orientador: Reinaldo Castro Souza. – 2016.

104 f. ; 30 cm

Dissertação (mestrado)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Centro Técnico Científico, Programa de Pós-Graduação em Metrologia para a Qualidade e Inovação, 2016.

Inclui bibliografia

1. Metrologia – Teses. 2. Sistemas setoriais de inovação. 3 Setor elétrico brasileiro. 4. Programas de P&D. 5. Aneel. 6. Pintec. I. Almeida, Maria Fatima Ludovico de. II. Souza, Reinaldo Castro. III. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Centro Técnico Científico. Programa de Pós-Graduação em Metrologia para a Qualidade e Inovação. IV. Título.

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A Deus, primeiramente, por tudo que tem feito por mim.

À minha orientadora Professora Maria Fatima Ludovico de Almeida e ao meu co-orientador Professor Reinaldo Castro Souza, que estiveram sempre ao meu lado, me dando apoio e ensinamentos ao longo de todo o curso de mestrado. Tenho profunda gratidão e serão sempre lembrados por mim.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Metrologia para Qualidade e Inovação (Pós-MQI) e às funcionárias e amigas Márcia e Paula.

À PUC-Rio e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelos auxílios concedidos durante o mestrado.

À Gerência da Pesquisa de Inovação (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e em especial a Filippe Gustavo de Sousa Reis, pelo suporte na etapa de coleta de dados.

À Universidade do Estado do Rio de Janeiro e aos grandes mestres que passaram por minha vida acadêmica, como o Professor José Francisco Peçanha, a Professora Mariane Branco Alves e o Professor Ricardo José Accioly Melo.

Aos amigos do Pós-MQI, que me serviram de exemplo e sempre estiveram por perto, posso dizer que o curso de mestrado em Metrologia da PUC-Rio é uma verdadeira família.

Aos meus pais, Neide e Júlio, tão importantes na minha vida. Também aos meus irmãos que sempre estiveram por perto, de alguma forma.

Ao meu marido, Luiz Gonzaga e à minha filha Manuela. Manuela é minha maior incentivadora e meu amor maior.

A minha amiga e sogra Suely, por tanto que me ajudou, assim como minha avó de coração Alayde (in memoriam).

E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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Justen, Cristiane Ramos; Almeida, Maria Fatima Ludovico de (Orientadora); Souza, Reinaldo Castro (Co-orientador). Inovação tecnológica no setor

elétrico brasileiro: contribuições para a avaliação do Programa de P&D regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Rio de

Janeiro, 2016. 104 p. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Metrologia. Área de concentração: Metrologia para Qualidade e Inovação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

O objetivo da dissertação é explorar o potencial de utilização de indicadores de inovação de empresas do setor elétrico participantes do Programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e respondentes da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) de 2011, visando ao aperfeiçoamento das práticas de monitoramento e avaliação (MA) que vêm sendo adotadas pela Coordenação do Programa. Considera-se que os resultados desta pesquisa propiciarão à Aneel uma oportunidade de refinamento do processo de monitoramento e avaliação de seu Programa, ao disponibilizar indicadores complementares de P&D e inovação (PD&I), baseados em dados trienais da Pintec. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser considerada descritiva, explicativa e aplicada. A partir da seleção da fonte primária de dados – Pintec do IBGE – definiu-se a grade de análise da pesquisa e o plano tabular para solicitação da tabulação especial da Pintec 2011, incluindo a relação das empresas participantes do Programa. Buscou-se correlacionar as variáveis da Pintec com os critérios de avaliação adotados pela Aneel. Destaca-se como principal resultado um conjunto de indicadores de PD&I referentes às empresas participantes do Programa de P&D da Aneel, em complementação àqueles que vêm sendo considerados nas atuais práticas de monitoramento e

avaliação (MA) conduzidas pela Coordenação do referido Programa.

Palavras-chave

Metrologia; sistemas setoriais de inovação; setor elétrico brasileiro; programas de P&D; Aneel; Pintec.

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Justen, Cristiane Ramos; Almeida, Maria Fatima Ludovico de (Advisor); Souza, Reinaldo Castro (Co-advisor). Technological innovation in the

Brazilian electricity sector: contributions for the evaluation of the R&D Program regulated by the Brazilian Electricity Regulatory Agency (Aneel). Rio de Janeiro, 2016. 104 p. MSc. Dissertation – Programa de

Pós-Graduação em Metrologia. Área de concentração: Metrologia para Qualidade e Inovação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

The aim of the dissertation is to explore the potential use of innovation indicators of the electricity firms participants in the R&D Program of the Electricity Regulatory Agency (Aneel) and also respondents of the Brazilian Innovation Survey (Pintec) 2011, aiming to improve the monitoring and evaluation practices (MA) that have been adopted by the Program Coordination. It is assumed that the results of this dissertation can contribute to the continuous improvement of the monitoring and evaluation process focusing on Aneel’s R&D Program, by providing complementary R&D and innovation indicators based on triennial Pintec surveys. This research can be classified as descriptive, explanatory and applied. From the structure of the Brazilian Survey of Technological Innovation (Pintec), the research analytical framework and the tabular plan for data collection and special tabulation were established, including the list of companies participating in the Aneel’s R&D Program. An attempt was made to correlate the Pintec’s variables with the evaluation criteria adopted by Aneel. The main result is a set of R&D and innovation (RD&I) indicators associated with the innovative performance of these companies, complementing those that have been considered in the current monitoring and evaluation (ME) practices carried out by the Program Coordination.

Keywords

Metrology; sectorial innovation systems; Brazilian electricity sector; R&D programs; Aneel; Pintec.

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1. Introdução... 13

1.1 Definição do problema de pesquisa... 16

1.2 Objetivos: geral e específicos... 17

1.3 Motivação... 18

1.4 Metodologia... 18

1.4.1 Fase exploratória... 19

1.4.2 Fase de pesquisa aplicada... 20

1.4.3 Fase conclusivo-propositiva... 21

1.5 Estrutura da dissertação... 21

2. Inovação tecnológica e sistemas de inovação... 23

2.1 Conceitos básicos de inovação... 23

2.2 Conceitos básicos de sistemas de inovação... 27

2.3 Sistemas setoriais de inovação... 27

2.3.1 Conhecimento, processo de aprendizado e tecnologia... 28

2.3.2 Atores e redes... 29

2.3.3 Instituições... 29

2.4 Indicadores nacionais de CT&I: abordagens conceituais e evidências empíricas... 30

2.5 Considerações finais sobre o capítulo... 33

3. Monitoramento e avaliação de programas governamentais... 34

3.1 Conceitos básicos de monitoramento e avaliação... 34

3.2 Monitoramento e avaliação de programas governamentais... 38

3.3 Modelo lógico para definição de indicadores de MA de programas governamentais... 40

3.3.1 Análises para testes de modelos lógicos... 40

3.3.2 Definição de indicadores de MA segundo modelo lógico... 42

3.4 Monitoramento e avaliação de programas de P,D&I... 42

3.5 Considerações finais sobre o capítulo... 43

4. Setor elétrico brasileiro e o Programa de P&D Tecnológico da Aneel... 44

4.1 Breve histórico do setor elétrico brasileiro... 44

4.2 O sistema de inovação do setor elétrico brasileiro... 47

4.2.1 Conhecimento, processo de aprendizado e tecnologia... 47

4.2.2 Atores e redes... 48

4.2.3 Instituições... 49

4.3 O Programa de P&D Tecnológico da Aneel... 50

4.3.1 Manual do Programa de P&D Tecnológico da Aneel... 53

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(8)

recentes... 57

4.5 Considerações finais sobre o capítulo... 58

5. Indicadores de inovação das empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel... 60

5.1 Definição do objeto da pesquisa... 60

5.2 Empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel... 60

5.3 Pintec 2011 como fonte primária de dados... 62

5.4 Definição da grade analítica... 65

5.4.1 Tipos de inovação... 65

5.4.2 Atividades inovativas... 65

5.4.3 Impactos das inovações... 67

5.4.4 Problemas e obstáculos... 67

5.5 Categorias das variáveis da Pintec vinculadas aos critérios de avaliação adotados pela Aneel... 68

5.6 Coleta e formatação dos dados... 70

5.7 Perfil das empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel... 71

5.8 Resultados referentes à originalidade e à inovação de produto e/ou processo... 72

5.9 Resultados referentes a atividades inovativas... 73

5.10 Resultados referentes a impactos das inovações... 75

5.11 Resultados referentes a problemas e obstáculos à inovação... 77

5.12 Considerações finais sobre o capítulo... 78

6. Conclusões e recomendações... 80

Referências bibliográficas... 84

Apêndice 1 – Plano tabular para solicitação ao IBGE... 92

Apêndice 2 – Tabulação especial da Pintec 2011 fornecida pelo IBGE... 96

Apêndice 3 – Relação de empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel para a tabulação especial da Pintec 2011... 100 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

(9)

Figura 1.1 - Desenho da pesquisa, seus componentes e métodos... 19

Figura 1.2 - Mapa conceitual da pesquisa... 20

Figura 3.1 - Etapas da construção de um painel de monitoramento... 39

Figura 3.2 - Estrutura lógica de um programa... 42

Figura 4.1 - Representação esquemática do sistema de inovação do setor elétrico brasileiro... 49

Figura 4.2 - Arranjo institucional da Aneel para o Programa de P&D Tecnológico do Setor de Energia Elétrica... 52

Figura 4.3 - Fluxograma de avaliação final dos projetos de P&D pela Aneel... 57

Figura 5.1 - Estrutura lógica do questionário da Pintec 2011... 63

Figura 5.2 - Distribuição percentual das empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel, segundo ramo de atividade... 72

Figura 5.3 - Percepção da importância das atividades inovativas pelas empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel, que implementaram inovações de produto ou processo... 74

Figura 5.4 - Percepção da importância dos impactos das inovações pelas empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel, que implementaram inovações de produto ou processo... 76

Figura 5.5 - Percepção da importância dos problemas e obstáculos enfrentados pelas empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel... 78 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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Quadro 5.1 - Grade de análise com base na estrutura da Pintec 2011... 64 Quadro 5.2 - Vínculos entre categorias de variáveis da Pintec e os critérios de

avaliação dos projetos de P&D adotados pela

Aneel... 69 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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Tabela 4.1 - Regras para investimentos em P&D e eficiência energética pelas empresas do setor elétrico brasileiro... 51 Tabela 4.2 - Conceito do projeto de P&D em função da nota atribuída pela

Aneel... 56 Tabela 5.1 - Empresas participantes da Pintec 2011, por atividade e por

estrato... 63 Tabela 5.2 - Ramos de atividades das empresas participantes do Programa

de P&D Tecnológico da Aneel ... 71 Tabela 5.3 - Taxa de inovação das empresas participantes do Programa de

P&D Tecnológico da Aneel por estrato: 2000 – 2011... 72 Tabela 5.4 - Síntese dos resultados e confirmação dos vínculos entre

indicadores da Pintec 2011 e os critérios de avaliação adotados pela Aneel... 79 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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ABCE - Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento

Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEMPRE - Cadastro Central de Empresas

CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CIS - Community Innovation Survey

CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

C&T - Ciência e Tecnologia

Cesp - Companhia Energética de São Paulo CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco Coelba - Companhia de Eletricidade, do Estado da Bahia

C,T&I - Ciência, Tecnologia e Inovação EE - Eficiência Energética

Finep - Financiadora de Estudos e Projetos

FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICT - Instituições Científicas e Tecnológicas IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MA - Monitoramento e Avaliação

MME - Ministério de Minas e Energia NIT - Núcleo de Inovação Tecnológica

OECD - Organization for Economic Cooperation and Development P,D&I - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

P&D - Pesquisa e Desenvolvimento Pintec - Pesquisa de Inovação

PósMQI - Programa de Pós Graduação em Metrologia da PUC-Rio PUC-Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PIB - Produto Interno Bruto

ROL - Renda Operacional Líquida SEB - Setor Elétrico Brasileiro

SSI - Sistemas Setoriais de Inovação

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Introdução

As atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) têm sido um tema cada vez mais presente na agenda de políticas públicas no Brasil. Em particular no setor elétrico, o estímulo às atividades de PD&I é amparado pela Lei nº 9.991/2000, de 24 de julho de 2000. Dentre outras providências, essa Lei estabelece que as empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do serviço público de energia elétrica têm que aplicar, anualmente, o montante de no mínimo setenta e cinco centésimos por cento de sua receita operacional líquida em pesquisa e desenvolvimento e, no mínimo, vinte e cinco centésimos por cento em programas de eficiência energética no uso final.

No âmbito deste marco legal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) institucionalizou o “Programa de P&D Tecnológico do Setor de Energia Elétrica”, com o objetivo engajar as empresas do setor em atividades de inovação, que lhes permitam enfrentar seus desafios tecnológicos e de mercado. O Programa contempla projetos destinados à capacitação e ao desenvolvimento tecnológico das empresas de energia elétrica, visando à geração de novos processos ou produtos ou ao aprimoramento de suas características. Esses projetos devem ser gerenciados pelas empresas, segundo uma estrutura própria e permanente de gestão tecnológica, em conformidade com a Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000 (Aneel, 2008).

A título de ilustração, somente em 2012, foram submetidos à Aneel 489 novos projetos de P&D, com custo estimado de desenvolvimento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Além desses, mais 23 projetos de P&D Estratégico, com investimentos estimados em cerca de R$ 445 milhões.

Face aos elevados investimentos que vêm sendo realizados em P&D no setor elétrico brasileiro, tornou-se muito importante a geração de indicadores, que apontem a produtividade e a eficiência dos projetos desenvolvidos (Thomas et al., 2011). Apesar da relevância do tema, existe ainda um número limitado de

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publicações que focalizam a análise das características, resultados e impactos do referido Programa.

De fato, apesar de todos os esforços para promoção da inovação no setor elétrico brasileiro, pouco ainda se conhece sobre os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas que participam do Programa de P&D regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e os principais problemas e obstáculos por elas enfrentados. Destacam-se, no entanto, dois estudos que constituíram pontos de partida e motivaram a pesquisa aqui reportada: o estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada em 2011, intitulado “Inovação Tecnológica no Setor Elétrico Brasileiro – uma avaliação do Programa de P&D regulado da Aneel” (Ipea, 2011) e, mais recentemente, o estudo realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) sobre os obstáculos e desafios no processo de P&D e produção da inovação no Setor Elétrico Brasileiro (SEB) para responder a uma demanda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) (CGEE, 2015).

O primeiro estudo foi resultado de um convênio estabelecido em 2010 entre a Aneel e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com o objetivo de avaliar a abrangência da rede de pesquisa formada pelo Programa e seus impactos de natureza quantitativa e qualitativa. O desenvolvimento do estudo abrangeu: (i) análise da rede de pesquisa formada pelo Programa; (ii) análise das tendências de inovação no setor elétrico; e (iii) análise dos impactos econômicos e tecnológicos do Programa sobre as empresas e os recursos humanos participantes; e (iv) análise dos impactos qualitativos dos projetos sobre as empresas e as instituições de pesquisa envolvidas (Pompermayer et al., 2011).

Mais recentemente, no ano de 2015, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a participação da Aneel como interveniente, solicitou ao Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) o desenvolvimento de um estudo para identificar os obstáculos à inovação no setor de energia elétrica nacional e propor o aprimoramento de políticas públicas e regulação voltada para a inovação neste setor.

Segundo o CGEE (2015), esse estudo teve início com um entendimento sobre a dinâmica da inovação e o fluxo de recursos destinados às atividades de PD&I no setor de energia elétrica. Na sequência, em conjunto com representantes

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do governo federal, de instituições de C&T e de empresas do setor elétrico e fornecedores, foram identificadas as principais dificuldades para inovar e estruturadas recomendações para minimizar ou eliminar os problemas diagnosticados, incluindo algumas proposições de caráter estruturante.

Cabe destacar que as metodologias adotadas pelo IPEA e pelo CGEE não incluíram a utilização de dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), particularmente no que se refere à variável “Problemas e Obstáculos à Inovação” (questões 174 a 187 da Pintec 2011).

Sendo assim, a presente pesquisa busca contribuir para o avanço do conhecimento empírico sobre a dinâmica de inovação das empresas participantes do Programa de P&D regulado pela Aneel, com base nos indicadores da Pintec 2011.

O IBGE, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vem realizando desde 2000 a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), com o objetivo de construir indicadores setoriais nacionais das atividades de inovação das empresas brasileiras, comparáveis com as informações de outros países. Especificamente, focaliza os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, as estratégias adotadas, os esforços empreendidos, os incentivos e os principais problemas e obstáculos.

Os resultados agregados da Pintec permitem às empresas avaliar o seu desempenho em relação às médias setoriais; às entidades de classe, analisar as características setoriais da inovação; e aos órgãos governamentais, desenvolver e avaliar políticas nacionais e regionais. Particularmente, no caso da Aneel, propiciam novos indicadores de inovação complementares àqueles gerados pelas atividades de monitoramento e avaliação (MA) do Programa de P&D pela Aneel. Nesse contexto, o conhecimento e análise dos indicadores das atividades inovativas e impactos das inovações geradas pelas empresas que participam do Programa de P&D da Aneel e que responderam à Pintec 2011 poderão contribuir para o aperfeiçoamento dos procedimentos de avaliação do Programa de P&D da Aneel. Especificamente, os indicadores da Pintec selecionados para a presente pesquisa referem-se às seguintes variáveis da Pintec: (i) tipos de inovação; (ii)

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atividades inovativas; (iii) impactos das inovações; e (viii) problemas e obstáculos à inovação.

1.1.

Definição do problema de pesquisa

Considerando a oportunidade de se obter e analisar indicadores de inovação de empresas do setor elétrico participantes do Programa de P&D Tecnológico da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que responderam à Pintec 2011, e explorar o potencial de sua utilização para o aperfeiçoamento das práticas de monitoramento e avaliação (MA) que vêm sendo adotadas pela Coordenação do Programa, a questão principal da dissertação é:

“Em que medida os indicadores Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) do IBGE, referentes às empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel, poderão complementar as atividades de monitoramento e avaliação (MA) que vêm sendo praticadas pela Coordenação do Programa?”.

No seu desenvolvimento, a dissertação busca responder questões específicas, formuladas em função da estrutura lógica da Pesquisa de Inovação Tecnológica 2011 (IBGE, 2013) e dos critérios adotados pela Aneel para avaliar os projetos de P&D, a saber:

• Q1: Dentre as categorias associadas às variáveis da Pintec 2011, quais são as que estão fortemente vinculadas a um ou mais critérios de avaliação dos projetos do Programa de P&D Tecnológico regulado pela Aneel?

• Q2: Especificamente quanto ao critério originalidade, quais os tipos de inovação declarados pelas empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel? Produto ou processo? Novo para a empresa? Novo para o mercado nacional?

• Q3: Como as empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico

da Aneel que inovaram percebem a importância das atividades inovativas, conforme tipologia definida pela Pintec 2011?

• Q4: Qual a importância atribuída pelas empresas inovadoras participantes

do Programa de P&D Tecnológico da Aneel aos impactos das inovações, especialmente àqueles mais fortemente vinculados aos critérios de avaliação adotados pela Aneel?

• Q5: Quais os principais problemas e obstáculos considerados pelas

empresas participantes do Programa de P&D da Aneel, como fatores

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limitantes às suas atividades inovativas? Há diferença entre os padrões de resposta das empresas que implementaram inovações das que não implementaram?

1.2.

Objetivos: geral e específicos

O objetivo geral da pesquisa é explorar o potencial de utilização de indicadores de inovação de empresas do setor elétrico participantes do Programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e respondentes da Pintec 2011, visando ao aperfeiçoamento das práticas de monitoramento e avaliação (MA) que vêm sendo adotadas pela Coordenação do Programa.

Para alcançar o objetivo geral, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos:

• Identificar e analisar as contribuições dos referenciais teóricos sobre sistemas de inovação e monitoramento e avaliação de programas governamentais, para fins do desenvolvimento da fase aplicada da pesquisa;

• Identificar quais categorias associadas às variáveis selecionadas da Pintec

2011 se encontram vinculadas a um ou mais critérios de avaliação dos

projetos do Programa de P&D regulado pela Aneel1;

• Especificamente quanto ao critério “Originalidade” definido pela Aneel,

identificar quais os tipos de inovação que foram declarados pelas empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Agência;

• Analisar o grau de importância que as empresas participantes do

Programa de P&D Tecnológico da Aneel (que inovaram) atribuíram às atividades inovativas, conforme tipologia definida pela Pintec 2011;

• Analisar o grau de importância que as empresas participantes do

Programa de P&D da Aneel (que inovaram) atribuíram aos impactos das inovações relacionados aos critérios de avaliação do Programa de P&D da Aneel;

• Identificar os problemas e obstáculos considerados pelas empresas em

foco como fatores limitantes às suas atividades inovativas.

1

O Programa de P&D Tecnológico do Setor Elétrico regulado pela Aneel tem como unidade de análise os Projetos de P&D.

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1.3.

Motivação

Na perspectiva de aperfeiçoamento das políticas públicas de CT&I para o setor elétrico adotadas hoje no país, considera-se que os resultados desta pesquisa propiciarão à Aneel uma oportunidade de refinamento do processo de monitoramento e avaliação de seu Programa de P&D, ao disponibilizar indicadores complementares de P&D e inovação, baseados em dados trienais da Pintec. Adicionalmente, os resultados da pesquisa poderão complementar análises de estudos anteriores, mediante a utilização de tabulações especiais da Pintec solicitadas ao IBGE, em conjunto com informações da própria base de dados do Programa de P&D da Aneel. Exemplos desses estudos incluem os mencionados no início deste capítulo.

Cabe destacar que pesquisas e trabalhos anteriores a esta dissertação utilizaram questionários próprios aplicados a gerentes de P&D das empresas alvo e outros atores do setor elétrico. Não foram identificados trabalhos referentes a essa temática que utilizaram a Pintec como fonte de dados, o que confere originalidade a esta pesquisa.

1.4.

Metodologia

Quanto aos fins, a pesquisa pode ser considerada descritiva, explicativa e aplicada, segundo classificação de Vergara (2002; 2005). Quanto aos meios de investigação, a metodologia compreende: (i) pesquisa bibliográfica e documental sobre os temas centrais da dissertação; (ii) definição do objeto do estudo; seleção da fonte primária de dados – Pintec do IBGE – e estabelecimento da grade de análise da pesquisa; (iii) elaboração do plano tabular para solicitação ao IBGE de tabulação especial da Pintec 2011, incluindo a relação das empresas participantes do Programa; (iv) análise e discussão dos resultados; e (v) formulação das conclusões da pesquisa e recomendações para a Aneel e para estudos futuros

A Figura 1.1 apresenta a sequência da pesquisa em suas três grandes fases: (i) exploratória; (ii) pesquisa aplicada; (iii) conclusivo-propositiva.

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Figura 1.1 - Desenho da pesquisa, seus componentes e métodos

Fonte: Elaboração própria.

Descreve-se, a seguir, cada fase da pesquisa, conforme Figura 1.1.

1.4.1.

Fase exploratória

A fase exploratória foi iniciada com uma pesquisa bibliográfica e documental, com o objetivo de levantar artigos científicos e documentos de referência sobre o tema central da pesquisa.

Apresenta-se na Figura 1.2 uma visão geral e esquemática dos resultados desta fase, representada no formato de um mapa conceitual, no qual o tema principal e os subtemas específicos contemplados no referencial teórico são interligados para se responder à questão principal da pesquisa (definida no item 1.1).

O referencial teórico serviu como orientação conceitual, compondo o vocabulário especializado e organizando o conhecimento em conceitos estruturados. Particularmente, a construção do marco teórico fundamentou a definição da grade de análise da pesquisa e a discussão sobre a importância da inovação nas empresas do Programa de P&D Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, segundo uma abordagem estruturada e alinhada aos conceitos básicos

Conceituação de inovação tecnológica e sistemas de Inovação Pesquisa bibliográfica e documental Definição da grade de análise Pesquisa aplicada: estatística descritiva Solicitação ao IBGE da Tabulação Especial da Pintec 2011 Elaboração das conclusões e recomendações Elaboração das conclusões da pesquisa para as partes interessadas, particularmente Aneel e IBGE

Sugestões para estudos futuros

Fase 1 - Exploratória Fase 2- Pesquisa aplicada Fase 3 – Conclusivo-propositiva

Elaboração da grade de análise segundo Manual

de Oslo e Pintec 2011 Análise estatística descritiva dos dados e discussão dos resultados:

Tipo de inovaçãoAtividades inovativasImpactos da inovaçãoProblemas e obstáculos Conceituação de avaliação de programas governamentais Foco: Programas de PD&I

Elaboração do plano tabular e levantamento das empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel Caracterização do sistema de inovação do setor elétrico no Brasil e do Programa de P&D Tecnológico da Aneel

Identificação dos itens da Pintec 2011, que estão fortemente vinculados aos critérios de avaliação do Programa de P&D da Aneel PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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apresentados no Manual de Oslo (OCDE, 2005) e no documento intitulado Pesquisa de Inovação Pintec 2011, publicado pelo IBGE (IBGE, 2013).

Figura 1.2 – Mapa conceitual da pesquisa

Fonte: Elaboração própria.

1.4.2.

Fase de pesquisa aplicada

Na fase de pesquisa aplicada, foram realizadas as seguintes etapas: (i) levantamento das empresas participantes Programa de P&D tecnológico do setor de energia elétrica, através da lista de gestores disponíveis no site da Aneel (ii) elaboração do plano tabular para solicitação de dados da Pintec 2011 ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes às empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, (iii) recebimento e formatação dos dados da Pintec para posterior análise estatística descritiva; e (iv) análise, interpretação e discussão dos resultados, buscando-se responder às questões enunciadas na seção 1.1 deste capítulo.

Como fonte primária de dados para o estudo, optou-se por utilizar a Pintec 2011, pois o Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) de eletricidade foi inserido somente nessa edição da pesquisa. Os dados das empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel, que responderam às pesquisas Pintec nos anteriores à Pintec 2011 não foram representativos.

A opção de utilização da Pintec deveu-se, sobretudo, à abrangência dessa pesquisa (cobertura nacional) e à possibilidade da Aneel vir a utilizar seus

Inovação tecnológica e sistemas de inovação

• OECD. Manual de Oslo (2005) • Tigre (2006) • Freeman (1982) • Nelson e Winter (1982) • Lundvall (1992) • Carlsson e Stankiewicz (1995) • Edquist e Johnson (1997) • Malerba (2004) • Lundvall e Borrás (2006) Avaliação de programas governamentais de P,D&I • Rood (2013) • The National Academies

(2011)

• Lengrand et al. (2006) • Georghiou e Larédo (2006) • Georghiou (2003)

Setor elétrico brasileiro e o Programa de P&D da Aneel • Aneel (2012) • Pompemayer et al (2011) • IPEA (2012) • Ziviani e Ferreira (2013) • Boer et al. (2014) • CGEE (2015)

Em que medida os indicadores Pesquisa de Inovação Tecnológica

(Pintec) do IBGE, referentes às empresas participantes do Programa

de P&D da Aneel, poderão complementar as atividades de monitoramento e avaliação (MA) que

vêm sendo praticadas pela Coordenação do Programa? Abordagens conceituais e estudos empíricos de M&A: foco em Programas de PD&I Tabulações Especiais da Pintec solicitadas ao IBGE Contexto e objetivos do Programa de P&D da Aneel Monitoramento e avaliação (MA) de programas governamentaisRossi et al. (1998)Wholey et al. (2010)Gorgens e Kusek (2009)

Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009) Kusek e Rist (2009)Imas e Rist (2009) Fundamentos teóricos e Indicadores de CT&I

Pintec como fonte de dados • IBGE (2011) • Fapesp (2005) • Carneiro (2005) Abordagens conceituais de MA de programas governamentais Questão principal da pesquisa Fundamentos teóricos e indicadores de CT&I Abordagens conceituais de MA de programas governamentais Abordagens conceituais e estudos empíricos de MA: foco em programas de PD&I Questão principal da pesquisa Tabulações especiais da Pintec solicitadas ao IBGE Contexto e objetivos do Programa de P&D Tecnológico da Aneel Pintec 2011 como fonte primária de dadosIBGE (2013)Carneiro (2005) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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resultados em complementação aos indicadores que vem adotando para monitorar e avaliar os resultados e impactos de seu Programa de P&D Tecnológico.

Quanto às empresas, partiu-se de uma lista inicial de 343 empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, obtida por consulta direta no site institucional da Aneel. Buscaram-se informações complementares diretamente nas páginas institucionais dessas empresas, bem como os respectivos registros no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), reduzindo-se a amostra para 321 empresas, em função das informações obtidas. Completou-se assim a formatação da tabulação especial da Pintec 2011 a ser solicitada ao IBGE (Apêndice 1).

Para a definição dos construtos e variáveis da grade de análise, utilizou-se a estrutura lógica da fonte primária de dados – a Pintec, selecionando-se os blocos e itens associados às questões da pesquisa mencionadas anteriormente na seção 1.1.

Finalmente, de posse dos dados, realizaram-se as análises estatísticas descritivas e identificaram-se as relações comuns entre as variáveis da Pintec e os critérios de avaliação dos projetos do Programa de P&D da Aneel, chegando-se à fase conclusiva da pesquisa.

1.4.3.

Fase conclusivo-propositiva

Na Fase 3, elaboraram-se as conclusões gerais em relação a cada um dos objetivos enunciados na seção 1.2, enfatizando-se os benefícios desta pesquisa para as partes interessadas, especialmente para a Aneel, no que tange ao aprimoramento do processo de avaliação dos projetos do Programa de P&D Tecnológico da Aneel, segundo a perspectiva das empresas participantes do Programa.

1.5.

Estrutura da dissertação

Esta dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos, incluindo esta introdução.

O capítulo 2 descreve um arcabouço teórico consagrado na literatura especializada sobre inovação e sistemas de inovação, que constituiu a base conceitual para caracterizar o sistema de inovação do setor elétrico brasileiro.

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Descreve as abordagens conceituais e evidências empíricas de sistemas de indicadores nacionais de CT&I, como pano de fundo para as análises apresentadas no capítulo 4.

No capítulo 3, apresentam-se os conceitos básicos e as principais abordagens teóricas de monitoramento e avaliação (MA) como instrumentos da gestão pública. Esses conceitos e abordagens visam à definição objetiva de indicadores de monitoramento e avaliação de programas governamentais, em geral, e de programas de PD&I, em particular, como é o caso do Programa de P&D Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, regulado pela Aneel.

O capítulo 4 inicia com um breve histórico do setor elétrico brasileiro, para em seguida caracterizar este setor, segundo a abordagem conceitual de sistemas setoriais de inovação (SSI) apresentada no capítulo 2. Na sequência, caracteriza o Programa de P&D Tecnológico do Setor Elétrico da Aneel e discute o atual processo de avaliação deste Programa, na perspectiva de identificar indicadores de PD&I da Pintec 2011, que poderão refinar ou complementar as práticas de monitoramento e avaliação ora em curso.

O capítulo 5 apresenta inicialmente a fonte primária dos dados da presente pesquisa – a Pintec 2011, realizada pelo IBGE. Na sequência, define a grade de análise para a fase aplicada da pesquisa, com base nos construtos da estrutura da Pintec 2011 e à luz dos critérios de avaliação da Aneel. Ao apresentar os resultados da análise dos dados da Pintec 2011, em torno das cinco questões específicas da pesquisa, enfatiza os vínculos das variáveis da Pintec 2011 com os critérios de avaliação adotados pela Aneel, visando responder à questão principal da pesquisa, qual seja: em que medida os indicadores da Pintec poderão complementar as atividades de monitoramento e avaliação (MA) que vêm sendo praticadas pela Coordenação do Programa?.

No último capítulo, apresentam-se as conclusões da pesquisa e formulam-se sugestões para estudos futuros e recomendações para o refinamento do processo de monitoramento e avaliação do Programa de P&D da Aneel, a partir de indicadores complementares de P&D e inovação, baseados em dados trienais da Pintec. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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Inovação tecnológica e sistemas de inovação

Apresenta-se um arcabouço teórico consagrado na literatura especializada sobre inovação e sistemas de inovação, que constituiu a base conceitual para caracterizar o sistema de inovação do setor elétrico brasileiro. Descrevem-se as abordagens conceituais e evidências empíricas de sistemas de indicadores nacionais de CT&I, como pano de fundo para as análises apresentadas no capítulo 4.

2.1.

Conceitos básicos de inovação

As grandes mudanças tecnológicas são acompanhadas de transformações econômicas, sociais e institucionais.

Quando se fala em inovação tecnológica parece ser algo recente, mas na verdade ela começou a se difundir no século XIX, após a primeira revolução industrial que ocorreu na Inglaterra. Foi possível notar do ponto de vista tecnológico a substituição da habilidade e do esforço humano por máquinas, a introdução de fontes de energias minerais, além de inovações organizacionais como a divisão de trabalho, que apesar das inovações dessa época ainda não serem produtos de ciências podia-se concluir que ali começavam os primeiros produtos e processos inovadores que aumentavam a produtividade e reduziam-se os custos.

Ao longo dos anos publicações de referência neste tema estiveram disponíveis, como as que seguem abaixo:

“... Inovação originada pelas organizações sempre proporcionaram resultados melhores do que a simples concorrência de preços.” (Schumpeter, 1934). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1412670/CA

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“... Inovação é uma ideia, uma prática ou um objeto percebido como novo pelo individuo.” (Rogers e Schoemaker, 1971).

“... Inovação pode ser definido como desenvolvimento e implementação de novas ideias por pessoas que, ao longo do tempo, empenham-se em operações com outras pessoas no interior de uma ordem institucional”. (Van de Ven, 1986).

“... A inovação é uma ferramenta específica dos empresários, o meio através do qual eles exploram a mudança como oportunidade para um negócio ou um serviço diferente. É possível apresentá-la sob a forma de disciplina, aprende-la e praticá-la”. (Drucker, 1998).

No entanto, as estatísticas sobre inovação tornaram-se disponíveis somente a partir de 1960, quando foi elaborado o Manual de Frascati, por inciativa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 1990, a OCDE publica a primeira edição do Manual de Oslo - Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica, que serviu para ampliar a abrangência do Manual de Frascati, restrita ao monitoramento das atividades de P&D. No Brasil a primeira tradução para o português ocorreu somente em 2005, pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

O Manual de Oslo permite comparações estatísticas internacionais e serve como base de Pesquisa da União Europeia sobre Inovação (Community Innovation Survey), que, por sua vez, inspirou a Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica (Pintec) do IBGE no Brasil.

Segundo o Manual de Oslo (2005), o conceito de inovação abrange quatro tipos distintos: (i) produto; (ii) processo; (iii) marketing; e (iv) organizacional.

A inovação de produto refere-se à introdução de um novo bem ou serviço no mercado. A mudança substancial de um bem ou serviço já existente também é considerada inovação de produto. Para que um bem ou um serviço seja reconhecido como inovador, é necessário que o mercado o acolha e passe a utilizá-lo. Portanto, é o volume de compras pelo mercado que define se um produto é inovador ou não. O simples lançamento de um produto novo, mesmo que tenha patente concedida, não significa que a empresa inovou.

Já a inovação de processo é definida no Manual de Oslo como a introdução de um novo método de produção ou de distribuição, ou um método

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significativamente melhorado. A inovação de processo pode viabilizar a fabricação e a distribuição de produtos novos, a redução de custos de produção e logística e melhoria na qualidade de produtos já existentes.

Define-se a inovação de marketing como a implementação de um novo método de marketing na empresa. O novo plano mercadológico deve alterar significativamente a concepção do produto, identidade visual (embalagem etc.) e forma de comercialização (promoção, precificação etc.). Essas mudanças têm o objetivo de abrir novos mercados, melhorar o atendimento dos consumidores e aumentar as vendas de produtos novos ou já existentes. O novo método mercadológico pode ter sido elaborado na empresa ou adquirido ou copiado de outros empreendimentos.

Finalmente, a inovação organizacional refere-se à implementação de métodos organizacionais não utilizados anteriormente pela empresa, a fim de reduzir custos administrativos e de suprimentos. A inovação organizacional é de caráter administrativo, podendo focalizar a gestão de pessoas, processos ou operações da empresa. Na prática, significa a implantação de novas rotinas e procedimentos; sistemas de produção enxutos; gestão da qualidade; centralização ou descentralização de atividades; integração de diferentes negócios, dentre outros. A inovação organizacional também pode ocorrer nas relações externas da empresa, por exemplo, pelo estabelecimento de parcerias com entidades do mesmo setor, fornecedores e clientes, universidades e institutos de pesquisas.

A difusão da inovação pode ser definida como “o processo pelo qual a inovação é comunicada através de certos canais, ao longo do tempo, entre membros de um sistema social” (Rogers e Schoemaker, 1971). As mudanças tecnológicas são diferenciadas pelo seu grau de inovação e pela extensão das mudanças, quando comparadas ao que era antes, seja produto ou processo (Tigre, 2006).

As inovações ditas incrementais são aquelas que sofreram melhoramentos e modificações cotidianas, mais comuns nas empresas. Já as inovações radicais são descontínuas no tempo e no espaço e geralmente são provindas de P&D. Inovações mais abrangentes dão origem a mudanças no paradigma técnico-econômico. Essas não ocorrem com frequência.

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2.2.

Conceitos básicos de sistemas de inovação

De acordo com Lundvall (1992; 2005), existem vários novos conceitos que enfatizam as características sistêmicas de inovação, porém com focos em diferentes níveis da economia. São eles: (i) sistemas tecnológicos (Carlsson; Stankiewitz, 1995); (ii) sistemas regionais de inovação (Malmberg; Maskell, 1997); e (iii) sistemas setoriais de inovação (Breschi; Malerba, 1997; e Malerba, 2002), e (iv) modelo da tríplice hélice (Etzkowitz; Leydesdorff, 2000).

A inovação está presente em diversos setores e empresas. Partindo-se desse pressuposto, a visão geral de um sistema de inovação permite analisar as ações realizadas pelos atores envolvidos, bem como as relações entre eles, considerando-se que a inovação é um processo dinâmico em que o conhecimento é acumulado por meio do aprendizado e das sucessivas interações entre os atores.

Os sistemas de inovação analisam a influência das instituições externas sobre as atividades inovativas de empresas e outros agentes, destacando-se a importância do compartilhamento e da difusão de ideias, experiências, conhecimentos e a transparência dessas informações (Santos; Cândido, 2013).

Tendo em vista os objetivos da presente dissertação e considerando-se as abordagens conhecidas de sistemas de inovação, adotou-se o conceito de sistemas setoriais de inovação (SSI), desenvolvido por Breschi e Malerba (1997), que proporciona uma visão multidimensional integrada e dinâmica de um determinado setor industrial. No caso desta pesquisa, o sistema setorial de inovação a ser estudado é SSI do setor elétrico brasileiro.

2.3.

Sistemas setoriais de inovação (SSI)

A literatura sobre economia evolucionária enfatiza que setores e tecnologias possuem complementaridades em termos de geração de conhecimento e aprendizado e podem, por sua vez, gerar processos ou produtos inovativos (Freeman, 1995; Nelson e Winter, 1982; Penrose, 1959; Kline e Rosenberg, 1986).

Malerba (2002, 2004), por sua vez, destaca dois importantes domínios na relação entre ciência e sua aplicação. O primeiro domínio é relacionado às

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especificidades científicas e tecnológicas presentes na base das atividades inovativas entre os setores. O segundo domínio é relacionado ao grau de aplicação e interação da tecnologia com os demandantes do processo de inovação.

Dentre os diversos sistemas que se estruturam em torno da concepção evolucionária, Malerba (2002) conceitua sistema setorial de inovação (SSI) como sendo um “conjunto de agentes heterogêneos que realizam interações mercantis e não mercantis para geração; adoção e uso de (novas e estabelecidas) tecnologias para criação, produção e utilização de (novos e estabelecidos) produtos que pertencem a um setor (produtos setoriais)”.

Ainda conforme Malerba (2002), a consolidação de um SSI parte da observação da convergência de três grandes blocos: (i) conhecimento, processo de aprendizado e tecnologia; (ii) atores e redes; e (iii) instituições.

Os conceitos apresentados nos próximos itens serão utilizados posteriormente no capítulo 4, particularmente no item 4.2, como base para a análise dos diferentes componentes do sistema de inovação do setor elétrico no Brasil.

2.3.1.

Conhecimento, processo de aprendizado e tecnologia

Segundo Malerba (2002, 2004), o conhecimento - explícito ou tácito - é considerado elemento central para definição de um setor.

Qualquer setor pode ser caracterizado por um conhecimento específico de base, tecnologias ou insumos. De uma forma dinâmica, o foco no conhecimento e domínio tecnológico posiciona o centro da análise para limites setoriais, que, em geral, não são fixos. Ao contrário, mudam frequentemente ao longo do tempo. Nessa perspectiva, conhecimento e base tecnológica constituem os principais gargalos de toda a gama de diversidade no comportamento inovador de empresas que operam em um determinado sistema setorial (Malerba, 2002).

Por outro lado, o acúmulo de conhecimento pela transformação de processos de aprendizado, as capacidades organizacionais e a lucratividade via mercado, potencializam o ciclo ascendente para inovação.

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2.3.2.

Atores e redes

Um sistema setorial de inovação consiste de atores heterogêneos, que são organizações ou indivíduos. Os indivíduos podem ser consumidores, empresários, cientistas entre outros. Já as organizações são empresariais ou não empresariais.

Os atores ou agentes são caracterizados por processos específicos de aprendizagem, competência, crenças, objetivos e comportamento e gerenciadas por meio de relações mercantilistas ou não. As redes representam mecanismos de interação, como cooperação, processos de comunicação, dentre outros, que caracterizam os relacionamentos entre os diferentes atores envolvidos e que também possibilitam às transações (Malerba, 2002).

Focalizando-se o SSI do setor elétrico do Brasil, a rede de pesquisas é formada pelas empresas participantes do Programa de P&D regulado pela Aneel, que compulsoriamente precisam investir em P&D e as instituições de C&T, com as quais mantém relações de cooperação tecnológica, bem como seus fornecedores e prestadores de serviços. Essa heterogeneidade entre os atores do SSI reflete as relações de mercado (e não mercado) entre os participantes da rede.

A pesquisa de inovação do IBGE não leva em consideração as atividades realizadas pelas instituições, retratando somente os agentes com relações mercantilistas. Porém, a pesquisa aborda, em uma das perguntas, se as empresas realizam atividades de cooperação com instituições, por exemplo.

2.3.3.

Instituições

As instituições compreendem normas, rotinas, hábitos comuns, práticas estabelecidas, regras, leis e padrões, que orientam e amoldam as interações entre agentes. De acordo com Pompermayer et al. (2011), as relações entre instituições, tecnologia e desenvolvimento econômico podem ser observadas em uma série de estudos, que discutem a dinâmica da inovação por meio da convergência das abordagens evolucionárias e institucionais. Esses trabalhos apresentam, essencialmente, de que forma as instituições podem influenciar e moldar o ambiente no qual a firma está inserida. Cabe destacar que essa construção de ambiente também está presente na consolidação do SSI.

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2.4.

Indicadores nacionais de CT&I: abordagens conceituais e evidências empíricas

Nesta seção, apresentam-se as abordagens conceituais e evidências empíricas sobre indicadores nacionais de CT&I.

Os indicadores nacionais de CT&I são elaborados com dados de diversas fontes, para que o mesmo possa ser utilizado como comparativo com os indicadores de CT&I de outras nações. Diversos atores estão envolvidos na geração desses indicadores, podendo ser ligados ao governo ou não.

Ainda que complexos em alguns casos, esses indicadores são de suma importância para a compreensão e formulação de políticas públicas de Ciência e Tecnologia, além de contribuir para a construção de uma visão futura do desenvolvimento econômico de um país. Eles são objeto de estudos do governo e acadêmicos no domínio do conhecimento científico e tecnológico de um país, partindo-se do pressuposto que tal domínio condiciona o ritmo, abrangência e a direção do desenvolvimento social e econômico do país.

A metodologia adotada na elaboração dos indicadores nacionais de CT&I segue as recomendações dos Manuais da chamada "Família Frascati” da OCDE. Esses documentos, adotados pela maioria dos países do mundo, formam um conjunto de manuais específicos, a saber: para indicadores de P&D (Manual Frascati); para indicadores de inovação (Manual de Oslo); para balanço de pagamentos tecnológico (Manual TBP); para indicadores de recursos humanos (Manual de Canberra); e o Manual de indicadores de patentes.

No Brasil, os indicadores nacionais de CT&I são elaborados e mantidos pela Coordenação Geral de Indicadores, vinculada à Assessoria de Acompanhamento e Avaliação da Secretaria-Executiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Cabe destacar que a seleção e a construção de indicadores adequados são tarefas primordiais e extremamente complexas. A área de CT&I abrange um amplo e heterogêneo espectro de atividades, com resultados e exigências muito distintos, envolvendo diversos agentes e instituições públicas e privadas, que consideram múltiplos aspectos da inovação. Outra característica a ressaltar é o horizonte de longo prazo das ações de CT&I, aspecto que dificulta a avaliação e a

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interpretação dos seus resultados ao longo do tempo. Um terceiro traço importante da área refere-se ao fato de que os resultados gerados não são facilmente mensuráveis, como é o caso dos ativos intangíveis.

Cada país tem sua base tecnológica e científica e suas especificidades devem ser levadas em consideração, quando se realizam comparações entre indicadores de CT&I das nações. Sobre esse aspecto, a OCDE tem desempenhado um papel fundamental, ao estimular e conduzir estudos comparativos entre seus países-membros sobre as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) segundo diretrizes e regras objetivas.

A OCDE ao estabelecer recomendações e regras, publica uma série padronizada de indicadores de insumos e resultados para o grupo de países-membros, tornou-se referência básica para outras iniciativas nacionais. Aos países menos desenvolvidos, cabe a tarefa de ampliar a cobertura e o escopo dos indicadores de CT&I, preservando a comparabilidade internacional.

No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do MCTI, foi a instituição que primeiro realizou esforços para gerar indicadores nacionais de CT&I. A partir dos anos 80, o CNPq iniciou a coleta e a publicação de informações sobre os recursos do governo federal aplicados em C&T, seguindo as primeiras recomendações do Manual Frascati da OCDE, para os gastos em P&D, e as sugestões da United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) para as atividades científicas e técnicas correlatas (ACTC). Uma década depois, os mesmos procedimentos passaram a ser utilizados na maioria dos estados brasileiros, permitindo a obtenção de um quadro abrangente dos recursos públicos aplicados em C&T. (MCTI, 2002).

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), também do MCTI, que atua no campo da produção científica, e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, são outras instituições no Brasil que tiveram iniciativas voltadas para a construção de indicadores nacionais de CT&I não relacionados com os insumos financeiros aplicados em atividades de PD&I.

O MCTI é responsável pela organização e a divulgação das informações de CT&I do país, de forma centralizada. Para a construção dos indicadores conta

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com a colaboração de instituições públicas, no âmbito federal e estadual, e de organizações privadas, que produzem informações de interesse para a construção de indicadores nacionais de CT&I e para o desenvolvimento de estudos sobre o tema.

Tradicionalmente, esses indicadores são agregados em três dimensões: • A natureza da pesquisa (básica e aplicada) e atividades científicas e

técnicas correlatas;

• Os setores que executam ou financiam estas atividades (governo,

instituições de ensino superior e empresas);

• A classificação dos recursos de cada um destes setores, obedecendo a

critérios específicos para o governo (segundo objetivos

socioeconômicos), as instituições de ensino superior (segundo áreas do conhecimento) e as empresas (segundo setores de atividade econômica).

Mais recentemente, foram desenvolvidos os chamados indicadores de resultados. De início, eram limitados à produção científica, mas, posteriormente, incorporaram a produção de patentes e a transferência de tecnologia entre países (MCTI, 2002).

Segundo o MCTI (2002), os indicadores nacionais de CT&I são:

• Recursos aplicados: são os principais indicadores na área de ciência e

tecnologia (C&T), incluindo investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), públicos e privados e em atividades científicas e técnicas correlatas (ACTC) públicas. Produzidos no MCTI, estes indicadores são apresentados segundo diferentes domínios e perspectivas;

• Recursos humanos: reúne os indicadores básicos que permitem

dimensionar a capacitação e capacidade de pesquisa de um país. Inclui o número de pesquisadores, de graduados e titulados com graus de mestre e doutor, segundo as áreas de conhecimento e distribuição geográfica;

• Bolsas de formação: concessões de bolsas de formação são

importantes instrumentos do governo com vistas ao apoio e ao desenvolvimento das atividades científicas e tecnológicas. Esta página apresenta as diversas modalidades de bolsas concedidas pelas principais agências de fomento do país;

• Produção científica: reflete a contribuição do Brasil para o avanço da

ciência e tecnologia por meio do número de trabalhos científicos

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publicado em revistas indexadas, num quadro comparativo de países, segundo as áreas do conhecimento;

• Patentes: são considerados indicadores relevantes para se avaliar a

capacidade do país transformar o conhecimento científico em produtos ou inovações tecnológicas;

• Inovação: indicadores de inovação são objeto da Pesquisa de Inovação

Tecnológica (Pintec) realizada pelo IBGE, em alinhamento às diretrizes e regras do Manual de Oslo (OCDE, 2005);

• Comparações internacionais: quadros comparativos de indicadores de

CT&I de países selecionados, permitindo identificar o desempenho relativo do Brasil. Destacam-se os dados sobre os dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D), públicos e privados, segundo os objetivos socioeconômicos e o número de pesquisadores;

• Dados socioeconômicos: dados demográficos e econômicos usados na

elaboração dos indicadores de ciência e tecnologia (C&T), tais como: população residente, população economicamente ativa (PEA) e em idade ativa (PIA), Produto Interno Bruto (PIB) e o fator de conversão para paridade do poder de compra (PPC); e

• Indicadores estaduais de Ciência & Tecnologia: conjunto inicial de indicadores apresentados segundo a Unidade da Federação, que dá visibilidade ao trabalho da Rede de Indicadores Estaduais de CT&I – RIECTI e complementa a informação já disponível no Portal dos Indicadores Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Com exceção do indicador ‘Bolsas de formação’, disponível no site do MCTI desde 1990, os demais indicadores foram disponibilizados nesse site somente a partir de 2000.

2.5.

Considerações finais sobre o capítulo

Buscou-se nesse capítulo apresentar a base conceitual para caracterizar o sistema de inovação do setor elétrico brasileiro, formada particularmente pelos trabalhos seminais de Freeman (1995); Nelson e Winter (1982); Penrose (1959); Kline e Rosenberg (1986); Breshi e Malerba (1997) e Malerba (2002; 2004). Em complementação, descreveram-se abordagens conceituais e evidências empíricas de sistemas de indicadores nacionais de CT&I, como pano de fundo para as análises apresentadas no capítulo 4.

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Há um reconhecimento de que Ciência, Tecnologia e Inovação constituem fatores diferenciadores do desenvolvimento social e econômico de países e regiões. Logo, é necessário a compreensão a respeito da dinâmica de inovação de setores produtivos de um determinado país, expressa por indicadores nacionais de C,T&I.

Especialmente, em relação aos sistemas setoriais de inovação (SSI), os trabalhos de Breshi e Malerba (1997) e Malerba (2002; 2004) ressaltam a importância das interações sistêmicas entre os três componentes centrais de um SSI, quais sejam: conhecimento, processo de aprendizado e tecnologia; atores e redes; e instituições. Essa abordagem é de fundamental importância para a caracterização do SSI do setor elétrico brasileiro, considerada como pano de fundo para o entendimento da dinâmica de inovação das empresas participantes do Programa P&D Tecnológico da Aneel, que responderam à Pintec 2011.

A pesquisa Pintec divulgada pelo IBGE, principal referência de indicadores nacionais de inovação, é uma prova de que o Brasil vem consolidando indicadores nacionais nessa área, segundo as diretrizes do Manual de Oslo (OCDE, 2005), o que permite comparar esses indicadores com os de outros países.

Para fins da presente pesquisa, a fonte primária de dados será a Pintec 2011, pois o Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) de eletricidade foi inserido somente nessa edição da Pesquisa. Os dados das empresas participantes do Programa de P&D Tecnológico da Aneel, que responderam às pesquisas Pintec nos anteriores à Pintec 2011 não foram representativos.

Optou-se por utilizar a Pintec 2011 como fonte de dados pela sua abrangência (cobertura nacional) e pela possibilidade da Aneel vir a adotar indicadores da Pintec em complementação àqueles que vem adotando para monitorar e avaliar os resultados e impactos dos projetos que integram seu Programa de P&D Tecnológico.

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