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Produções de sentido em Bob Esponja Calça Quadrada

Rosana Fachel de Medeiros

Doutoranda em Educação pela UFRGS, professora da Rede Municipal de Ensino em Canoas (RS).

Resumo

Esse artigo discute, com base na teoria semiótica discursiva (FLOCH, 2001, LANDOWSKI, 2001, OLIVEIRA, 2001 e 2008, RAMALHO, 1998), as produções de sentido no desenho animado Bob Esponja Calça Quadrada, produção estadunidense ambientada no fundo do mar, a partir da análise das aberturas de três episódios dessa animação. São eles Beijos da vovó, que trata de questões referentes às infâncias, Másculo mesmo sem casca, que discute as múltiplas masculinidades, e Foguete da Sandy- episódio que evidencia a inteligência de uma personagem feminina. Após essa análise foi possível perceber que esses textos reforçam as temáticas que serão tratadas pelos episódios e também proporcionam algumas discussões quando, em certa medida, fogem dos estereótipos socialmente construídos referentes à masculinidade e à feminilidade.

Palavras-chave

Leitura de imagem; desenho animado; produção de sentido.

Abstract

This paper discuss, based on discursive semiotic theory (FLOCH, 2001, LANDOWSKI, 2001, OLIVEIRA, 2001 e 2008, RAMALHO, 1998), the productions of meaning in the contemporary television cartoon SpongeBob SquarePants, American production set in bottom of the sea, from the analysis of the openings three episodes; they are: Grandma’s kisses, dealing with issues related to childhood, Shell of a man, which discusses the multiple masculinities, and Sandy’s rocket, episode that shows the intelligence of a female character. After this analysis, it was possible to notice that these texts reinforce the thematic that will be treated by the episodes and also provide some discussion when, in some extent, escape from the stereotypes created by society concerning masculinity and femininity.

Keywords

Reading of image; Cartoon; productions of meaning.

1 O desenho animado

Bob Esponja Calça Quadrada foi criado por Stephen Hillenburg nos Estados Unidos

e estreou na televisão em 1999. A série atualmente é veiculada pela TV a cabo no canal

Nickelodeon, de segunda-feira a sexta-feira.

O desenho é ambientado em uma cidade submarina chamada Fenda do Bikini. Todos os personagens são representados antropomorficamente e andam eretos, sendo a maioria em duas pernas. Além disso, possuem características humanas: eles falam, trabalham, residem em casas mobiliadas, utilizam artefatos criados pelos humanos (fogões, televisores, automóveis, etc) e também apresentam sentimentos e conflitos humanos.

2 Os personagens

Bob Esponja é uma esponja-do-mar, no entanto, para ficar mais divertido aos olhos das crianças, ele ganhou a forma, quadrada, e a cor, amarela, de uma esponja para lavar louça. Ele veste uma camisa de manga curta branca com uma gravata vermelha e uma bermuda da

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152 cor marrom com um cinto preto e usa sapatos pretos com meias brancas esticadas até a altura do joelho. O título da animação, que é o nome de seu protagonista, faz referência direta a sua calça quadrada, o que remete ao costume infantil de apelidar aos outros em decorrência de alguma característica marcante ou engraçada que apresentem. Ele possui um caráter otimista, é simpático e está sempre bem intencionado.

Bob é cozinheiro na lanchonete O Siri Cascudo, onde adora trabalhar. E quando não está trabalhando está atormentando seu vizinho mal-humorado, Lula Molusco, ou está envolvido em alguma encrenca com o seu melhor amigo, Patrick Estrela, ou com sua amiga, Sandy Bochechas.

Patrick Estrela é uma estrela do mar representada na cor rosa e que veste uma bermuda florida, como as utilizadas pelos surfistas. Bob e Patrick são inseparáveis. Ele é um personagem inocente chegando até a ser bobo e, talvez por isso mesmo, adorável.

Lula Molusco é na verdade um polvo, o que se evidencia pelas características morfológicas que o diferenciam das lulas: o formato arredondado da cabeça e a falta de nadadeiras. No entanto, diferentemente tanto dos polvos quanto das lulas, que possuem oito ou dez tentáculos, ele possui apenas seis, sendo quatro utilizadas como pernas e dois utilizados como braços. Ele tem os olhos vermelhos e nariz grande. Sua única vestimenta é uma camiseta marrom. Ele é colega de trabalho de Bob Esponja no Siri Cascudo. E tanto como vizinho quanto como colega de trabalho, ele é ranzinza e tudo o incomoda.

Sandy Bochechas é um esquilo-fêmea que vive no oceano graças a uma roupa especial, similar à de um astronauta, que, assim como um traje de mergulho, lhe permite respirar. Ela vive em uma casa no interior de uma redoma de vidro onde há oxigênio e se reproduz a paisagem da superfície: jardim, árvores, flores, etc. Quando está em seu pequeno habitat, ela veste saia e um top lilás. Sandy é vivaz, adora lutar caratê e está sempre à procura de novas aventuras.

Sr. Sirigueijo é uma criatura híbrida siri-caranguejo. Ele é um crustáceo e como tal apresenta carapaça e seus olhos enormes, que se sobressaem da cabeça, remetem aos olhos pedunculados da espécie, que movimentados pelos pedúnculos permitem uma ampla exploração do ambiente. Mas diferentemente tanto dos siris como dos caranguejos, que possuem três pares de patas, ele possui apenas um, que funcionam como pernas. Seu corpo é da cor vermelha e ele veste camisa estilo pólo azul clara e calça social azul escura com um cinto preto. Ele é o dono do Siri Cascudo e todas as suas ações estão voltadas a ganhar cada vez mais dinheiro. Avarento e ganancioso, Sirigueijo explora o trabalho de seus funcionários, lhes pagando pouco.

O autor da animação não se preocupou em representar fielmente as características dos animais. Pelo contrário, ele optou por “transgredir” muitas das características originais dos personagens, tornando-os criaturas mais lúdicas, o que é perfeitamente compreensível em produções desse tipo que têm como objetivo principal o divertimento.

3 Análise das aberturas

Selecionei para análise as aberturas de três episódios levando em consideração as temáticas tratadas: infâncias, masculinidades e gênero. Analisei as aberturas considerando apenas o que está posto nas imagens. A partir disso fiz as relações possíveis, já que, para a teoria Semiótica, as intenções do autor não têm relevância em análises desse tipo.

A teoria semiótica entende a imagem como um texto a ser lido. Nessa perspectiva a imagem é entendida como um objeto com sentido. De acordo com essa teoria uma dança, uma

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partida de futebol, bem como uma abertura de um desenho animado podem ser considerados textos. A esse respeito Landowski observa que:

O universo inteiro é uma espécie de ‘texto’ que ‘lemos’ continuamente, não só com nossos olhos, mas com os cinco sentidos. O problema é então conceber as categorias suficientemente gerais que nos permitam reconstruir, em toda a sua variedade e riqueza, a maneira pela qual o mundo se apresenta a nós – e pela qual ele significa para nós-, ao mesmo tempo como mundo inteligível e como mundo sensível (Landowski, 2001, p. 3-4).

É a partir desse ponto de vista que pensei cada uma das aberturas como um “tecido de significação tramado coesamente” (OLIVEIRA, 2001, p. 5). Em outras palavras, podemos pensar que as múltiplas linguagens que constituem os momentos iniciais de cada episódio se apresentam de forma coesa na busca de uma determinada significação.

Ao ter como foco a produção e a apreensão de sentido. A semiótica procura analisar o que o texto diz e como ele se mostra. De acordo com essa teoria a produção de sentido se dá na relação entre dois planos, o plano da expressão e o plano do conteúdo. Conforme Floch:

Para a semiótica, o sentido resulta da reunião, na fala, na escrita, no gesto ou no desenho, de dois planos que toda a linguagem possui: o plano da expressão e o plano do conteúdo. O plano da expressão é o plano onde as qualidades sensíveis que possui uma linguagem para se manifestar são selecionadas e articuladas entre elas por variações diferenciais. O plano do

conteúdo é o plano onde a significação nasce das variações diferenciais

graças as quais cada cultura, para pensar o mundo, ordena e encadeia idéias e discurso (2001, p.9).

O plano da expressão diz respeito ao significante, às qualidades sensíveis do texto: sua materialidade (dimensão matérica), disposição no espaço (dimensão topológica), suas cores (dimensão cromática) e formas (dimensão eidética). O plano do conteúdo é o do significado, do discurso produzido numa determinada cultura.

Esses dois planos podem ser estudados separadamente, por questões metodológicas, mas para a compreensão do sentido de um texto eles precisam ser analisados juntos.

A partir da definição de Floch podemos pensar nas aberturas do desenho Bob Esponja

Calça Quadrada como textos e analisar quais são os sentidos possíveis de serem atribuídos a

essas produções a partir da relação entre as linguagens visual e verbal que o compõem. Por inter-relacionar simultaneamente diferentes linguagens o desenho pode ser caracterizado como um texto sincrético ou híbrido. E, de acordo com Lúcia Teixeira, para a análise de textos sincréticos:

[...] [é] fundamental considerar a estratégia enunciativa que sincretiza as diferentes linguagens numa totalidade significante, o que pode ser feito de modo contratual ou polêmico (2004, p.11).

Para a autora somente na relação entre as múltiplas linguagens, que compõem o texto, é que existirá uma totalidade, uma unidade, um sentido.

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4 Primeiro episódio: “Beijos da vovó”

Figura 1: Abertura do episódio “Beijos da vovó”

Fonte: Imagem capturada do DVD “Bob Esponja: Aprontando todas”

A primeira abertura selecionada para análise é a do episódio Beijos da vovó, cujo título em inglês é Grandma’s kisses. No início desse episódio Bob Esponja está feliz sendo criança e recebendo todo carinho de sua avó, mas quando ele vira motivo de piada dos fregueses da lanchonete onde trabalha por receber um beijo de sua avó, ele pede ajuda a seu amigo Patrick, pois não quer mais ser criança e deseja tornar-se um adulto. Mas em decorrência das muitas reviravoltas acontecidas durante o episódio, ao seu final, Bob decide que quer ser criança novamente, pois quer ter de volta todos os mimos infantis.

Primeiramente penso que seja interessante analisar as cores presentes nessa abertura, começando pelo título em inglês, escrito na cor amarela. Normalmente essa cor está relacionada ao sol, à luz, ao calor, à riqueza e à harmonia e também é à cor do corpo do personagem título.

A cor rosa está presente nas marcas de beijos. Essa cor, normalmente, está relacionada ao amor, ao carinho, à ternura, bem como à fragilidade e à delicadeza, estando também associada à compaixão. Além disso, remete ao universo feminino.

O marrom, geralmente está associado a terra e à estabilidade, esta cor está presente nas imagens dos biscoitos. E o azul em degrade, que vai ficando mais claro da esquerda para a direita, é uma cor fria, que nos remete ao céu e às águas, mas é também uma cor que transmite tranquilidade. Como também, ambienta os telespectadores ao cenário onde se passa a série, o fundo do mar.

A partir das cores presentes nesse texto pode-se dizer que elas reunidas, produzem efeito de sentido de carinho, aconchego, como normalmente é a relação de avós e netos. Questões que são reforçadas pela presença dos beijos e dos biscoitos na abertura, esses dois elementos também remetem à afetividade. O beijo é uma forma de carinho e os biscoitos também têm essa conotação já que eles são feitos pela avó para agradar ao neto. E a utilização da palavra vovó remete ao tratamento infantil e/ou carinhoso.

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5 Segundo episódio: “Másculo mesmo sem casca”

Figura 2: Abertura do episódio “Másculo mesmo sem casca”

Fonte: Imagem capturada do DVD “Bob Esponja em Medo de hambúrguer de siri”

Sr. Sirigueijo terá uma reunião com seus velhos companheiros da marinha, mas por haver perdido sua carapuça, por estar gordo de mais, ele se desespera, pois não vai poder aparecer sem ela na reunião. Bob acidentalmente entra na carapuça, o que faz com que Sirigueijo tenha a ideia de mandar Bob à reunião em seu lugar. No encontro Bob acaba recebendo o troféu masculinidade no lugar de Sirigueijo, mas termina sendo desmascarado. No entanto, ao fim do episódio todos percebem que já não são mais tão “durões” como há anos.

Ao pensarmos na temática tratada por esse episódio, a masculinidade, a cor escolhida para a abertura dessa animação causa algum estranhamento, já que, como comentei anteriormente, a cor rosa nos remete ao universo feminino e normalmente está relacionada à fragilidade e à delicadeza. E é só essa cor, em diferentes tonalidades, que aparece na abertura: no título em inglês escrito na cor rosa claro e nas imagens de siris envolvidas por linhas verticais sinuosas de tom um pouco mais escuro.

Como pano de fundo vêem-se várias imagens de siris e dez linhas verticais sinuosas, sobre a repetição, que nessa abertura está presente tanto nas imagens dos siris quanto nas linhas, Ramalho pontua que:

A repetição ou rebatimento de elementos, sejam formas ou cores é um procedimento utilizado para reforçar significados, além de contribuir, no plano de expressão para a harmonia e a unidade do texto estético (1998, p. 205).

Dessa forma, temos subsídios para pensar, que as repetições estão presentes para reforçar o conteúdo do episódio, como também para remeter a questões que não estão, pelo menos não explicitamente, sendo contada na narrativa como trazer o universo feminino (cor rosa e formas sinuosas) para um episódio que discute, exclusivamente, assuntos referentes à masculinidade hegemônica.

Em relação às formas presentes nessa abertura pode-se pensar que os ângulos retos, referem-se à masculinidade e as formas sinuosas e circulares referem-se às mulheres. Sobre as formas e as cores Sandra Ramalho afirma que:

[...] a forma [...] circular, a qual remete às ideias de maternidade, útero, seios, ovo, óvulo, orifício vaginal, do mesmo modo que remete a noção de burilamento, adaptação, suavidade e delicadeza. Ao contrário, as formas

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longitudinais ou pontiagudas conduzem a ideia de falo; as angulosas, dão a ideia de rudeza, agressividade, conquista [...] (1998, p. 211).

Levando em consideração as constatações da autora, chama atenção e causa estranhamento a utilização de formas sinuosas e da cor rosa na abertura de um episódio que faz referência às masculinidades dos personagens. Como as escolhas nunca são aleatórias, pode-se pensar que nessa abertura o autor teve o intuito de chamar a atenção dos telespectadores para o fato de que os estereótipos que antes eram intrínsecos a uma masculinidade hegemônica: força, insensibilidade e dureza, vêm sendo enfraquecidos ao longo dos anos, permitindo aos homens serem sensíveis e amorosos sem que suas masculinidades sejam diminuídas.

6 Terceiro episódio: “Foguete da Sandy”

Figura 3: Abertura do episódio “O foguete da Sandy”

Fonte: Imagem da capturada do DVD “Bob Esponja: Lar doce abacaxi”

Sandy constrói um foguete. De madrugada Bob Esponja e Patrick vão até ele e acabam fazendo com que ele decole e dê uma volta na Lua, mas retornando em seguida à Fenda do Bikini. Os dois acreditam que estão na Lua e prendem um por um os moradores da cidade acreditando que eles são alienígenas.

Para abertura desse episódio o autor utilizou cores quentes, amarelo e vermelho, fato que suscita algumas discussões já que essa animação trata de uma invenção criada por uma personagem feminina e normalmente para fazer referência ao universo feminino usa-se a cor rosa. Como constatou Nazareth Pirola na análise da animação “Três Espiãs Demais”, a qual é estrelada por três personagens femininas. Segundo a autora:

A cromacidade predominante do desenho [...] é o rosa [...] Temos, então, no plano de expressão, um trabalho de plasticidade cromática a partir da cor rosa, que homologa, no plano de conteúdo, o mundo feminino (PIROLA, 2006, p. 93).

Em “Três Espiãs Demais” a cor rosa reafirma um padrão socialmente construído em relação à feminilidade. Em contrapartida, a abertura do episódio estrelado por Sandy questiona esse padrão. Isso se confirma com a utilização da cor amarela que simboliza a criatividade e o conhecimento de Sandy e a cor vermelha evidencia a atenção necessária para a construção de algo tão grandioso como um foguete. Dando, assim, mais visibilidade a inteligência da personagem do que ao seu sexo.

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pontos da imagem na parte de baixo a esquerda em um retângulo destacando três imagens que remetem a flores. No centro da imagem e acima ela aparece em um quadrado pequeno, mas agora essa cor contorna a imagem que de novo nos lembra uma flor. Ainda na parte de cima da imagem à direita a cor preta aparece novamente no contorno da imagem que está dentro de um quadrado bem maior que o primeiro. Essa imagem remete tanto a uma borboleta como a uma flor. Na parte inferior direita há dois quadrados pequenos do mesmo tamanho do primeiro. Eles também apresentam a cor preta em seus contornos, sendo que em um deles a cor também é utilizada para pintar as pétalas da flor. De acordo com Sandra Ramalho “[...] [o] preto das trevas e do sentido negativo que, por outro lado, põe em evidência e delineia os elementos e a forma que compõem o quadro [...] (p. 164, 1998). Essa mesma constatação também faz sentido na abertura do episódio Foguete da Sandy. Ainda sobre a relação das cores em diferentes imagens Ramalho afirma que:

A maioria das interpretações para as cores ou não cores [...] atribuem valor negativo para o preto e positivo para o branco, embora o preto possa figurativizar a noite, boa conselheira, e o branco possa figurativizar o luto, como acontece entre os orientais (p. 168, 1998).

Em outras palavras, a autora faz referência à importância da análise de todo o contexto da imagem com o cuidado de não enquadrar certas cores dentro de um significado único e pronto, tendo em vista que segundo a teoria semiótica o significado não está pronto e acabado na imagem. Ele surge na relação que o observador estabelece com o objeto de leitura. De acordo com Oliveira “[...] a semiótica [...] fundamenta que o significado não está nas coisas, na ordem do mundo, mas na ordem da cultura [...]” (2008, p. 28).

Outra questão interessante são as imagens que estão de pano de fundo, formas geométricas, na maioria quadradas e retangulares e dentro delas flores e uma borboleta. Podemos pensar que esse fundo figurativiza ao mesmo tempo o raciocínio lógico de Sandy, através das formas geométricas, e sua feminilidade, através das flores e da borboleta. Ou seja, Sandy é uma personagem feminina, mas também é inteligente e criadora, contrariando assim a representação hegemônica das figuras femininas. Uma vez que é comum nas animações destinadas às crianças, que os personagens masculinos sejam inteligentes e conhecedores das ciências exatas como, por exemplo, o Dexter, protagonista da animação O Laboratório de

Dexter.

7 Considerações finais

As aberturas das animações além de carregarem significados referentes a temática que será apresentado no episódio, proporcionam algumas discussões quando, em certa medida, fogem dos estereótipos socialmente construídos referentes à masculinidade e à feminilidade. Como ocorre nas aberturas dos episódios Másculo mesmo sem casca e Foguete da Sandy, pois em ambas o autor nos instiga a repensarmos representações hegemônicas. No primeiro, cuja narrativa aborda as masculinidade, mas apresenta a abertura na cor rosa e mostra formas sinuosas como pano de fundo, que remetem ao feminino; e no segundo, que tem como temática a inteligência de uma personagem feminina, mas apresenta cores quentes e formas geométricas que remetem ao universo masculino.

Ao levar em consideração essas questões, defendo a ideia de que os desenhos animados e, em especial para esse estudo, suas aberturas, sejam analisadas dentro de sala de aula como conteúdo escolar. Tendo em vista que somente a partir do estudo crítico dessas

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158 produções alunos e professores têm a possibilidade de perceber diferentes questões, muitas das quais passam despercebidas pelo olhar apressado e descuidado. Em outras palavras, oportunizar momentos de leitura de imagens na escola dará para os alunos a possibilidade de pensar criticamente sobre as imagens que povoam sua imaginação e que poucas vezes são questionadas.

Referências

FLOCH, Jean-Marie. Imagens, signos, figuras – a abordagem semiótica da imagem.

Cruzeiro Semiótico. Porto, jul/1985, p. 75-81.

________. Alguns conceitos em semiótica geral. Documentos de Estudo do Centro de

Pesquisas Sociossemióticas. São Paulo: CPS, 2001.

LANDOWSKI, Eric. Foi Greimas semioticista? Disponível em: http:// <www.puc/sp.br/~cos-puc/cps/entrevist.htm > Acessado em 05 mar. 2001.

OLIVEIRA, Ana Claudia de. Interações nas mídias. In: PRIMO, A. El AL. Comunicação e

interação. Porto Alegre: Sulina, 2008. p. 27-42.

_________. Lisibilidade da imagem. Revista da Fundarte/V.1 n.1 jan/jun 2001. p. 5-7. PIROLA, Maria Nazareth Bis. Televisão, criança e educação: As estretégias enunciativas de desenhos animados. 2006, 220f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2006.

RAMALHO E OLIVEIRA, Sandra Regina. Leitura de imagens para a educação. 1998. Tese (doutorado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 1998.

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