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Relatório do estágio curricular supervisionado em medicina veterinária área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE

PEQUENOS ANIMAIS

GRADUAÇÃO

Tábata Andressa Streppel

Ijuí, RS, Brasil

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RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Tábata Andressa Streppel

Relatório do Estágio Curricular Supervisionado na área de Clínica Médica e

Cirúrgica de Pequenos Animas, apresentado ao curso de Medicina Veterinária,

da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

(UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária.

Orientador (a): Profª. Drª. Cristiane Beck

Ijuí, RS, Brasil

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária.

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA

elaborado por Tábata Andressa Streppel

como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________ Profª. Drª. Cristiane Beck(UNIJUÍ)

(Orientadora)

_____________________________________ (UNIJUÍ)

(Banca)

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, que me apoiaram desde pequena, que passaram por diversos percalços, mas nunca deixaram de me incentivar, apoiar e amar. Meu Branco, Mimi, Atos, Atila, Puff e Pretinha, vocês que de certa forma me inspiraram a querer ser Médica Veterinária.

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AGRADECIMENTOS

A meu pai, Claudio, que mesmo contrariado no início desta jornada nunca mediu esforços para que eu alcançasse este momento, que me ensinou que para tudo se dá um jeito, que me deu atenção, amor e confiança, que com seu jeito único, me ensinou que não devo desistir nunca.

A minha mãe, Patrícia, por ter me passado o carinho pelos animais, por ter sido mais ríspida comigo durante minha criação, isto me ensinou a ser forte e perspicaz.

A minha maninha, Samanta, cujo o crescimento tive que acompanhar de longe, de quem perdi os primeiros dias de aula, a qual não tive a oportunidade de ajudar a fazer o tema, de brincar de boneca, de esconde-esconde… pois estava perseguindo o meu sonho, mas que mesmo assim, também quer ser “doutora de animais”. Peço desculpas por toda a ausência e por não cumprir meu papel de irmã mais velha com toda a qualidade que você merece, a ti mana, dedico meu eterno amor.

Ao meu namorado David, pelo teu companheirismo, paciência e carinho, por aguentar ao meu lado estes quatro anos e meio, me apoiando, que mesmo com a saudade causada pela distância, soube me acalmar, me alegrar, me mimar… a cada dia és mais especial para mim, e este sonho que vivemos em conjunto, está a um passo de se tornar realidade. Agradeço por estares comigo a quase dez anos. Também agradeço a minha segunda família, os Cardosos, este trabalho também é dedicado a vocês, que me acolheram e aceitaram como parte da família de vocês.

A melhor dinda que pude ter, Dinda Cris, a pessoa que sei que posso recorrer a qualquer momento, que estará em prontidão para me ajudar, marcando minhas consultas e agendando meus exames, a ti também dedico este trabalho, pela tua prontidão, teu amor e dedicação a essa sobrinha.

Tia Silvia, Tio Darino, Amanda e Mariana, a vocês também dedico este trabalho, pois sem vocês essa jornada nem teria começado! Muito obrigada por me acolherem em sua casa e me tratarem que nem filha/irmã, não tenho palavras para dizer o quão importante é o papel de vocês neste caminho.

A meu estimado Vô Harry, com que, não importando a situação, sempre pude contar, tanto nas horas de alegrias, quanto de choro, de desespero, de saudade e nas vontades de comer sushi (hehe), a ti meu velho, dedico tanta coisa meu muito obrigada por estares sempre, mesmo que longe, presente ao meu lado.

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Aos meus avós maternos, Ilce e Alcido, esta vitória também é de vocês, que mesmo com o seu jeito mais introvertido, me apoiaram e sempre deixaram claro o quão orgulhosos estão desta neta.

Aos meus segundos pais, Tio Liberson e Tia Cris, em vocês tenho um porto seguro, tenho um lugar onde posso buscar apoio, carinho, ensinamentos e puxões de orelha; agradeço por me acolherem e cuidarem tão bem de mim, quero um dia poder retribuir tudo o que fizeram. Aos meus tios de coração, Tio Zeca e Tio Charles, que mesmo longe, torceram por mim e sei que sempre poderei contar com vocês!

As minhas amigas Deise, Ana e Taiane, que nossa amizade apenas se fortaleça, a vocês agradeço pelas conversas, pelas músicas, pelas risadas, pela compreensão, apoio e amizade verdadeira que encontrei, sei que vocês também serão ótimas veterinárias.

Aos meus amigos de Igrejinha e de Ijuí, que me apoiaram e que sempre estiveram ao meu lado durante esta longa caminhada, que muitas vezes compartilhei momentos de tristezas e alegria, mas que sempre estiveram me apoiando e ajudando.

Aos meus professores, que estiveram sempre presentes nessa jornada, que não se limitaram em serem apenas professores, mas também amigos. Em especial à professora Luciana Mori Viero, por acreditar em mim e não medir esforços para que eu completasse esta jornada, pela oportunidade de conhecer o ramo científico, obrigada por todos os ensinamentos e toda dedicação e confiança aplicada a mim.

A equipe da Chatterie – Centro de Saúde do Gato, por estarem sempre dispostos a me ajudar, que me acolheram tão bem durante o período do meu estágio, pelos ensinamentos que adquiri, meu muito obrigada, em especial a minha supervisora Rochana por estar sempre disposta a responder as minhas dúvidas, a me explicar e por me ensinar mais ainda sobre os bigodinhos. A toda equipe do Hospital Veterinário da UNIJUÍ, pelos ensinamentos durante toda a graduação.

E por fim, a minha orientadora Cristiane Beck, obrigada pela paciência, pelos ensinamentos, pelas conversas e por ser essa grande profissional que és!

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“Aonde fica a saída? Perguntou Alice ao Gato de Cheshire. Depende, respondeu o Gato de que ria. De quê, replicou Alice. Depende para onde você que ir...”

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RESUMO

Relatório de Estágio Curricular Final na área de Clínica Médica e Cirúrgica em Pequenos Animais

Departamento de Estudos Agrários

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE

PEQUENOS ANIMAIS

AUTORA: TÁBATA ANDRESSA STREPPEL ORIENTADORA: CRISTIANE BECK Data e local da defesa: Ijuí, 03 de dezembro de 2016.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, na Chatterie – Centro de Saúde do Gato, localizado na cidade de Porto Alegre/RS e no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, localizado na cidade de Ijuí/RS. O estágio teve supervisão interna da Médica Veterinária Rochana Rodrigues Fett e da Médica Veterinária Hellen Fialho Hartmann, respectivamente na Chatterie – Centro de saúde do Gato e no Hospital Veterinário da Unijuí, ambos sob orientação da professora Cristiane Beck.

Foi realizado no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016 na Clínica Chatterie – Centro de saúde do gato e de 12 de setembro de 2016 a 19 de setembro de 2016 realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, com duração de 120 horas e 30 horas respectivamente. Durante o estágio foram realizadas diversas atividades, como acompanhamento e auxílio em atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, radiografias e ultrassonografias, coletas de sangue, troca de curativos e aplicação de medicamentos, que serão explanadas nas tabelas. Serão descritos e discutidos dois casos clínicos, os quais foram acompanhados durante o período do estágio. O estágio curricular é de suma importância para que o acadêmico tenha a oportunidade de vivenciar de forma prática os ensinamentos teórico-práticos vivenciados em sala de aula durante a graduação.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atendimentos clínicos acompanhados na espécie felina durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, realizado na Chatterie – Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016...14 Tabela 2 - Atendimentos clínicos e cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS, no período de 12 de setembro a 19 de setembro de 2016...15 Tabela 3 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados na espécie felina durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, realizado na Chatterie – Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016...15 Tabela 4 - Procedimentos ambulatoriais e atividades acompanhadas na espécie felina durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, realizado na Chatterie – Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016...16 Tabela 5 - Procedimentos ambulatoriais e atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS, no período de 12 de setembro a 19 de setembro de 2016...17 Tabela 6 - Exames complementares acompanhados na espécie felina durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, realizado na Chatterie – Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016...18 Tabela 7 - Exames complementares acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS, no período de 12 de setembro a 19 de setembro de 2016...18

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

% = Porcentagem ºC = Grau célsius ® = Marca registrada

ALT = Alanina aminotransferase

BID = Bis in Die (do latim, duas vezes ao dia) CAAF = Citologia aspirativa por agulha fina ELISA = Enzyme-Linked Immunosorbent Assay FA = Fosfatase alcalina

FeLV = Vírus da leucemia felina FIV = Vírus da imunodeficiência felina GGT = Gama-glutamiltransferase HVF-1 = Herpes vírus felino tipo 1 ICC = Insuficiência cardíaca congestiva IFA = Ensaio de imunofluorescência IV = Intravenoso

Kg = Quilograma

mg/kg = Miligrama por quilograma ml = Mililitros

ml/kg = Mililitros por quilograma NaCl = Cloreto de sódio

OSH = Ovariohisterectomia

PAD = Persistência do ducto arterioso RS = Rio Grande do Sul

SRD = Sem raça definida

UNIJUÍ = Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul VO = Via oral

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Resultado do ecodopplercardiograma do relato de caso I...42

Anexo B – Exame de ultrassonografia do Relato de Caso I...44

Anexo C – Resultado do Exame qualitativo de urina do relato de caso I...46

Anexo D – Resultado de hemograma do relato de caso I...47

Anexo E – Resultado da radiografia torácica do relato de caso II...48

Anexo F – Resultado da análise laboratorial do líquido cavitário do Relato de caso II...50

Anexo G – Resultado da radiografia torácica do relato de caso II...51

Anexo H – Resultado do primeiro hemograma realizado do relato de caso II...53

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 13

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 14

3. RELATO DE CASO 1... 21

3.1 Ducto arterioso persistente associado a megaesôfago em um felino ... 21

Introdução ... 21 Metodologia ... 22 Resultados e Discussões ... 23 Conclusão ... 28 Referências Bibliográficas ... 28 4. RELATO DE CASO 2... 31

4.2 Linfoma de Mediastino em um felino FeLV-positivo... 31

Introdução ... 31 Metodologia ... 32 Resultados e Discussões ... 34 Conclusão ... 38 Referências Bibliográficas ... 39 5. CONCLUSÃO ... 41 ANEXOS ... 42

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1. INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária inicialmente foi realizado na Chatterie – Centro de Saúde do Gato, localizada na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016, totalizando 120 horas. O mesmo foi realizado na área clínica e cirúrgica de felinos, sob supervisão da Médica Veterinária Rochana Rodrigues Fett e orientação da professora Doutora Médica Veterinária Cristiane Beck.

A Chatterie atende somente felinos da cidade e da região metropolitana. Conta com setor clínico e cirúrgico, laboratório de análises clínicas, um ambulatório, duas alas de internação e isolamento, com acompanhamento 24 horas, e sala de plantonista.

No Hospital Veterinário da UNIJUÍ, localizado na cidade de Ijuí/RS, o Estágio foi realizado no período de 12 de setembro de 2016 a 19 de setembro de 2016, totalizando 30 horas. O mesmo foi executado na área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, sob a supervisão da Médica Veterinária Hellen Fialho Hartmann, e orientação da professora Doutora Médica Veterinária Cristiane Beck.

O Hospital Veterinário da UNIJUÍ conta com setor clínico e cirúrgico de pequenos animais, laboratório de análises clínicas, parasitologia veterinária, histopatologia, sala de radiografia e ultrassonografia que atendem tanto as demandas do Hospital Veterinário, quanto aos encaminhamentos de clínicos da cidade e região. Possui uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), isolamento e internação com cuidados de enfermagem 24 horas.

(14)

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária ocorreu na área clínica médica e cirúrgica de felinos na Chatterie – Centro de Saúde do Gato e em clínica e cirurgia de pequenos animais no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, onde se acompanhou consultas, procedimentos cirúrgicos, exames complementares como ultrassonografias, radiografias e hemogramas e procedimentos de enfermagem.

Durante as consultas acompanhadas auxiliava-se na contenção dos animais no exame clínico e físico, coleta de sangue para realização de exames laboratoriais e na realização de exames de imagem.

No bloco cirúrgico, as principais atividades realizadas eram pré e pós-operatórias, como tricotomia, auxílio para intubação, acesso venoso, aplicação de medicação anestésica e de cuidados no pós-operatório. Durante o procedimento cirúrgico, acompanhava-se o cirurgião como auxiliar ou apenas observava-se a realização do procedimento.

Nas internações dos animais as atividades realizadas eram aplicação de medicamentos, troca de curativos, alimentação, aferição de parâmetros vitais e contenção dos animais para coleta de sangue. Os atendimentos e procedimentos realizados durante o estágio curricular na Chatterie – Centro de Saúde do Gato e no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, estão descritos nas tabelas a seguir.

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Tabela 1 - Atendimentos clínicos acompanhados na espécie felina, durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais realizado na Chatterie - Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016.

Diagnóstico Total %

Adenocarcinoma mamário 1 4,17

Asma 2 8,33

Cálculo renal 1 4,17

Complexo gengivo estomatite felino 1 4,17

Conjuntivite 1 4,17

Dermatofitose 2 8,33

Doença renal crônica 3 12,50

Ducto arterioso persiste associado a megaesôfago 1 4,17

Florida spots 1 4,17

Fratura exposta simples distal de rádio/ulna 1 4,17

Fratura fechada cominutiva proximal de rádio/ulna 1 4,17

Fratura simples de sínfise mandibular 1 4,17

Gengivite 2 8,33

Lesão perfurativa 1 4,17

Luxação da articulação temporo-mandibular 1 4,17

Obstrução duodenal 1 4,17

Sarna de otodécica 1 4,17

Úlcera de córnea 2 8,33

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Tabela 2 - Atendimentos clínicos e cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS, no período de 12 de setembro a 19 de setembro de 2016.

Diagnósticos/Procedimentos Felino Canino Total %

Eclampsia - 1 1 33,33

Cesariana 1 - 1 33,33

Osteossíntese de fratura dialisaria completa simples de

fêmur - 1 1 33,33

Total 3 100

Tabela 3 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados na espécie felina, durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais realizado na Chatterie - Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016.

Procedimento Total %

Biópsias 4 14,81

Cistotomia 1 3,70

Colocação de sonda esofágica 2 7,41

Laparotomia exploratória 3 11,11

Mastectomia 1 3,70

Oquiectomia 4 14,81

OH Eletiva 6 22,22

Osteossíntese de rádio/ulna 2 7,41

Osteossíntese de sínfise mandibular 1 3,70

Profilaxia dentária 2 7,41

Remoção de corpo estranho 1 3,70

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Tabela 4 - Procedimentos ambulatoriais e atividades acompanhadas na espécie felina durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais realizado na Chatterie - Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016.

Procedimento Total %

Acupuntura 1 0,32

Administração de vermífugo 14 4,43

Aplicação da vacina quádrupla felina 11 3,48

Aplicação da vacina quíntupla felina 7 2,22

Aplicação da vacina tríplice felina 5 1,58

Aplicação de vacina anti-rábica 10 3,16

Cistocentese 6 1,90 Coleta de fezes 8 2,53 Coleta de sangue 150 47,47 Compressão de bexiga 1 0,32 Compressão de ceco 1 0,32 Consultas 39 12,34 Consultas especializadas 4 1,27 Curativo 5 1,58 Eutanásia 1 0,32 Fluidoterapia subcutânea 5 1,58 Limpeza de ferida 5 1,58

Medicações dos animais internados 26 8,23

Quimioterapia 5 1,58

Raspado profundo de pele 2 0,63

Retirada de pontos 2 0,63

Retirada de sonda esofágica 1 0,32

Swab de ouvido 3 0,95

Swab nasal 1 0,32

Transfusão sanguínea 3 0,95

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Tabela 5 - Procedimentos ambulatoriais e atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS, no período de 12 de setembro a 19 de setembro de 2016.

Procedimento Felino Canino Total %

Acesso venoso 1 1 2 8,33

Coleta de sangue 2 6 8 33,33

Coleta de urina por cateterismo 1 - 1 4,17

Consulta - 2 2 8,33

Limpeza de ferida 3 2 5 20,83

Medicações dos Animais Internados 3 - 3 12,50

Trocas de curativos 1 2 3 12,50

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Tabela 6 - Exames complementares acompanhados na espécie felina durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais realizado na Chatterie - Centro de saúde do gato, na cidade de Porto Alegre/RS, no período de 04 de julho a 29 de julho de 2016.

Procedimento Total %

Análise histopatológica 8 1,03

CAAF 4 0,52

Bioquímicos (FA, AST, GGT, K, Ureia, Creatinina, Bilirrubina) 344 44,39

Contagem de leucócitos totais 150 19,35

Cultura e antibiograma 8 1,03

Ecocardiograma 4 0,52

Eritrograma 150 19,35

Citológico 3 0,39

Exame parasitológico de fezes 4 0,52

Exame parasitológico de pele 2 0,26

Exame qualitativo de urina 6 0,77

Lâmpada de Wood 5 0,65

Micológico de pele 2 0,26

Radiografia 13 1,68

Snap Test FIV/FeLV 14 1,81

Snap Test Giardia 5 0,65

Snap Test Lipase hepática 1 0,13

Teste de glicemia 11 1,42

Tipagem sanguínea 2 0,26

Ultrassonografia 39 5,03

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Tabela 7 - Exames complementares acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais realizado no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, na cidade de Ijuí/RS, no período de 12 de setembro a 19 de setembro de 2016.

Procedimento Felino Canino Total %

Snap Test Parvovirose - 1 1 9,09

Hemograma 2 6 6 54,55

Bioquímicos (Cálcio, Creatinina, ALT, FA, Ureia,

Creatinina) 1 2 2 18,18

Urinálise 1 - 1 9,09

Ultrassom abdominal 1 - 1 9,09

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3. RELATO DE CASO 1

3.1. Ducto arterioso persistente associado a megaesôfago em um felino

Introdução

Pouco se conhece sobre a prevalência de cardiopatias congênitas em felinos, porém sabe-se que a maioria dessas alterações encontradas em caninos também já foi relatada em gatos, sendo seu tratamento semelhante (RISHNIW, 2016). Anomalias do anel vascular são malformações congênitas, e o ducto arterioso persistente (PDA) é a mais comum, chegando a representar cerca de 95% dos casos diagnosticados em clínica de pequenos animais. Esta patologia aprisiona o esôfago torácico, provocando a sua obstrução e podendo levar ao desenvolvimento do megaesôfago (LITTLE, 2016; MACPHAIL, 2014).

Quando um animal é acometido pela persistência do canal arterial, ocorre um desvio de fluxo sanguíneo da aorta descendente até a aorta pulmonar. Este desvio de fluxo da esquerda para a direita causa uma sobrecarga da circulação pulmonar, do átrio e ventrículo esquerdo. O volume desviado é diretamente relacionado à diferença de pressão entre ambas as circulações e o diâmetro do ducto, além disso, ocorre o aprisionamento do esôfago pela aorta à direita, pelo ligamento arterial e pelo tronco pulmonar à esquerda e, pela base do coração ventralmente (LITTLE, 2016; SISSON, et al., 2008; WARE, 2015).

Normalmente, horas após o nascimento o ducto se contrai para tornar-se funcionalmente fechado, e nas semanas seguintes ocorrem mudanças estruturais culminando no fechamento permanente. Os animais acometidos por tal patologia possuem paredes histologicamente anormais, com menos musculatura lisa e uma maior porção de fibras elásticas, similares à parede aórtica e, desta forma, incapaz de se contrair (RISHNIW, 2016; SISSON, et al., 2008; WARE, 2015)

Em sua maioria os animais acometidos pela PDA são assintomáticos e, segundo Sisson, et al. (2008), quando ocorre a manifestação clínica da doença os sinais apresentados são: sopro esquerdo cranial à base cardíaca acompanhado muitas vezes de um frêmito pré-cordial, mucosas rosas, pulso forte, potencial insuficiência cardíaca congestiva esquerda com edema

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pulmonar, podendo também apresentar taquipneia ou tosse (MACPHAIL, 2014; RISHNIW, 2016; WARE, 2015).

No megaesôfago o animal demonstra regurgitação frequente, minutos ou horas após a alimentação, podendo ainda ocorrer subnutrição e pneumonia por aspiração. Quando exibe tais sinais desde o período de desmame é sugestivo de anomalia de anel vascular (LITTLE, 2016; MACPHAIL, 2014; WASHABAU, 2008).

O diagnóstico destas patologias é realizado com o auxílio de exames complementares como radiografias, ecocardiografias com doppler e eletrocardiograma. Exames como hemograma e perfil bioquímico não são importantes para diagnóstico, porém essenciais para o acompanhamento das patologias (MACPHAIL, 2014; SISSON, et al., 2008; WARE, 2015).

O tratamento para esta patologia em animais de companhia, pode ser realizado com a utilização de dispositivos de oclusão por transcateter ou através da ligação cirúrgica do ducto, sendo indicado para animais com menos de dois anos de idade e resulta na resolução dos sinais clínicos possibilitando ao paciente que tenha uma vida normal (MACPHAIL, 2014; RISHNIW, 2016; SISSON, et al., 2008; WARE, 2015).

Caso não se realize a correção do ducto, o prognóstico dependerá do tamanho e do nível da resistência pulmonar vascular, pois 50% dos pacientes acometidos e não tratados morrem no primeiro ano de vida. A insuficiência cardíaca congestiva é consequência para os pacientes que não são submetidos ao fechamento ductal (LITTLE, 2016; MACPHAIL, 2014; WARE, 2015). O presente estudo tem como objetivo relatar sobre o caso de um felino acometido pela patologia do ducto arterial persistente associado a megaesôfago, acompanhado durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Ceterinária, na Chatterie – Centro de Saúde do Gato.

Metodologia

Durante o estágio realizado na Chatterie – Centro de Saúde do Gato, foi atendido um felino, fêmea, com dois anos de idade e pesando 2 kg. Na primeira consulta realizada na Chatterie, foi descrito pela tutora que o animal apresentava frequente regurgitação. A paciente, na época com idade de 45 dias havia sido atendida em outra clínica e diagnosticada com persistência do canal arterioso.

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Nessa oportunidade realizou-se a ausculta cardíaca e pode-se observar que o animal apresentou sopro de grau V. Então, realizou-se uma tomografia que indicou megaesôfago.

Na consulta acompanhada durante a realização do estágio, cerca de dois anos após a primeira consulta realizada, a tutora relatou que o animal estava apático e anoréxico, desde a morte da outra felina que convivia com o animal havia três dias. No exame físico pode-se observar que não havia alterações nos linfonodos, que o animal apresentava atraso no desenvolvimento, temperatura retal de 38,4 ºC, tempo de perfusão capilar de 3 segundos, frequência cardíaca de 230 batimentos por minuto, 32 movimentos respiratórios por minuto e mucosas normocoradas.

Solicitou-se a realização de ecodopplercardiograma, ultrassonografia abdominal e radiografia torácica. Além disso, coletou- se sangue para hemograma e bioquímicos (Creatinina, Potássio, FA, GGT e ALT). Associado ao ultrassom abdominal foi coletado urina por cistocentese para realização de exame qualitativo de urina e urocultura.

Como foi optada pela não correção cirúrgica da PDA, orientou-se que o animal retornasse periodicamente à clínica para acompanhamento.

Como indicação para tratamento da insuficiência cardíaca congestiva, resultante da anomalia congênita, o paciente recebe furosemida na dose de 1 mg/kg e benazepril 0,62mg/kg, ambos de uso oral e uma vez ao dia. Foi indicado que o animal fosse alimentado com Prescription Diet Canine/Feline A/D Hills® em estação com o pescoço elevado e que fosse fornecido também Nutralogic®.

Resultados e Discussão

Dentre as malformações congênitas cardíacas estão às anomalias do anel vascular e conforme descrito por Rishniw (2016) a persistência do canal arterial e o defeito de septo interventricular, são duas das anomalias mais comuns. As anomalias cardíacas congênitas são pouco relatadas na clínica médica de felinos. Estas malformações acometem o esôfago torácico aprisionando-o, pela aorta pelo lado direito, pelo ligamento arterial e tronco pulmonar à esquerda e pela base do coração ventralmente impedindo que o alimento sólido passe pelo esôfago (RISHNIW, 2016; WARE, 2015).

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O início dos sinais clínicos da anomalia de anel vascular se dá no período de desmame, ou em animais com menos de 6 meses de vida. Os sintomas mais apresentados pelos animais são a regurgitação e atraso no desenvolvimento. Outros sinais clínicos apresentados estão relacionados à baixa resistência ao exercício, taquipneia ou tosse (LITTLE, 2016; STURION,

et al., 2008; WARE, 2015).

Conforme o relato da proprietária, o animal com 45 dias já apresentava regurgitação frequente e subdesenvolvimento como descrito na literatura. Além da regurgitação, o paciente durante a auscultação cardíaca apresentou sopro de grau V, que segundo Ware (2015) é classificado desta forma por apresentar sopro alto e com frêmito pré-cordial. O fato é confirmado por Rishniw (2016) que cita que o animal acometido pela PDA apresenta sopro contínuo esquerdo cranial a base cárdica, pulso forte e potencialmente insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

O uso de exames de imagem para diagnóstico da persistência do ducto arterioso é muito útil. Na radiografia é possível observar um alongamento cardíaco, alargamento de átrio esquerdo e auricular, sobrecarga circulatória pulmonar. Ainda é possível observar que o esôfago estará dilatado cranialmente ao anel, em direção ao coração enquanto o esôfago caudal encontra-se normal (LITTLE, 2016; WARE, 2015). Como o animal já havia sido diagnosticado com o defeito congênito em outra clínica, acredita-se que estes exames tenham sido utilizados para que se realizasse o diagnóstico, porém não se teve acesso às imagens e laudos.

O tratamento definitivo é através da correção cirúrgica do defeito vascular, por ligadura e transecção do ligamento arterioso ou com a utilização de dispositivos de oclusão, como transcateteres. Quando o defeito vascular for pequeno ou moderado o animal pode levar uma vida relativamente normal, existem alguns casos nos quais o defeito se fecha de forma espontânea nos primeiros dois anos de vida (LITTLE, 2016; RISHNIW, 2016; WARE, 2015). Como citado por Ware (2015) a ligação cirúrgica em sua maioria é bem-sucedida em cães, havendo cerca de 10% de letalidade perioperatória. Encontra-se na literatura relatos de utilização de transcateter, porém segundo Rishniw (2016) a utilização deste procedimento cirúrgico em felinos, em geral não é possível, devido à falta de dispositivos endovasculares adequados para esta espécie. Por este motivo não foi realizado o tratamento cirúrgico deste animal.

Sturion, et al. (2008) relata a realização da correção cirúrgica através da ressecção e ligadura em um felino. O animal se recuperou do procedimento em 8 dias, porém veio a óbito

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63 dias após o procedimento, apresentando um quadro de comprometimento respiratório e sinais de sepse.

Neste caso o aprisionamento do esôfago, leva ao desenvolvimento de outra patologia, o megaesôfago, que é um distúrbio de hipomotilidade, podendo ser classificado em congênito ou adquirido, idiopático ou secundário a outras doenças. Quando associado à anomalia do anel vascular o animal terá histórico de regurgitação frequente desde o desmame (LITTLE, 2016; WARE, 2015).

O diagnóstico se dá através de radiografias contrastadas, esofagografia e, quando possível a fluoroscopia contrastada, esta última permite avaliar o peristaltismo (LITTLE, 2016; WARE, 2015). Neste caso a forma de diagnóstico por imagem utilizado foi a tomografia, porém o uso deste exame de imagem difere do encontrado na literatura.

Neste caso, o megaesôfago é decorrente da persistência do ducto arterioso, sendo possível a correção cirúrgica do defeito vascular e assim pode-se recuperar a função esofágica normal, como descrito na literatura. Ressalta-se que o diagnóstico e o tratamento cirúrgico precoce melhoram o prognóstico de retorno da motilidade esofágica (LITTLE, 2016; WARE, 2015).

A ICC ocorre pelos mecanismos compensatórios que atuam promovendo o aumento do ritmo cardíaco e a retenção de volume, na tentativa de manter o fluxo sanguíneo normal, o ventrículo esquerdo sofre com a elevação hemodinâmica, desta forma o ventrículo esquerdo e a dilatação do anel causam regurgitação, aumentando a sobrecarga de volume. Sendo assim a retenção de líquido, a contratilidade miocárdica em declínio pela sobrecarga de volume crônica, e arritmias contribuem para o desenvolvimento desta patologia (SISSON, et al., 2008; WARE, 2015).

O ecocardiograma é um exame complementar, sendo considerado o instrumento mais valioso para identificar patologias cardíacas em felinos. É útil para o diagnóstico de PDA pois, através deste exame é possível observar o aumento do coração no lado esquerdo e dilatação do tronco pulmonar, com a utilização do doppler, o exame demonstrará um fluxo turbulento na artéria pulmonar (RISHNIW, 2016; WARE, 2015;). No exame ecodopplercardiograma realizado no paciente foi observado uma importante insuficiência na válvula mitral e moderada na tricúspide, além de endorcardiose na válvula tricúspide e comunicação intraventricular (septo membranoso) (ANEXO A).

Esta comunicação interventricular em felinos, também é conhecida como defeito do septo interventricular, em sua maior parte é perimembranosa e situada sobre a aorta, sendo que

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os problemas hemodinâmicos são determinados pelo tamanho do septo (RISHNIW, 2016; WARE, 2015). Segundo Rishniw (2016), este tipo de patologia é um achado ocasional e além de um sopro sistólico direito audível, causa pouca alteração hemodinâmica, caso seja grande as pressões diastólicas podem levar ao desenvolvimento de ICC, como o ocorrido neste caso, no qual após o exame cardiológico foi indicado o uso de medicação para tratamento da ICC que acomete o paciente.

Filho, et al. (2015), relatam o caso de um felino que foi diagnosticado com septo membranoso. Os autores destacam que o diagnóstico desta patologia se dá através da anamnese, sinais clínicos e exames de imagem, como realizado neste relato. No entanto, no caso descrito por Filho, et al. (2015), o diagnóstico ocorreu de forma tardia, levando o animal ao óbito, destacando a importância em diagnosticar esta patologia precocemente com a realização de exames de imagem como a ecocardiografia com o uso de doppler, para que seja avaliado e designado a melhor forma de tratamento.

Realizou-se, também um ultrassom abdominal, pelo qual foi possível observar que o fígado estava com as dimensões levemente aumentadas, acentuado aumento de calibre na veia hepática, superior ao da veia cava caudal, em posição caudal à sua união com esta, sendo esta imagem compatível com congestão passiva. A bexiga estava repleta, com conteúdo anecoico, sedimentos hipoecogênicos amorfo em deposição e, em pouca quantidade, sugerindo gotículas lipídicas, sedimentação urinária ou concentração urinária (ANEXO B). Neste momento foi coletado urina por cistocentese, que foi enviada para laboratório para a realização de um exame qualitativo de urina e urocultura, que apresentou alteração apenas na densidade urinária que estava aumentada (ANEXO C).

Em felinos a densidade urinária depende da hidratação e idade do animal, variando também, ao longo do dia em um mesmo indivíduo. A temperatura do meio ambiente, os solutos presentes na amostra e a presença de patologias, como doença renal crônica, são outros fatores que influenciam na densidade (DIBARTOLA e WESTROPP, 2015; SCHERK, 2016). Desta forma podemos concluir que a densidade aumentada se deve a desidratação do animal.

A congestão hepática pode ser causada pela insuficiência cardíaca congestiva direita ou outras causas que levem a congestão pós hepática, resultando na elevação das enzimas do fígado (WATSON, 2015). Sendo assim o desenvolvimento desta alteração hepática é consequência da insuficiência cardíaca que o animal apresentava.

Ao exame de bioquímica sérica apenas a fosfatase alcalina estava alterada com valor em 428 U/L, sendo que o valor de referência, estabelecido como fisiológico em felinos, varia de 25

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a 93 U/L (KANEKO, et al., 2008). Esta enzima está associada à membrana colestática, sendo útil para identificar distúrbios ductais biliares ou pancreáticos (ZORAN, 2016). Podemos atrelar a elevação desta enzima à congestão hepática passiva identificada pelo exame de ultrassonografia, como descrito anteriormente como consequência da ICC que acometeu o animal.

O hemograma resultou em anemia macrocítica hipocrômica regenerativa e o leucograma apresentou leve leucocitose por neutrofilia, com monocitose, indicando que o animal estava com uma infecção bacteriana (ANEXO D), porém não foi possível encontrar a justificativa para estes resultados.

Animais acometidos por ICC são tratados com furosemida, cuja dose indicada pela literatura é de 0,9 a 1,8 mg/kg, com administração por via oral. É um diurético de alça para reduzir o edema pulmonar. Segundo os autores os felinos são mais sensíveis à ação desse fármaco, desta forma sua administração deve ser cautelosa pois pode provocar desidratação e hipopotassemia e anorexia. Foi indicado também um inibidor da enzima conversora da angiotensina como o benazepril, na dose de 0,5 mg/kg, também administrado pela via oral. Ambos podem ser administrados uma vez ao dia (KOGIKA e YAMATO, 2011; RISHNIW, 2016; WARE, 2015). Desta forma a indicação clínica para tratamento da paciente em questão foi o mesmo citado na literatura, uma vez que o mesmo recebe como tratamento os fármacos acima citados, na dose de 1 mg/kg e 0,62mg /kg, respectivamente, ambos de uso oral e uma vez ao dia. Segundo Ware (2015) indica-se a administração de pimobendana ou digoxina, para que a diminuição de contratilidade seja revertida, porém estes fármacos não foram recomendados.

Já o tratamento optado para o megaesôfago foi o sintomático, realizado através da alimentação em posição vertical com o pescoço elevado, esta posição deve ser mantida por no mínimo 10 minutos, além de fornecer, ao paciente, várias refeições e em pequena quantidade, com alimentos semissólidos ou líquidos, para facilitar a passagem do alimento pelo esôfago. Há várias dietas que podem ser oferecidas para o paciente (LITTLE, 2016; WARE, 2015), neste caso foi optado pela utilização de ração pastosa administrada em pequenas porções diversas vezes ao dia.

Os autores ainda destacam o risco que os animais acometidos pelo megaesôfago estão sujeitos, como a pneumonia por aspiração e morte súbita (LITTLE, 2016; WARE, 2015), de modo que o proprietário foi orientado sobre a importância da forma de alimentar o animal para evitar tais complicações.

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Em seus relatos Díaz, et al, (2012) e Sturion, et al., (2008), também recomendaram a alimentação em estação com o pescoço elevado, permanecendo nesta posição por um tempo determinado, que varia de 10 a 20 minutos, e com alimentos líquidos e semissólidos, onde os animais apresentaram melhora no quadro de regurgitação, bem como o ocorrido com o felino.

Em casos onde possa haver o tratamento da causa subjacente o prognóstico se torna favorável. Porém, é desfavorável para animais que desenvolvem pneumonia por aspiração, que tenham mais de um ano de idade ou que não se adaptem ao manejo dietético.

Atualmente, o animal está com dois anos de idade, realizando o tratamento sintomático para o megaesôfago e o tratamento para insuficiência cardíaca, realiza consultas periódicas para o acompanhamento do caso. Conforme Ware (2015), 50% dos caninos acometidos pela persistência do ducto arterioso falecem no primeiro ano de vida, este dado não foi encontrado em relação à espécie felina.

Conclusão

Destaca-se a importância do diagnóstico precoce, o tratamento e o acompanhamento periódico do caso, para garantir o bem-estar do paciente. Acredita-se que as anomalias congênitas cardíacas devem ser corrigidas precocemente, para que seja possível a resolução dos problemas hemodinâmicos e retorno da motilidade esofágica, porém em felinos é necessário o desenvolvimento de materiais mais específicos para serem utilizados nesta espécie, uma vez que os dispositivos de oclusão disponíveis hoje são muito grandes.

Neste caso não se realizou o tratamento definitivo para o ducto arterioso persistente, o acompanhamento do paciente se faz importante uma vez que as complicações que esta anomalia causa, como o megaesôfago e a insuficiência cardíaca congestiva, se não tratadas ou bem manejadas, podem levar o animal ao óbito.

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DIBARTOLA, S. P.; WESTROPP, J. L. Manifestações Clínicas das Doenças do Trato Urinário. In: __________. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Cap. 41, p. 633.

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KANEKO, J.; HARVEY, J.; BRUSS, M. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. 6. ed. San Diego: Elsevier, 2008. p. 893

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(30)

ZORAN, D. L. Doenças do Fígado. In: __________. O Gato: Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. Cap. 23, p. 504-506.

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4.

RELATO DE CASO 2

4.2. Linfoma de Mediastino em um felino FeLV-positivo

Introdução

Linfomas são neoplasias linfoides e se originam de órgãos ou tecidos moles. É a neoplasia felina mais comum, compreendendo cerca de 50% dos tumores hemolinfáticos. Nesta espécie seu surgimento é bimodal, com o primeiro pico de incidência em gatos com dois anos de idade e soropositivos para FeLV, e o segundo pico de ocorrência se dá em animais soronegativos para FeLV e com idade entre dez e doze anos (CHOY e BRYAN, 2016; COUTO, 2015).

Este vírus é pertencente à família Retroviridae, e possui quatro subgrupos (A, B, C e T), cada um associado a diferentes manifestações clínicas. Sua forma de transmissão é através de contato direto, pois os animais infectados eliminam o vírus pelos líquidos corporais. Depois de infectar, o vírus replica na orofaringe e dissemina-se até a medula óssea. Animais infectados podem permanecer assintomáticos ou exibir sinais clínicos leves, que estão associados a alguns problemas clínicos como anemia, doenças inflamatórias crônicas, infecções secundárias e linfomas (KENNEDY e LITTLE, 2016; LAPPIN, 2015).

Antes acreditava-se que 70% dos linfomas diagnosticados estavam relacionados a infecção pelo vírus da leucemia, porém com a disseminação dos testes clínicos para diagnóstico de FeLV essa incidência varia entre 14 e 25% (CHOY e BRYAN, 2016; COUTO, 2015).

Há quatro formas anatômicas que esta neoplasia pode apresentar: a forma multicêntrica, mediastinal, alimentar e extranodal (cutênea). As alterações clínicas observadas nos pacientes variam conforme a localização anatômica dos tumores. Na forma mediastinal os sinais são dispneia, tosse e regurgitação, de início recente, causados pela compressão dos linfonodos anteriores e, a efusão pleural pode contribuir para os sinais respiratórios (CHOY e BRYAN, 2016; COUTO, 2015).

Se o animal desenvolver a forma alimentar, este apresentará sinais ligados ao trato gastrointestinal, como anorexia, perda de peso, êmese e diarreia. Quando acometidos pela forma

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multicêntrica os sinais clínicos são inespecíficos, mas é possível observar uma ou mais, massas subcutâneas (CHOY e BRYAN, 2016; COUTO, 2015).

As diferentes formas do linfoma apresentam prevalências clínicas diferentes em felinos infectados com o vírus da leucemia felina, sendo que a forma mediastinal tem 90% de prevalência, a forma multicêntrica alcança 80% dos casos, já a forma alimentar representa 30% e enquanto que a forma cutânea não tem prevalência clínica (COUTO, 2015).

Exames de imagem, como radiografias e ultrassonografias, são úteis para estabelecer o diagnóstico. Entretanto, para a confirmação é necessário utilizar análises citológica ou histopatológica (CHOY e BRYAN, 2016; COUTO, 2015). Para estabelecimento do prognóstico é comum utilizar um sistema de estadiamento, que envolve um exame físico completo, alterações hematológicas ou bioquímicas e a sorologia para FeLV, uma vez que felinos infectados possuem um prognóstico negativo (CHOY e BRYAN, 2016; COUTO, 2015). Segundo Choy e Bryan (2016) o indicador de prognóstico mais confiável é a resposta ao tratamento.

Uma vez diagnosticado com linfoma, esta neoplasia pode ser tratada com quimioterapia, sendo que a taxa de remissão em felinos varia de 65% a 75%. A sobrevida de felinos com linfoma mediastinal que realizam o tratamento quimioterápico varia de 6 a 9 meses, enquanto em animais que não são tratados a expectativa de vida varia de 4 a 8 semanas após o diagnóstico (CHOY e BRYAN, 2016; COUTO, 2015; LAPPIN, 2015).

O presente estudo tem como objetivo relatar o caso de um felino macho infectado pelo vírus da leucemia felina que desenvolveu linfoma mediastinal e que realizou o tratamento quimioterápico, acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado.

Metodologia

Durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realizado na Clínica Chatterie – Centro de Saúde do Gato, acompanhou-se uma sessão de quimioterapia em um felino, macho, com um ano e quatro meses de idade, pesando 3,500 kg.

O animal foi resgatado da rua ainda filhote e adotado com cerca de três meses, foi levado a clínica veterinária para avaliar o animal após o resgate e, por fazer parte da rotina clínica, o animal foi testado para FIV/FeLV, resultando positivo para FeLV. Com cerca de 10 meses de

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idade o animal apresentava se apático e dispneico, conforme relatado pela tutora, ocasião em que foi levado para consulta na clínica. Sendo assim realizou-se uma radiografia e ultrassonografia do tórax, onde pode ser observado uma massa na região mediastinal e a presença de líquido na cavidade torácica, este líquido foi drenado e enviado para análise laboratorial.

Com base na anamnese, exame clínico e nos resultados dos exames complementares, foi diagnosticado com linfoma mediastinal ainda com 10 meses. Como tratamento para esta neoplasia optou-se pelo protocolo quimioterápico COP modificado (Ciclofosfamida, Vincristina e Prednisolona), sendo realizado a cada 21 dias.

Iniciou-se a quimioterapia logo após o diagnóstico com ciclofosfamida e devido aos efeitos colaterais, optou-se pela não mais utilização do fármaco como parte do tratamento. Adotou-se desta forma como tratamento quimioterápico, a aplicação durante um ano do quimioterápico vincristina e, após mais um ano com prednisolona, com intervalos de 21 dias, entre cada sessão.

Durante o período do estágio, antes da sessão de quimioterapia foi realizado um hemograma, e com base no resultado se realizou a quimioterapia. Após a aplicação do fármaco foi receitado o uso de Vonau® na dose de 0,5 mg/kg, durante 7 dias, caso o mesmo ficasse

nauseado.

O animal retornou a clínica 20 dias depois para realização de outra sessão de quimioterapia, ocasião em que se coletou sangue para realizar o hemograma, que demonstrou anemia, portanto foi optado pela não aplicação do medicamento. Desta forma administrou-se eritropoietina 4000UI/ml, na dose de 110UI/kg por via subcutânea.

Passados dois dias o animal retornou a clínica para consulta com um especialista em oftalmologia, pois apresentava sinais de blefarite, edema e eritrema no olho esquerdo. Foi realizado o teste de fluoresceína para verificar a existência de úlcera corneal. Instilou-se uma gota de colírio anestésico e foi realizado o debridamento da córnea com swab estéril.

Receitou-se o uso de colírio Gatifloxacino 0,5%, instilando uma gota em cada olho, a cada 12 horas, mantendo a administração deste até que a proprietária conseguisse adquirir o colírio de Tetraciclina 1% instilando uma gota em cada olho, a cada 6 horas por 15 dias. Além disto foi indicado o uso de Ocufen® aplicando uma gota a cada 8 horas, durante 15 dias.

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Resultados e Discussão

O vírus causador da leucemia felina, é pertencente da família Retroviridae, classificado como gamarretrovírus. Geralmente o tipo A é pouco patogênico, já os subgrupos B, C e T são mutações do tipo A, e, portanto, mais patogênicos quando comparados ao tipo A. O subgrupo B está associado ao desenvolvimento de linfomas, o C a anemias regenerativas e o T que causa imunossupressão, resultando em síndromes distintas (KENNEDY e LITTLE, 2016), desta forma a síndrome apresentada pelo felino atendido pode ter sido causada pelo subgrupo B.

O animal do presente relato é um macho e foi recolhido da rua, com menos de seis meses de idade. Neste último aspecto, discorda com o descrito na literatura, que fala que os animais mais acometidos possuem mais de seis meses de idade (KENNEDY e LITTLE, 2016; LAPPIN, 2015; ZACHARY e MC GAVIAN, 2013).

A contaminação pode ocorrer por lambedura, via transplacentária ou pela amamentação, estas duas últimas formas são menos comuns (KENNEDY e LITTLE, 2016). Desta forma não é possível afirmar como o paciente foi contaminado pelo patógeno, já que foi encontrado na rua. Os animais infectados pelo vírus da leucemia felina podem apresentar sinais clínicos inespecíficos, como depressão, anorexia, apatia, e por este motivo são levados ao médico veterinário. Além de neoplasias, animais soropositivos podem manifestar outras doenças secundárias (KENNEDY e LITTLE, 2016; LAPPIN, 2015;).

O animal foi levado para consulta por apresentar sinais de dispneia e apatia, concordando com o relatado na literatura onde, na qual o animal com esta neoplasia, geralmente, é encaminhado para uma consulta por estar apresentando estes sinais clínicos, causados pela compressão dos linfonodos aumentados e efusão pleural (CÁPUA, et al., 2005; ELEUTÉRIO, 2014; COUTO, 2015).

O vírus da leucemia felina pode ser identificado através de ensaio de imunofluorescência (IFA) ou por ELISA (LAPPIN, 2015; KENNEDY e LITTLE, 2016). O teste utilizado para diagnóstico de FeLV, neste caso, foi com SNAP* Combo FeLV ag/FIV Antibody®1 que detecta simultaneamente o antígeno para FeLV e para o vírus da imunodeficiência felina no soro, plasma ou sangue total, o diagnóstico de FeLV se dá pela presença do antígeno P27.

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O desenvolvimento de linfoma, como neste caso, é muito comum em felinos soropositivos para FeLV, segundo Couto (2015) antigamente acreditava-se que cerca de 70% dos felinos diagnosticados com linfoma seriam soropositivos para FeLV, porém esta alta prevalência era devido a falta do uso de testes rápidos, como de ELISA, de modo que hoje, com o uso de testes para diagnóstico clinico este índice varia de 14 a 25% (CHOY e BRYAN, 2016). Foi solicitado um exame radiológico em duas projeções, laterolateral e ventrodorsal, que resultou em efusão pericárdica (ANEXO E).

Realizou-se também uma ultrassonografia, pois, de acordo com a literatura, este exame de imagem constitui uma valiosa ferramenta para avaliação de animais com suspeita de linfoma (CHOY e BRYAN, 2016; LAPPIN, 2015). No caso foi possível observar que havia efusão pleural e uma massa na cavidade torácica. O líquido cavitário foi coletado por punção aspirativa, e enviado para análise e resultando em um transudato modificado (ANEXO F).

Com base na anamnese, sinais clínicos e os resultados dos exames complementares foi possível diagnosticar o linfoma mediastinal. O diagnóstico de linfoma pode ser dado através da análise citológica ou histopatológica dos tecidos, radiografias e ultrassonografia também são métodos úteis para o diagnóstico desta neoplasia (CHOY e BRYAN, 2016; LAPPIN, 2015).

Segundo Couto (2015), felinos tratados com protocolo quimioterápico apresentam de 65% a 75% de chance de remissão, esperando-se que o animal tenha uma sobrevida de 2 a 9 meses com o tratamento para a neoplasia. Em animais não tratados a mortalidade chega próximo de 40% a 70%, em geral, semanas após o diagnóstico (CHOY e BRYAN, 2016). Neste caso o animal apresenta uma sobrevida de um ano e dois meses, mais do que o esperado para casos como este.

O protocolo utilizado no tratamento deste animal é com base no COP modificado (Ciclofosfamida, Vincristina e Prednisolona). A ciclofosfamida é um agente alquilante, atuando em qualquer fase do ciclo celular, não é seletivo para células neoplásicas, pois sua ligação é com o DNA, é efetivo quando as células estão em divisão e em repouso, podendo ser administrado por via oral ou intravenosa (BURTON, 2016; COUTO, 2015; SPINOSA, et al., 2011).

Na primeira administração do protocolo COP no animal, este sofreu uma leucopenia severa, que permaneceu por vários dias, diante deste fato foi optado pela não utilização da ciclofosfamida no tratamento, pois de acordo com a experiência do veterinário responsável, em felinos este medicamento causa uma leucopenia muito severa e aumenta o risco do desenvolvimento de sepse.

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Em vez da utilização de prednisona o veterinário optou pela sua substituição, administrando prednisolona, pois a transformação da prednisona em alguns gatos, pode não ocorrer de forma eficiente (BURTON, 2016). A prednisolona tem citotoxicidade contra células neoplásicas, sendo uma terapia hormonal e tem demonstrado bons resultados, pode ter como efeito colateral a polifagia, polidipsia, poliúria e irritação gastrointestinal (COUTO, 2015; SPINOSA, et al., 2011)

A vincristina é um agente antimicrotúbulos, é seletiva para a fase M do ciclo celular, interrompe a divisão celular na metáfase. Deve-se ficar atento para que não ocorra o extravasamento do fármaco, pois causa destruição perivascular, sendo esta sua principal toxicidade (COUTO, 2015; SPINOSA, et al., 2011). Como relatado anteriormente a ciclofosfamida tem mais efeitos colaterais do que a vincristina, justificando o desuso da ciclofosfamida e a opção de continuar a administração de vincristina neste caso, já que o felino apresentou os efeitos colaterais mais severos, através da leucopenia severa.

Acompanhou-se a aplicação de vincristina no felino, as seções foram realizadas durante um ano com intervalo de 21 dias, no estágio acompanhou-se o término deste primeiro período de tratamento e o início da a administração de prednisolona, que também será realizada por um ano.

Durante o período em que o caso foi acompanhado realizou-se uma radiografia torácica, para acompanhamento do tumor, que demonstrou uma diminuição do alargamento mediastinal cranial esquerdo (ANEXO G), significando que o tratamento estava resultando em remissão tumoral. Fato que se assemelha ao com o relato de Cápua, et al, (2005), onde o felino com linfoma mediastinal também foi submetido a este protocolo quimioterápico sendo possível observar melhora do paciente.

Os quimioterápicos são mielotóxicos, já que atacam qualquer célula em alta taxa de divisão, como células medulares. A toxicidade dos agentes quimioterápicos pode ser avaliada pelo hemograma e leucograma do paciente. Em pacientes que possuam menos de 1.000 células/μL de neutrófilos ou uma contagem de plaquetas inferior a 50.000 células/μL a quimioterapia deve ser interrompida, até que o animal exiba valores dentro do aceitável (COUTO 2015; FOALE e DEMETRIOU, 2011). Por este motivo antes da realização da quimioterapia se realiza um hemograma para avaliar se as células sanguíneas estão em concentração adequada para a realização do tratamento.

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Sendo assim, dois hemogramas foram realizados no paciente durante o estágio. O primeiro resultou em uma anemia macrocítica e hipocrômica, leve leucocitose por neutrofilia, linfopenia e monocitose (ANEXO H), sendo liberado para realização da quimioterapia.

Passados 20 dias, o animal retornou à clínica para realização do segundo exame, que demonstrou uma anemia normocítica e normocrômica, leucócitos totais normais, estando com monocitose e neutrofilia. Além disso, foi identificado anisocitose, policromasia e corpúsculos de Howell-Jolly (ANEXO I). A formação de corpúsculos de Howell-Jolly, anisocitose e policromasia são formas de resposta da medula óssea quando o animal está com anemia (GONZÁLEZ e SILVA, 2008).

Devido à anemia apresentada pelo animal nesta oportunidade, não foi realizado o tratamento. Em contra partida foi aplicado 4000UI/ml de eritropoietina, que é utilizada em casos de anemias graves causadas por agentes quimioterápicos ou doenças que levem a imunossupressão, pois, agregado a outros fatores como ferro, vitaminas e minerais, auxilia na eritropoese sanguínea (SPINOSA, et al., 2011)

Passados dois dias o animal retornou a clínica para consulta com um especialista em oftalmologia, pois apresentava sinais de blefarite, edema e eritrema no olho esquerdo. Foi realizado o teste de fluoresceína, demonstrando uma úlcera de córnea. A infecção pelo FeLV, quando persistente, pode levar ao desenvolvimento de outros distúrbios associados a doença, como infecções sistêmicas, gastrointestinais, dermatológicas, respiratórias e oculares (KENNEDY e LITTLE, 2016) como ocorrido neste relato.

Com base no histórico do animal, exame clínico e sinais apresentados o paciente foi diagnosticado com conjuntivite por clamidiose e úlcera corneal no olho esquerdo. Doenças oftálmicas em felinos geralmente tem origem infecciosa. A conjuntivite é muito comum em felinos e pode ser causada pela Chlamydophila felis, já a úlcera de córnea usualmente é decorrente do HVF-1 (LIM e MAGGS, 2016).

Instilou-se uma gota de colírio anestésico para realização do debridamento da córnea com swab estéril. Esta técnica estimula a cicatrização da córnea, pois remove o tecido desvitalizado, estimula a angiogênese, diminui as chances de infecções, melhorando a avaliação do tratamento (ROCHA, et al.,2006)

Receitou-se o uso de colírio Zymar®

XD 0,5%, uma gota em cada olho, a cada 12 horas, por 7 dias. Este colírio tem como princípio ativo o gatifloxacino, e é indicado para o tratamento de conjuntivites causada por bactérias gram-positivas e gram-negativas (SPINOSA, et al., 2011; ZYMAR XD 0,5%, Solução oftálmica estéril, 2015).

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Passados 7 dias da consulta, a tutora conseguiu adquirir o colírio de tetraciclina 1%, desta forma cessou o uso do gatifloxacino e iniciou o tratamento com a tetraciclina 1% instilando uma gota em cada olho, a cada 6 horas por 15 dias. Este colírio também de amplo espectro, geralmente utilizado para tratamento de clamidioses felinas (SPINOSA, et al., 2011). Em conjunto com a tetraciclina foi instruído o uso de Ocufen® instilando uma gota a cada 8 horas, durante 15 dias. Este é um anti-inflamatório não hormonal, indicado para tratamentos de inflamações e não interfere na cicatrização (OCUFEN: Solução oftálmica estéril, 2013; SPINOSA, et al., 2011)

As úlceras devem ser tratadas com antibióticos bactericidas de amplo espectro de uso tópico, como a fluoroquinolona, uma vez que a lesão pode predispor a infecção secundária, e soluções oftálmicas antivirais como idoxurrubicina, ambos os fármacos devem ser instilados 1 gota por até 6 vezes ao dia, por no mínimo 2 semanas. Também se recomenda o uso de pomadas oftálmicas a base de tetraciclina ou cloranfenicol. Quando causadas pelo HVF-1, convém administrar antivirais sistêmicos associado ao tratamento local (HAWKINS, 2015; LIM e MAGGS, 2016).

A conjuntivite, deve ser tratada com o uso de antibióticos sistêmicos como doxiciclina e pomada de uso tópico a base de tetraciclina ou eritromicina, e deve perdurar cerca de 3 ou 4 semanas (HAWKINS, 2015; LIM e MAGGS, 2016). Desta forma o tratamento instruído está em desacordo com a literatura, uma vez que foi recomendado apenas o uso de colírios, e não foi indicado o uso de antivirais ou pomadas.

Conclusão

Ressalta-se a importância em realizar os testes para FeLV, para diagnosticar precocemente a infecção, pois o animal fica suscetível a infecções secundárias e outras patologias, como o desenvolvimento de linfomas.

A quimioterapia empregada tem se demonstrado eficaz no tratamento desta neoplasia, principalmente pelo aumento na sobrevida do animal, no entanto deve-se estar atento aos efeitos colaterais, como a toxicidade exercida na medula óssea. Sendo assim exames hematológicos devem ser realizados antes das sessões de tratamento para avaliar se o animal está apto ou não para continuar o tratamento.

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Referências Bibliográficas

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SPINOSA, H. D. S.; GÓRNIAK, L.; BERNARDI, M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p. 824

ZYMAR XD 0,5%, Solução oftálmica estéril. Responsável técnico Elizabeth Mesquita, São Paulo: Allergran Produtos Farmacêuticos. 2015. Bula de remédio.

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5. CONCLUSÃO

A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária é de suma importância para a formação acadêmica e profissional, pois é um dos primeiros contatos que o acadêmico terá com a profissão escolhida. Proporciona ao estudante a oportunidade de testar os conhecimentos teórico-práticos recebidos em sala de aula não mais de forma individual, mas sim de forma interdisciplinar, permitido que o acadêmico vivencie a rotina clínica e seus desafios.

Concedendo a oportunidade de desenvolvimento da postura ética, que irá tomar frente aos proprietários e os animais que virá a atender em sua vida profissional.

O estágio realizado na Chatterie – Centro de Saúde do Gato e no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, possibilitou estar mais perto da vivência do profissional, através da ótima equipe de trabalho, pelo fluxo de atendimentos e procedimentos cirúrgicos, sendo possível aprender e ter contato com pessoas, metodologias e opiniões diferentes, agregando cada vez mais ao conhecimento adquirido durante a vida acadêmica.

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Referências

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