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A nutrição nos cuidados paliativos em oncologia

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL

A NUTRIÇÃO NOS CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA

Marielli Pacheco Brondani Mello

Orientadora: Profª Drª Lígia Beatriz Bento Franz

Curso de Pós Graduação em Oncologia

2014

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCVida Rua do Comércio, 3000 – Bairro Universitário

Caixa Postal560

Fone: (55) 3332-0200 – Fax: (55) 3332-9100 www.unijui.edu.br

CEP 98700-000 Ijuí – RS Brasil

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A NUTRIÇÃO NOS CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA

Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação em Oncologia do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Oncologia.

Orientadora: Profª Drª Lígia Beatriz Bento Franz

Grupo de Pesquisa/Linha

Epidemiologia e Atenção em Saúde/Promoção, prevenção e intervenção em saúde

Ijuí, RS 2014

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SÁUDE - DCSa CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ONCOLOGIA

A COMISSÃO ABAIXO ASSINADA APROVA O PRESENTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO INTITULADO:

A NUTRIÇÃO NOS CUIDADOS PALIATIVOS EM

ONCOLOGIA

ELABORADO POR

MARIELLI PACHECO BRONDANI MELLO

COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM ONCOLOGIA

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________________ Profª Drª Lígia Beatriz Bento Franz

__________________________________ Prof. Ms. Maristela Borin Busnello

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DEDICATÓRIA

A todos os profissionais que trabalham com oncologia e que dedicam seu tempo em prol da vida de seus pacientes fazendo com que o dia a dia se torne uma lição de vida constante.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me proporcionado saúde, coragem e persistência para enfrentar esta etapa e chegar à conclusão deste período de graduação.

A minha família, pai, mãe e irmão (em memória) que mesmo estando distante sempre foram meus incentivadores me apoiando, torcendo e acreditando na concretização dos meus sonhos.

Ao meu esposo pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida, sendo sempre presente, carinhoso e compreensivo durante todo o tempo, acompanhando esta trajetória desde o início, acreditando e incentivando os meus objetivos.

A minha filha Manuela pelo seu sorriso, pelo seu carinho, pela sua capacidade de tornar meus dias mais alegres, o meu eterno agradecimento por fazer parte da minha vida.

Aos meus colegas do CACON do Hospital de Caridade de Ijuí que me proporcionaram a oportunidade de aprender a amar os pacientes oncológicos e me mostraram o real sentido da palavra EQUIPE.

Registro aqui o meu agradecimento a todos que colaboraram para que esse momento se concretizasse!!!!!!!!!!!!

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“Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos pequenos começos.” Lao Tzu

“Até provarem contrário, todas as coisas são possíveis – e mesmo o impossível talvez o seja apenas nesse momento”

Pearl Buck

“Tem gente que sonha com realizações importantes, e há quem vai e realiza.” George Bernard Shaw

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RESUMO

O trabalho teve como objetivo estudar a perspectiva do cuidado alimentar do paciente oncológico em cuidados paliativos e o seu aspecto junto à equipe cuidadora destes pacientes. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo revisão da literatura do período de 2000 a 2014. O estudo foi desenvolvido em cinco tópicos de análise: o câncer e a relação com a alimentação; o estado nutricional e o prognóstico do tratamento; o cuidado paliativo na visão da equipe oncológica; a nutrição como aliada na qualidade de vida; e o papel do nutricionista junto à equipe multiprofissional. Na vigência desse quadro, percebe-se o quanto a questão alimentar faz parte da vida das pessoas sejam elas cuidadoras ou cuidadas e esses aspectos têm impacto sobe o tratamento oncológico, havendo a necessidade de um tratamento intensivo de suporte, que inclui, entre outros, a interação da equipe multiprofissional, no qual o nutricionista é membro importante. Concluí-se que o suporte nutricional é uma questão que gera dúvida na equipe cuidadora do paciente oncológico, tanto na hora de iniciar a terapia como na escolha pela via alimentar, para promover a recuperação/manutenção do estado nutricional, e cabe ao nutricionista fazer com que o paciente aceite a terapia e apresente uma melhora no estado nutricional proporcionando uma melhor qualidade de vida no decorrer do tratamento.

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ABSTRACT

The present work analyzes the diet of oncological patients in palliative care along with the caring staff of those patients. This is a descriptive study that reviews the literature of the period between 2000 and 2014. Five matters are taken into consideration: the cancer and its relation with feeding; nutrition status and treatment prognosis; palliative care according to the oncology team; nutrition and quality of life; and the role of nutritionists along with the multidisciplinary team. During this particular period, the great importance of nutrition is noticeable either for patients and caregivers. This aspect has important impact over the oncological treatment, thus the necessity of a intensive support, which must include among others the work of the multidisciplinary team, of which the nutritionist is a significant member. Therefore, the nutritional support generates some doubt on the caring team, for instance when it is time to begin the therapy or when it is time to decide on dietary in order to promote recuperation/maintenance of nutritional status. It is the role of the nutritionist to make the patient accept the therapy and present a improvement on the nutritional status generating better quality of life during the treatment.

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LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

DEP Desnutrição Energética Protéica EM Estado Nutricional

NP Nutrição Parenteral

TND Terapia Nutricional Domiciliar EMP Equipe Multiprofissional

TNE Terapia Nutricional Enteral VO Via Oral

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 METODOLOGIA ... 12

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 13

3.1 O Câncer e a relação com a alimentação ... 13

3.2 O Estado Nutricional e o prognóstico do tratamento ... 15

3.3 O Papel do Nutricionista na Equipe Multiprofissional ... 16

3.4 A Nutrição como aliada na qualidade de vida ... 17

3.5 O cuidado paliativo na visão da equipe oncológica ... 18

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 23

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INTRODUÇÃO

O câncer é uma doença de elevada incidência e prevalência no mundo, afetando indivíduos de todas as faixas etárias, estima-se que cerca de 11 milhões de novos casos são diagnosticados todos os anos e aproximadamente 7 milhões falecem, representando a segunda causa de óbito na população adulta1,2. Se cada vez mais, vivencia-se o aumento significativo das neoplasias malignas, esta realidade tem ampliado a discussão sobre o controle desse grupo de doenças, incluindo-as como uma das prioridades em saúde3.

O diagnóstico e o tratamento dos diferentes tipos de câncer, em todas as idades, sofreram expressivos avanços nos últimos 20 anos. Modernos métodos de imagem, análises bioquímicas e métodos de biologia molecular têm permitido o diagnóstico apurado, acompanhamento adequado e avaliação do prognóstico dos pacientes. O diagnóstico precoce aliado aos atuais métodos terapêuticos (radioterapia, quimioterapia, cirurgia e transplante de medula óssea) o que têm permitido um número maior de sobrevida em casos considerados incuráveis até pouco tempo4.

Considerando a dimensão que esta patologia ocupa hoje na área da saúde, é que cada vez mais na literatura brasileira a qualidade de vida nos pacientes em cuidados paliativos tem sido abordado. A qualidade de vida é um conceito muito estudado nos últimos anos, e integra diferentes áreas do conhecimento como Psicologia, Medicina, Ciências Sociais estando diretamente relacionado à percepção individual da pessoa sobre sua saúde, conforme suas exigências culturais, sistemas de valores, metas, expectativas e preocupações5. Tendo em vista as situações fisiológicas dos pacientes oncológicos esta mensuração se torna um recurso importante para avaliar os resultados do tratamento, sendo a monitorização tanto dos sintomas da doença quanto dos efeitos colaterais da terapêutica, aspectos relevantes que influenciam a qualidade de vida dos sobreviventes do câncer.

(12)

Desta forma, estudos demonstram a necessidade de ser empreendida uma visão holística e multidisciplinar nos cuidados com estes pacientes buscando compreendê-lo nas suas múltiplas relações para proporcionar uma abordagem profissional humanizada profundamente solidária, geradora não só de saúde, mas, principalmente, de vida³.

Neste aspecto consideramos que os pacientes oncológicos em cuidados paliativos ou mesmo os que estão em tratamento com perspectiva de cura estão mais susceptíveis a desnutrição tanto pela doença como pelo tratamento que frequentemente causa a perda de apetite por problemas gastrintestinais e/ou orais6, e que este sintoma acaba interferindo muito na sua qualidade de vida e influenciando em todos os sentidos da vida destas pessoas, sendo assim, a alimentação está diretamente ligada a aspectos psicológicos, o que causa dúvida sobre a conduta a ser seguida pelos profissionais, o tipo de administração da Terapia Nutricional seja ela pela Via Oral, Nutrição Enteral (NE) e/ou Nutrição Parenteral (NP), o momento em se instituir ou suspender, além do tipo e do volume a ser administrado, tornam-se questões que geram muitas dúvidas na equipe cuidadora1.

Portanto, percebemos a necessidade de realizar este trabalho abordando como foco a perspectiva de um tratamento oncológico qualificado, tendo a equipe cuidadora um papel de suma importância na sobrevida e manutenção dos pacientes durante este processo.

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2. METODOLOGIA

O estudo consta de uma revisão bibliográfica baseada em referências encontradas nas bases de dados on-line Scielo, Medline/Bireme, Lilacs e livros, considerando o período de 2000 a 2014.

Os uni termos utilizados para a busca dos referenciais teóricos relacionam-se com oncologia, nutrição, cuidados paliativos, equipe multiprofissional.

Para a realização deste trabalho foram selecionados vários estudos, todos relacionados à área em questão, sendo estes artigos de revisão bibliográfica, estudos experimentais, estudos exploratórios e descritivos, relatos de caso, bem como estudos observacionais retrospectivos e comparativos.

Com base nos dados coletados as informações foram ordenadas em: o Câncer e a relação com a alimentação; o estado nutricional e o prognóstico do tratamento; o papel do nutricionista junto à equipe multiprofissional; nutrição como aliada na qualidade de vida; e o cuidado paliativo na visão da equipe oncológica.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. O CÂNCER E A RELAÇÃO COM A ALIMENTAÇÃO

O desenvolvimento de várias das formas mais comuns de câncer resulta de uma interação entre fatores endógenos e ambientais, sendo o mais notável desses fatores a dieta7. Há várias evidências de que a alimentação tem um papel importante nos estágios de iniciação, promoção e propagação do câncer, destacando-se entre outros fatores de risco. Entre as mortes por câncer atribuídas a fatores ambientais, a dieta contribui com cerca de 35%, seguida pelo tabaco (30%) e outros, como condições e tipo de trabalho, álcool, poluição e aditivos alimentares, os quais contribuem com menos do que 5%. Acredita-se que uma dieta adequada poderia prevenir de três a quatro milhões de casos novos de cânceres a cada ano7.

Conforme estudos, a alimentação é um dos fatores que predispõe ao aparecimento de alguns tipos de câncer. Segundo dados do INCA alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer, se multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Neste grupo estão incluídos os alimentos ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadelas, dentre outros2.

A maior parte dos dados que relacionam dieta e câncer está baseada em estudos epidemiológicos, sendo que poucos resultados provêm de estudos prospectivos, entretanto, os benefícios decorrentes das modificações no estilo de vida, incluindo-se as modificações dietéticas, para redução mundial dos coeficientes de incidência e mortalidade de câncer, já estão amplamente documentados. Se a adoção de hábitos saudáveis, incluindo a alimentação, constitui fator de proteção contra o desenvolvimento de vários cânceres.

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Entretanto, os nutrientes específicos, responsáveis pelos mecanismos anticarcinogênicos, ainda não foram completamente identificados, fazendo-se necessária a pesquisa, principalmente, no âmbito nacional7.

3.2 O ESTADO NUTRICIONAL E O PROGNÓSTICO DO TRATAMENTO

Os cânceres, principalmente aqueles cujo crescimento é lento e que levam maior tempo para serem diagnosticados, promovem alterações catabólicas extenuantes ao indivíduo resultando em caquexia8, que é uma forma de desnutrição acompanhada de astenia e anorexia, sendo caracterizada por perda progressiva e involuntária de peso, intenso catabolismo de tecidos muscular e adiposo, astenia, alterações metabólicas e disfunção imunológica9

As modalidades de tratamento oncológico que incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou ambas também podem causar efeitos colaterais interferindo negativamente no estado nutricional dos pacientes10.

Diversos fatores contribuem para a anorexia dos pacientes com câncer, levando-os a diminuir sensivelmente a ingestão de alimentos, perder peso e desencadear precocemente a caquexia. Os fatores que contribuem são: a dose e a freqüência das aplicações das drogas; a ocorrência de náuseas, vômitos e estomatite; as alterações de paladar; o estado geral do paciente; a presença da dor; fatores psicológicos, ansiedade, medo e depressão; outras medicações associadas ao tratamento quimioterápico, por exemplo, os corticóides e os antibióticos11.

De forma geral, o maior risco para desnutrição durante o tratamento está associado à terapia com múltiplas drogas quimioterápicas em altas doses e sua combinação com radioterapia, principalmente abdominal ou pélvica12. Estas alterações promovem um impacto negativo na qualidade de vida do paciente levando ao estresse psicológico e maior tempo de permanência hospitalar13.

Pacientes gravemente doentes são acometidos por alterações no metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, essas alterações promovem o aumento das necessidades energéticas e catabolismo protéico, e

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contribuem para alterações no sistema imune e trato gastrointestinal. A resposta de fase aguda ao estresse é, provavelmente, designada para produzir energia e substratos para a síntese protéica e reparação celular nos tecidos viscerais - gastrintestinal, fígado, células imunes etc. - e nos locais acometidos pela doença ou em processo de cicatrização12.

O comprometimento da imunidade humoral e celular dificulta a recuperação de feridas cirúrgicas, causando menor tolerância à quimioterapia e radioterapia, aumentando a morbidade e a mortalidade, independente do tipo de neoplasia 14.

A ingestão de alimentos pode ser influenciada por fatores emocionais e psicológicos, além dos fatores associados ao tratamento à própria doença, náuseas e vômitos, além de mucosite oral, constipação, xerostomia, disgeusia e aversões alimentares, que reduzem a aceitação alimentar15. Portanto, pacientes em cuidados paliativos devem ser avaliados de forma diferenciada pela equipe cuidadora, pois a identificação do risco nutricional (RN) e do estado nutricional (EN) é feita utilizando-se parâmetros clínicos, físicos, dietéticos, sociais, subjetivos, antropométricos de composição corporal, e laboratoriais, visando um melhor conhecimento do paciente16. Neste contexto de avaliação nutricional é que a presença do nutricionista interagindo com a família pode ajudar a proporcionar aos pacientes um conforto com a alimentação, indo além de técnicas de tratamento nutricional convencional e utilizando-se de aspectos que envolvam o paciente neste tratamento.

O comprometimento do EN está associado ao aumento da morbimortalidade no câncer. Com isso a abordagem terapêutica da equipe de suporte nutricional inicia-se pela avaliação do estado nutricional, sendo esta responsabilidade do nutricionista que compõe esta equipe16. Já o paciente com câncer internado para terapia intensiva apresenta uma série de aspectos que dificultam uma definição precisa do seu estado nutricional. Quando passível de mensuração, o peso corporal pode ser influenciado por acúmulo de líquido (edema). As provas laboratoriais como albumina, contagem de linfócitos, índice de creatinina e massa corporal podem, também, encontrarem-se alteradas por complicações clínicas, encontrarem-sem relação com o estado nutricional17. Segundo Pinho et al., (2004)18, a utilização dos parâmetros isoladamente produz resultados questionáveis, haja vista os erros impostos

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pelos métodos. O autor enfatiza que a avaliação antropométrica deve ser feita através do peso corporal, estatura, relação da massa corporal/estatura, perímetro cefálico, circunferência do braço e da circunferência muscular do braço, pois estas medidas quando feitas de maneira seriada fornecem uma estimativa geral do EN. Ainda esses indicadores cooperam na avaliação do estado imunológico e demonstram correlação entre a sobrevida e o EN18, mas o valor prognóstico real destes métodos nos pacientes criticamente enfermos permanece ainda obscuro e, portanto, não existem critérios universalmente aceitos17.

A terapia nutricional tem como objetivos: oferecer condições favoráveis para o estabelecimento do plano terapêutico; oferecer energia, fluidos e nutrientes em quantidades adequadas para manter as funções vitais e a homeostase; recuperar a atividade do sistema imune; reduzir os riscos da hiperalimentação; garantir as ofertas protéica e energética adequadas para minimizar o catabolismo protéico e a perda nitrogenada12. Sendo estes os objetivos da terapêutica nutricional seja ela para pacientes em tratamento paliativo ou não é de suma importância procurar manter o estado nutricional do paciente estável dentro das suas possibilidades de recuperação.

3.3 O PAPEL DO NUTRICIONISTA JUNTO À EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

O nutricionista é responsável pela avaliação e evolução nutricional do paciente, bem como pela alimentação oferecida, principalmente durante a internação e no decorrer do tratamento. Toda a técnica do profissional nutricionista deve estar associada, preferencialmente a uma alimentação balanceada que satisfaça o paciente, e seja adequada para manutenção do estado nutricional e ao ajuste do peso corporal18.

O nutricionista é um dos profissionais responsáveis por oferecer recursos e esclarecimento aos pacientes e seus familiares, podendo auxiliar na evolução favorável do prognóstico1. Nos casos de enfermidades de difícil manejo este profissional cumpre não só papel técnico como tem que entender as condições socioeconômicas do paciente. Para tanto, tem que

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apresentar habilidade para se comunicar, que se torna tão importante quanto possuir conhecimento técnico dentro de sua especialidade1. Em muitas situações a atuação multiprofissional é essencial para que o paciente tenha qualidade de vida e uma sobrevida digna.

É função do nutricionista prescrever a dieta dos seus pacientes, onde toda a parte da avaliação nutricional bem como todas as necessidades nutricionais devem ser alcançadas mesmo que estas muitas vezes não sejam efetuadas corretamente por intercorrências durante o tratamento, deparando-se com verdadeiros impasses em relação à conduta dietoterápica, portanto, a prescrição dietética além de fornecer as necessidades nutricionais do paciente deve, acima de tudo, oferecer prazer e conforto, sendo essencial respeitar a vontade do indivíduo, cabendo ao nutricionista interferir junto a família fazendo com que estes entendam a situação nutricional em que o paciente se encontra bem como conseguir que os familiares sejam aliados ao tratamento, para isso é necessário que o profissional nutricionista passe segurança aos envolvidos e que faça deste processo uma etapa menos dolorosa do que ela possa parecer. A Terapia Nutricional é um conjunto de procedimentos complexos, constituindo-se em um desafio a cada momento do tratamento. A nutrição parenteral e enteral exigem protocolos segundo portarias que alertam para os acidentes e as recomendações que devem ser cumpridas. Os profissionais que atuam nessa área interagem dentro de uma equipe de profissionais com conhecimentos diferentes, portanto há a necessidade de atualização constante19.

É importante ressaltar que a terapia nutricional é válida até a recuperação do EN do paciente e assim que este seja estabelecido, e que não ocorra nenhuma alteração de ordem fisiológica, a estimulação da via alimentar oral é imprescindível20,1.

Com a recuperação do EN e com a estimulação da VO o nutricionista começa uma nova etapa no processo de tratamento nutricional, onde a criatividade é uma aliada constante, fazendo com que o alimento recomece a fazer parte deste processo, este período é um momento delicado em qualquer tratamento nutricional onde a transição do suporte nutricional é lentamente substituída pela alimentação oral e é necessário que o nutricionista

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seja um profissional preparado para auxiliar os seus pacientes e familiares nesta situação21.

É um desafio diário o trabalho do nutricionista oncológico, pois se sabe o quanto este tema gera dúvidas nos pacientes e nos seus cuidadores e em paciente em cuidado paliativo o tipo de conduta dietoterápica a seguir deve ser avaliada por um conjunto de fatores como: situação do paciente, seus familiares e equipe tendo-se que avaliar a relação custo/benefício ao paciente sobre esta decisão.

3.4 A NUTRIÇÃO COMO ALIADA NA QUALIDADE DE VIDA

A mensuração da qualidade de vida do paciente oncológico, nos dias atuais, é um recurso importante para avaliar os resultados do tratamento na perspectiva do paciente, sendo a monitorização tanto dos sintomas da doença quanto dos efeitos colaterais da terapêutica, aspectos relevantes que influenciam na qualidade de vida dos sobreviventes do câncer22. A dor é um dos sintomas mais freqüentes em pacientes oncológicos, especialmente quando a doença está avançada e afeta a qualidade de vida, o tratamento mais utilizado para o alívio da dor pode incluir combinações de narcóticos, o que podem causar diversos efeitos colaterais como xerostomia, disgeusia, náuseas e principalmente obstipação intestinal, fazendo com que muitos profissionais que atuam em cuidados paliativos se deparem com um dilema em relação ao emprego da dieta1.

Em cuidados paliativos, a nutrição tem especial papel preventivo, possibilitando meios e vias de alimentação, reduzindo os efeitos adversos provocados pelos tratamentos, retardando a síndrome anorexia-caquexia e ressignificando o alimento. Em adição, auxilia no controle de sintomas, mantém hidratação satisfatória, preserva o peso e a composição corporais, a dieta VO será sempre preferencial, desde que o Trato Gastrintestinal (TGI) esteja íntegro e o paciente apresente condições clínicas para realizá-la. O paciente sob cuidado paliativo é diferente daquele em estado terminal e cabe aos profissionais que trabalham na equipe envolvida com o paciente saber identificá-lo, analisando um conjunto de sinais e sintomas que

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determinaram as condições clínicas de cada caso evitando uma terapia nutricional ineficaz. Ainda é importante considerar a relação dos familiares neste processo porque muitas vezes torna-se um fator limitante1.

Em estudos recentes, a administração de uma terapia nutricional domiciliar vem ganhando destaque onde a OMS define “home care” como: “Um conjunto de procedimentos hospitalares possíveis de serem realizados na casa do paciente, incluindo ações de saúde desenvolvidas por equipe multidisciplinar, baseadas em diagnóstico da realidade em que o paciente está inserido, visando à manutenção e à reabilitação da saúde” 23

. Portanto, a Terapia Nutricional Domiciliar (TND) chega como uma aliada aos cuidados paliativos e representa hoje uma alternativa à permanência hospitalar, contribuindo para a redução de custos e complicações, podendo ser uma alternativa a assistência mais humanizada, proporcionando melhor qualidade de vida, principalmente em pacientes crônicos, terminais e idosos24. Nos cuidados ao fim da vida, a alimentação ainda é um assunto conflitante que envolve fatores como contradições, mitos e emoções; por isso, é importante definir as condutas conforme o desejo do paciente e da família, cuja tomada de decisão pode estar baseada na cultura, o que é importante ressaltar que a vontade do paciente nunca deve ser esquecida. Decidir sobre a alimentação e hidratação nesse momento é muito complicado, pois são temas polemizados há décadas, e os benefícios do suporte nutricional ou da hidratação permanecem questionados. A quantidade ideal de calorias ou nutrientes e o volume adequado de líquidos ainda são questões em debate que merecem bom senso crítico da equipe cuidadora, para tanto fica evidente que a nutrição está acompanhada na qualidade de vida deste pacientes e que considerar a opinião do paciente pode proporcionar um conforto/prazer muito maior neste momento do que qualquer outra forma especializada de alimentação.

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3.5 O CUIDADO PALIATIVO NA VISÃO DA EQUIPE ONCOLÓGICA

Os cuidados paliativos são um ramo da medicina que enfatiza o cuidar global do paciente, quando este não apresenta mais resposta aos tratamentos considerados curativos, através de uma série de ações e medidas realizadas pelos profissionais envolvidos que visam principalmente fornecer melhor qualidade de vida ao indivíduo e sua família1.

Tratando-se de oncologia o termo paliativo refere-se ao paciente fora de possibilidades terapêuticas de cura, não somente em sua fase terminal, mas durante todo percurso da doença apresenta fragilidades e limitações e devido à complexidade dos fatores envolvidos na monitorização do paciente grave, é preciso trabalhar em equipe multidisciplinar, este trabalho conjunto de especialistas com formações distintas permite integrar, harmonizar e complementar os conhecimentos e habilidades dos integrantes da equipe permitindo a identificação, intervenção e acompanhamento da terapêutica25,26. O enfoque maior é dado ao controle da dor, sofrimento e melhora dos sintomas, e não em restabelecer a saúde integralmente, o que consistiria na “cura” da doença, valorizando as necessidades básicas de higiene e nutrição que são parte do tratamento1.

Este tema está alicerçado em cinco princípios éticos e que fundamentam a medicina paliativa, denominados de princípio da veracidade (dizer sempre a verdade ao paciente e a família), da proporcionalidade terapêutica (só adotar medidas terapêuticas úteis), do duplo efeito (os efeitos positivos devem ser maiores que os negativos), da prevenção (prever complicações, aconselhar a família), e do não abandono (ser solidário sempre, acompanhando paciente e família sempre). Portanto, a concepção de uma abordagem multidisciplinar ao indivíduo e família fica imprescindível25. Evitando-se tratamentos médicos fúteis, que prolonguem desnecessariamente sua vida, como procedimentos invasivos, dolorosos, exames desnecessários e inserção de cateteres1.

A equipe que trabalha com oncologia em todos os aspectos sejam eles paliativos ou não devem estar pautados à abordagem humanística, na valorização da vida e no entendimento da morte como uma condição natural da vida.

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CONSIDERACÕES FINAIS

O câncer é uma doença que está cada vez mais presente na rotina das pessoas, com isso a qualidade de vida durante o tratamento ganha destaque entre os profissionais que trabalham com esta área.

O trabalho em equipe multiprofissional demonstra a importância da interação entre os profissionais, e o entendimento do tratamento nutricional por parte dos cuidadores é essencial para a obtenção de bons resultados no estado nutricional ao longo do tratamento, levando em consideração sempre as condições fisiológicas do paciente.

A qualidade de vida estará sempre presente no cuidado da equipe oncológica, pois o trabalho com este público estará sempre amparado antes de tudo em uma abordagem humanística.

O que se pode analisar ao concluir este estudo é que existe muita dificuldade em se conseguir realizar um método de avaliação que seja preciso para a identificação do risco nutricional, sendo que as avaliações realizadas não são consideradas como padrão ouro para este diagnóstico, no entanto, percebe-se que a equipe oncológica trabalha de forma humanizada e para tanto o entendimento por parte da família ajuda muito para a melhora do quadro nutricional e o melhor prognóstico durante o tratamento.

Desta forma pode-se dizer que trabalhar com oncologia é um aprendizado diário que cada paciente é único, possui as suas particularidades, entendimentos, crenças e cabe aos profissionais entender, respeitar e realizar seu trabalho de forma a auxiliar da melhor maneira possível.

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REFERÊNCIAS

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SÁUDE - DCSa

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ONCOLOGIA

Rua do Comércio, 3000

Bairro Universitário – Ijuí/RS – CEP: 98700-000

DECLARAÇÃO

Eu, MARIELLI PACHECO BRONDANI MELLO, autora do trabalho de conclusão de curso intitulado A NUTRIÇÃO NOS CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA o qual foi protocolado na Secretaria de Pós Graduação do Curso de Oncologia do Departamento de Ciências da Saúde (DCSa) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí, autorizo a publicação e apresentação do mesmo em eventos científicos da área da saúde e afins e ao acréscimo de outros autores que venham a se agregar ao trabalho para contribuição científica, quando for o caso.

Telefone para contato: (55) 99645170 E-mail para contato: mpbm83@hotmail.com

Ijuí, RS, 03 de outubro de 2014.

_________________________________________ Marielli Pacheco Brondani Mello

Referências

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