SOLUÇÕES ESTÉREIS
PREPARAÇÕES
OFTALMICAS
PREPARAÇÕES OFTALMICAS
• Colírio – Forma farmacêutica destinada à aplicação no globo ocular, pálpebras, conjuntiva e córnea.
• Fisiologia do olho
Os 3 elementos anatômicos importantes no olho humano: córnea, câmara anterior e conjuntiva
1) Córnea – membrana transparente, inervada, mas não vascularizada. Muito sensitiva. Constituída de Epitélio, Endotélio e Estroma. O epitélio apresenta características aquosas enquanto o endotélio e estroma apresentam características liposas. Por esta razão o colírio deve ser oleoso/aquoso para ter uma melhor absorção.
2) Câmara anterior – onde ocorre o depósito do colírio. Por um período de tempo curto (15 – 25 min)
3) Conjuntiva - é bastante vascularizada, porém pouco inervada. Abaixo da córnea temos o saco conjuntival onde se encontram as lágrimas (0,7 mL). Lágrimas têm função de limpeza e proteção do olho.
BIODISPONIBILIDADE OCULAR
Existe fatores fisiológicos que podem afetar a biodisponibilidade de um fármaco ocular, entre eles, ligação a proteína, metabolismo do fármaco e drenagem lacrimal
Fármacos ligados a proteínas são incapazes de penetrar no epitélio corneano (devido ao tamanho das partículas fármaco – proteína). Por esta dificuldade de absorção o efeito terapêutico é diminuído
Lágrima contém enzimas capazes de promover degradação metabólica de alguns fármacos.
Córnea é composta de uma camada lipofílica e hidrofílica por isso é permeada com maior eficiência para fármacos com estas 2 características
Fármacos em suspensão, pomadas oftálmicas ou soluções com viscosidade aumentada, permanecem no fundo do saco lacrimal por mais tempo , ampliando a biodisponibilidade da substância
CARACTERÍSTICAS DE UM COLÍRIO
Estéreis – 100% de pureza bacteriana (uso de conservantes, esterilização) Isotônicos – Mesma tonicidade com a lágrima (0,9 % de NaCl) para que não
irrite a mucosa ocular
Isohídrico – Mesmo pH que a lágrima (7,2 – 7,4). O pH pode ser diferente para manter a estabilidade, neste caso devo usar tampões (Borato e Fostato). Os tampões são usados para reduzir o desconforto do paciente, garantir a estabilidade do fármaco, controlar a atividade terapêutica do medicamento.
Viscosidade – Uma viscosidade adequada permite que o colírio permaneça mais tempo em contato com o globo ocular (melhor atividade terapêutica. Viscosidade deve estar entre 15 – 25 cp. Os agentes viscosificantes normalmente utilizados CMC e álcool polivinílico.
ADJUVANTES
Conservantes – Mantem a esterilidade. Os mais usados são Catiônicos (Sais de amônio quaternário e cloreto de benzalcônio).
Corretivo de pH – Acidificante como ácido bórico ou alcalinizantes como hidróxido de sódio. Muitas vezes é necessário utilizar os tamponantes como Fosfato e Borato.
Isotonizante – Mantem a isotonia da solução. Sulfato de Zinco, Sulfato de Sódio, Ácido Bórico, Cloreto de Sódio.
PREPARAÇÃO
PA + Adjuvantes + Veículos (esterilizar, isotonizar, ajustar pH) ► acondicionar
Deve ser asséptica ( semelhante a sala de injetáveis)
Deve seguir as regras de preparação da forma farmacêutica usada (colírio, pomada, solução, suspensão)
Esterilização ( pode ser feita antes ou depois do envase)
Acondicionamento adequado em vidro ou polietileno. Normalmente 5 – 10mL
SUSPENSÃO OFTÁLMICA
Podem ser usadas para aumentar o tempo de contato do fármaco com a mucosa ocular, proporcionando uma ação prolongada.
Suspensões podem ser necessárias quando o PA for insolúvel no veículo desejado ou instável como solução.
Além da esterilidade (imprescindível) deve-se observar também as características e tamanho das partículas. Partículas suspensas não podem se aglomerar durante o armazenamento e devem suspender-se uniformemente quando agitadas.
O farmacêutico deve instruir o paciente a agitar bem as suspensões oftálmica.
ADMINISTRAÇÃO DE COLÍRIO E/OU
SUSPENSÃO OFTÁLMICA
A pessoa que vai aplicar o produto deve lavar bem as mãos Verificar o conta gotas
Se suspensão deve agitar bem por ± 10 segundos
Puxar a pálpebra para baixo (formando uma bolsa) e adicionar o número de gotas prescrito
Não encostar o conta gotas no olho.
Pressionar com o dedo o ângulo interno do olho do 1 segundo para que a medicação permaneça no olho sem ser expulsa pelo ducto lacrimal, impedindo assim a absorção sistêmica.
Atenção a posologia ( número de gotas, frequência e tempo do tratamento) e também cuidado com armazenamento do produto.
ADMINISTRAÇÃO DE COLÍRIO E/OU
SUSPENSÃO OFTÁLMICA
POMADAS OFTÁLMICAS
Fabricadas com componentes esterilizados e sobre rígidas condições de assepsia ou esterilizadas depois de envasadas.
A base de uma pomada oftálmica deve ser não irritante para o olho e permitir difusão do fármaco. Utiliza-se como base Vaselina, Vaselina líquida e lanolina. O Ponto de fusão da pomada deve ser próximo da temperatura corporal
Depois de prontas são acondicionadas em tubos de metal de ± 3,5 g com bico comprido que facilite a aplicação, sem encostar no olho
Vantagem: Maior tempo de contato com o olho Desvantagem: Borra a visão
ADMINISTRAÇÃO DE POMADAS
OFTÁLMICAS
Lavar bem as mãos
Administrar o mais próximo possível da pálpebra, sem tocá-la
O paciente deve piscar para eliminar o excesso. Remover este excesso com papel
O paciente deve ser avisado que a visão vai ficar borrada Orientar também quanto a posologia e conservação
INSERÇÕES OFTÁLMICAS
Ocusert®, Lacrisert®
Sistema de liberação de medicamento, inserido na mucosa ocular, com velocidade pré-determinada.
Discos flexíveis ( lentes, confete, elípticas ), são estéreis. Usadas por 7 dias e depois trocadas. Muito comum no tratamento do Glaucoma
PRINCIPAIS FÁRMACOS USADOS
NO OLHO
Anti inflamatórios – Conjutivites alérgicas: Hidrocortisona, Dexametasona, Prednisolona.
Antibióticos: Gentamicina, Sulfacetamidas, Tetraciclinas, Ciprofloxacina, Eritromicina, Polimixina B, Trobamicina.
Anti virais: Infecções virais como herpes simples. Trifluridina, Vidarabine.
Bloqueadores B adrenérgicos - diminui a pressão intra ocular (glaucoma): Cloridrato de Betaxolol e Maleato de Timolol.
Anestésicos locais – Alívio da dor no pré e pós operatório, depois de trauma ou em exames dolorosos. Benoxinato, Roparacaína.
Miótico – Terapia do glaucoma, Estrabismo convergente: Pilocarpina, Brometo de Demecário.
Midriático e Cicloplégico – Dilata a pupila permitindo o exame de fundo de olho. Os mais fortes com ação prolongada são cicloplégico: Atropina, Escopolamina, Homatropina, Nafazolina, Fenilefrina, derivados da Cocaína.
Protetores tópicos – Lágrima artificial ou líquido para lentes de contato: Metilcelulose, hidroxipropilmetilcelulose.
Vaso constritores – Aliviar, refresca e remove vermelhidão ocular menos intenso: Nafazolina, Oximetazolina, Tetra hidrozolina.
PRINCIPAIS FÁRMACOS USADOS
NO OLHO
ISOTONICIDADE –
PREPARAÇÕES OFTALMICAS,
NASAIS E OTOLÓGICAS
ISOTONICIDADE
Se administro uma solução no interior ou atrás de uma membrana que permeável apenas as moléculas do solvente (memb. semipermeável) ocorre o fenômeno de osmose, ou seja, as moléculas do solvente atravessam a membrana.
Se a membrana semipermeável estiver separando 2 soluções de concentrações diferentes, o solvente permeará, atravessará, a membrana na direção da solução menos concentrada.
MAIS CONCENTRADO ► MENOS CONCENTRADO
O fluxo ocorrerá até que a concentração em ambos os lados se equilibrem. Isto é chamado “Pressão Osmótica”
A pressão osmótica de uma solução relaciona-se com o número de partículas do soluto em solução (para não eletrólitos como sacarose). Se o soluto for um eletrólito (NaCl) o número de partículas que
contribui para pressão osmótica dependerá da concentração das moléculas presentes e do grau de ionização.
Os fluidos corporais, sangue e líquido lacrimal, muco nasal, têm pressão osmótica correspondente a uma solução de NaCl a 0,9% . Dizemos que solução de NaCl 0,9% é isosmótica (têm pressão osmótica igual a dos fluidos fisiológicos).
Usa-se também a denominação isotônica.
Hipotônica: Solução com pressão osmótica inferior a dos fluidos corporais ou a da solução de NaCl 0,9%. Uma solução hipotônica induz a hemólise dos eritrócitos.
Hipertônica: Solução com pressão osmótica maior que a dos fluidos corporais ou a da solução de NaCl 0,9%. Solução hipertônica tende a direcionar o fluxo da água dos tecidos orgânicos para a solução tentando diluir e estabelecer equilíbrio de concentração.
PROCESSOS FÍSICOS PARA A
ISOTONISAÇÃO
Propriedades coligativas: Conjunto de fenômenos físicos que dependem do número de partículas, moléculas ou íons dissolvidas num determinado volume de solvente.
Pressão osmótica (x)
Abaixamento do ponto de congelamento ou abaixamento crioscópico (∆Tc)
ISOTONISAÇÃO PELA LEI DE
RAOULT
1) PARA MOLÉCULAS (NÃO ELETRÓLITOS – GLICOSE, DEXTROSE)
x = 0,0279
.
M%x = Massa do soluto necessária para preparar 100 mL de uma solução isotônica com os líquidos orgânicos.
2) PARA ÍONS (ELETRÓLITOS – NACL)
x = 0,0279 . M% i
x = Massa do soluto necessária para preparar 100 mL de uma solução isotônica com os líquidos orgânicos
M = Peso molecular do soluto i= Grau de dissociação do soluto
Valores tabelados para i
Não eletrólitos e substâncias de baixa dissociação --1,0 Substâncias que se dissociam em 2 íons---1,8 Substâncias que se dissociam em 3 íons---2,6 Substâncias que se dissociam em 4 íons---3,4 Substâncias que se dissociam em 5 íons---4,2
3) ISOTONISAÇÃO PELO ABAIXAMENTO DO PONTO DE CONGELAMENTO /ABAIXAMENTO CRIOSCÓPICO (∆TC 1%)
O ∆Tc 1% corresponde ao abaixamento crioscópico das soluções a 1% p/v em relação ao solvente puro
1g do soluto corresponde ao ∆Tc 1%
x = - 0,52__ ∆Tc 1%
x = Concentração em que um dado soluto será isotônico com os líquidos orgânicos
- 0,52 = Abaixamento crioscópico dos líquidos orgânicos
∆Tc 1% = Abaixamento crioscópico do soluto em solução 1%
(tabelado)
3) ISOTONISAÇÃO PELO ABAIXAMENTO DO PONTO DE CONGELAMENTO /ABAIXAMENTO CRIOSCÓPICO (∆TC 1%)
4) ISOTONISAÇÃO PELO EQUILAVENTE EM NaCl
O Eq.NaCl consiste na comparação entre a quantidade de NaCl que provoca o mesmo abaixamento crioscópico das soluções 1% p/v , em relação ao solvente puro
1g do soluto corresponde ao Eq1% NaCl xg do soluto corresponde à 0,9%
x = _0,9___ EqNaCl
x = Concentração em que um dado soluto será isotônico com os líquidos orgânicos
0,9% = Concentração isotônia de NaCl em relação aos líquidos orgânicos
EqNaCl = Equivalente em NaCl das soluções a 1% (tabelado) 4) ISOTONISAÇÃO PELO EQUILAVENTE EM NaCl
4) ISOTONISAÇÃO PELO EQUILAVENTE EM NACL Um equivalente é definido como a quantidade de cloreto de sódio que é osmoticamente equivalente a 1g do medicamento.
Exemplo: 0,23g de NaCl é osmoticamente equivalente a 1g de Efedrina
Quanto de cloreto de sódio será necessário para tornar a seguinte fórmula isotônica?
Sulfato de efedrina...2% Água estéril qsp...30mL
4) ISOTONISAÇÃO PELO EQUILAVENTE EM NACL
1. Passo
Transformar a quantidade de uma solução isotônica de cloreto de sódio a 0,9% para o volume desejado.
0,9g NaCl 100ml de água estéril Xg NaCl 30ml de água estéril X = 0,270g
4) ISOTONISAÇÃO PELO EQUILAVENTE EM NACL
2. Passo
Medir a quantidade exata de NaCl para isotonisar sulfato de efedrina desta formulação
0,23g NaCl 1g de sulfato de efedrina
Y 0,6g de sulfato de efedrina (2% em 30ml = 0,6g NaCl) Y = 0,138g de NaCl
4) ISOTONISAÇÃO PELO EQUILAVENTE EM NACL
3. Passo
Subtrair a quantidade de NaCl na solução encontrada. X – Y = Z
0,270g – 0,138g = 0,132g
Será necessário 0,132g de NaCl para isotonisar 0,6g de sulfato de efedrina
1) CALCULAR A CONCENTRAÇÃO ISOTÔNICA DA DEXTROSE. PM = 198,2 (LEI DE RAOULT – MOLÉCULA)
x = 0,0279 . PM x = 0,0279 . 198,2 x = 5,5 %
2) CALCULAR A CONCENTRAÇÃO ISOTÔNICA DO NACL. PM = 58,45 I = 1,8 (LEI DE RAOULT – ÍONS )
x = 0,0279 . M% i
x = 0,0279 . 58,45 1,8
3) CALCULAR A CONCENTRAÇÃO ISOTÔNICA DA DEXTROSE. ∆TC 1% = 0,10º (ABAIXAMENTO CRIOSCÓPICO) x = - 0,52__ ∆Tc 1% x = - 0,52 - 0,10 x = 5 %
4) CALCULAR A CONCENTRAÇÃO ISOTÔNICA DO NACL. ∆TC 1% = 0,576º (ABAIXAMENTO CRIOSCÓPICO) x = - 0,52__ ∆Tc 1% x = - 0,52 - 0,576 x = 0,9%
5) CALCULAR A CONCENTRAÇÃO ISOTÔNICA DA DEXTROSE. EqNACL 1% = 0,18g (EQUIVALENTE EM NACL)
x = _0,9___ EqNaCl x = 0,9
0,18 x = 5 %
6) CALCULAR A QUANTIDADE DE NACL PARA ISOTONISAR O SEGUINTE COLÍRIO:
Colírio de Dexametasona
Fosfato de sódio e dexametasona...0,02 g Fosfato dissódico...0,03 g Edetato dissódico...0,001g Agente isotonisante ... qs Água destilada qsp...10 mL
DADOS:
Fosfato de sódio e dexametasona... (∆Tc 1% = 0,095 ) Fosfato dissódico... (∆Tc 1% = 0,126 ) Edetato dissódico... (∆Tc 1% = 0,132 )
PASSOS:
1) Transformar a fórmula para centesimal, utilizando sempre a unidade grama
( 10 mL ► 100 mL só multiplicar por 10 )
2) Multiplicar a quantidade dos fármacos pelos respectivos ∆Tc 1% (tabelado)
3) Somar os valores de ∆Tc 1% encontrados, o total corresponde ao ∆Tc 1% da solução
OBS:
∆Tc Líquidos orgânicos = - 0,52 ∆Tc = 0,52 ( solução isotônica) ∆Tc ≤ 0,52 (solução hipotônica) ∆Tc ≥ 0,52 (solução hipertônica)
CÁLCULOS:
Fosfato de sódio e dexametasona...0,02 g . 10 . 0,095 = 0,019 Fosfato dissódico...0,03 g . 10 . 0,126 = 0,0375 Edetato dissódico...0,001g . 10 . 0,132 = 0,00132 0,019 + 0,0375 + 0,00132 = 0,05782
No exemplo 0,05782 é uma solução hipotônica, logo preciso adiciona agente isotonizante. Quanto???
0,52 – 0,05782 = 0,46218º
0,46218 é o que falta para isotonisar o colírio.
Fazer a correção adicionando NaCl como agente isotonisante. ∆Tc 1% do NaCl = 0,576º 1 g NaCl... 0,576º x g ...0,46218º x = 0,8 g (100 mL) CÁLCULOS:
x = 0,8 g (100 mL)
Estamos preparando 10 mL de colírio , logo 0,8g...100 mL
x...10 mL x = 0,08 g / 10mL
Resposta: Preciso de 0,08g de NaCl para isotonisar 10 mL do colírio de dexametasona proposto