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De que tipo é a linguagem bíblica?

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Academic year: 2021

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De Que Tipo é a Linguagem Bíblica?

Norman K. Bakken 1. O SER HUMANO: CRIAÇÃO E CRIADOR DE LINGUAGEM

Num sentido, o ser hum ano é c ria ç ã o e c ria d o r de linguagem . Linguagem produz im agens. Im agens refletem a tra n sfe rê n cia d in â ­ m ica de poder, o p o d e r de im aginar, criar, sustentar, com unicar, in sp ira r e vitalizar coisas inertes, inúteis, ou, sim plesm ente, coisas qu e não existiram antes.

Nós som os p ro d u to s de linguagem . No in ício hou ve a linguagem .

A linguagem é a fo n te da nossa existência. Linguagem c ria tiva fez o q u e nós somos. Nós som os p ro d u to s da im ag in a çã o criativa,

reflexões, d o p o d e r de com u n ica r, im agens da im aginaçã o prim ordial.

A c ria çã o do ser hum ano a co n te ce u e a co n te ce através do ato de falar.

“ Disse... e assim se fe z ” . Dizer é fazer. Ele que disse, “ Eu serei q u e eu s e re i” , ou ‘ ‘Eu sou q u e eu s o u ” , ou ego eim í disse e nós som os, p ro d u to s da linguagem criativa, um a p a rte da e xistência constitutiva . O p o d e r de im aginar dá form a à realidade. Nossa e xistência d e pen de d a linguagem e do po d e r desta linguagem de c o n tin u a r d e n tro de nós. Nós som os im agens capazes de transferir, criar, s u ste n ta r e vita liza r as coisas inertes e as coisas q u e ainda não existem na nossa terra. Dize e assim se rá feito. Nós tem os q u e falar. Nós tem os que p ra tic a r o qu e J o rg e Luis B orges cham a “ a divina m agia da a rte ” (1).

O ser hum ano é a mais dese n vo lvid a c ria tu ra na terra. Nosso desenvo lvim ento existe e depen de da expressão da palavra. Sem a

(1) C ita d o p o r F ran c isco d e A ra ú jo S a n to s n o jo rn a l Z e ro H ora, 11 d e a g o sto , 1984, p. 3, d a p a rte “ C u ltu ra , L ite r a tu r a ”. R efên c ia s são a s O b ra s C o m p le ta s d e B orges; e d ita d a s e m 1974.

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co n tin u a çã o da im aginaçã o cria tiva não existe desenvo lvim ento. Por isso, o te so u ro do ser hum ano existe o n d e q u e r qu e a palavra, fiel e criativa, c o n tin u a com po d e r de im aginar e com vo n ta d e de levar vida verdadeira.

Podem os viver cria tiva m e n te através de e co m o extensão da palavra. A fle c h a q u e a p o n ta co m o um guia ao fu tu ro cria tiv o foi lançada m uitos anos atrás através de hom ens e m ulheres que ouviam a palavra prim ordial, a palavra qu e nós p odem os ainda ouvir, e qu e eles tentaram re fle tir co m o te ste m u n h o nas páginas da Bíblia. A Bíblia é um te s o u ro da linguagem essencial para co m p re e n d e r sentidos da palavra criativa, d o n d e vem e, em parte, para onde vai. A Bíblia é um te s o u ro da im aginaçã o p ro d u tiv a dos hom ens e m ulheres q u e se conhece ra m co m o aqueles q u e foram c ria d o s na imagem de Deus. Nós som os, com eles, p ro d u zid o s pela im agina­ ção, p o r aquele q u e está além da im aginação. Por isso, a im agina­ ção hum ana é um a verd a d e ira m ina dos te so u ro s ain d a a serem descobe rto s. Diz N. S co tt Momaday,

"... Nós som os a q u ilo que nós nos im aginam os... nossa p ró p ria e xistência c o n s is te na im aginaçã o de nós m esmos. Nosso m elhor d e stin o é im a g in a r quem,

qu e espécie e o qu ê som os. A m aior tra g é d ia q u e pode cair s o b re nós é fic a rm o s in im a g in a d o s ” (2).

Nós som os, de a c o rd o com o te ste m u n h o B íblico, co m o nós somos, m ediadores de possibilidades para hoje e para o fu tu ro , canais para a o b ra m aravilhosa de nosso cria d o r.

2. A BÍBLIA, COMO UMA PARTE DA CRIAÇÃO, DO CRIADOR.

A Bíblia, tam bém , é um a parte da criação, ch e ia de palavras, frases, ditos, histórias, co n to s, relatos, p rovérbios, canções, hinos, parábolas, narrativas, paradigm as, narrativas p aradig m á ticas, se n ti­ dos cla ro s e se n tid o s esco n d id o s. A Bíblia é um p ro d u to m ultifaceta- do no qu e diz re sp e ito às form as e no q u e diz respeito aos con te ú d o s, um a v e rd a d e ira m ina de ouro.

A Bíblia é c o m o um violão, bem feito, um a o b ra de arte em si, fino, mas bem co m p lic a d o tam bém . Q ue tip o de in stru m e n to tem os? Com o vam os usá-lo? C om o e n te n d e r e a p ro fu n d a r-n o s no uso deste instrum ento? Q ue tip o de linguagem é a linguagem Bíblica?

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Nós q uerem os to c a r este in stru m e n to . Nós querem os ou vir a sua voz. Nós querem os e n tra r n o seu flu xo , n o seu m ovim ento. Nós querem os p a rtic ip a r n o seu ritm o, o u vir a m úsica q u e foi ouvid a q u a n d o ainda não hou ve um a Bíblia.

3. LINGUAGEM DESCRITIVA, ESPECIFICATIVA.

C ertam ente existe d e n tro das e scritu ra s a possib ilid a d e de d e s c o b rir uma lingua gem bem e sp e cifica tiva e descritiva, alinhada a fa to s cie n tífico s. Q uando nós lem os as escrituras, p o r exem plo, podem os d e s c o b rir m uitas coisas fatuais e bem interessantes. Podem os c o n c lu ir que houve realm ente um povo cham ado Israel, q u e este povo a d orou, com m aior ou m enor fidelida de, um Deus q u e eles não quiseram cham ar p o r um nom e, p o rq u e ele está acim a de q u a lq u e r nome. Podem os c o n h e c e r algum as letras deste nom e (sem nome), sinais dum a te n ta tiva d e c h a m á -lo :, Javé. As tra d içõ e s desse povo nós podem os co n h e ce r, em parte, e, no c e n tro destas tradições, a a firm a çã o q u e nos tem pos a n tig o s existiu só uma m ultidão, sem distinção , sem nome, sem fam a, mas que aquela m ultidão foi liberada da e scra vid ã o e, e ventua lm ente recebeu uma terra, sim ples mas adequada. Uma lei que o povo, p o u c o a pouco, desenvolveu, foi a ce ita co m o o c o n s e lh o do seu Deus, uma lei cheia de m andam entos e prom essas q u e nós p odem os re co n h e ce r com o um a parte d o p ro c e s s o ou evento h is tó ric o de Israel.

O fa to q u e Jesus de Nazaré nasceu, viveu hum ildem ente, mas de m odo im pressiona nte, q u e ele foi c ru c ific a d o , m orreu, e q u e depois apareceram co m u n id a d e s q u e confessaram Jesus com o senhor, salvador, e u n id o com Deus. Mais, nós reco n h e ce m o s hoje em dia a p o ssib ilid a d e de re c o n s titu ir palavras e frases quase exatas

— ipsissima vox se n ã o ipsissima verba — de Jesus. Este tip o de fa to é

claram ente a ce ito co m o uma parte de lingua gem descritiva. O sen tid o deste tip o d e lingua gem pod e ser bem literal - univalente, m onovalente. Não é possível pensarm os ou viverm os sem o uso e a necessidade d e ste tip o de expressão. V ida prática, do dia a dia, é d ificilm e n te o u im possivelm ente suste n ta d a sem palavras especifica - tivas, univalentes. E algum as palavras deste tip o existem d e n tro da B íblia com fre q ü ê n cia . Para e n te n d e r a B íblia estas palavras, de scritiva s e fatuais, precisam ser c o n h e c id a s e aceitas. Não é possível to c a r o violão sem c o n h e cim e n to de cada parte deste in stru m e n to sofisticado .

Por mais d o q u e ce n to e trin ta anos os estu d o s b íb lico s têm pesquisado esta linguagem mais e sp e cifica tiva nas cu ltu ra s antigas.

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Numa é p o ca em q u e as ciências se desenvolviam rapidam en te - e qua n d o to d o m undo desejava fatos, cla ro s e sim ples, para fic a r a par das m udanças de m etodolo gia, c o n h e cim e n to , e xp e riê n cia e p rá tica - os estudos te o ló g ic o s tam bém se o cuparam com pesq u isa para, enfim , acu m u la r fatos, in fo rm a çõ e s básicas para e n te n d e r os se n ti­ dos mais literais e mais ce n tra is da vida histórica, das atividad es e realidades dos sé cu lo s qua n d o as e scritu ra s foram com postas. A intenção era não s ó te r os fa to s p o r si, mas evita r in te rp re ta çõ e s e form ulações de idéias su p o sta m e n te fu n d a d a s no te ste m u n h o da Bíblia, mas que, to ta lm e n te ou em parte, nada têm a ver com os sentidos mais cla ra m e n te p re te n d id o s pelos autores. Por isso, estu d o s h is tó ric o -c rític o s , cie n tific a m e n te desenvolvidos, represen­ tavam tentativas, sinceras e dedicadas, de a p ro xim a r o co n te xto , a realidade, e as c o n d içõ e s existentes nos tem pos bíblicos. Uma parte destes estudos te ntava re c o n s tru ir um c o n h e c im e n to de Jesus de Nazaré, o fu n d a d o r d a fé cristã. Nós festejam os cada p o n to q u e é restabele cido e novam ente apreciad o. O bras co m o aquelas p ro d u z i­ das p o r Joachim Jerem ias e Norm an Perrin, p o r exem plo, têm valor inestim ável.

Neste p ro ce sso e stu d io so s de ca d a país necessaria m e nte têm de u tilizar uma linguagem c ie n tífica , de s e n tid o claro, exato e in e q u ív o c o . A tra v é s desses estu d o s existe, hoje em dia, um c o n h e cim e n to sem paralelos. Do prim eiro sé cu lo até agora não existiu um a g e ra çã o m elhor in fo rm a d a do q u e a nossa s o b re as realidades d e n tro e em to rn o das e scritu ra s. Tem os m étodos de co m p a ra çã o lin g ü ística , filo só fica , religiosa e de fa to re s só cio - e c o n ô m ic os. Tem os m edidas para avaliar e a p ro fu n d a r situ a çõ e s históricas, para c o n h e c e r m étodos usados para e scre ve r d o c u m e n ­ tos, para c o n h e c e r as fontes, usadas pelos a u to re s dos d o cu m e n to s no p ro ce sso de co m p o siçã o ; e nós re co n h e ce m o s variações não som ente da fo rm a mas, tam bém , d o c o n te ú d o dos e scrito s qu e trouxeram as perspectiva s da fé nos anos a ntigos. A través desses estudos nós a preciam os m uito, m u ito mais, o caráter, as riquezas, as variações e as in te n çõ e s deste d e p ó sito d o te ste m u n h o da fé. E studos h is tó ric o -c rític o s são de m u ito va lo r para um a com preensã o d e nossa id e n tid a d e e raízes num a é p o c a cie n tífica . Nossa b usca p o r condiçõe s, fatores, e m ovim entos q u e c o n trib u íra m para a nossa situ a çã o presentes e para a nossa a u to-com pree nsão, recebe auxílio.

Não obstante , a linguagem dos estu d o s c ie n tífic o s está severam ente restringida . Existe um a lim itação, in te n cio n a lm e n te feita, uma lim itação d e s e n tid o ao que pode se r observado, m edido e provado. Nesta linguagem , nesta investiga ção, o m undo é m edido

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pelo homem. Em realidade, este tip o de linguagem é um a fo rm a de subjetivism o in te n cio n a lm e n te adotad o. O m u n d o e ca d a co is a q u e a co n te ce u nele é visto co m o um o b je to a ser d e scrito . C om preender é co n h e c e r causas e efe ito s dum p o n to de vista neutral. Certeza existe som ente d e n tro de ou com base em coisas provadas. A verdade d e n tro deste tip o da linguagem é co m o algum a co isa vista

- orthotes(3).

4. LINGUAGEM CONCEITUAL, RACIONAL E LÓGICA.

Antes e d u ra n te os tem pos dos e stu d o s c ie n tífic o s existia, tam bém , um a ten d ê n cia , m uito com um , de usar um a linguagem conceitua i, racional, intelectu al, siste m a tica m e n te ló g ica e co m p le ta em si mesma. Esta linguagem , a linguagem da filo so fia , é bem respeitável e, d e n tro das ca te g o ria s co n ce itu a is, bem razoável. Esta m aneira de e n te n d e r insiste em te r d o m ín io c o n c e p tu a l s o b re o objeto, o assunto, a m atéria a ser in ve stig a d a ou explicada. Com efeito, po r isso, Deus e seu p o vo são fe ito s á im agem dos sábios. Esta linguagem é m uito persuasiva num te m p o su postam en te g o ve rn a d o pela m ente e su b ju g a d o aos que são bem s o fistica d o s e não fa cilm e n te desencam inhados. E studos h is tó ric o -c rític o s pude­ ram c o rrig ir esta te n d ê n cia ou tentação . Mas é cla ro q u e a linguagem B íb lica é, quase sem pre, c o n tra to d a fo rm a de idolatria, in c lu in d o a id o la tria das idéias ou co n c e ito s a b stra to s ou estáticos. Elie Wiesel, no seu livro Legends o f Our Time, a nota uma observação dum a pessoa m uito velha e d e sa p o n ta d a pelas respostas su p o sta ­ m ente capazes d e d a r so lu çõ e s aos problem as e m istérios d a vida e escreve:

“ Q uando vo c ê c o m p re e n d e rá qu e uma resposta b o n ita não é nada? N ada mais do q u e ilusão? Nós nos definim os p o r meio d o q u e nos p e rtu rb a e não p o r m eio d o que nos reassegura. Q uando c o m p re e n d e rá qu e você está

(3) Cf. T a n n e h ill, R o b e rt C. The Sword o f H is M outh, P h ila d e lp h ia F o rtre ss Press, 1975, p.6. Diz ele, “ A o rie n ta ç ã o p re d o m in a n te d o s e stu d o s B íblicos p a ra a b u s c a d e in fo rm a ç ã o h is tó ric a p a re c e -m e e n v o lv e r u m a lim ita ç ã o infeliz d a ta re fa do e stu d io so . H á te x to s que tê m a in te n ç ã o b á sic a de tra z e r in fo rm a ç ã o , m a s e s ta n ã o é a c a ra c te rís tic a d o s te x to s do e v an g e lh o , e s p e c ia lm e n te n ão d o s d ito s s in ó tic o s ”. É de au x ílio , diz ele, “d is tin g u ir e n tre o uso d u m te x to c o m o u m a fo n te d e in fo rm a ç ã o e a in te rp r e ta ç ã o do te x to . A g e n t e p o d e in te rp r e ta r um te x to a p ro p ria d a m e n te s o m e n te se ele inclui re c o n h e c im e n to da in te n ç ã o e n c e rra d a d e n tro do tex to . O in te rp r e ta d o r te m q u e p e rm itir a o te x to fa la r à s u a p ró p ria m an eira...

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vivendo e b u sca n d o n o erro, p o rq u e Deus sig n ific a m ovim ento e não e xp lica çã o ? ” (4)

John D om inic C rossan po ê a q uestão n o u tra form a: “ Não haja um a id o la tria d e fo rm a s e im agens feitas po r m entes, exatam ente com o, fa cilm e n te

há a id o la tria de form as e im agens feitas pelas m ãos?” (5) E studos podem d e m o n stra r o fa to p re d o m in a n te na lin g u a ­ gem Bíblica: o que foi d ito é, quase sem pre, o qu e fo i feito, o q u e a co n te ce u . A palavra e a ação estiveram sem pre ligadas. M ovim ento ca ra cte riza esta língua, m ovim ento c o n tra idéias estáticas ou fixas, m ovim ento q u e c o n tin u a no presente, em nosso te m p o e para d e n tro do fu tu ro .

Os anos mais recentes viram pesquisas novas e intensivas sobre a questão, de q u e tip o é a linguagem bíblica? O que existe d e n tro desta linguagem que é mais d o q u e m eram ente d e scriçõ e s cie n tífic a s ou com preensíve is através d o a lca n ce intelectu al, fatual o u m ensurável? Q ue s e n tid o s existem lá qu e nós não podem os ver som ente através d o s ó c u lo s da m e to d o lo g ia ou do ra cio cín io ? Com o ch e g a r aos se n tid o s p ro fu n d o s, os q u e co n stru íra m e con stro e m as perspectivas novas, visões originais, fé con ta g io sa , espontânea, livre e cheia de possibilidades abertas? A B íblia é co m o um violão. Para to ca r o vio lã o nós devem os te r notas, co m p o siçõ e s e harm o­ nias u n ifica d a s d e n tro dum esquem a c la ro para c a d a p articipan te. A m úsica utiliza estas té cn ica s de fa c ilita r o som, mas o gén io co n siste em mais.

Uma vida lim itada e fo rm u la d a som ente de fatos, aparências, núm eros e coisas m ensuráveis é uma vida m u ito estreita, lim itada e bem seca. R ealidade obje tiva é o ato de im aginação. “ Nós som os nossas im a g in a çõ e s” , diz Cari Ridd (6). Para ele, p e rce b e r a realidade do m u n d o o b je tiva m e n te o u d ista n cia d a m e n te é im possí­ vel. Podem os im aginar vida sem im aginaçã o? Q ue tip o de m undo te ría m o s sem flores, flo re s que não têm va lo r m ensurável? A flo r tem

(4) W IESEL , Elie. Legends o f Our T im e N ew Y ork, A v o n Books, 1968, p. 126.

(5) C RO SSA N , J o h n D o m in ic. Raid on the A rticulate: C om ic E sch a to lo g y in Jesus and Borges. N ew Y ork, H a rp e r & R ow , 1976, p. 47. Cf. Pau l R ico eu r: C ogito é v ão , invencível,... c o n sc iê n c ia falsa. U m a filosofia de re fle x ã o é o o p o sto d e ste . O s u je ito d a re fle x ã o te m que p e rd e r-se p a ra e n c o n tra r-s e . R IC O EU R , Paul. T he Ph ilosophy o f Paul R icoeur, An A n tm ology o f His Work. B oston, B eaco n Press, 1978, p.101.

(6) RID D , Carl. “ Im a g in a tio n ," u m c a p ítu lo no liv ro E ch o es o f the W ordless “W ord” (ed. p o r D an iel C. N oel). M issoula, M o n tan a , A m e ric a n A c a d e m y of R eligion, 1973, pp. 139-165.

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som ente duas q u alid ades co n siste n te s q u e têm valor: sua beleza inestim ável, e seu arom a e x tra o rd in á rio . Sua lin d e za é in co m p re e n sí­ vel, indescritível. Uma flo r é co m o poesia: os efeitos dela, seu poder e im pacto, sutil e incrível, nos possuem e nos assom bram .

5. LINGUAGEM MULTIVALENTE, FECUNDA, PROLÍFICA, POÉTI­ CA.

Existem se n tid o s que não podem ser e xpressado s por m eio de palavras de se n tid o literal. As palavras das e scritu ra s têm s e n tid o co m o poesia, co m o obras de arte, co m o da flor. Estes sentidos são expressos po r meio d e palavras que têm se n tid o s literais mas, no m esm o tem po, mais, m u ito mais s e n tid o s sem lim ites. Paul R icoeur disse,

“ A ch o q u e a d ife re n ça m aior entre a linguagem ló g ica e té cn ica e desta lingua gem (da fé, da poesia, dos sím bolos) é q u e a linguagem ló g ica ou té c n ic a sig n ific a p recisam ente o qu e nós d e cid im o s e escolhe­ mos. A tarefa fundam en tal da ló g ic a é assim lutar c o n tra a fa lta de clareza, lu ta r c o n tra d u p lo s sentidos, dum a m aneira que a p e rfe iço a um a linguagem q u e é p e rfeitam en te cla ra e univocal. Um s e n tid o cla ro é p re ssu p o sto p o r q u a lq u e r a rg um enta ção. É necessário qu e o s e n tid o fiq u e id ê n tic o d u ra n te to d o o tem po em qu e ele fo r usado num a arg u m e n ta çã o . C onsequ ente­ mente, a c o e rê n cia dum a rg u m e n to d e pen de da unida­ de de sentido. Nós, p o r o u tro lado, de a co rd o com a linguagem sim bólica, encaram os uma linguagem q u e diz mais do q u e diz, q u e diz algum a co is a além d o qu e diz, e que, consequ entem ente, m e ca p ta p o rq u e esta linguagem , no seu sentido, crio u s e n tid o s novos. A qui as palavras qu e eu uso têm fo rç a sem ântica q u e é, realm ente, inexaurível. N outras palavras, um s ig n ific a ­ do univocal é um s ig n ifica d o dum só fo c o de s e n tid o até q u e este se to rn a o ú n ico s e n tid o de algum a coisa. Na linguagem sim b ó lica eu me d e s c u b ro face a s ig n ifi­ cados ou s ig n ifica çõ e s m ultivicais nas quais um sen tid o c o n d u z a o u tro sentido: a palavra 'alegoria', em sua origem , não teve o u tro s e n tid o ’ ’ (7).

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S obretud o, a lingua gem d a Bíblia é um a linguagem fecunda, prolífica, polivalente. Nós vem os d e n tro desta linguagem uma capacida de de p ro d u z ir mais d o q u e o p ró p rio a u to r pôde dizer, mais do que ele p ô d e c o m p re e n d e r ou im aginar. Por isso, a linguagem Bíblica, a linguagem de fé, faz m uito mais do qu e m eram ente d e scre ve r o u reportar. A lingua gem B íb lica c o n tin u a a reproduzir, sugerir, am pliar, a b rir vistas novas e in sta la r d e n tro dos ou vin te s uma c a p a cid a d e de p a rtic ip a r nas atividad es desta palavra. Os o u vin te s e n co n tra m -se im plantad os d e n tro de uma co rre n te , de um flu x o p oderoso , de um p o d e r q u e traz c o n s ig o m esm o um a cria tivid a d e ig ualm en te potente, um p o d e r co m o poesia, uma h a b ili­ da d e para revelar e c o n ta r mais d o qu e é dito, para visualizar " o qu e nem o lh o s viram nem ou vid o s o u v ira m ” . S obre este assu n to R icoeur diz, "... o ser hum ano é sem pre su ste n ta d o pelo seu núcle o m ítico -p o é tico ; ele é sem pre c ria d o e re cria d o p o r uma palavra geradora. M inha co n fis s ã o a mim m esm o é qu e o ser hum ano é in s titu íd o pela palavra, que q u e r dizer, pela lingua gem que é falada m enos pelo hom em d o que para o h o m e m ” (8).

Com o p odem os dizer isto? Com o po d e m o s dizer qu e a linguagem B íblica é, s o b re tu d o , uma linguagem poética, polivalente, fecunda, prolífica, sem lim ites de sentidos, e mais? Por causa da natureza da fo n te dela.

O assu n to da B íblia não é algum a coisa, em si, isolada, um o b je to a ser estudado, ce rc a d o e d o m inad o. O assu n to da B íblia não co n siste nas idéias, sim ples ou p rofunda s, em si m esmas, capazes d e d a r vida, su stentaçã o, num a m aneira d e fa ze r sucesso no dia-a-dia ou para g a n h a r acesso a um fu tu ro seguro. O assu n to da Bíblia não c o n s is te num a re c o n s tru ç ã o da história que dá uma gnose m isteriosa e bem lim itada às poucas pessoas que são p rivilegiadas pelos segredos, fo rm u la ç õ e s p o r m eio das quais a g ente p ode e scapar-se deste m u n d o baixo para ch e g a r aos m undos ou céus de fo ra desta realidade aqui na terra com um a te rra m aterial e inferior. A Bíblia não tem uma d e s c riç ã o de Deus co m o ele aparece em si mesmo, um re tra to fe ito pela m ão ou p o r m eio de conceitos, im agens da m ente hum ana. O assu n to da B íblia vive, mora, e c o n tin u a sem pre fo ra ou ao lado das e scritu ra s em si. As e scritu ra s são, realm ente, p ro d u to s dos seres hum anos, vivos e ligados às com unida des tem porais que se e sforçam para tra z e r à expressão sua fé inexpressável. A linguagem de sím b o lo s o fe re ce "... um in q u é rito tra n sce n d e n ta l para d e n tro da im aginaçã o de e s p e ra n ç a ” , diz R icoeur - sím b o lo s de re genera ção - im aginaçã o produtiva.

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Evite, ele c o n tin u a , a “ to ta liza çã o fa ls a ” . O te x to a p o n ta para fora

(9).

As e scritu ra s são, em si, te n ta tiva s de d e s c o b rir uma m aneira de falar, de expressar, de fo rm u la r ou dize r a palavra qu e veio sem pre e de novo de fora. A Bíblia foi d ire cio n a d a sem pre e de novo às situ a çõ e s co n cre ta s, às atividades históricas, problem as co rre n ­ tes; às d ificu ld a d e s atuais. Mas a Bíblia leva um a palavra im possível de c o n fin a r ou re s trin g ir às suas páginas, palavras ou letras q u e os autores tentaram e s cu lp ir num a fo rm a aceitável, a im pressão que eles querem preservar para os seus c o n te m p o râ n e o s e para as g erações do fu tu ro . A Bíblia, do in íc io ao fim, tem um a natu re za de te stem unho oral. O te ste m u n h o do q u e foi visto fo i transform ado, necessariam ente, em te ste m u n h o do que fo i ou vid o p o rq u e a palavra, em si, e steve sem pre e s c o n d id a d e n tro das m anifestações, e sco n d id a mas o u vid a co m o um a m ensagem d o Senhor. Fé vem através do ouvir. A visão tem qu e ser tra n sp o sta em audição. O que nós lemos tem qu e ser tra n sp o sto para o ouvido.

6. A FONTE DO TESTEM UNHO BÍBLICO.

O te ste m u n h o d a B íblia é, sem pre, re la cio n a d o às coisas q u e acontece ra m , aos eventos reais, às coisas vistas e às palavras ouvidas, mas co n siste n te m e n te o te ste m u n h o básico é d ire cio n a d o p o r e para o q u e é mais. O te ste m u n h o existe para tra ze r ou dar um s e n t i d o o u s e n t i d o s , q u e s ã o m a is d o q u e é ó b v io , às sensações dos o lh o s ou aos sons dos ouvidos. O te stem unho e x is te p o r q u e nem to d o s o s q u e vira m e nem to d o s os q u e ouviram tiveram c o n d içõ e s de te r a m esm a im pressão, nem c o n co rd a m s o b re o s e n tid o d o evento. O te ste m u n h o é, sem pre, d e p e n d e n te dum a verdade que existe fo ra ou acim a do evento. O te ste m u n h o depende, sem pre, d um a a u to rid a d e q u e fica fo ra do texto, em si, ou d o a u to r em si, aquele que in clu iu ou deu expressão a sua c o n v ic ç ã o firm e e certa. O te ste m u n h o tem, sem pre, co m o seu assunto, o su je ito da ação, o p ró p rio Deus - a pessoa q u e fala; o p ró p rio C risto - a pessoa qu e vive, que está presente; ou o p ró p rio E spírito, sem o qual nós não en te n d e m o s nada. Em outras palavras, a fo n te da Bíblia, a fo n te do te stem unho , é to talm ente o u tro , o absoluto , o que ab so lu ta m e n te não p ode ser en ca ixa d o ou e n c e rra ­ do d e n tro dum a im agem , letra, palavra ou, jam ais, d e n tro dum livro sagrado. A Bíblia, co m o te stem unho , q u a n d o é o mais fiel, nega

(10)

rig o ro sa m e n te a p o n ta r para si m esm a co m o fo n te d a vida ou verdade. C om o ve rd a d e iro testem unho , ela a p o n ta sem pre para fo ra ou a fre n te de si mesma, ao q u e está acim a de tudo, p o d e r absoluto , a u to rid a d e últim a, viva, e fin a l (10). E, se esta é a verdade, se verdade existe sem pre em relação e d e p e n d e n te daque le q u e fala, qu e age; se nosso c o n h e c im e n to e co m p re e n sã o existe sem pre em d e p e n d ê n cia daque le que é to ta lm e n te e a b soluta m ente in d e p e n ­ dente, é óbvio que a Bíblia, co m o te ste m u n h o p e rante ele, este Deus, poderoso , vivo, re la cio n a d o às atividades reais e presentes, não é a últim a fonte, a últim a auto rid a d e , a últim a verdade em si mesma, mas a Bíblia, co m o a linguagem da fé, a p o n ta sem pre co m o te ste m u n h o de sua d e p e n d ê n cia da vo n ta d e de Deus a p a re ce r de novo, de revelar-se de novo, de d a r co m p re e n sã o de novo às palavras qu e seu povo a n u n c io u nos tem pos a ntigos. C om o Norm an B row n diz, “ É n ecesssário m udar da história para o m is té rio ” (11).

Por isso, num sentido, a B íblia é co m o um violão. A Bíblia é um in stru m e n to através d o qual nós p odem os o u vir as notas dos céus, o coral dos anjos, a m úsica da salvação, do evangelho, o c a n to fe ito especialm e nee para nós. Mas a Bíblia, em si, não é a m úsica, não é, em si mesma, o evangelho; não é o c o n to da nossa salvação, isolada, separada, indepe n d e n d e te , em si mesma. A Bíblia existe co m o um p ro d u to daqueles q u e quiseram tra n s m itir a m ensa­ gem q u e eles ouviram , que quiseram c o m u n ic a r a fé que tem nosso S enhor co m o a u to r e a to r principal, q u e quiseram c ria r um in s tru ­ m ento fino, delicad o, sensível, lá para o uso e a p re cia çã o daqueles q u e querem re s p o n d e r a este testem unho, q u e querem a p ro fu n d a r os sentidos, qu e se im pressionaram com as co m u n id a d e s que viveram a fé antigam ente, e com os q u e fo ra m c o m p o sito re s das sinfonia s clássicas, qu e nós co n h e ce m o s de lá e que nós honram os co m o expressões do evangelho, norm ativas e qu a se indispensáveis co m o crité rio s, p ro tó tip o s e m edidas da fé C ristã. Mas a m úsica própria, o som p rim ordial, a palavra original e v ivifica n te vem de fora, de Deus através de seu povo, p o r m eio de C risto presente neles, no p o d e r d o E spírito qu e faz sua o b ra fascinante , hoje co m o a n tig a ­ mente, em ca d a um qu e q u e r ou vir e e n te n d e r o evangelho. Para a p re cia r a B íblia co m o um in s tru m e n to da fé nós precisam os c o n h e ­ c e r to d a s as suas partes e pecu lia rid a d e s para tocá-la. Nós tem os q u e c o n h e c e r a té c n ic a - co m o fa ze r m úsica com este in stru m e n to m aravilhoso. Nós precisam os de artistas, bem inform ados, bem

(10) Cf. R IC O E U R , P a u l, E ssa y s o n B ib lica l Interpretation. P h ilad e lp h ia , F o rtre ss Press, 1980. pp. 147s.

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experim enta dos e versados, a to c a r este in s tru m e n to am ado e precioso. E nós te m o s q u e o u vir a te n ta m e n te e nós tem os que resp o n d e r com nossa p ró p ria palavra, uma palavra im plantada, e n ca rn a d a de n o vo nesta geração, d e n tro de nós, num a au d iê n cia h a b ilita d a a ser mais um novo instrum ento, um a parte da orquestra, c o m o o violão q u e leva co n sig o a m úsica criativa, um te ste m u n h o ao co m p o s ito r q u e vive a in d a em e através dos seus discípulo s, os q u e ouvem e guardam com gra tid ã o e alegria estas notas ju b ilo sa s do c a n to eterno.

A palavra de Deus não é lim itada - em form a, em sistem as, em livros ou e s crito s fixos, em expressões solidifica das, ou em fra ­ ses ou p a rágrafo s esta b e le cid o s perm anentem ente. A palavra não é descritiva ou fixa, sim plesm ente p o rq u e o p ró p rio Deus está to ta l­ m ente além da descrição. Falar a palavra de Deus é a proxim ar-se de sua voz. A palavra de Deus n u n ca se e s ta cio n a num lu g a r só, num te m p o só, dum a m aneira só. Para e n te n d e r esta palavra nós tam bém precisam os cam inhar, m udar, a ju sta r e esperar p o r notas novas, notas criadas para nossa nova situação.

7. DE QUE TIPO É A LINGUAGEM BÍBLICA?

A linguagem b íb lica é um a lingua gem fecunda, prolífera, criativa, potente. C om o a linguagem de fé, esta linguagem é investidora, com c a p a cid a d e artística, poética. A linguagem b íb lica é m etafórica. Diz J o rg e Luis Borges,

A m etáfora cria “ obje to s verbais p u ro s e indep e n d e n te s co m o um cristal ou co m o anel de p ra ta ” . A verd a d e ira m e tá fo ra é um te so u ro . Mas o te s o u ro da vida tam bém é um a m etáfora? Qual é a realidad e fu n d a m e n ta l? E co m o nos m ovem os para essas realidades, esses valo­ res? Ou m elhor, co m o podem os c o m u n ic a r esses processos, esse e sfo rço pelo a tin g im e n to im possível? P oderá ser através de algo d ife re n te da m etáfora? (12) A in te rp re ta çã o desta língua é, sem pre, essencial e condicio nal.

Essencial p o rq u e os sen tid o s são polivalentes, m últiplos, sem limites. É co n d ic io n a l p o rq u e a in te rp re ta ç ã o necessariam ente e sem exceções d e p e n d e dum pressuposto : a voz ou a palavra que fala existe d e n tro de ou p o r m eio da in te rp re ta çã o , dum a pessoa qu e

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tem poder, fo rça , vo n ta d e de criar, de entrar, de livrar. Josiah Royce disse, “ P ercepção apreend e coisas; c o n c e itu a ç ã o c o m p re e n d e prin cíp io s; in te rp re ta çã o abre o c e n tro dum se r hum a n o ao ou- t r o ” (1 3).

O q u e fo i dito, porisso, nun ca inclui tu d o q u e fo i in te n cio n a d o . O qu e está d ito sem pre e xig e mais um a c o n tin u a ç ã o do falar. Não existem explicaçõ es. Existe direções. Não existem d escrições. Existem expectativa s. E as expectativa s são sem pre mais do que nós podem os im aginar o u a p ro fu n d a r fre n te ao tem po. Q uando nós chegam os, nós ainda estam os no cam inho.

É necessário m udar da h istó ria para o m istério.

É necessário m udar da lingua gem d e scritiva para a linguagem m etafórica.

É necessário m udar da linguagem racional e ló g ica para a linguagem poética.

É necessário m udar dum a linguagem e s c rita para a linguagem ouvida.

É necessário m udar da letra para o espírito.

É necessário m u d a r do que foi dito para o qu e é dito.

É necessário m udar do qu e é e s crito ou d ito para o q u e ainda será dito.

C rer é estar atento.

Estar ate n to é silenciar.N o silê n cio nós esperam os, p ro n to s a o u vir e agir.

Linguagem de q u a lq u e r tip o a p o n ta a algum a coisa mais. “ Não é possível’ ’ , diz Paul R icoeur, “ para a linguagem re p u d ia r sua in te n çã o básica de se r um sinal - o qu e q u e r dizer, dar espaço, para tra n s c e n d e r e s u p rim ir-se ...” (14)

Linguagem , de q u a lq u e r tipo, aponta ao início, aos tem pos do g ra n d e silêncio, para a p o n ta r ao fu tu ro , ao q u e está sem pre a nossa frente, ao q u e nos fala. E agora, a palavra p rim ordial e criativa está p ro n ta para falar de novo.

Nós som os im aginad os de novo, c ria d o s e, p o r isso, c ria d o ­ res neste m undo. Q uando nós esperam os a te ntam en te nós vam os

(13) RO Y C E, J o sia h . T h e P ro b le m o f C h ris tia n ity . N ew Y ork, 1913, p. 127. C f R IC O EU R . P h ilo so p h y ...,op. c i t , p. 45: “T em q ue c o m p re e n d e r p a ra crer, te m q u e c re r p a ra c o m p re e n d e r”. Cf. ta m b é m M IC H A ELSO N , C a rl T h e R a tio n a lity o f Faith. N ew Y ork, S c rib n e r’s, 1963, p. 73: “ C iên cia copia. A rte cria. H is tó ria in te r p r e ta ” .

(14) R IC O U E U R P h ilo so p h y op . c it, p. 101. Cf. H E ID E G G E R , M artin . P o e try , L a n g u a g e , a n d T h o u g h t N ew Y ork, H a rp e r R ow , 1971, p. 11: “ O q u e é fa la d o n u n c a, e em n e n h u m a lín g u a, é o q u e é d i t o ”.

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ou vir e, com o vio lã o na m ão nós p odem os co m e ça r a to c a r s im paticam en te os sons criativos. Notas novas serão ouvidas em nosso te m p o e para nosso tem po, pelo p o vo qu e espera, em silêncio, pela m úsica nova, pelo a co m p a n h a m e n to essencial no ca m in h o para d e n tro d o fu tu ro , um fu tu ro aberto, c h e io de possibili­ dades, possibilidades sem lim ites, p ro d u zid a s pela im aginaçã o q u e vai além da p o ssib ilid a d e d e im aginar.

Referências

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