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Biblioteca Digital do IPG: Dificuldades Sentidas pelos pais no cuidado à criança no primeiro ano de vida

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(1)

Mestrado em Enfermagem de Saúde

Infantil e Pediatria

Dificuldades dos pais no cuidado à criança no

primeiro ano de vida

Elisabete Rodrigues Fernandes

maio | 2016

Escola Superior

de Saúde

(2)

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

Mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria

Dificuldades dos Pais no Cuidado à Criança no

Primeiro Ano de Vida

Elisabete Rodrigues Fernandes

Guarda maio, 2016

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Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

Mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria

Dificuldades dos Pais no Cuidado à Criança no

Primeiro Ano de Vida

Dissertação elaborada para obtenção do grau de Mestre em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria

Elaborado por:

Elisabete Rodrigues Fernandes Orientadora:

Professora Doutora Fernanda Lopes

Guarda maio, 2016

(4)

AGRADECIMENTO

A realização desta dissertação só foi possível com o apoio de vários intervenientes, aos quais não posso deixar de expressar o meu sincero agradecimento.

Quero agradecer à professora orientadora, Professora Doutora Fernanda Lopes, pela orientação, dedicação e pela ajuda que me ofereceu durante toda a elaboração do presente trabalho.

Agradeço aos colegas do Agrupamento de Centros de Saúde Cova da Beira e diretores/educadores(as) dos infantários do concelho da Covilhã e Belmonte, que abriram as suas portas e colaboraram na distribuição e recolha dos questionários.

Deixo um agradecimento especial, a todos os pais que disponibilizaram o seu tempo para a concretização deste estudo.

Aos meus amigos, que me apoiaram e ajudaram, o meu obrigada.

Por último, manifesto um sentido e profundo reconhecimento à minha família, em especial ao meu marido, pela paciência, incentivo e apoio incondicional ao longo de todo o percurso de realização deste trabalho.

(5)

A sabedoria começa na reflexão.

(6)

RESUMO

No exercício da parentalidade os pais vêem-se confrontados com dificuldades no cuidado ao filho, que poderão ser ultrapassadas se obtiverem o apoio necessário.

O presente estudo tem como objetivos analisar as relações existentes entre as dificuldades sentidas pelos pais no cuidado à criança no primeiro ano de vida e as características dos pais, da criança e dos recursos utilizados para as ultrapassarem, conhecer as dificuldades dos pais no cuidado à criança no primeiro ano de vida e identificar os recursos dos pais para ultrapassarem essas dificuldades. Se os profissionais de saúde tiverem conhecimento das dificuldades dos pais, podem atuar em consonância com essas necessidades.

Para a realização deste estudo recorreu-se a uma revisão bibliográfica sobre a parentalidade positiva e cuidados antecipatórios no primeiro ano de vida da criança.

O método utilizado na pesquisa foi do tipo descritivo, quantitativo, correlacional e transversal. A colheita de dados foi feita junto de uma amostra não probabilística acidental de pais de crianças até um ano de idade, que recorrem ao Agrupamento de Centros de Saúde Cova da Beira e que têm os filhos inscritos nos infantários do concelho da Covilhã e Belmonte. Este estudo teve uma amostra de 150 pais. O instrumento de colheita de dados utilizado foi o questionário. O tratamento dos dados permitiu confirmar a fiabilidade do questionário e criar uma escala de dificuldades dos pais no cuidado à criança no primeiro ano de vida.

Os resultados obtidos indicam que os pais apresentam baixa dificuldade no cuidado à criança no primeiro ano de vida e que os recursos de apoio mais utilizados são o companheiro, a família, o médico e o enfermeiro.

As dificuldades percecionadas pelos pais não se encontram relacionadas com sua a idade, residência, escolaridade e estado civil. Os resultados mostram relação entre as dificuldades dos pais e o facto de terem outros filhos. Também indicam relação entre as dificuldades dos pais e a idade do irmão mais novo da criança em estudo. Foi encontrada relação, estatisticamente significativa, entre as dificuldades sentidas pelos pais relativamente à idade e sexo do filho com menos de 1 ano e aos recursos utilizados.

(7)

ABSTRACT

In the exercise of parenting, parents are faced with difficulties in the care of the child, which may be exceeded if they get the necessary support

This study aimed to analyze the relationship between the difficulties experienced by parents in child care in the first year of life and the characteristics of the parents, the child and the resources used to overcome, knowing the difficulties of parents in child care the first year of life and to identify the parents of resources to overcome these difficulties. If health professionals are aware of the difficulties of the parents, they can act in accordance with those needs.

For this study we used a literature review about positive parenting and anticipatory care in the first year of a child's life.

The method used in the study was descriptive, quantitative, correlational and cross. The data collection was made before a non-probabilistic sample of accidental parents of children under one year of age who use the Agrupamento de Centros de Saúde Cova da Beira and who have children enrolled in kindergartens in the city of Covilhã and Belmonte. This study had a sample of 150 parents. The data collection instrument used was the questionnaire. Data analysis allowed to confirm the reliability of the questionnaire and create a range of fathers difficulties in child care in the first year of life.

The results indicate that parents have low difficulty in child care in the first year of life and the most used support features are the partner, the family, the doctor and the nurse.

The difficulties perceived by parents are not related to their age, residence, education and marital status. The results show the relationship between the difficulties of parents and the fact that they have other children. Also indicate the relationship between the difficulties of parents and the age of the youngest child in study brother. Relationship was found statistically significant between the difficulties experienced by parents regarding the age and sex of child under 1 year and the resources used

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SIGLAS

ACES - Agrupamento de Centros de Saúde DGS - Direção Geral da Saúde

INE - Instituto Nacional de Estatística OMS - Organização Mundial de Saúde

PNSIJ - Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil PNV – Programa Nacional de Vacinação

SNS - Serviço Nacional de Saúde

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences UNICEF - United Nations Children's Fund

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ÍNDICE DE QUADROS

Folha

Quadro 1 - Operacionalização das dificuldades sentidas pelos pais no cuidado à criança no

primeiro ano de….……… 42

Quadro 2 - Operacionalização das características sociodemográficas dos pais……… 43

Quadro 3 - Operacionalização das características sociodemográficas da criança com menos de 1 ano……….………... 44

Quadro 4 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente ao aleitamento materno……….……… 49

Quadro 5 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente ao aleitamento artificial……….……… 50

Quadro 6 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente à alimentação diversificada………-…… 50

Quadro 7 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente à higiene e vestuário……….………….. 50

Quadro 8 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente ao sono… 51 Quadro 9 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente ao desenvolvimento do filho……….… 51

Quadro 10 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente à segurança………... 51

Quadro 11 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente ao afeto.. 52

Quadro 12 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente à vigilância da saúde………..………….. 52

Quadro 13 - Resultados na análise fatorial confirmatória para a dimensão referente à imunização………..……….. 52

Quadro 14 - Características sociodemográficas dos pais inquiridos………. 55

Quadro 15 - Características do filho como menos de 1 ano……….. 56

Quadro 16 - Dificuldades dos pais referentes ao aleitamento materno………. 56

Quadro 17 - Dificuldades dos pais referentes ao aleitamento artificial………. 57

Quadro 18 - Dificuldades dos pais referentes à alimentação diversificada………... 58

Quadro 19 - Dificuldades dos pais referentes à higiene e vestuário……….. 59

Quadro 20 - Dificuldades dos pais referentes ao sono……….……….. 60

Quadro 21 - Dificuldades dos pais referentes ao desenvolvimento………..… 60

(10)

Quadro 23 - Dificuldades dos pais referentes ao afeto……….. 61

Quadro 24 - Dificuldades dos pais referentes à vigilância da saúde……….. 62

Quadro 25 - Dificuldades dos pais referentes à imunização……….. 63

Quadro 26 - Dificuldades dos pais nas diferentes dimensões……… 63

Quadro 27 - Recursos dos pais para ultrapassar as dificuldades……… 64

Quadro 28 - Correlação entre a idade dos pais e as dificuldades no cuidado ao filho………... 65

Quadro 29 - Correlação entre a residência dos pais e as dificuldades no cuidado ao filho…... 65

Quadro 30 - Correlação entre a escolaridade dos pais e as dificuldades no cuidado ao filho... 66

Quadro 31 - Correlação entre o estado civil dos pais e as dificuldades no cuidado ao filho…. 67 Quadro 32 - Correlação entre o facto de os pais terem, ou não, outros filhos e as dificuldades no cuidado ao filho no primeiro ano de vida……….………... 68

Quadro 33 - Correlação entre a idade do irmão mais novo da criança em estudo e as dificuldades dos pais………..………... 69

Quadro 34 - Correlação entre a idade do filho e as dificuldades dos pais………. 69

Quadro 35 - Correlação entre o sexo do filho e as dificuldades dos pais……….. 70

Quadro 36 - Correlação entre as dificuldades do cuidado com o filho e a frequência da utilização dos recursos companheiro, família e amigos/vizinhos……… 71

Quadro 37 - Correlação entre as dificuldades do cuidado com o filho e a frequência da utilização dos recursos enfermeiro, médico e livros………. 71

Quadro 38 - Correlação entre as dificuldades do cuidado com o filho e a frequência da utilização dos recursos revistas, televisão e internet………... 72

ÍNDICE DE TABELAS Folha Tabela 1 – Outras dificuldades dos pais referentes ao aleitamento materno………. 57

Tabela 2 – Outras dificuldades dos pais referentes ao aleitamento artificial………. 58

Tabela 3 – Outras dificuldades dos pais referentes à alimentação diversificada………... 58

Tabela 4 – Outras dificuldades dos pais referentes à higiene e vestuário……….. 59

Tabela 5 - Outras dificuldades dos pais referentes à segurança………..………... 61

Tabela 6 - Outras dificuldades referentes à vigilância da saúde……… 62

(11)

ÍNDICE

Folha

INTRODUÇÃO………. 10

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO………... 12

1 - PARENTALIDADE POSITIVA……… 13

1.1 - DIFICULDADES DOS PAIS NA PARENTALIDADE……… 16

1.2 - APOIO NA PARENTALIDADE………... 19

1.3 - O PAPEL DO ENFERMEIRO NO APOIO À PARENTALIDADE………. 23

2 - CUIDADOS ANTECIPATÓRIOS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA……… 27

PARTE II - ESTUDO EMPÍRICO……….. 37

1 – METODOLOGIA………... 38

1.1 - DESENHO DE INVESTIGAÇÃO………. 40

1.2 - VARIÁVEIS……….……….. 41

1.3 - POPULAÇÃO E AMOSTRA……….……… 44

1.4 - MÉTODO DE COLHEITA DE DADOS………... 45

1.5 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO………... 47

2 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS………... 54

PARTE III – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS………..73

1 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS………... 74

CONCLUSÕES………. 83

BIBLIOGRAFIA………... 86

APÊNDICES Folha APÊNDICE 1 - Questionário aos pais……… 93

APÊNDICE 2 - Consentimento Informado………. 97

(12)

10

INTRODUÇÃO

No primeiro ano de vida da criança os pais são confrontados, em primeira instância, com a transição efetiva para a parentalidade e consequentemente com os obstáculos associados (Martins, 2013).

A falta de preparação para a parentalidade está relacionada especialmente, com o facto de os pais se aperceberem do quanto é necessário aprender. O sentimento de falta de competência para cuidar leva os pais a mobilizarem diferentes recursos, desde a procura de familiares ao recurso de profissionais de saúde (Martins, 2013).

Peters (2011) refere que todos os pais possuem uma história única sobre o papel de pais, através da experiência adquirida com o seu filho. No entanto, apesar da experiência pessoal, a maioria dos pais procura aconselhamento prático sobre os cuidados a ter com os filhos. Mas os conselhos recebidos são muitas vezes contraditórios e podem tornar-se ainda mais confusos com tanta informação disponível.

As ações de promoção de saúde pertinentes e de qualidade, desenvolvidas no contexto dos cuidados de saúde, são fundamentais porque visam facultar aos pais os conhecimentos necessários ao melhor desempenho da sua função parental.

Educação para a saúde surge como uma estratégia essencial na promoção da saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), educação para a saúde consiste nas “actividades que conduzem a apropriação da informação sobre a saúde, e ao desenvolvimento de capacidades cognitivas, afectivas, psicomotoras, sensoriais e sociais, permitindo o crescimento dos participantes em harmonia e responsabilidade”, Basto (2000: 15).

As ações de vigilância de saúde infantil pertinentes e de qualidade são um imperativo para os profissionais de saúde (Menezes, Sassetti e Prazeres 2012).

A intervenção do enfermeiro em pediatria deverá ter como objetivo assegurar a satisfação das necessidades das crianças e suas famílias.

O enfermeiro deve trabalhar com a família, identificar as suas necessidades e planear as intervenções que melhor respondam aos problemas definidos. As famílias e as crianças devem ser assistidas para que estas façam escolhas informadas (Hockenberry e Wilson, 2014).

Desta forma, torna-se necessário conhecer as dificuldades dos pais no cuidar da criança para que se possa promover uma melhor adaptação aos seus novos papéis e desenvolver competências parentais no âmbito da prestação de cuidados ao seu filho.

O conteúdo educacional veiculado é pensado muitas vezes em função do que os profissionais de saúde consideram ser importante para os pais e não do que estes sentem como prioridade (Martins, 2013).

(13)

11 Este estudo constitui uma ferramenta para refletir sobre a temática, dificuldades dos pais no cuidado à criança, no primeiro ano de vida, e como as ultrapassam para instituir mudanças nas práticas de cuidados de enfermagem pediátricos, que conduzam a um envolvimento efetivo dos pais nos cuidados a prestar aos filhos, capacitando-os para cuidarem destes.

Assim, os objetivos delineados para este estudo são:

analisar as relações existentes entre as dificuldades sentidas pelos pais no cuidado à criança no primeiro ano de vida e as características dos pais, da criança e dos recursos utilizados para as ultrapassarem;

conhecer as dificuldades que os pais sentem no cuidado à criança no primeiro ano de vida;

identificar os recursos dos pais para ultrapassarem as dificuldades no cuidado à criança no primeiro ano de vida.

O presente estudo é do tipo descritivo e correlacional com abordagem quantitativa e transversal. Os dados foram colhidos junto de uma amostra não probabilística de pais de crianças até 1 ano, que recorreram ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Cova da Beira assim como a pais de crianças até 1 ano inscritos em infantários do concelho da Covilhã e Belmonte.

Estruturalmente, este trabalho é composto por três partes distintas. A primeira consiste no enquadramento teórico, acerca do tema parentalidade positiva e cuidados antecipatórios no primeiro ano de vida; na segunda parte consta a metodologia onde é descrito o desenho de investigação, as variáveis, a população e a amostra, o método de colheita de dados, o tratamento estatístico dos dados, a apresentação e análise dos dados. A terceira parte é constituída pela discussão dos resultados. Por fim, apresentam-se as conclusões onde é feita uma reflexão sobre o trabalho desenvolvido, tendo em conta os objetivos delineados para a sua concretização.

(14)

12

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO 1 - PARENTALIDADE POSITIVA

(15)

13

1 - PARENTALIDADE POSITIVA

Enquanto projeto de vida, o nascimento de um filho é um acontecimento marcante na vida das pessoas e, consequentemente, no seu processo de desenvolvimento. As implicações que daí advêm obrigam os pais a mudanças aos mais diferentes níveis e exigem conhecimentos e respostas variadas (Relvas, 2000).

As famílias que projetam ter filhos, com o nascimento do primeiro filho, reorganizam-se no reorganizam-sentido da redefinição de papéis e funções, começando um processo de abertura progressiva ao exterior e de prestação intensiva de cuidados (Graça, Figueiredo e Carreira, 2011).

A transição para a maternidade exige um compromisso ativo, que começa antes ou durante a gravidez e se prolonga para além do parto (Graça, 2010). Esta é definida por Lowdermilk e Perry (2008) como o período desde a decisão de conceção até aos primeiros meses após o nascimento do bebé, durante o qual os pais definem os seus papéis e se adaptam à parentalidade.

Hernandez e Hutz (2009) veem a transição para a parentalidade como sendo um período do ciclo vital da família caracterizado por mudanças com grande impacto sobre a vida e o relacionamento dos indivíduos que a experimentam.

O interesse pela transição para a parentalidade surgiu em 1957, quando Le Masters afirmou que 83% dos novos casais experimentaram uma crise severa na passagem da condição de casal para a de pais (Hernandez e Hutz, 2009).

Hernandez e Hutz (2009), no estudo transição para a parentalidade: ajustamento conjugal e emocional, concluíram que a inserção do primeiro bebé na família parece que trouxe considerável turbulência nas relações e profundas transformações e mudanças para os novos pais. Novos papéis precisam ser apreendidos, novos relacionamentos desenvolvidos e os já existentes reordenados.

Para Graça et al. (2011), a transição para a parentalidade é uma experiência que se traduz numa crise de emoções e desafios. Segundo, Lowdermilk e Perry (2008) o tornar-se pai ou mãe origina um período de mudança e instabilidade para o homem e mulher que decidem ter filhos.

Parentalidade consiste em tomar conta, em assumir as responsabilidades de ser pais adotando comportamentos destinados a facilitar a inclusão de um recém-nascido na unidade familiar e comportamentos para otimizar o crescimento e desenvolvimento das crianças em consonância com as expectativas dos indivíduos, famílias, amigos e sociedade quanto aos comportamentos de papel parental adequados ou inadequados (Conselho Internacional de

(16)

14 Enfermeiros, 2011).

Os pais precisam tornar-se peritos no cuidar da criança, incluindo as atividades dos cuidados físicos, registando os sinais de comunicação que esta lhes dá como forma de indicar as suas necessidades e assim responder-lhe adequadamente (Lowdermilk e Perry, 2008).

As mesmas autoras (2008) descrevem a parentalidade como um processo de incorporação e transição de papéis que tem início na gravidez e que termina quando o pai/mãe desenvolvem um sentimento de conforto e confiança no desempenho dos respetivos papéis.

A parentalidade é muitas vezes relacionada com um maior número de mudanças na vida das mães do que na dos pais, dado o pressuposto, culturalmente generalizado, de que estas são as principais cuidadoras. As mães têm consciência de que são as principais responsáveis dos filhos e assumem-se como principais cuidadoras deles e sentem satisfação ao faze-lo. Os homens desempenham um papel como que de apoio, ajuda, assistência, zelo e provisão material (Martins, Abreu, Figueiredo, 2014).

Para Cruz (2013) a parentalidade diz respeito ao conjunto de ações desenvolvidas pelos pais junto dos seus filhos no sentido de promover o seu desenvolvimento de forma mais plena possível.

Palacios citado por Cruz (2013) refere que, embora a parentalidade seja uma condição permanente, está ao mesmo tempo em constante mudança. Cada estádio do desenvolvimento dos filhos exige aos pais uma adaptação nas suas expetativas, sentimentos, comportamentos e preocupações. Ser pai de um bebé ou de um adolescente são condições que têm pouco em comum. Opinião partilhada por Martins (2013) citando Vagero (1997) ao referir que o papel parental se modifica de acordo com as fases de crescimento e desenvolvimento infantil, no entanto o primeiro ano de vida da criança é basilar no seu crescimento e desenvolvimento.

Durante aproximadamente o primeiro ano de vida da criança as principais funções dos pais são, por um lado tomar conta do seu filho, garantindo que as suas necessidades básicas são satisfeitas e, por outro lado, facilitar o seu desenvolvimento global, sempre em função do bem-estar do filho (Cruz, 2013).

A mesma autora (2013), pela sua experiência bem como pela análise que fez da literatura, concluiu que a parentalidade evolui ao longo do tempo, onde as alterações socioculturais e económicas funcionam como pano de fundo das alterações na própria parentalidade.

Graça et al. (2011), num estudo onde analisaram o contributo de intervenções de enfermeiras de Cuidados de Saúde Primários, na promoção da transição para a maternidade, cuja amostra era constituída por primíparas, com idade mínima de18 anos, 44% tinha o ensino básico e 21,2% o ensino superior, concluíram que a escolaridade e a profissão dos pais podem

(17)

15 influenciar as vivências da transição para a maternidade, devido às expetativas das mulheres e do seu papel social.

A idade, a experiência prévia no cuidado à criança e o sistema de suporte são fatores que afetam o comportamento parental (Hockenberry e Wilson (2014) citando Deave, Johson, Igran, 2008).

A idade fértil mais adequada situa-se entre os 18 anos e os 35 anos. Neste período considera-se que os pais se encontram com uma ótima saúde, com uma longevidade que permite o tempo suficiente e o vigor para formar uma família. Pais com experiência prévia parecem mais relaxados, têm menos conflitos nas relações disciplinares e estão mais conscientes do crescimento e desenvolvimento normais (Hockenberry e Wilson, 2014).

A transição para a parentalidade é influenciada pelos contextos das mães e dos pais, particularmente no que se refere ao apoio familiar e ao suporte social (Fernandes, 2012, citando Cardoso, 2011).

O Conselho da Europa tem sido um percursor na promoção da compreensão da infância e experiência da vida em família. O documento de referência para o trabalho que tem desenvolvido é a Recomendação 19 do Comité de Ministros sobre a política de apoio à parentalidade (Conselho da Europa, 2006).

Na referida Recomendação são enunciadas as responsabilidades que os pais têm em providenciar cuidados básicos à criança, garantir segurança, responder às necessidades emocionais, de estimulação, de orientação e estabelecimento de limites num ambiente familiar estável para permitir que a criança mantenha uma ligação segura com os cuidadores.

A criança é reconhecida como um sujeito de direitos, incluindo o direito de ser protegida. Neste sentido o Conselho da Europa, alerta para uma parentalidade positiva que integra um conjunto de funções atribuídas aos pais para cuidarem e educarem os seus filhos e que é fundamental para a saúde e para o desenvolvimento da criança (Conselho da Europa, 2006).

Parentalidade positiva tem como princípios básicos o reconhecimento das crianças e dos pais como titulares de direitos e sujeitos a obrigações, com um potencial natural e pluralista e parceiros essenciais na otimização do potencial de desenvolvimento das crianças (Conselho da Europa, 2006).

A parentalidade positiva envolve um complexo conjunto de responsabilidades para os pais e pressupõe atividades quotidianas que previnam comportamentos de risco, fomentem comportamentos desejados e respondam às necessidades da criança, que integram cinco domínios da função: necessidades físicas da criança (englobam atividades que visam a satisfação das necessidades básicas da criança como a alimentação, repouso e higiene);

(18)

16 segurança da criança (englobam atividades que visam a proteção da saúde e dos perigos e os cuidados na doença da criança); desenvolvimento, comportamento e estimulação da criança (englobam as atitudes para a promoção de comportamentos adequados e atividades de promoção do desenvolvimento e estimulação da criança); comunicação positiva com a criança (englobam atitudes positivas e o desenvolvimento de interação entre os pais e a criança e a adoção de relacionamento de afeto e amor); disciplina positiva (incluindo a promoção do autocontrole e o estabelecimento de limites à criança com consistência e amor) (Conselho da Europa, 2006).

Tendo em conta os cinco domínios da parentalidade positiva referidos anteriormente, na investigação realizada por Lopes (2012) sobre apoiar a parentalidade positiva - áreas de intervenção de enfermagem, os resultados evidenciaram a existência de falta de confiança, de dificuldades e de necessidade de conhecimentos dos participantes em todos os domínios.

Criar um filho é um desafio de grande responsabilidade e exige profundas modificações na vida dos pais. Os pais são confrontados com situações novas que podem gerar dificuldades na prestação de cuidados ao filho.

1.1 - DIFICULDADES DOS PAIS NA PARENTALIDADE

Habitualmente os pais confrontam-se com dúvidas e dificuldades, no cuidar do seu filho, muitas vezes, associadas a informações contraditórias da família e amigos, ao confronto com o seu novo papel de pais que geram sentimentos de ansiedade e insegurança. Estas dificuldades relacionam-se com o papel parental, com fatores da criança, com fatores dos pais e com a falta de recursos (Lopes, 2012).

Após o nascimento do primeiro filho, a mãe e o pai são obrigados a desenvolver um amplo repertório comportamental para lidar com as demandas impostas pelo novo papel, como aquelas relativas aos cuidados com a criança (amamentação, choro, etc.) (Murta, Rodrigues, Rosa, Paulo, Furtado, 2011, citando Albuquerque, 2000). Neste sentido, tornar-se pai e mãe constitui uma das transições da vida mais stressantes podendo estar associada a dificuldades nos cuidados com a criança (Murta et al., 2011, citando Bradt, 1995).

Os acontecimentos stressantes da parentalidade exigem suporte. Lopes, Lopes, Catarino e Dixe (2010), num estudo sobre a parentalidade nos primeiros três anos da criança intitulado

stress e coping auto relatados pelos pais, concluíram que 75% dos pais que compunham a

amostra sentiam dificuldades no exercício da parentalidade. As situações mais mencionadas pelas mães, foram problemas de saúde da criança, a resposta às necessidades básicas da criança,

(19)

17 principalmente na amamentação e no choro. O comportamento e o sono da criança também originam situações difíceis. A maioria dos cuidadores respondeu ao problema procurando apoio. Murta, et al., (2011) identificaram como principais dificuldades dos pais na transição para a parentalidade a falta de informação, dor na amamentação, impotência diante das cólicas, cansaço físico, adaptação do filho à casa e palpites em relação aos cuidados.

Segundo Lopes, Catarino e Dixe (2010), as respostas às situações de cólicas que são expressas pelo choro da criança, as dificuldades na alimentação e o problema do sono foram problemas identificados como os que mais preocupam os pais e os levam a pedir apoio.

As dificuldades sentidas pelas puérperas, em relação ao recém-nascido, são relativas à identificação das características da urina, das fezes, definir o horário de dar de mamar, fazer o que é necessário para desobstruir o nariz, aliviar as cólicas, diferenciar o vómito do bolçar, identificar os diferentes tipos de choro e perceber quando o filho está irritado (Fernandes, 2012, citando Santos, 2011).

Santos, Cardoso, Duarte, Henrique, Jorge e Alexandre (2012) fizeram um estudo, sobre as dificuldades dos pais no cuidar do recém-nascido, no qual constataram que as dificuldades sentidas pelos pais no cuidar do recém-nascido no primeiro mês de vida, se situaram primordialmente ao nível dos indicadores: “pega do mamilo”, “como agir para cuidar/prevenir assaduras”, “saber como agir em situação de diarreia ou prisão de ventre”, “saber como agir quando o bebé se engasga”.

As mesmas autoras (2012), verificaram relativamente aos cuidados ao coto umbilical, que dos 88 pais inquiridos, 35 (39,8%) afirmam nunca sentir dificuldade em cuidar do coto umbilical do seu recém-nascido e 3 (3,4%) referem sentir sempre dificuldade.

Os resultados obtidos nos vários estudos referidos vão de encontro ao que menciona Lopes (2012), as dificuldades no papel parental são, maioritariamente, na resposta às necessidades da criança, nomeadamente amamentação, alimentação, sono, choro, doenças e desenvolvimento da criança.

Murta et al. (2011) avaliou no seu estudo o conhecimento dos pais sobre o desenvolvimento do bebé e suas capacidades sensoriais e constatou que a maioria dos casais reconheceram as capacidades do bebé. Os pais mesmo não tendo conhecimentos perceberam as habilidades do filho através da interação com eles.

No desempenho do papel parental a falta de experiência para cuidar é outra das dificuldades para os pais. Há uma tendência para os pais de filhos únicos terem mais situações difíceis no desempenho do papel parental do que os pais com outros filhos. Os pais apresentam mais dificuldades que as mães em resposta às necessidades básicas da criança (Lopes, 2010).

(20)

18 Pedrosa (2011) concluiu no seu estudo sobre competências das puérperas no cuidar do recém-nascido, que experiências anteriores na prestação de cuidados a bebés podem influenciar as competências maternas.

Melo e Schermann (2012) efetuaram um estudo sobre prevalência e fatores associados à dificuldade no cuidado do bebé menor de dez meses, em mães adolescentes, no qual constataram, através de entrevistas às mães, que as mães de bebés do sexo masculino manifestaram mais dificuldades no cuidado do que as mães de bebés do sexo feminino e as mães de bebés mais velhos apresentaram mais dificuldade do que as mães de bebés mais jovens. Também concluíram que as mães têm mais dificuldades na prestação de cuidados a filhos que apresentam mais choro e cólicas e mais dificuldade para se alimentar.

Melo e Schermann (2012) citando Brigas e Paquette (2007), mencionam que as crianças do sexo masculino são menos responsivas na interação com as mães do que as do sexo feminino. As crianças do sexo masculino são descritas como mais irritáveis, contemplam objetos por períodos mais curtos e são mais ativas.

No primeiro ano de vida, a criança apresenta mudanças expressivas que abrangem o crescimento físico, cognitivo e emocional (Melo e Schermann, 2012, citando Papalia, Olds e Feldman, 2008), ocasionando uma independência para a criança que começa a impor diferentes formas de cuidados, ao ficar na posição sentada e brincar, alcançar e segurar objetos, gatinhar e por fim caminhar. Este conjunto de novas capacidades (Melo e Schermann 2012, citando Brazelton e Cramer, 1992), estimula a criança a um nível de ajustamento inteiramente novo, mas também dependente do apoio dos pais. A mãe torna-se mais necessária para proporcionar ao filho a confirmação de sua competência.

As dificuldades são maioritariamente sentidas nos primeiros 6 meses de vida da criança. No primeiro ano de vida da criança as dificuldades são, essencialmente, nas necessidades físicas e segurança da criança (Lopes, 2012).

A avaliação das necessidades gera informações que podem guiar a tomada de decisão sobre em que intervir, como intervir, quem deve receber a intervenção, quanto tempo deve durar a intervenção e que variáveis podem ser consideradas indicadores de sucesso durante a implementação da intervenção. O enfrentamento às mudanças deve começar cedo, a partir de um planeamento anterior à gestação, no início ou durante o seu curso, acerca dos recursos e meios necessários para os cuidados futuros com o bebé e a nova vida familiar (Murta et al., 2011).

Em suma, características dos pais, das crianças, as mensagens confusas provenientes dos vários agentes de socialização de que os pais são alvo e a falta de recursos, podem justificar

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19 as dificuldades sentidas no cuidado ao filho. Os pais devem ser educados e apoiados, no intuito de se promover a sua capacitação para comportamentos que maximizem o bem-estar da criança.

1.2 - APOIO NA PARENTALIDADE

A transição para a parentalidade não é um processo inato, pressupõe aprendizagens, exigindo uma atitude de procura de informações úteis que satisfaçam as necessidades de aprendizagem (Fernandes, 2012).

Com o nascimento do primeiro filho inicia-se um novo ciclo relacional com a família de origem. A família nuclear ao transitar para a parentalidade vai procurar apoio na geração precedente (avós) que é um precioso contributo para os pais (Alarcão, 2006).

No entanto, face às alterações sociais, as aprendizagens que eram efetuadas no seio das famílias de origem, obrigam os pais e a família a procurar contextos de aprendizagem alternativos ou complementares, sendo os profissionais de saúde um dos recursos mobilizados (Graça et al., 2011).

A abertura da família para o exterior faz-se também sentir através da interação com outras famílias com filhos, partilhando experiências e promovendo-se o aparecimento de uma rede de suporte com vista à melhoria das funções parentais (Relvas, 2000).

As fontes de maior recurso dos pais para tirarem dúvidas sobre os cuidados a ter com o recém-nascido são a família, o enfermeiro e o pediatra (Santos et al., 2012).

O Conselho da Europa (2006) na Recomendação 19 aponta três níveis de recursos para a parentalidade positiva:

Internos aos pais, tais como os seus conhecimentos e competências, a sua boa saúde física e mental e as competências de resolução de problemas. Estes recursos podem ser aumentados através da capacitação por medidas educacionais.

Internos à família, tais como os modelos de boa parentalidade e relacionamento interpessoal entre os membros da família.

Externos à casa, tais como o apoio da família alargada, dos amigos, dos vizinhos, comunidade, recursos económicos, bem-estar, cuidados e educação da criança.

No estudo de Lopes et al. (2010), sobre estratégias de coping no exercício da parentalidade e a sua relação com os fatores sociodemográficos, realizado com pais de crianças até aos 3 anos, a procura de apoio de profissionais de saúde foi mencionada por 41,3% dos pais, sendo o médico o mais procurado, seguindo-se o enfermeiro. Os farmacêuticos e as linhas

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20 telefónicas de apoio foram outros apoios solicitados dentro da subcategoria profissionais de saúde. Os familiares mais especificados foram os avós da criança e o cônjuge.

Dentre as fontes de apoio social, o cônjuge, a família extensa e os serviços de saúde são citados como os mais relevantes no estudo efetuado por Murta et al. (2011). Fernandes (2012), acrescenta a comunidade e os recursos tecnológicos.

As novas tecnologias têm vindo a ser crescentemente consideradas como fonte de informação acessível. No estudo realizado por Fernandes (2012) sobre a transição para a maternidade, no contributo dos recursos de informação para o desenvolvimento das competências parentais, a internet revelou-se o recurso preferido na procura ativa de informação.

Os pais de filhos únicos adotam mais estratégias de procura de suporte. Residentes na cidade adotam menos estratégias de procura de suporte do que os que vivem na vila e na aldeia. Pais empregados procuram mais suporte, o que pode ser explicado pela indisponibilidade e insegurança por estarem menos tempo com os filhos. Não há diferença estatisticamente significativa nas estratégias adotadas pelos pais em função da sua idade (Lopes et al. 2010).

Por outro lado, as mesmas autoras (Lopes et al. 2010), concluíram que o apoio social foi também considerado como invasivo e fonte de stresse para os pais e mães primíparas.

Possivelmente, lidar com muitas informações diferentes sobre como cuidar do bebé, muitas vezes contraditórias, sobrecarrega o casal, causando uma confusão em relação a quem obedecer (Murta et al.,2011). Esta opinião é partilhada por Lowdermilk e Perry (2008) os quais referem que a ajuda, incluindo os conselhos do marido, companheiro, esposa, mãe, sogra e profissionais de saúde, pode ser vista como uma forma de apoio, ou como indicação de como estas pessoas julgam inaptos os novos pais. O criticismo, real ou imaginário, da capacidade dos novos pais prestarem cuidados físicos adequados, alimentarem ou estimularem socialmente o seu bebé pode ser devastador.

A busca de informação confiável foi mencionada na investigação de Murta et al. (2011) como uma estratégia de enfrentamento utilizada para um melhor entendimento das mudanças experimentadas e das formas de cuidar do bebé. Isto reafirma a necessidade de intervenção psico-educativa conduzidas por equipas interdisciplinares, capazes de esclarecer, aumentar a autoeficácia e reduzir a ansiedade dos pais frente às mudanças inerentes à transição para a parentalidade.

Apesar de a parentalidade ser, em muitos aspetos, privada, é também parte legítima no domínio da política pública. As autoridades públicas têm um papel vital a desempenhar no apoio às famílias em geral e aos pais em particular. Devem criar estruturas e serviços que permitam aos pais aprender e praticar boas competências parentais. Isto seria um passo

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21 importante no lançamento das bases para uma parentalidade positiva (Conselho da Europa, 2006).

O direito à proteção da saúde está consagrado na Constituição da República Portuguesa e assenta num conjunto de valores fundamentais como, a dignidade humana, a equidade, a ética e a solidariedade. Contudo, não existe apenas o direito à proteção da saúde, mas também o dever de a promover e defender (DGS, 2011).

A primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa em 21 de novembro de 1986, aprovou a Carta de Ottawa que contem orientações para atingir a saúde para todos. Nesta carta é definida Promoção da Saúde como um “processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar” (Direção Geral da Saúde, 2012: 1).

Com a marcante reforma dos Serviços de Saúde traduzida no Decreto-Lei n.º 413 de 27 de setembro de 1971, nasce uma nova etapa na história da saúde em Portugal. Elegem-se como prioridades a promoção da saúde e a prevenção da doença. Em 1976 surgiu o Serviço Nacional de Saúde (SNS), um serviço universal, geral e gratuito (DGS, 2012).

A Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de setembro de 1990, reafirma o facto de as crianças, devido à sua vulnerabilidade, necessitarem de proteção e de atenção especiais. Atribui aos pais a principal responsabilidade de educar a criança e ao estado a responsabilidade em ajudar os pais a exercer esta responsabilidade (United Nations Children’s Fund, 2004).

A referida Convenção reconhece às crianças o direito a crescer e a desenvolverem-se com boa saúde, para tal, deverão proporcionar-se às crianças e às mães cuidados especiais, designadamente, tratamento pré e pós-natal.

Numa sociedade humanista, baseada no exercício da cidadania, as crianças, adolescentes e famílias, viram regulados os seus direitos e deveres, bem como as exigências, capacidades e desempenhos. É indiscutível a necessidade das ações de vigilância em saúde infantil e juvenil, pertinentes e de qualidade, tendo em conta a promoção da saúde.

A promoção da saúde, em saúde infantil, deve ter em conta que os pais são os principais prestadores de cuidados aos filhos, proporcionando assim conhecimentos, aptidões e autoconfiança, que lhes permitam detetar atempadamente problemas inerentes à criança.

Os programas de transição para a parentalidade devem ensinar aos pais estratégias variadas para lidar com os sentimentos ambivalentes resultantes do nascimento do filho, interpretar e atender ao choro do bebé e suas diversas necessidades, favorecer a participação do pai nos cuidados ao filho, encorajar a perceção das capacidades sensoriais do bebé, lidar com

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22 mudanças nos papeis, fortalecer a rede de apoio social e proteger-se da intrusão dessa rede (Murta et al., 2011).

Neste contexto, as diretrizes provindas da DGS são um contributo imprescindível para a excelência dos cuidados. As orientações que regem os programas de saúde devem ser conhecidas e implementadas pelos profissionais de saúde.

A DGS desenvolveu um programa de atuação em saúde infantil, designado Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil (PNSIJ). Neste programa são sugeridos temas para cuidados antecipatórios de forma a promover cuidados de qualidade.

O PNSIJ, está estruturado de forma a otimizar os padrões de qualidade dos cuidados. Assim este programa obedece às seguintes linhas:

-Calendarização das consultas para idades-chave, correspondentes a acontecimentos importantes na vida do bebé, da criança ou do adolescente, tais como as etapas do desenvolvimento físico, psicomotor, socialização, alimentação e escolaridade;

- Harmonização destas consultas com o esquema cronológico preconizado no novo Programa Nacional de Vacinação (PNV), de modo a reduzir o número de deslocações aos serviços de saúde;

- Valorização dos cuidados antecipatórios como fator de promoção da saúde e de prevenção da doença, nomeadamente facultando aos pais e outros cuidadores os conhecimentos necessários ao melhor desempenho no que respeita à promoção e proteção dos direitos da criança e ao exercício da parentalidade, em particular no domínio dos novos desafios da saúde;

- Neste âmbito, e face aos movimentos antivacinais emergentes, o reincentivo ao cumprimento do PNV, preservando o adequado estado vacinal das crianças, jovens e população em geral, afigura-se crucial;

- Também o investimento na prevenção das perturbações emocionais e do comportamento constitui uma prioridade no mesmo domínio;

- Deteção precoce, acompanhamento e encaminhamento de situações que possam afetar negativamente a saúde da criança e que sejam passíveis de correção;

- Apoio à responsabilização progressiva e à autodeterminação em questões de saúde das crianças e dos jovens;

- Trabalho em equipa, como forma de responder à complexidade dos atuais problemas e das necessidades em saúde que requerem, de modo crescente, atuações multiprofissionais e interdisciplinares;

- Articulação efetiva entre estruturas, programas e projetos, dentro e fora do setor da Saúde, que contribuam para o bem-estar, crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens (DGS, 2013: 7).

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23 O PNSIJ estabelece uma calendarização das consultas de acordo com os acontecimentos mais relevantes do desenvolvimento da criança. Durante o primeiro ano de vida é aconselhado que a criança se desloque ao Centro de Saúde na primeira semana de vida, quando tiver 1 mês, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses e 12 meses. Estas consultas visam sobretudo a valorização dos cuidados antecipatórios como fator de promoção da saúde e de prevenção da doença, facultando aos pais os conhecimentos necessários ao melhor desempenho da sua função parental (Menezes et al., 2012).

Os profissionais de saúde têm um importante papel como educadores e promotores da saúde, pelo que devem beneficiar de conhecimentos específicos aplicados ao contexto comunitário e à proximidade que estabelecem com as famílias, nomeadamente o desenvolvimento humano, com o objetivo de implementar mudanças necessárias para o bem-estar das famílias.

Os serviços de saúde precisam estar preparados para oferecer informação correta e de forma adequada na transição para a parentalidade (Murta et al.,2011) e os enfermeiros continuam a ser um recurso de informação privilegiado na transição para a maternidade (Fernandes, 2012).

1.3 - O PAPEL DO ENFERMEIRO NO APOIO À PARENTALIDADE

Com vista à promoção de saúde, o Regulamento Profissional dos Enfermeiros, na alínea c do artigo 5º, do capitulo II, no Código Deontológico do Enfermeiro, refere que os cuidados de enfermagem são caraterizados por “(…) orientar e supervisar, transmitindo informação ao utente que vise mudança de comportamento para a aquisição de estilos de vida saudáveis ou recuperação da saúde, acompanhar este processo e introduzir as correcções necessárias (…)” (Ordem dos Enfermeiros, 2010: 3).

O enfermeiro especialista em saúde infantil e pediatria presta cuidados à criança saudável ou doente, proporcionando educação para a saúde e mobilizando recursos de suporte à família. Compete ao enfermeiro especialista proporcionar, às crianças/jovens e famílias, conhecimento e aprendizagem de habilidades, facilitando o desenvolvimento de competências para a gestão dos processos de saúde/doença. Também é da sua competência a procura sistemática de oportunidades para trabalhar com a família e a criança/jovem no sentido da adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis (Ordem dos Enfermeiros, 2010).

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24 Os cuidados de enfermagem são mais eficazes quando prestados com a convicção de que a família é o cliente. A família deve ser vista nas suas mais variadas estruturas, cada uma com potencial para fornecer um ambiente protetor e de suporte em que a criança pode crescer. Na unidade familiar a criança é um membro essencial. A parentalidade efetiva depende do conhecimento dos pais sobre o desenvolvimento e é frequentemente da responsabilidade dos enfermeiros facilitar aos pais a tomada de consciência sobre as necessidades de desenvolvimento dos seus filhos. O maior objetivo para a enfermagem pediátrica é a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde à criança e sua família (Hockenberry e Wilson, 2014).

Os cuidados centrados na família constituem a filosofia de intervenção em enfermagem de saúde infantil e pediátrica. Estes cuidados têm subjacente o modelo de parceria que pressupõe o reconhecimento e o respeito pelo cuidar da família, bem como o processo de negociação na tomada de decisão (Inácio, 2014).

Hockenberry e Wilson (2014) referem que a filosofia dos cuidados centrados na família assenta em dois conceitos básicos que são a capacitação e o empoderamento. Os profissionais capacitam as famílias através da criação de oportunidades e meios para todos os membros da família revelarem as suas capacidades atuais e adquirirem novas, para atender às necessidades da criança e família. O empoderamento descreve a interação dos profissionais com as famílias, de maneira a que estas mantenham ou adquiram um sentido de controlo sobre as suas vidas e reconheçam as mudanças positivas que resultam de comportamentos de ajuda que promovem as suas próprias forças, habilidades e ações. O enfermeiro em pediatria é responsável pela promoção da saúde e do bem-estar da criança e da família (Hockenberry e Wilson, 2014).

Para promover o desenvolvimento da criança a Ordem dos Enfermeiros (2010) definiu dez princípios, sendo eles:

Todas as crianças têm direito a um desenvolvimento equilibrado e adequado; As crianças seguem padrões previsíveis, mas não lineares ou contínuos; Cada criança é única e tem o seu próprio ritmo;

O desenvolvimento infantil é multidimensional;

Existem fatores que influenciam o desenvolvimento infantil (biológicos, psicológicos, ambientais, hereditários e sociais);

As relações emocionais, afetivas compõem a base primária para o desenvolvimento intelectual e social;

Os enfermeiros devem fomentar a relação pais/filhos, numa atitude empática, flexível e não prescritiva;

A avaliação do desenvolvimento pressupõe a utilização de instrumentos de avaliação;

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25  Os enfermeiros têm a responsabilidade de se articular com os outros profissionais de saúde para a avaliação e promoção do desenvolvimento infantil;

Reconhecer o brincar como atividade basilar do desenvolvimento infantil.

Os primeiros anos de vida de uma criança são muito importante para a sua saúde e desenvolvimento. Os pais, os profissionais de saúde, educadores e outras pessoas podem trabalhar juntos para ajudar as crianças a atingirem o seu pleno potencial (Centros para el Contol y la Prevención de Enfermedades, 2012).

De acordo com Fernandes (2012) citando Silva (2012) existe uma série de condicionantes à transição para a parentalidade no pós-parto e os enfermeiros são um importante recurso na mobilização e otimização dos mesmos. Mas é igualmente importante que os cuidados sejam baseados não só nas competências técnicas, mas também no desenvolvimento de estratégias para possibilitarem identificar as necessidades dos progenitores, para que as intervenções delineadas sejam promotoras da transição para a parentalidade.

A educação para a saúde deve guiar a atuação do enfermeiro especialista em saúde infantil e pediatria com vista ao envolvimento da criança/jovem e da família na gestão dos seus processos de saúde/doença, facilitando as transições vivenciadas no exercício da parentalidade (Inácio, 2014).

O enfermeiro é um profissional de saúde com proximidade à população e com cobertura geográfica, tornando-o um elemento importante no apoio da parentalidade positiva.

Este apoio deverá incluir a promoção da aprendizagem parental acerca de como ser pai daquele filho de maneira positiva, visando o potencial de desenvolvimento da criança. Deve também capacitar os pais para melhor empreenderem o seu papel e as suas responsabilidades e facilitar e encorajar mudanças no comportamento parental, para otimização do desenvolvimento da criança, de acordo com as normas para os profissionais, enunciadas pelo Conselho da Europa (Conselho da Europa, 2006).

A atenção às necessidades emocionais requer suporte e por vezes aconselhamento. O papel do enfermeiro como advogado ou educador de saúde é sustentado pelo mérito de abordagem individualizada. O aconselhamento envolve a troca mútua de problemas. Ele envolve suporte, ensino, técnicas para promover a expressão dos sentimentos ou pensamentos e a abordagem para ajudar a família a enfrentar o stresse. Em termos ideais, o aconselhamento não só ajuda a resolver a crise ou problemas, mas também capacita a família a atingir um nível elevado de funcionamento e maior autoestima (Hockenberry e Wilson, 2014).

Os profissionais de saúde têm de estar capacitados para o desafio pois são um recurso de coping para os pais e têm o dever de planear ações educativas para os capacitar na adoção das estratégias de coping, sobretudo nos pais de filhos únicos (Lopes et al., 2010).

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26 Os enfermeiros são então desafiados a procurar soluções no domínio da disponibilização de informação sobre a saúde para atender às necessidades específicas dos indivíduos com vista ao desenvolvimento do conhecimento das competências parentais (Fernandes, 2012).

Assim, importa aos enfermeiros desenvolverem recursos interativos que permitam facilitar o processo de aquisição e desenvolvimento de competências para o exercício do papel parental.

A internet pode ser considerada como um recurso de informação complementar providenciada pelos enfermeiros. Um exemplo é a Unidade Local de Saúde de Matosinhos que desenvolveu um projeto vocacionado para a promoção do ensino à distância assente na rede da Unidade Local de Saúde através Portal de Apoio ao Utente (Fernandes, 2012).

A prática profissional deve ser direcionada para o acompanhamento do desenvolvimento infantil num programa estruturado de implementação e vigilância da criança em vários momentos do seu desenvolvimento.

Neste sentido, a Ordem dos Enfermeiros Portugueses criou um guia orientador de boas práticas em saúde infantil e pediatria com algumas recomendações para a prática profissional. A prestação de cuidados de enfermagem implica uma inter-relação com a criança e família, utilizando metodologia científica, e deve ser dirigida a áreas fundamentais para a promoção do desenvolvimento infantil.

A melhor abordagem para a prevenção é a educação e a orientação antecipatória (Hockenberry e Wilson, 2014).

Os cuidados antecipatórios no primeiro ano de vida da criança foram uma preocupação e estão bem definidos no PNSIJ nas diferentes “idade-chave”.

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2 - CUIDADOS ANTECIPATÓRIOS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

O enfermeiro como elemento da equipa de saúde tem um papel fundamental na orientação e acompanhamento da criança e da família, tornando os pais participantes ativos na educação e no processo de desenvolvimento dos seus filhos.

A promoção dos cuidados antecipatórios realizados pelo enfermeiro nas consultas de vigilância de saúde infantil incide sobre um vasto leque de comportamentos promotores de saúde, nomeadamente: alimentação, higiene, vestuário, sono, brincar, disciplina, sexualidade, segurança, afetos e imunização (Jardim, Nunes, Gouveia, Freitas, Berenguer e Pestana, 2010).

Para além dos comportamentos promotores de saúde referidos anteriormente, o PNSIJ de 2013 (DGS, 2013) contempla os cuidados de vigilância de saúde, sendo eles: conduta face a sinais e sintomas comuns (choro, obstrução nasal, tosse, diarreia, obstipação, cólicas, febre) e alerta sobre os sinais e sintomas que justifiquem ir à urgência.

ALIMENTAÇÃO

A alimentação é uma componente essencial para o crescimento e desenvolvimento saudável (Hockenberry e Wilson, 2014).

Na infância uma alimentação saudável deverá ser equilibrada em termos quantitativo e qualitativos, contribuindo para um bom desenvolvimento da criança. O regime alimentar da criança deve ser adequado à idade e às necessidades nutricionais, sem excessos e sem carências. Uma alimentação deficitária, nos primeiros meses de vida, poderá conduzir a alterações importantes no seu desenvolvimento (Jardim et al., 2010).

De acordo com Jardim et al. (2010), a forma de alimentar a criança é uma decisão muito importante que os pais têm que tomar. Esta decisão é influenciada pelo fator cultural. Cada país tem os seus hábitos, uma pertença e individualidade própria, a qual deve ser respeitada.

Devido à imaturidade gástrica e metabólica das crianças, a OMS definiu alguns parâmetros essenciais no que concerne à alimentação infantil, com maior ênfase no primeiro ano de vida.

Aleitamento materno

O aleitamento materno exclusivo é recomendado desde o nascimento até aos 6 meses e com alimentos complementares até aos 2 anos. A amamentação é uma garantia de crescimento e desenvolvimento equilibrado, sendo referenciado pelas grandes organizações como o único alimento onde não há probabilidade de desnutrição e desidratação graves (Levy e Bértolo, 2012).

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28 Amamentar é um processo complexo. Para que haja sucesso é necessário haver suporte da amamentação por parte dos profissionais de saúde. Um ambiente calmo e caloroso, uma alimentação simples e cuidada e algumas regras elementares sobre a prática do aleitamento materno são fundamentais para o seu sucesso (Levy e Bértolo, 2012).

Nas primeiras semanas de amamentação podem surgir algumas dificuldades, principalmente para as mães que estão a amamentar pela primeira vez. A mãe tem de aprender como segurar a sua mama e posicionar o bebé, para que ele lhe pegue bem e tenha uma sucção eficaz (Levy e Bértolo (2012).

Silva (2006) concluiu que as mães apresentam dificuldade na sua postura durante a amamentação através da observação de posturas incorretas das mães, durante a amamentação. As mães amamentavam numa posição desconfortável, sentadas no bordo da cama ou da cadeira sem qualquer apoio das costas e braços. A posição da mãe deve ser cómoda, confortável de modo que as suas costas e braços estejam bem apoiados.

No estudo efetuado por Santos (2013), relativamente à técnica da amamentação foram observadas dificuldades na posição corporal na dupla mãe/bebé (94,4%) e na pega/sucção do bebé (74,4%). Não apresentaram dificuldade na técnica da amamentação 5% das duplas mães/bebés.

Para Levy e Bértolo (2012), a duração da mamada não é importante, pois a maior parte dos bebés mamam 90% do que precisam em 4 minutos. Embora alguns bebés prolonguem mais as mamadas, o que interessa é perceber que o bebé está a obter leite da mama da mãe e não está a fazer da mama uma chupeta, pois isto pode macerar os mamilos, criar fissuras e levar a mãe a desistir da amamentação. A mãe pode perceber se o seu filho está mesmo a mamar quando constata que a sucção é mais lenta do que com uma chupeta, quando verifica que o bebé enche as bochechas de leite ou, muitas vezes, quando ouve o bebé a engolir o leite.

O bebé deve ser alimentado quando tem fome, não se devendo impor ao bebé um regime rígido. Quando um bebé tem fome acorda para comer e este alerta é importante para uma melhor ingestão de leite materno. No entanto, não se deve deixar o bebé dormir mais de 3 horas durante o primeiro mês de vida (Levy e Bértolo, 2012).

Algumas mães pensam que o seu leite é insuficiente porque o bebé chora mais do que o habitual, quer sugar mais frequentemente, demora muito a mamar ou porque adormece a mamar. Muitas vezes, as mães têm bastante leite, mas falta-lhes confiança de que o seu leite é suficiente. Por vezes as mães tentam amamentar a criança com horário rígido, deixam a criança esperar muito tempo para mamar, trocam de mama quando o bebé não esvaziou totalmente a primeira (a criança não ingere quantidade suficiente da gordura que está no final da mamada e fica insatisfeito) (Levy e Bértolo, 2012).

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29 A qualidade do leite é também uma preocupação para algumas mães (Silva, 2006). Levy e Bértolo (2012) referem que no início da mamada o primeiro leite que o bebé obtém é mais rico em água e lactose e à medida que a mamada prossegue o leite vai tendo mais gordura. Não interessa fazer análises ao leite, pois existe uma grande variabilidade do leite materno ao longo do dia, quer em qualidade, quer em quantidade.

A pesagem do bebé nas consultas de saúde infantil que indique uma boa progressão do peso garante que o bebé está a ser bem alimentado (Levy e Bértolo, 2012). O bebé deve mamar tudo o que desejar de um lado, até deixar a mama espontaneamente, e depois eructar. Após a mamada é importante colocar o bebé na posição correta para eructar. De acordo com Silva (2006), os pais utilizam posições corretas que facilitam a eructação do recém-nascido.

Levy e Bértolo (2012), mencionam que nas primeiras semanas de amamentação podem aparecer algumas dificuldades, nomeadamente, mamas ingurgitadas e dolorosas, bloqueio dos ductos, mastite, mamilos dolorosos e gretados, mamilos planos e invertidos. Em situações onde ocorrem problemas com a amamentação os profissionais de saúde devem procurar soluções que melhor se adaptem à mãe e ao filho. Muitos dos problemas estão relacionados com a má postura da criança, não haver uma boa pega do bebé ou características dos mamilos (planos e invertidos).

Para além das complicações com as mamas, o regresso ao trabalho é outro fator que leva à necessidade da mãe extrair leite. O enfermeiro deve promover a extração de leite e o seu armazenamento explicando como fazê-lo de forma a manter as suas qualidades (Levy e Bértolo, 2012).

Aleitamento Artificial

Caso os pais forneçam aleitamento artificial ao filho, na consulta de enfermagem devem ser promovidos os cuidados sobre o manuseamento de biberões, preparação do leite, técnica da mamada e as posições de eructação. Os pais não sabem automaticamente como alimentar os seus filhos por biberão. Estes precisam de apoio e assistência para satisfazer as necessidades do bebé (Hockemberry e Wilson, 2011).

Ainda segundo Hockemberry e Wilson (2011) quem manuseia os biberões deve adotar medidas básicas de higiene, tais como lavar bem as mãos e esterilizar o biberão. Outro aspeto importante prende-se com a preparação do leite, onde é essencial seguir as instruções do fabricante. Os pais devem ser alertados para a importância de não se poder alterar a reconstituição do leite, para assegurar que a criança recebe calorias e líquidos necessários a um desenvolvimento saudável.

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30 bebé e para a mãe. A mãe deve aconchegar o bebé ao seu corpo como se estivesse a dar de mamar. A criança deve ter o pescoço na posição correta, a tetina deve permanecer sempre cheia de leite, prevenindo o risco de cólicas, soluços e regurgitação. Ao enfermeiro cabe a função de informar os pais da adequada quantidade de leite a oferecer à criança (Hockemberry e Wilson, 2011).

Alimentação diversificada

A partir do 4º mês de vida a criança poderá iniciar a diversificação alimentar, obedecendo a regras mais ou menos flexíveis, de acordo com as características de cada criança. De forma a otimizar a saúde e a qualidade de vida há princípios que devem ser seguidos.

Tradicionalmente um dos primeiros alimentos a ser introduzido é o cereal, sob a forma de farinha. As recomendações atuais vão no sentido da não introdução de glúten antes dos 4 meses, devendo a introdução ser gradual e preferencialmente acompanhada pela manutenção do aleitamento materno. Atualmente preconiza-se que se inicie a diversificação nunca antes dos 4 meses e preferivelmente cerca dos 6 meses de idade (Guerra, Rêgo, Silva et al., 2012).

O enfermeiro deve orientar os pais a escolher os alimentos mais indicados nos primeiros anos de vida, assim como a quantidade e a frequência adequada às suas necessidades (Marques, 2012a).

As crianças estabelecem os seus hábitos de alimentação durante os 3 primeiros anos de vida e o enfermeiro contribui para a educação dos pais acerca da importância e do processo da alimentação (Hockenberry e Wilson, 2014).

HIGIENE E VESTUÁRIO

A higiene corporal e oral deve ser incentivada e explorada como momentos de estimulação da criança, com adoção de medidas de segurança e com indicação das roupas e calçados adequados (Jardim et al., 2010).

A higiene corporal é fundamental para o bem-estar da criança. Os cuidados de higiene devem ser promovidos na consulta de enfermagem e prendem-se com o momento em que é aconselhado dar banho, a técnica e a duração do banho, os produtos de higiene a usar, os cuidados ao coto umbilical e à região perineal e peri-anal (Jardim et al., 2010). Hockenberry e Wilson (2014), referem que se recomenda que nas primeiras 4 semanas, o bebé tome banho com água e esponja, não mais de 2 a 3 vezes por semana. Esta prática ajudará a manter a integridade da pele do recém-nascido. A lavagem deve seguir a direção céfalo-caudal. Os cuidados ao coto umbilical incluem a limpeza com água esterilizada e secar. Os enfermeiros devem alertar os pais

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31 sobre a importância da observação de sinais de infeção do coto umbilical, para além dos cuidados.

A higiene oral também não deve ser esquecida, visto ser recomendada desde a erupção do primeiro dente. Os pais devem receber informação sobre a técnica da lavagem dos dentes de acordo com o desenvolvimento da criança (Jardim et al., 2010).

Silva (2006) concluiu que as mães que não frequentaram as aulas de preparação para o parto, onde é explicada a técnica do banho, demonstraram uma grande insegurança na realização de toda a técnica, nomeadamente no modo como seguravam o bebé durante o banho. Há necessidade de investir na promoção da técnica do banho, valorizando as habilidades dos pais de modo a aumentar as suas competências e permitir uma maior segurança na prestação destes cuidados.

No âmbito do vestuário, devem ser promovidos cuidados relativos às características dos tecidos, roupa adequada à estação e o tipo de calçado (Jardim et al., 2010).

SONO

O sono do bebé pode ser um indicador relevante do seu desenvolvimento, da sua maturação e do seu estado de saúde. Nas diferentes idades existe uma grande variação na quantidade e distribuição do sono (Gomes, 2009). De um modo geral, entre os 3 e 4 meses a maior parte das crianças desenvolveu um padrão de sono noturno que dura entre 9 a 11 horas. O tempo total diário de sono é de aproximadamente 15 horas (Hockenberry e Wilson, 2014).

A qualidade do sono do bebé constitui um aspeto muito valorizado pelos pais, sobretudo nos primeiros meses de vida (Gomes, 2009).

No sono devem ser incentivados rituais simples e constantes no período que medeia as horas de dormir. Para garantir um sono mais relaxado, pode ser útil incentivar estratégias relaxantes. Estas podem ser o banho, massagem, sucção indutora de sono, condições ambientais com menos claridade e tranquilidade, estímulos acústicos e com estabelecimento de horas regulares para a criança se autodisciplinar (Jardim et al., 2010).

Os enfermeiros devem estar atentos às preocupações dos pais e valorizar o seu papel parental. As consultas de saúde infantil são um local privilegiado para ajudar os pais a conhecer melhor o seu filho, esclarecendo dúvidas. Os recém-nascidos acordam durante a noite, o que por vezes causa desespero aos seus pais. Para que os pais e os seus filhos passem por esta fase saudavelmente é necessário preparar os pais para as noites de vigília e a conhecer o seu bebé (Gomes, 2009).

Peritos em problemas do sono acreditam que ensinar cedo os padrões de sono, leva mais tarde, a hábitos de sono saudáveis (Jardim et al., 2010).

Referências

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