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ANALISE DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO BAIXO CURSO DO RIO MARANGUAPINHO EM FORTALEZA CE. Eixo Temático: Problemas Socioambientais Urbanos e Rurais.

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Academic year: 2021

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ANALISE DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO BAIXO CURSO DO RIO MARANGUAPINHO EM FORTALEZA – CE.

Francisco Otavio Landim Neto

Universidade Federal do Ceará otaviogeo@oi.com.br

Eciane Soares da Silva

Universidade Federal do Ceará ciane.geo@hotmail.com

Rodolfo Anderson Damasceno Góis Universidade Federal do Ceará

rodolfoheavy@gmail.com

Prof. Dr. Edson Vicente da Silva Universidade Federal do Ceará

cacau@ufc.br

Eixo Temático: Problemas Socioambientais Urbanos e Rurais. Resumo

Fortaleza, uma das maiores cidades do país possui a quinta maior população que enfrenta sérios problemas socioambientais, visto que há ocorrência de ocupações desordenadas em áreas que não são apropriadas para habitação, como podemos citar o baixo curso do Rio Maranguapinho, sendo que este se configura em um importante recurso hídrico superficial presente em Fortaleza. A temática da ocupação e impactos ambientais do baixo curso do Rio Maranguapinho se mostram interessante para uma abordagem geográfica, pois, é visível que as ações antrópicas de maneira desordenada sobre o meio natural trará conseqüências danosas a população que ocupam áreas ribeirinhas ao longo do baixo curso do rio. O presente trabalho teve por objetivo caracterizar e analisar os principais impactos socioambientais presentes no baixo curso da Bacia do Rio Maranguapinho localizado na Região Metropolitana de Fortaleza. A abordagem utilizada foi a análise geossistêmica baseada na concepção de Bertrand, “onde a paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É em uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto estável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente em um conjunto único e indissociável em perpetuas evolução.” Para uma melhor compreensão do cenário foi realizada uma caracterização histórico-temporal do processo de uso e ocupação das áreas das margens do Rio Maranguapinho. Foi analisado como se deu o desenvolvimento do processo de urbanização ao longo da bacia hidrográfica, que está diretamente relacionada com os movimentos migratórios ocorridos por volta da década de 1930, analisando-se os impactos decorrentes, suas causas e conseqüências. Foram apresentadas algumas propostas direcionadas para a resolução dos problemas socioambientais, sugerindo-se medidas mitigadoras para a resolução dos impactos existentes

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Introdução

Fortaleza, uma das maiores cidades do país possui a quinta maior população e enfrenta sérios problemas socioambientais, visto que há um grande número de ocupações desordenadas em áreas que não são apropriadas para habitação. Como área de estudo, elegeu-se o baixo curso do rio Maranguapinho, elegeu-sendo que este rio elegeu-se configura em um dos importantes recursos hídricos superficiais presente em Fortaleza.

O rio Maranguapinho nasce na Serra do Maranguape e drena partes dos municípios de Maranguape, Maracanaú, Caucaia e Fortaleza, ou seja, o setor a sudoeste da Região Metropolitana de Fortaleza, desaguando no rio Ceará, constituindo o seu maior afluente. Em seu percurso o rio escoa por diferentes feições de unidades socioambientais como a Serra de Maranguape e a Depressão Sertaneja em seu alto curso; Tabuleiros Costeiros, na maior parte do seu médio e parte baixo curso, onde está localizada a Planície Flúvio Marinha, presente no seu estuário.

O rio Maranguapinho constitui uma bacia com área de 223,80 km², apresentando um comprimento do talvegue de 37,5 km, possui ainda um curso principal com 34 km de extensão. Este rio conflui com o rio Ceará pouco antes do encontro com o mar, compartilhando da mesma zona estuarina.

Como apresenta suas nascentes em uma região serrana, em seu alto curso há declividades acentuadas que ocasiona as altas velocidades do fluxo hídrico do rio principal e de seus afluentes. Estas características do rio acentuam-se na estação chuvosa, época em que ocorrem também deslizamentos na serra, os quais provocam assoreamento do leito natural e, conseqüentemente, transbordamentos e alagamentos de grandes proporções.

A temática da ocupação e impactos ambientais do baixo curso do rio Maranguapinho torna-se interessante para uma abordagem geográfica, pois, é visível que as ações antrópicas refletem de maneira desordenada sobre o meio natural trazendo conseqüências danosas a população que ocupa áreas ribeirinhas ao longo do baixo curso do rio.

Na década de 30, Fortaleza possui um quadro demográfico caracterizado pelo acréscimo por vários motivos, mas um deles merece destaque, o êxodo rural. Devido à forte concentração de terras no interior pelos grandes latifundiários e os problemas de ordem climática, como as secas, as mudanças econômicas, o desenvolvimento da infra-estrutura dos transportes (ferrovias e rodovias), bem como as influências econômicas e geopolíticas externas sofridas em meados do século XIX e

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início do século XX. O camponês se viu obrigado a procurar outros lugares onde pudesse levar uma vida melhor. (CORÊA, 1994,p.56) afirma que:

As atividades capitalistas da cidade, entre elas especialmente as indústrias, necessitam de trabalhadores ‘livres’, que dispõem apenas de sua força de trabalho e nenhum ou muito pouco vínculo com o campo.

As grandes cidades se mostram como alternativas para as populações do interior do Estado, pois esses têm a ilusão de que a grande cidade se constitua como lugar de oportunidades. A cerca desses motivos, na capital cearense, (SILVA. 1992.p.30) expõe que:

[...] Seu crescimento demográfico acentuado, como vem ocorrendo nos últimos anos, tem vínculos íntimos com os longos períodos de estiagem que atingem o Ceará e, sobretudo com a estrutura fundiária vigente, que tem suas bases na grande propriedade dedicada à criação de gado. Sabe-se que esta atividade dispensa cada vez mais a mão-de-obra utilizada. Nos longos períodos de estiagem há uma redução significativa dos rebanhos cearenses, provocada tanto pelos altos índices de mortalidade ocasionados pela falta de pastagens e longos deslocamentos do gado em busca d'água, até a completa remoção de seus rebanhos por parte de alguns criadores que transferem seus animais para lugares mais seguros, livres da seca. Tanto os fatores de ordem climática, seca cheia, quanto os sociais, fundamentalmente a estrutura fundiária, dificultam, cada vez mais, a fixação da população no interior. Decorre desses fatos, dentre outros, o aumento dos fluxos migratórios para a capital que aparece como uma das poucas alternativas de Demográfico de sobrevivência para essa população despossuída e sem rumo.

A partir do que Silva (1992) coloca, um conjunto de fatores contribuíram para a tração de um contingente populacional que depositava na cidade a esperança de melhorar suas condições de vida. O que não ocorreu, porque, os migrantes em sua maioria não conseguiam emprego devido sua baixa instrução e a pouca oferta de emprego, não tendo como pagar aluguel viram-se sem opção a não ser ocupar áreas que não eram de interesse da especulação imobiliária como, por exemplo: dunas e áreas sujeitas a inundação como margens de rios. Este crescimento devido ao êxodo rural acarretou a intensificação da favelização, principalmente na zona oeste da cidade de Fortaleza, onde está inserido o rio Maranguapinho.

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Objetivos

O presente trabalho teve por objetivo caracterizar e analisar os principais impactos socioambientais presentes no baixo curso da Bacia do rio Maranguapinho, como também analisar os principais impactos socioambientais existentes na área, apontando as conseqüências que as ações humanas causam no ambiente natural. Por fim, procura-se sugerir propostas mitigadoras para os problemas que atingem as comunidades localizadas no baixo curso do rio Maranguapinho e indicar medidas de prevenção de desastres ao longo das margens fluviais.

Metodologia

A abordagem utilizada foi à análise geossistêmica baseada na concepção de (BERTRAND.2004. p. 141-152)

A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É em uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente em um conjunto único e indissociável em perpetuas evolução.

Como a ocupação humana nas margens do rio alterou a configuração da paisagem, o embasamento geosssistêmico é o método visto aqui para melhor compreensão do cenário de uso e ocupação, pois, o geossistema é fundamentado no estudo de forma integrada dos elementos naturais e humanos. Deve-se, portanto, considerar as Unidades Geoambientais sobre a qual situam-se as ocupações humanas e suas estruturas.

Para complementar o estudo, realizou-se uma caracterização histórico-temporal do processo de uso e ocupação da área da planície fluvial do rio Maranguapinho. Foi analisado como se deu o desenvolvimento do processo de urbanização ao longo da bacia hidrográfica, que está diretamente relacionada com os movimentos migratórios ocorridos por volta da década de 1930, analisando-se os impactos socioambientais decorrentes, suas causas e conseqüências.

Foi utilizado para a realização do trabalho um mapa básico e imagens de satélites georeferenciadas na escala 1:10.000; e efetivaram-se levantamentos de campo; revisão

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bibliográfica; pesquisa documental em órgão públicos, como: Secretária de Meio Ambiente do Estado do Ceará – SEMACE, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, Secretária do Planejamento e Gestão – SEPLAG.

Resultados e Discussões

No que diz respeito ao baixo curso do Maranguapinho, área foco desse estudo, o mesmo apresenta alguns elementos como vegetação e solo mais influenciados pela dinâmica de ocupação humana. A vegetação das margens do rio é do tipo mata ciliar apresentando uma grande importância ecológica no que diz respeito à proteção da planície fluvial, constata-se que esta unidade vegetacional está muito degradada. Os solos locais são do tipo Neossolos Flúvicos, e da mesma forma que a vegetação, estão sofrendo com as ocupações irregulares. (SALES, 2004.P.41) abordando a questão dos solos no baixo curso do rio Maranguapainho coloca que;

[...] em vista do acentuado grau de ocupação e intervenção do homem na paisagem, os solos da região estão incorporados a formas de uso e ocupação (solos antrópicos: ausência de horizonte A ou até mesmo completamente alterados) seja pela compactação, remoção, associação com novas camadas de entulhos, aterramentos e até mesmo compactação de camadas de lixo.

A exposição que Sales (2004) fez é preocupante, pois muitos desses processos de degradação do solo geram estragos ambientais significativos como aumento do escoamento superficial e poluição do lençol freático. A pluviosidade da área constitui um fator importante no que diz respeito a constituição de áreas de risco devido a ocupação, tendo em vista que as precipitações são irregulares, entende-se que há uma maior intensidade no primeiro semestre do ano sobretudo nos meses de janeiro à março, sendo que no segundo semestre do ano caracteriza-se por apresentar baixos índices pluviométricos, é apresentada por índices anuais de precipitações que variam de 1.200 a 1.400 mm.

Nos períodos de estiagem, quando o leito maior não está ocupado pelo curso do rio, que ele torna-se foco de ocupação pela população de baixa renda, uma vez que não possuem alternativas de habitação, ocasionando assim formação de um processo de urbanização nessas áreas passíveis de inundação.

A degradação ambiental nas margens do rio caracteriza-se pela deposição de lixo nas margens do rio, o chourume produzido mistura-se com a água; e o leito do rio apresenta-se

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estreito e raso. Nota-se que o assoreamento, intensificado a partir da remoção da vegetação nativa, sendo que os sedimentos das vertentes adjacentes depositados no rio provocam a redução do fluxo d água e modificam sua morfológica.

Observa-se que próximo ao leito ocorre uma pocilga, criação de porcos, que acarreta a contaminação do lençol freático e das águas do rio, pelas fezes dos animais. A poluição da água mostra-se visivelmente maior devido a presença de aguapés que são considerados bioindicadores de poluição.

A analise dos impactos ambientais identificados no baixo curso da bacia do rio Maranguapinho, torna-se necessária para a proposição de medidas que objetivam amenizar ou até mesmo eliminar esses problemas.

As medidas ditas não-estruturais, não envolvem grandes investimentos, sendo de caráter imediato, podendo assim ser implementadas por associações, moradores ou empresas privadas, pois requerem recursos menores. As medidas não-estruturais tendem a ser mais adequadas a áreas rurais e de caráter preventivo, enquanto as estruturais tendem a ser mais adequadas a áreas urbanas. Dentre as medidas de caráter não estrutural, pode-se citar:

 Previsão de cheias e sistema de alerta contra enchentes  Evacuação temporária da região afetada;

 Aumento da capacidade de escoamento do canal (drenagem)  Monitoramento da utilização do solo

 Controle de erosão e reflorestamento

Nas áreas de inundação, não deve ser permitida qualquer tipo de ocupação, pois estão passíveis as inundações dentro dos limites da planície de inundação. Podem ser permitidos usos que resultem em baixas taxas de ocupação, tais como: parques; áreas de esportes; áreas de preservação; vias de transporte que possam ser fechadas temporariamente; construções com estruturas abertas para suportar as inundações; culturas agrícolas e pecuária.

Um aspecto importante para a eficácia das medidas não-estruturais são as práticas de Educação Ambiental, onde a participação da comunidade como um todo é importante. A disposição do lixo urbano, principalmente aquele jogado nas ruas, que nos primeiros instantes de uma chuva forte são carreados e entopem bueiros, galerias e canais, dificultam e até

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impede o escoamento das águas, agravando os efeitos da cheia nas comunidades que ocupam as áreas de risco.

O Estado propõem-se a beneficiar as comunidades ribeirinhas com a implementação da urbanização, pretende eliminar as características de favela criando infra-estrutura como: água, luz, esgoto sanitário e a abertura de vias mais amplas de circulação. Diante disto percebe-se que:

A urbanização prevê a permanência da população na área ocupada, porém com modificações substanciais na aparência e na legalidade, pois supõe a divisão da favela em lotes ou frações ideais de um terreno. Esta atuação também altera a dinâmica do preço da terra, propiciando – pela retirada das características de favela – um aumento de renda aos proprietários das áreas vizinhas.(RODRIGUES, 1997.p.41)

Quando é aplicado um projeto de erradicação das favelas, surgem oportunistas, ou seja, indivíduos que recebem uma casa e posteriormente vendem-na, e acabam tendo que retornar para áreas de risco. Isso acaba gerando dificuldades no desenvolvimento dos planos.

Conclusões

È perceptível no baixo curso do rio Maranguapinho a presença de alterações físico-químicas que são causadas em função das alterações que a ocupação irregular da área em questão apresenta, pois em todo percurso analisado a aparência do rio apresenta-se com suas águas turvas devido a grande quantidade de poluentes como o lixo e a deposição de esgotos domésticos, bem como o forte mau cheiro que exala do mesmo.

É preocupante a situação dos recursos hídricos da capital cearense, como também as ocupações irregulares nas margens dos cursos fluviais que reflete um grave problema socioambiental em particular no rio Maranguapinho, foco do estudo apresentado.

Referencias Bibliográficas

BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global, In: R. RA´E GA, Curitiba, n. 8, p. 141-152, 2004. Editora UFPR.

CORRÊA. R.L. Natureza e significado da rede urbana. In: A Rede Urbana. São Paulo: Ed. Ática, 1994.

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SALES. F.B.L. O Meio Físico do Baixo Curso do rio Maranguapinho e a Paisagem Urbana. 132f. Análise Socio-Ambiental do seguimento do Baixo curso do rio Maranguapinho na cidade de Fortaleza-Ce: Relações Sociedade x Natureza. Dissertação de Mestrado. UFC, 2004.

SILVA, José Borzacchiello da. Os incomodados não se retiram. Fortaleza: Multigraf, 1992. RODRIGUES. M.A. A Produção da Casa-Cidade. In: Moradias nas Cidades Brasileiras. São Paulo: Ed. Contexto, 1997.

Referências

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