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Destaque Depec - Bradesco

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Academic year: 2021

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A segunda safra de milho assumiu relevância na produção do grão no Brasil. Com aperfeiçoamentos no plantio, que permitiram inclusive o avanço da área plantada desde 2011, a produção da segunda safra superou a observada na primeira.(1) No ano safra 2017/18, a Conab estima queda da produção total em relação à safra anterior, ainda que em patamar bastante elevado. Considerando a primeira safra, que praticamente já foi colhida, a retração está próxima a 14%. Quanto à segunda, a estimativa é de recuo de 6,6%. Contudo, apesar da perspectiva para a produção total de milho neste ano ser inferior à obtida no ano passado (89,2 milhões de toneladas ante 97,8 milhões de toneladas), trata-se da segunda maior safra, que inclusive foi beneficiada por um elevado estoque de passagem (Gráfico 1).

O crescimento da segunda safra (chamada de safrinha) ao longo dos últimos anos está diretamente atrelado aos ganhos de produtividade e à expansão da área plantada. Desde a safra 2011/12, a produtividade média

por hectare tem superado ligeiramente a observada na primeira. Na média entre as safras de 2011 e a estimada para este ano, a produtividade da segunda está aproximadamente 4% acima da observada na primeira (equivalente a 174 kg/ha). Vale mencionar que no período de 1990 a 2010, a produtividade média da segunda safra foi 20% inferior à primeira (Gráfico 2).

23 de maio de 2018

Balanço de risco mais equilibrado para o milho deve puxar para baixo cotações domésticas

Ellen Regina Steter

Gráfico 1 – Produção nacional de milho – em milhões de toneladas

Fonte: Conab, Bradesco; (*) projeção

(1) 2ª Safra: plantio no primeiro trimestre do ano com colheita a partir de junho. O plantio da primeira safra ocorre a partir de setembro e sua colheita se inicia ainda no primeiro trimestre do ano seguinte.

Gráfico 2 – Produtividade do milho, por safra – em kg por hectare

Fonte: Conab, Bradesco

24 31 29 33 37 32 36 30 32 32 42 35 47 42 35 43 51 59 51 56 57 73 82 80 85 67 98 89 0 20 40 60 80 100 120 90/91 93/94 96/97 99/00 02/03 05/06 08/09 11/12 14/15 17/18*

Produção total de milho, desagregada pelas safras - em milhões de toneladas

1o. safra 2o. safra

5.1695.443 -2.000 -1.000 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 90 /9 1 91 /9 2 92 /9 3 93 /9 4 94 /9 5 95 /9 6 96 /9 7 97 /9 8 98 /9 9 99 /0 0 00 /0 1 01 /0 2 02 /0 3 03 /0 4 04 /0 5 05 /0 6 06 /0 7 07 /0 8 08 /0 9 09 /1 0 10 /1 1 11 /1 2 12 /1 3 13 /1 4 14 /1 5 15 /1 6 16 /1 7 17 /1 8*

Produtividade do milho por safra, em kg por hectare

Diferença entre a 1o. e 2o. safra 1ª safra milho 2ª safra milho

Média: 577

(2)

O aperfeiçoamento das técnicas de manejo possibilitou a expansão da área plantada de milho, que passou de aproximadamente 13 milhões de hectares em 2000/01 para cerca de 17 milhões de hectares. Apesar do

incremento, notamos movimentos opostos entre a primeira e a segunda safras (Gráfico 3). No período observado, a primeira mostrou retração ao redor de 5 milhões de hectares na área plantada, enquanto a segunda apresentou acréscimo de 9 milhões de hectares.

A motivação para ampliação da lavoura, além dos avanços produtivos, está pautada na demanda externa, que tem crescido especialmente entre os países emergentes. Nesse sentido, parte relevante do incremento da

produção nacional de milho nos últimos anos teve como destino o mercado internacional: até 2010 exportávamos em média entre 10% a 15% da produção total e, nos últimos anos, esse percentual foi ampliado para aproximadamente 35%. Ao mesmo tempo, houve expansão do mercado interno. Nesse período, o volume exportado passou de aproximadamente 10 milhões de toneladas para aproximadamente 30 milhões (Gráfico 4), enquanto o consumo doméstico aumentou cerca de 10 milhões de toneladas.

Ainda que a técnica de manejo tenha avançado e permitido um cenário mais favorável para o segundo plantio, essa é uma cultura mais sensível. Geralmente plantado após a cultura de verão (quase sempre a soja) o milho é cultivado em condições mais adversas, com baixa temperatura e pouca disponibilidade de água no solo. Dessa forma, a produtividade da segunda safra está diretamente atrelada à época de semeadura

e ao regime de chuvas. Assim, a medida em que o plantio é postergado, o risco de queda no potencial produtivo é elevado; afinal aumenta a possibilidade de menor disponibilidade de água e de radiação solar, de baixas temperaturas e maior risco de geadas e/ou secas.

Fonte: Conab, Bradesco

Gráfico 4 – Volume (em mil toneladas) e participação das exportações de milho na produção nacional

Fonte: Conab, Bradesco; (*) projeção

Gráfico 3 – Área plantada de milho, por safra – em mil hectares

-10.000 -5.000 0 5.000 10.000 15.000 90/91 93/94 96/97 99/00 02/03 05/06 08/09 11/12 14/15 17/18* Área plantada de milho, por safra

Diferença entre a 1o. e 2o. safra 1o. safra 2o. safra

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 00/01 03/04 06/07 09/10 12/13 15/16

Participação das exportações na produção nacional de milho

Volume exportado Percentual

(3)

Para atender às condições mais especificas de lavoura, notamos que o plantio da segunda safra é regionalmente mais concentrado do que o da primeira. Enquanto na primeira safra cinco estados são

responsáveis por 68% da produção (MG, RS, PR, SC e SP, em ordem decrescente de participação), na segunda lavoura o percentual sobe para 94% (MT, PR, MS, GO e SP, elencado por relevância). Apesar dos ganhos de produtividade e de escala, a concentração também acaba exacerbando a preocupação com o clima.

Dito isso e monitorando a recente evolução da cotação do milho, notamos que após a safra recorde de 2016/17, que propiciou recuo dos preços, a perspectiva de uma safra corrente mais moderada (2017/18) iniciou um período de elevação na cotação a partir do último trimestre do ano passado. A perspectiva era de

que o preço ficasse ligeiramente acima do observado no último ciclo. Ligeiramente, pois o elevado estoque de passagem funcionaria como um limitador para a aceleração das cotações. Contudo, esses eram os fundamentos levando em conta apenas a dinâmica doméstica.

Avaliando o contexto internacional, temos que a estimativa para a safra mundial (17/18) de milho tem confirmado uma retração de aproximadamente 4% ante o período anterior, seja por frustrações com a colheita norte-americana ou em decorrência da incorporação da quebra da produção argentina. Ainda que o

cenário tenha se tornado mais propício para uma elevação de preço, a relação estoque/consumo global, próxima à média histórica, de 18%(2), minimizou impactos mais intensos na cotação. Em Chicago, até abril deste ano, o milho subiu aproximadamente 3% em relação ao preço médio do ano passado (Gráfico 5). Contudo, no mercado doméstico a dinâmica foi diferente.

No mesmo período observado, a cotação interna do milho apresentou valorização de aproximadamente 20%,(3) incorporando a quebra da safra argentina. Considerando o cenário doméstico, estamos diante de um período decisivo para a evolução da segunda safra do milho. Até o momento, a preocupação com o clima mais seco tem intensificado os questionamentos sobre a produtividade em alguns estados, especialmente no Paraná. Assim, a dúvida quanto a uma redução no potencial produtivo tem gerado viés altista para a cotação no curtíssimo prazo. Se por um lado os mapas climáticos passaram a sugerir nos últimos dias entrada de uma frente fria e o retorno das chuvas, por outro, têm aumentado as chances de geada em algumas regiões.

Gráfico 5 – Cotação primeiro futuro do milho- média mensal, em US$ cents/bushel

Fonte: Bloomberg, Bradesco

(2) Média da relação estoque/consumo a partir de 2000. (3) Considerando o indicador do milho Esalq/BM&FBOVESPA

0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0 700,0 800,0 900,0 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18

(4)

Dessa forma, as condições climáticas mais adversas deverão continuar promovendo volatilidade na cotação do milho no mercado doméstico. Buscando reduzir esse ruído de curto prazo e analisando o balanço entre

oferta e demanda do cereal, notamos que apesar da redução da relação estoque/consumo na safra atual, o nível ainda é bastante elevado, comparativamente ao histórico. Considerando a última divulgação da Conab (no começo deste mês), a relação estaria ao redor de 28% (Gráfico 6), percentual acima da média observada desde 1997 (14%) ou até mesmo desde 2011 (18%), quando a relevância da segunda safra aumentou.

Por outro lado, o impacto do risco climático atual é justamente o de proporcionar novas revisões baixistas na produção. Assim, refazendo o balanço entre oferta e demanda de milho, levando em conta um choque

relevante na segunda safra (por exemplo, um recuo de 10% ante a estimativa atual, com a segunda safra passando de 62,3 milhões para 56,6 milhões de toneladas), notamos que a relação estoque/consumo ainda se mantém acima da média histórica (Tabela 1).

Gráfico 6 – Relação estoque/consumo do milho – safra nacional

Fonte: Conab, Bradesco; (*) projeção

Tabela 1 – Balanço entre oferta e demanda de milho

Fonte: Conab, Bradesco 18,5% 13,3% 10,4%13,1% 3,3% 22,9% 20,4% 8,0%7,1%5,9% 17,4% 15,7% 11,9% 8,9%7,7% 13,1% 22,7% 18,7% 12,7% 31,0% 27,8% -3,0% 2,0% 7,0% 12,0% 17,0% 22,0% 27,0% 32,0% 37,0% 42,0% 47,0% 97 /9 8 98 /9 9 99 /0 0 00 /0 1 01 /0 2 02 /0 3 03 /0 4 04 /0 5 05 /0 6 06 /0 7 07 /0 8 08 /0 9 09 /1 0 10 /1 1 11 /1 2 12 /1 3 13 /1 4 14 /1 5 15 /1 6 16 /1 7 17 /1 8*

Fonte e Projeção: Conab

Relação Estoque Consumo Nacional de Milho

Safra Estoque inicial (A) Produção (B) Importação (C) Suprimento D = (A+B+C) Consumo (E) Exportação (F) Estoque final (D-(E+F)) Relação estoque/consumo 2013/14 6.985 80.052 791 87.827 54.503 20.925 12.399 23% 2014/15 12.399 84.672 316 97.388 56.611 30.172 10.604 19% 2015/16 10.604 66.531 3.338 80.473 54.640 18.883 6.950 13% 2016/17* 6.950 97.843 954 105.743 57.199 30.837 17.707 31% 2017/18** 17.707 89.208 500 107.415 59.000 32.000 16.415 28%

(**) estimativa da 1o. Safra de produção = mai/18; demais estatísticas: abr/18 Com viés

baixista para a 2o. Safra

(5)

Por isso, entendemos que essa tendência de alta não deve ser mantida. Reforçando a nossa expectativa, a

demanda doméstica por milho no curto prazo deve cair, em função do ajuste em curso na oferta do setor de aves e suínos. Para o segundo semestre do ano, consideramos que o maior risco para a cotação do milho será a evolução da safra norte-americana. Em meados de maio, o USDA(4)divulgou a primeira estimativa para a safra mundial 2018/19. Ainda que tenha reportado expectativa de crescimento de 1,9% para a produção mundial de milho ante a safra atual, o órgão projetou expansão mais forte do consumo. Com isso, a relação estoque/consumo, que já estava próxima à média histórica na safra atual (18%), recuou para aproximadamente 15% (Gráfico 7).

O crescimento mais moderado da produção de milho em relação à safra anterior está diretamente ligado à perspectiva de redução da produção norte-americana, enquanto as expectativas para as safras brasileira e

argentina são favoráveis. No caso brasileiro, estima-se alta ao redor de 10% e, no caso argentino, contempla-se recomposição da quebra da safra atual, com expansão de 24%. Ainda que essa seja a primeira estimativa e levando em conta que as primeiras estimativas tendem a ser subestimadas, a relação estoque/consumo está bastante apertada.(5)Ou seja, o monitoramento da produção nos EUA será fundamental para ditar a tendência dos preços, em especial entre o segundo semestre deste ano e o início de 2019.

Portanto, o balanço de riscos para o preço do milho apresenta-se mais equilibrado: fundamentos baixistas no mercado doméstico e viés altista, a depender da evolução da safra norte-americana, para a cotação internacional. Reconhecemos também que a referência externa de preços é relevante e, diante disso, variações

na cotação do dólar também impactam a evolução dos preços domésticos. Mas, mesmo com a recente depreciação cambial, ainda notamos que a cotação doméstica está mais pressionada em relação ao mercado internacional (Gráfico 8).

Gráfico 7 – Relação estoque/consumo de milho – mundial

Fonte: USDA, Bradesco

(4) Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(5) Desde a safra 1981/82, dos 37 levantamentos, em 16 casos, o resultado final ficou abaixo da estimativa e em 21 eventos, o departamento foi surpreendido positivamente com a informação efetiva.

0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35 2000/01 2002/03 2004/05 2006/07 2008/09 2010/11 2012/13 2014/15 2016/17 2018/19

(6)

Gráfico 8 – Cotação milho em R$, por Kg

Fonte: Bloomberg, Cepea, Bradesco

0,15 0,25 0,35 0,45 0,55 0,65 0,75 0,85 0,95 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Preço externo em R$ Preço doméstico

(7)

Equipe Técnica

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