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MESTRADO EM ODONTOLOGIA RAMIRO CHAVASCO FERREIRA FILHO

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Academic year: 2021

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MESTRADO EM ODONTOLOGIA

RAMIRO CHAVASCO FERREIRA FILHO

EFEITO DE DIFERENTES SISTEMAS ADESIVOS UTILIZADOS PARA O SELAMENTO DENTINÁRIO IMEDIATO NA DURABILIDADE DA UNIÃO DE UM

CIMENTO AUTOADESIVO À DENTINA

Guarulhos 2012

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RAMIRO CHAVASCO FERREIRA FILHO

EFEITO DE DIFERENTES SISTEMAS ADESIVOS UTILIZADOS PARA O SELAMENTO DENTINÁRIO IMEDIATO NA DURABILIDADE DA UNIÃO DE UM

CIMENTO AUTOADESIVO À DENTINA

Guarulhos 2012

Dissertação apresentada ao curso de Odontologia da Universidade Guarulhos para obtenção do titulo de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Dentística Orientador Prof. Dr. André Figueiredo Reis Co-orientador: Prof. Dr. José Augusto Rodrigues

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Dedico esta conquista importante na minha vida, primeiro a Deus que me

da saúde, me protege e ilumina o meu caminho...

...Aos meus pais Ramiro e Clair por sempre me incentivarem ao

estudo vibrando a cada conquista realizada...

...Ao meu irmão Felipe pelo companheirismo e amizade...

...À minha esposa Daniela pela compreensão nos momentos difíceis em

que estive ausente sempre me apoiando com paciência e amor...

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À Universidade Guarulhos

Instituição que me proporcionou um importante crescimento científico e profissional, com condições

satisfatórias para a concretização do Curso de Mestrado em Odontologia

Às coordenadoras do Programa de Mestrado e Doutorado em Odontologia

Na pessoa da Prof. Dra. Magda Feres e Prof. Dra. Luciene C. De Figueiredo, pela eficiência

e perseverança na busca do maior nível de excelência de todo o curso.

À FAPESP

Pelo auxílio à pesquisa (processo 2009/16261-2), que permitiu a realização do presente estudo.

Ao meu orientador Prof. Dr. André Figueiredo Reis

Uma pessoa impar como poucas que conheci, com uma capacidade incalculável e com uma humildade

na mesma proporção. Pessoa dedicada que não mediu esforços para a realização deste trabalho.

Professor, muito obrigado pela amizade e pelos ensinamentos que me foram passados, tenho certeza

que foram de extrema importância para o meu aprimoramento profissional e científico.

Ao meu co-orientador Prof. José Augusto Rodrigues

Por ser o professor ativo que é, sempre auxiliando os alunos nos momentos necessário com bom

humor, e nunca desistindo até o último minuto. Obrigado Professor José Augusto pelo incentivo.

Aos Professores do Programa de Mestrado

César Arrais, Alessandra Cassoni, Poliana Duarte, Jamil Shibli, Marcelo de Faveri, Cláudia

Tsuzuki e Marta Bastos que souberam repassar seus conhecimentos com dedicação e competência

Minha sincera admiração e respeito.

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Professor Marcelo sempre conte comigo.

Ao amigo Paulo Moreira Vermelho

Pelo auxílio prestado nos momentos de dúvidas que apareciam, ajudado a nortear meu caminho.

Muito obrigado

Ao amigo Luiz Mazzilo

Pela parceria durante todo o curso e nas atividades clínicas.

Aos amigos do Mestrado e Doutorado (Dentística, Implantodontia e

Periodontia)

Obrigado pela amizade e companheirismo.

Aos funcionários

Que de alguma forma contribuíram para o meu trabalho durante este período, de forma especial a

Áurea Munhoz que nunca mediu esforços para me atender quando precisei.

À cirurgiã dentista Dra. Gilca Martins

Pela disponibilização de seu Microscópio Óptico durante a pesquisa.

Ao Laboratório de Caracterização Tecnológica /Depto. de Engenharia de

Minas e de Petróleo da Escola Politécnica da USP.

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"A dúvida é o princípio da sabedoria"

Aristóteles

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adesivos para o selamento dentinário imediato (SDI) e do armazenamento em água por 3 meses na resistência de união (RU) das interfaces resina-dentina produzidas por um cimento resinoso autoadesivo. Para a realização do SDI foram utilizados 4 sistemas adesivos: dois que utilizam a técnica do condicionamento ácido prévio, sendo um de 3 passos, OptiBond FL (OB - Kerr) e um de 2 passos, XP Bond (XP - Dentsply De Trey); e 2 adesivos autocondicionantes, sendo um de 2 passos, Clearfil SE Bond (SE - Kuraray), e um de passo único, Xeno V (XV - Dentsply De Trey). Como agente de cimentação foi utilizado o cimento autoadesivo RelyX U100 (3M ESPE). No grupo controle não foi realizado o SDI. Foram utilizados 60 terceiros molares, os quais foram divididos em 5 grupos de acordo com a técnica adesiva, e posteriormente em 2 sub-grupos de acordo com o tempo de armazenamento em água. Discos de resina composta (Z250 3M ESPE) pré-polimerizada foram cimentados de acordo com as recomendações do fabricante. Após 7 dias de armazenamento em água, os dentes restaurados (n=6) foram seccionados, produzindo espécimes com aproximadamente 1 mm2 de área de secção transversal. Metade dos grupos foi testada após 7 dias e a outra metade foi armazenada em água a 37oC durante 3 meses previamente ao ensaio de microtração (1mm/min). O padrão de fratura foi determinado através de uma lupa estereoscópica e Microscopia Eletrônica de Varredura. Os dados de RU foram analisados pela ANOVA a dois critérios e teste de Tukey. Após 7 dias, os grupos com SDI apresentaram maiores valores de RU do que o grupo controle, apesar de XP e SE não terem apresentado diferença significativa. No entanto, após 3 meses, não houve diferença entre os grupos com SDI e o grupo controle. Os grupos XV e OB apresentaram redução significativa em comparação aos valores iniciais. O SDI não foi capaz de impedir a redução dos valores de RU para alguns materiais (XV e OB) após 3 meses de armazenamento em água. O grupo controle não diferiu dos demais grupos após 3 meses de armazenamento em água.

Palavras-chave: Selamento Dentinário Imediato, cimento resinoso autoadesivo, durabilidade da união, MEV.

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for immediate dentin sealing (IDS) and storage in water for three months in the microtensile bond strength (µTBS) of resin-dentin interfaces produced by a self-adhesive resin cement. For the IDS four self-adhesive systems were used: two etch-and-rinse adhesives, a 3-step system, OptiBond FL (OB - Kerr) and a 2-step system, XP Bond (XP - Dentsply De Trey); and two self-etching adhesives, 2-step self-etching primer system, Clearfil SE Bond (SE - Kuraray), and a single-step, Xeno V (XV - Dentsply De Trey). A self-adhesive resin cement was used for luting procedures, RelyX U100 (3M ESPE). IDS was not performed in the control group. Sixty third molars were used, which were divided into 5 groups according to adhesive procedures and then subdivided into 2 subgroups, according to water-storage time. Pre-polymerized composite blocks were cemented according to manufacturer's recommendations. After 7 days of storage in water, specimens (n = 6) were sectioned to produce beams of approximately 1 mm2 of cross-sectional area. Half of

the groups are tested after 7 days and the other half was stored in water at 37°C for 3 months prior to testing in tension in a universal testing machine (1mm/min). The fracture pattern was determined using a stereomicroscope and scanning electron microscopy. µTBS data were analyzed by two-way ANOVA and Tukey test. After 7 days of storage in water, the groups with IDS presented higher µTBS values than the control group, although XP and SE did not present significant difference. However, after 3 months, no significant differences were observed between groups with IDS and control group. XV and OB groups presented a significant reduction in µTBS values compared to baseline. The IDS was not able to prevent a decrease in µTBS for some materials after three months of storage in water. The control group did not differ from IDS groups after 3 months of storage in water.

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Página

1. INTRODUÇÃO...

... 01

2. REVISÃO DE LITERATURA

... 05 2.1. Dentina………... 05 2.2. Smear Layer………... 06 2.3. Adesão à dentina…………... 06 2.4.Selamento Dentinário... ... 09 2.5.Cimento Autoadesivo... 10 2.6. Degradação da união... 12

3. OBJETIVOS

... 14

4. MATERIAS E MÉTODOS

... 15

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4.3. Análise estatística ………... 21

5. RESULTADOS

………... 22

6. DISCUSSÃO………

30

7. CONCLUSÃO………..

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1. INTRODUÇÃO

O acesso à informação está cada dia mais difundido e fácil a qualquer pessoa que tenha curiosidade sobre determinado assunto. E na Odontologia não é diferente, este acesso à informação faz com que ocorra uma maior demanda por tratamentos reabilitadores e estéticos por parte dos pacientes. Muitas vezes os tratamentos são realizados em cavidades extensas com grande exposição dentinária, necessitando

de restaurações indiretas do tipo inlays, onlays e coroas. A Odontologia adesiva além de proporcionar um resultado estético mais

favorável para as restaurações também promove adesão ao substrato dental de forma eficaz permitindo um preparo cavitário mais conservador. Os sistemas adesivos contemporâneos têm um mecanismo básico que compreende o processo de troca e reposição de minerais removidos dos tecidos dentais mineralizados por monômeros resinosos, que após sua aplicação e polimerização promovem uma união micro-mecânica nas microporosidades criadas. Esse mecanismo de ação foi inicialmente descrito por Nakabayashi et al. (1982), e é denominado hibridização. No entanto, a dentina ainda desafia a Odontologia adesiva devido à sua complexidade morfológica e dinamismo, que estão relacionados à fisiologia do substrato.

A dentina é um tecido mineralizado com aspecto tubular, sendo dirigido perpendicularmente à superfície pulpar. A quantidade e o diâmetro dos túbulos têm uma variação média de acordo com a proximidade do tecido pulpar até a junção amelo-dentinária ou cemento, apresentando formato cônico e convergentes para a polpa. Sendo assim, a distribuição e densidade dos túbulos são variáveis dependendo da localização e de possíveis alterações do tecido dentinário (Giannini et al., 2001).

Próximo à região pulpar ocorre um aumento da permeabilidade e da umidade do tecido, que podem interferir no mecanismo de união dos adesivos. Com essa variabilidade de aspectos, o tecido dentinário necessita de sistemas adesivos capazes de se adequar e proporcionar um selamento dentinário e conseqüentemente uma boa união à dentina nas suas camadas superficiais e profundas com ou sem a presença de pressão pulpar (Pashley et al.,2002).

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A adesão ao substrato dental atualmente é classificada de acordo com a estratégia de ação do condicionamento da estrutura dental, ou seja, com condicionamento ácido total (etch-and-rinse) ou autocondicionante (self-etching) (Van Meerbek et al., 2003).

A primeira técnica baseia-se na aplicação do ácido fosfórico previamente à aplicação do adesivo, com objetivo de remover a smear layer que é composta por restos de matéria orgânica e inorgânica produzida pela instrumentação da dentina, do esmalte e do cemento (Bowen & Rodriguez, 1962), além de saliva, sangue e numerosos microorganismos. O ácido fosfórico não remove somente a smear layer, mas causa também a desmineralização da dentina subjacente, expondo a rede de colágeno e facilitando a penetração do adesivo em uma profundidade que varia de 3 a 6 µm (Perdigão et al., 1996).

No entanto, a técnica do condicionamento ácido prévio é considerada crítica devido à necessidade de controle da umidade da dentina como forma de evitar o colabamento das fibrilas colágenas dificultando assim a infiltração dos monômeros resinosos (Kanca, 1992). Devido a esta dificuldade do controle de umidade, uma segunda técnica foi desenvolvida para simplificar os procedimentos de aplicação do sistema adesivo, que são os adesivos autocondicionantes.

O sistema adesivo autocondicionante é disposto comercialmente de duas formas: com 1 ou 2 passos de aplicação. Não necessitam do condicionamento ácido total previamente, pois condicionam e preparam esmalte e dentina simultaneamente (Van Meerbeek et al., 2001). A aplicação é direta sobre a smear layer dentinária ou esmalte. O adesivo promove a incorporação da smear layer à camada híbrida. A profundidade da região dentinária hibridizada pelo adesivo compreende aproximadamente 0,5 µm, enquanto a smear layer hibridizada depende da sua espessura inicial (Tay et al., 2000a; Tay et al., 2000b).

A contínua evolução dos sistemas adesivos tem possibilitado um aumento significativo de alternativas restauradoras, permitindo o desenvolvimento de novas técnicas para o controle dessas variáveis. Porém, o sucesso clínico das restaurações indiretas não dependem somente da evolução dos sistemas adesivos, mas também dos agentes de cimentação com o intuito de criar uma ligação entre a peça protética e o dente. Cimentos resinosos são extremamente utilizados na fixação de peças protéticas cerâmicas.

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Para a cimentação adesiva de restaurações indiretas com cimentos resinosos convencionais, os procedimentos envolvem múltiplos passos e etapas para o tratamento da superfície das peças protéticas e também da superfície dentária (Escribano & Macorra, 2006). O uso dos cimentos resinosos precisa ser associado com sistemas adesivos para aplicação em tecidos dentais (De Munck et al., 2005; Reich et al., 2005). A técnica de aplicação do material é considerada crítica, sujeita a fatores relativos ao material e ao operador (Frankenberger et al., 2000), que podem levar a ocorrência de sensibilidade pós-operatória e ao insucesso do tratamento restaurador (Mak et al., 2002).

Com a evolução dos materiais odontológicos e com a intenção de simplificar a técnica de cimentação, foi introduzido no mercado odontológico um cimento autoadesivo à base de resina, que não necessita tratar ou condicionar o tecido dentinário (Hecth et al., 2002; De Munck et al., 2004; Reich et al., 2005). A intenção do fabricante foi unir as características, como simplicidade de aplicação, com as propriedades favoráveis do cimento resinoso em um único produto.

O primeiro cimento autoadesivo à base de resina introduzido no mercado foi o RelyX UNICEM. Com isso, vários fabricantes lançaram seus cimentos autoadesivos. O fabricante do RelyX UNICEM, informa que o cimento é baseado em um novo monômero multifuncional (éster do ácido fosfórico metacrilato). Este monômero pode reagir com as partículas de carga do cimento resinoso e com a hidroxiapatita da dentina e esmalte (Hikita et al., 2007).

Apesar dos avanços alcançados pelos materiais adesivos, alguns autores demonstram uma possível degradação da união de materiais resinosos aos tecidos dentais ao longo do tempo na presença de água (De Munck et al., 2003; Giannini et al.,2003; Hashimoto et al., 2000; Reis et al., 2004; 2007b). A redução da resistência de união de sistemas adesivos à dentina é atribuída à degradação hidrolítica das fibrilas colágenas e/ou da resina adesiva (Göpferich, 1996; Itthagarun et al., 2004; Tay et al., 2003).

Nos últimos anos, tem sido proposta uma técnica que possibilita a proteção da dentina após o preparo cavitário, assim como melhora na qualidade de união do cimento resinoso nos procedimentos restauradores indiretos, sendo esta chamada de “Técnica do Selamento Dentinário Imediato” (SDI) (Magne et al., 2005a; Magne et al., 2005b). Este procedimento é realizado imediatamente após a confecção do

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preparo, sendo que após o selamento, é realizada a moldagem para a confecção da peça protética. Nesta técnica, a dentina é hibridizada com um adesivo autocondicionante de dois passos ou um adesivo convencional de 3 passos imediatamente após o preparo (Magne et al., 2007). Acredita-se que esta técnica minimizaria a irritação pulpar causada tanto por estímulos térmicos e mecânicos, assim como pela infiltração bacteriana, que pode ocorrer durante a realização da moldagem, fase de provisório ou durante a cimentação definitiva (Nikaido et al., 2003). Foi relatado um aumento nos valores de resistência de união (RU) com a utilização da técnica do selamento dentinário imediato (Magne et al., 2005a; Magne et al., 2005b).

A indicação da realização da técnica do SDI com sistemas adesivos de 3 passos que utilizam o condicionamento ácido prévio ou de 2 passos autocondicionantes, se deve à aplicação de uma camada de resina hidrófoba sobre o primer (autocondicionante ou não). Esta camada hidrófoba é importante para impedir ou reduzir a permeabilidade da dentina (Albuquerque et al., 2008; King et al., 2005). No entanto, devido à introdução de sistemas adesivos simplificados, tanto autocondicionantes de 1 passo ou com condicionamento ácido prévio de 2 passos, não se sabe se o selamento dentinário produzido por estes materiais seria tão eficaz quanto as suas versões anteriores.

Portanto, ainda não se sabe se a técnica do SDI pode ser realizada com a utilização de sistemas adesivos simplificados. Desta forma as hipóteses testadas neste estudo foram de que a técnica do selamento dentinário imediato poderia ser realizada com sistemas adesivos simplificados sem qualquer prejuízo para a união de restaurações indiretas à dentina, e de que o armazenamento em água por 3 meses não prejudicaria a união.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Dentina

A dentina é um substrato formado por 50% de material inorgânico, 30% de material orgânico e 20% de água (Marshall et al., 1997). Os componentes estruturais básicos da dentina são os prolongamentos odontoblásticos, túbulos dentinários, dentina peritubular e a dentina intertubular. A parte orgânica é composta por colágeno que corresponde a 95% do total, e os outros 5% são as proteínas não colagenosas muito importantes na manutenção da estrutura e reexpansão da rede de fibrilas de colágeno expostas pelo condicionamento ácido (Pereira et al., 2007).

A parte inorgânica é composta de cristais de hidroxiapatita (Gage et al.,1989). A dentina apresenta túbulos dentinários dirigidos perpendicularmente à superfície em relação ao esmalte. Sua quantidade e diâmetro têm uma variação média de acordo com a proximidade do tecido pulpar até a junção amelo-dentinária ou cemento, apresentando formato cônico e convergência para a polpa. Sendo assim, a distribuição e densidade variam dependendo da localização e de possíveis alterações do tecido dentinário (Giannini et al., 2001).

Na porção mais profunda da dentina a densidade tubular é de 45.000 túbulos por mm², enquanto que na dentina superficial esta densidade diminui para 20.000 túbulos por mm², e na região amelo-dentinária a quantidade de túbulos chega a 10.000 por mm². Com relação ao diâmetro dos túbulos, estes podem variar de 2,5 µm em dentina profunda a 0,9 µm próximo à junção amelo-dentinária na dentina mais superficial (Gaberoglio & Brannström, 1976). A área percentual ocupada pela dentina intertubular é de cerca de 96% na área da junção dentina-esmalte e 12% junto à polpa, enquanto a área ocupada pelas aberturas dos túbulos é de 1% na junção dentina-esmalte e mais de 22% junto à polpa (Pashley, 1989). O diâmetro dos túbulos varia de 0,63 µm na área periférica a 2,37 µm junto à polpa (Marchetti et al., 1992).

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2.2 Smear Layer

O termo smear layer é descrito pelos restos de fragmentos cortados após o preparo cavitário. Contudo, o termo se aplica a qualquer fragmento causado pelo corte, da dentina, do esmalte e cemento. A smear layer é composta por restos da matéria orgânica e inorgânica, e também é chamada de lama dentinária (Bowen & Rodriguez, 1962).

Quando a smear layer é removida por substâncias ácidas, pode ocorrer um aumento no diâmetro da entrada dos túbulos dentinários e no fluxo de fluído dentinário, aumentando a permeabilidade dentinária, deste modo, monômeros de baixa viscosidade poderão penetrar nos túbulos abertos formando os tags ou prolongamentos resinosos.

A lama dentinária constitui um forrador cavitário que reduz a permeabilidade dentinária, porém a mesma pode interferir com a adesão de alguns materiais odontológicos com a dentina dependendo de sua espessura (Pashley, 1984).

2.3 Adesão à dentina

O mecanismo de união dos sistemas adesivos depende principalmente da interação micromecânica denominada camada híbrida. A aplicação do ácido fosfórico, ou de monômeros ácidos tornou-se indispensável para o tratamento da superfície dentinária.

Adotado hoje por grande parte dos sistemas adesivos disponíveis no mercado, o condicionamento ácido da dentina, não foi prontamente aceito, por acreditar-se na época, que se tratava de um ato agressivo à saúde pulpar (Bertolotti, 1992; Burke, 1987). Porém, com o passar dos anos esta técnica tornou-se uma realidade e fez com que novas pesquisas fossem realizadas para que houvesse uma melhora dos sistemas adesivos.

A técnica com condicionamento ácido prévio remove completamente a smear layer e desmineraliza a subsuperfície intacta de dentina através do condicionamento com ácido fosfórico e posterior remoção do ácido com água. Aplica-se um primer e uma resina fluida adesiva separadamente ou em um passo único representado pelos

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adesivos simplificados (Yoshiyama et al., 1998; Agostini et al., 2001; Tay & Pashley, 2001; Perdigão & Geraldeli, 2003).

Um propósito do condicionamento ácido é a remoção do esfregaço dentinário, que é feito pelo ácido em poucos segundos. Estes agentes condicionadores não removem somente o smear layer, mas causam também desmineralização da dentina subjacente, que expõe a rede de fibrilas colágenas e facilita a penetração do adesivo. Porém, uma questão deve ser analisada, que seria o quanto o ácido deve desmineralizar a dentina, pois uma desmineralização mais profunda do que o adesivo consegue penetrar pode levar à queda na resistência de união ao longo do tempo. Um tempo maior do que 15 segundos com concentrações de 30% a 50% pode reduzir a dureza da superfície dentinária em 15%, causando uma desmineralização mais profunda do que 10µm (Erickson, 1992), que pode ser considerado demasiada para uma impregnação efetiva do adesivo. Após esse processo, a dentina apresenta-se sem a maior parte da porção mineral, expondo a rede de fibrilas colágenas cobertas por proteínas não colágenas, proteoglicanas, que são altamente hidratadas (Nakabayashi & Pashley, 1998). Para viabilizar a penetração do adesivo neste substrato, é necessário um material hidrófilo que entre em contato com essas fibrilas.

Após a desmineralização da dentina é recomendada que a mesma esteja úmida para que não ocorra um colabamento da rede de fibrilas colágenas, dificultando assim, a infiltração dos monômeros resinosos (Kanca, 1992). Porém, esta técnica deve ser criteriosamente analisada no que se diz respeito à umidade, pois a dentina não pode estar em um ambiente excessivamente úmido, que pode levar ao Overwet phenomenon (Kanca, 1992; Tay et al., 1996). Existe uma grande dificuldade nesta técnica principalmente no estabelecimento da quantidade de umidade residual ideal para aplicação do adesivo.

A incorporação de solventes nos adesivos foi um passo primordial para melhorar a difusão dos monômeros entre as fibrilas colágenas remanescentes. Além da capacidade de molhamento do adesivo, outro aspecto importante na formação do processo adesivo é a permeabilidade da dentina, que pode facilitar a difusão dos monômeros no substrato (Pashley & Carvalho, 1997). O movimento e a penetração dos monômeros do adesivo para dentro dos túbulos dentinários e da matriz dentinária intertubular desmineralizada são definidos como permeabilidade

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dentinária (Hansen et al., 1992; Hanks et al., 1994). Quanto maior a permeabilidade do substrato, melhor será a infiltração do adesivo para formação dos tags de resina no interior dos túbulos e da camada híbrida na dentina intertubular (Pashley & Carvalho, 1997). A penetração de monômeros resinosos nos túbulos dentinários resulta na formação dos tags que irão selar a embocadura dos túbulos dentinários. Entretanto, na dentina intertubular a infiltração dos monômeros ocorre mediante a substituição da água residual presente entre as fibrilas de colágeno expostas pelo condicionamento ácido, na tentativa de permear a maior área possível de dentina desmineralizada com os monômeros resinosos (Pashley & Carvalho, 1997).

A outra técnica utilizada emprega adesivos autocondicionantes, que abrange a aplicação direta do sistema adesivo sobre a smear layer dentinária ou esmalte. Esses adesivos não utilizam o condicionamento ácido separado e não necessitam de lavagem para remoção do ácido fosfórico. O adesivo promove a incorporação da smear layer à camada híbrida. Os adesivos de passo único são uma mistura complexa de componentes químicos que tem as funções de condicionamento ácido, primer e resina adesiva (Tay & Pashley, 2001; Perdigão & Geraldeli, 2003). Atualmente os sistemas autocondicionantes condicionam e preparam esmalte e dentina simultaneamente (Van Meerbeek et al., 2001).

Nos sistemas autocondicionantes de 2 passos o primer possui características ácidas (hidrófilo), que condiciona e infiltra entre a matriz de fibrilas colágenas, seguida da aplicação de um jato de ar para volatilização dos solventes e água residual e em seguida a aplicação de um adesivo hidrófobo, permitindo um aumento do grau de conversão da resina adesiva e diminuição da característica hidrófila do agente de união (Garcia et al., 2007). A capacidade dos sistemas adesivos autocondicionantes de passo único em selar as interfaces dentinárias tem sido questionada, pois funcionam como membranas permeáveis, permitindo a movimentação de água entre a interface e a dentina subjacente (Tay et al., 2002b; Chersoni et al., 2004). Nos sistemas autocondicionantes de passo único, ao se aumentar a acidez da solução do adesivo, o conteúdo dos monômeros ácidos e de água são aumentados, resultando em maior hidrofilia, conduzindo a maior taxa de sorção de água e menor estabilidade hidrolítica (Tay & Pashley 2001; Tay et al., 2002a; Tay et al.,2003; Reis et al., 2007b).

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A camada híbrida criada por estes sistemas em dentina normal é delgada, porém contínua e uniforme (Pashley & Carvalho, 1997; Nakajima et al., 1995; Yoshiama et al., 1998; Nakajima et al., 2000). Com relação à união com a dentina, é aceito que os sistemas adesivos autocondicionantes de dois frascos estão nos mesmos patamares dos adesivos convencionais que utilizam o condicionamento ácido total com ácido fosfórico, tanto com relação à efetividade de união (Van Meerbeek et al., 2003), como em relação a durabilidade (Reis et al., 2007a).

2.4 Selamento dentinário

A técnica do selamento dentinário imediata foi descrita por Paul e Schärer em 1997 e indicava a aplicação do sistema adesivo logo após o preparo cavitário para restauração indireta e antes da moldagem (Dual Bonding Technique) (Andrade et. al., 2008). Os autores, usando testes laboratoriais conseguiram um aumento na resistência de união, com a ausência de contaminação da estrutura dentinária (Paul & Schärer, 1997).

Nesta técnica, a dentina é hibridizada com um adesivo autocondicionante de dois passos ou um adesivo convencional de 3 passos imediatamente após o preparo (Jayasooriya et al., 2003; Magne et al., 2007). Os adesivos autocondicionantes de dois passos possuem um monômero ácido em sua composição que desmineraliza parcialmente a parte inorgânica da dentina, mantendo na entrada dos túbulos dentinários os smear-plugs. Os smear-plugs obliteram parcialmente a entrada dos túbulos dentinários minimizando a movimentação de fluídos e também reduzem a possibilidade de sensibilidade pós-operatória. Após a aplicação do primer um monômero hidrófobo é aplicado e polimerizado, formando uma camada híbrida homogênea e mais delgada quando comparada ao sistema adesivo convencional. O primeiro adesivo utilizado por Paul e Schärer (1997) foi o Clearfil Liner Bond 2V (Kuraray), no mercado desde 1993, no entanto em 1997 já havia disponível no mercado o adesivo Clearfil SE Bond (Kuraray), uma versão simplificada baseada no mesmo monômero. Atualmente este adesivo é considerado padrão, servindo como referência em testes clínicos e laboratoriais (De Munck, et al., 2005).

A técnica que utiliza os sistemas adesivos convencionais, ou seja, com condicionamento ácido prévio que exigem pré-tratamento com ácido fosfórico,

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necessita de cuidados no momento da aplicação da técnica, como tempo de condicionamento de 15 segundos máximo e remoção do mesmo com abundante quantidade de água. Na seqüência clínica um ponto considerado crítico é o momento da remoção do excesso de água, pois a dentina após o condicionamento deve manter-se úmida para manutenção da rede de colágeno, que agora não tem mais o suporte da parte mineralizada. A indicação neste momento é a utilização de uma bolinha de algodão ou papel absorvente, que por capilaridade remove o excesso de água, visualizando uma dentina úmida para receber o adesivo dentinário. Alguns exemplos de adesivos de três passos são o Scothbond MP (3M Espe) e Optibond FL (Kerr).

Acredita-se que a técnica do selamento dentinário imediato produza melhores valores de resistência união, além de reduzir a sensibilidade dentinária durante a fase de provisórios (Magne et al., 2005a; Magne et al., 2005b).

2.5 Cimento Autoadesivo

Na mesma tendência de evolução dos materiais odontológicos surgiram os cimentos baseados em compósitos, idealizados como uma tendência mais atual aos cimentos convencionais e com melhor desempenho clínico. Para que ocorra o sucesso clínico de uma restauração indireta, a técnica de cimentação selecionada é de extrema importância pois tem a função de ligação entre o dente e a peça protética. Um cimento odontológico ideal deveria apresentar resistência adequada à dissolução no meio bucal, ter propriedades mecânicas para resistir às forças transmitidas ao cimento através da restauração, resistência à tensão e compressão e aderir à restauração e à estrutura dentária tanto mecânica quanto quimicamente, ser biocompatível, possuir altos valores de dureza e módulo de elasticidade assim como apresentar boas propriedades de manipulação (Pegoraro et al., 2007; Rosenstiel et al., 1998). Os cimentos à base de água, como por exemplo o cimento de fosfato de zinco, foram os primeiros materiais utilizados para cimentação de restaurações indiretas em odontologia. Apresenta excelente desempenho clínico e boas propriedades físicas, entretanto sua alta solubilidade e ausência de adesão são considerados características desfavoráveis (Diaz-Arnold et al., 1999). Os primeiros cimentos com propriedades adesivas foram o cimento de policarboxilato de zinco e

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posteriormente os cimentos de ionômero de vidro convencionais que por meio de quelação entre os grupos carboxílicos com os íons de cálcio e fosfato aderiam à estrutura dental (Diaz-Arnold et al., 1999). Posteriormente, os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina foram desenvolvidos, com melhorias em relação ao cimento convencional como melhor estética e melhores propriedades mecânicas. Com tudo, estes cimentos mantém a reação ácido-base característica dos ionômeros, somado aos monômeros resinosos como HEMA e o Bis-GMA, de forma que estes cimentos têm um caráter bi-funcional com relação às moléculas do cimento. Uma parte se polimeriza com os monômeros resinosos, enquanto a outra se une quimicamente às partículas de carga e ao substrato dental (Reis & Loguercio, 2007; Anusavice, 2003).

Os cimentos resinosos são amplamente usados para fixação de peças protéticas e são associados aos sistemas adesivos para aplicação nos tecidos dentais. Na cimentação adesiva convencional de restaurações indiretas, os procedimentos envolvem múltiplos passos e etapas para o tratamento da superfície das peças protéticas assim como da superfície dentária (Escribano & Macorra, 2006). A técnica de aplicação do material é considerada crítica, sujeita a fatores relativos ao material e ao operador (Frankenberger et al., 2000), que podem levar a ocorrência de sensibilidade pós-operatória e ao insucesso do tratamento restaurador (Mak et al., 2002).

O primeiro cimento autoadesivo introduzido no mercado foi o RelyX UNICEM (3M ESPE), com rápida aprovação pelos clínicos, devido a sua fácil aplicação ao dente. Segundo o fabricante, este cimento é baseado em um novo monômero, carga e tecnologia de polimerização, na qual a matriz orgânica consiste de um novo monômero multifuncional (éster do ácido fosfórico metacrilato). Este monômero pode reagir com as partículas de carga do cimento resinoso e a hidroxiapatita da dentina e esmalte (Hikita et al., 2007). Acompanhando esta tendência, diversos fabricantes lançaram seus cimentos autoadesivos.

Vários estudos mostram resultados de cimentos autoadesivos sobre o esmalte, com valores relativamente baixos de resistência de união, significativamente menores quando comparados aos cimentos resinosos convencionais (Radovic et al., 2008). Contudo, quando comparado aos cimentos ionôméricos, mostrou-se melhor sendo uma boa alternativa para a cimentação de

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cerâmicas de alta resistência ou mesmo peças metálicas (Abo-Hamar et al., 2005; Radovic et al., 2008). No entanto, com sua baixa capacidade de condicionar o esmalte (Duarte et al., 2008) estando contra indicado para restaurações indiretas do tipo laminados, ou inlay/onlay com grande quantidade de esmalte remanescente no preparo (Abo-Hamar et al., 2005). A procura por um agente de união que promova uma união duradoura ao substrato dentinário e que seja de fácil aplicação tem sido um desafio, e alternativas têm sido buscadas para se aumentar a longevidade da união (Carrilho et al., 2007; Hebling et al., 2005).

2.6 Degradação da União

A formação de uma camada híbrida contínua, uniforme e com alto grau de conversão monomérica garantirá a adesão e o selamento dentinário. Para que se consiga uma união confiável ao substrato dentinário com sistemas adesivos, é necessário que a fase mineral seja total ou parcialmente removida e substituída pela solução do adesivo, com o preenchimento dos espaços interfibrilares. Apesar dos avanços alcançados pelos polímeros adesivos, trabalhos apontam para uma possível degradação da união de materiais resinosos aos tecidos dentais ao longo do tempo na presença de água (De Munck et al, 2003; Giannini et al., 2003; Hashimoto et al., 2000; Reis et al., 2004a; 2007b; 2007c; 2008; Sano et al.,1999). Seu mecanismo não está completamente elucidado e tem sido atribuída à degradação hidrolítica da resina adesiva e das fibrilas colágenas (Sano et al., 1999; Hashimoto et al., 2000; Giannini et al., 2003).

Através do ensaio de nanoinfiltração é possível observar o fenômeno de degradação que foi descrito inicialmente por Sano et al., em 1995 que seria a ocorrência de espaços nanométricos entre 20-100 nm dentro da camada híbrida, mesmo na ausência de uma fenda na interface de união (Sano et al., 1994; Sano et al., 1995). Eles examinaram em Microscopia Eletrônica de Varredura a penetração de nitrato de prata na camada híbrida formada em dentina por adesivos convencionais. Onde ocorre deposição de grãos de prata na interface de união, sugere-se que a hibridização pode não ter sido tão eficiente, deixando espaços que não foram completamente preenchidos pela resina adesiva, criando porosidades.

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Quando ocorre um baixo grau de conversão dos adesivos e estes são imersos em água, também podem sofrer degradação acelerada.

A desidratação da dentina desmineralizada, pode ocasionar o colabamento das fibrilas colágenas provocando uma inadequada infiltração dos monômeros dentro dessa matriz, pois uma infiltração incompleta pode ocorrer se a dentina se apresentar demasiadamente seca (overdrying phenomenon). A separação de fases dos componentes do sistema adesivo pode ocorrer na presença de umidade excessiva (overwet phenomenon) (Kanca, 1992; Tay et al., 1996), podendo também ser observada nos estudos de nanoinfiltração.

Além da degradação evidenciada pela deposição de prata na camada híbrida, a degradação também pode ocorrer na camada do adesivo (Tay et al., 2002b). Este fenômeno foi denominado de water-trees (árvores de água). Solventes orgânicos como o etanol e a acetona são fundamentais para a remoção da água existente na região de dentina desmineralizada para posterior substituição pelo sistema adesivo. Porém, a incompleta evaporação da água e dos solventes pode ocorrer. A presença de água e solventes residuais podem interferir na polimerização dos adesivos, diminuindo a qualidade da união e permitindo a ocorrência de porosidades nanométricas na camada hibrída (Pashley et al., 1998).

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3. OBJETIVOS

Os objetivos do presente estudo foram avaliar o efeito do selamento dentinário imediato realizado com diferentes tipos de sistemas adesivos na resistência de união de um cimento resinoso autoadesivo, avaliar se o armazenamento em água por 3 meses afeta a resistência de união da restauração indireta à dentina.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do selamento dentinário imediato foram utilizados 4 sistemas adesivos os quais apresentam-se com a composição, número do lote e fabricantes do materiais utilizados listados na tabela 1. Dois adesivos que utilizam a técnica do condicionamento ácido prévio, sendo um de 3 passos, OptiBond FL (Kerr) e um de 2 passos, XP Bond (Dentsply De Trey); e 2 adesivos autocondicionantes, sendo um de 2 passos, Clearfil SE Bond (Kuraray), e um de passo único, Xeno V (Dentsply De Trey) (figura 1). Para a confecção das restaurações indiretas foi utilizada a resina composta Z250 (3M ESPE) (figura 2). O agente de cimentação utilizado foi o cimento resinoso autoadesivo RelyX U100 (3M ESPE) (figura 3). No grupo controle não foi realizado o selamento dentinário imediato.

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Tabela 1. Composição do cimento resinoso, sistemas adesivos e resina composta utilizados no presente estudo. Materiais, fabricantes, número de lote e composição.

Tipo de Material Material, Fabricante (lote) Composição Cimento resinoso auto-adesivo RelyX U100 3M ESPE (366321) St. Paul, Minn

Base: partícula de vidro, ácido fosfórico metacrilato ésters,

dimetacrilato, sílica, sódio

Catalisador: partícula de vidro, dimetacrilato, sílica, sulfeto de sódio, hidróxido de cálcio Adesivo auto-condicionante de 1 passo Xeno V Dentsply De Trey (0906000336)

Resina acrílica bifuncional com funções amida, ácido acriloamino alquilsulfonico, éster do ácido fosfórico funcionalizado inverso, ácido acrílico, canforoquinona, coiniciador Butilado

benzenediol, água, T-butanol Adesivo auto-condicionante de 2 passos Clearfil SE Bond Kuraray Medical (primer, 01065A; bond, 01585A)Tokyo,

Japan

Primer : 10-MDP, 2-HEMA, dimetacrilato hidrófilo, canforoquinona, N,N-dietanol, água

Bond: 10-MDP, Bis-GMA, 2-(HEMA), dimetacrilato hidrófobo, canforoquinona,

N,N-dietanol, sílica coloidal Adesivo etch-and-rinse de 2 passos XP Bond Dentsply De Trey (1011000654) Ácido fosfórico 36%

Adesivo: PENTA,TCB,UDMA, TGDMA HEMA, Nanopartículas, canforoquinona,

Estabilizadores, T-butanol Adesivo etch-and-rinse de 3 passos Optibond FL Kerr Corp (primer: 3462545; bond: 3586282) Ácido fosfórico 37,5% Primer: 2-HEMA, GPDM, MMEP

Álcool, Água Iniciadores

Bonding: BIS-GMA, 2-HEMA Resina Composta Filtek Z250

3M ESPE (N2580) St. Paul, Minn

UDMA, Bis-EMA, Bis-GMA Partículas de Zircônia e Sílica (0,6µm)

10-MDP: 10-methacryloxydecyl dihydrogen phosphate; HEMA: 2-hydroxyethyl methacrylate; Bis-GMA: bisphenol A diglycidyl ether methacrylate; UDMA: urethane dimethacrylate; TEGDMA: triethylene glycol dimethacrylate; BisEMA, Bisphenol-A etoxilated dimethacrilate; GPDM: glycerophosphate dimethacrylate; TCB: TetraCarboxylic acid, di-methacrylate Butan ester

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Figura 1 – Sistemas adesivos selecionados para o selamento dentinário imediato. A. OptiBond FL (Kerr); B. XP Bond (Dentsply De Trey); C. Clearfil SE Bond (Kuraray Medical) ; D. Xeno V (Dentsply De Trey).

Figura 2 – Resina composta Z250 (3M ESPE) selecionada para confecção das restaurações indiretas.

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Figura 3 – Cimento resinoso autoadesivo RelyX U100 (3M ESPE) 4.1 Determinação da resistência de união

Após aprovação do presente projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Guarulhos (94/2008), foram coletados 60 terceiros molares recém-extraídos e armazenados sob refrigeração em uma solução de Timol 0,2%. Os dentes, foram aleatoriamente divididos em 5 grupos de acordo com a técnica para o selamento dentinário imediato, e foram posteriormente divididos em dois subgrupos, de acordo com o tempo de armazenamento: 7 dias ou 3 meses (n=12).

Foi realizada a secção das raízes 1 mm abaixo da junção amelo-dentinária usando uma cortadeira metalográfica (ISOMET 1000, Buehler, Lake Bluff, IL). O esmalte oclusal foi desgastado com lixa de carbeto de silício de granulação 320, sob irrigação contínua, até a obtenção de uma superfície plana de dentina. As superfícies de dentina foram abrasionadas com lixa de carbeto de silício de granulação 600 por 20 s para a criação de uma smear layer padronizada.

Após o desgaste, os adesivos foram aplicados para a realização do selamento dentinário imediato (SDI) de acordo com as instruções dos fabricantes, seguido da fotoativação (RadiiCal PLUS, SDI, Victoria, Austrália) inicial por 10 segundos (1500mW/cm2). Uma camada de gel hidrossolúvel (KY gel, Johnson&Johnson do Brasil Ltda, São José dos Campos, SP, Brasil) foi aplicada sobre o adesivo e fotoativada por 10 segundos, para remover a camada inibida pelo

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oxigênio. O gel foi removido após uma lavagem, e os dentes foram armazenados em água a 37°C por 7 dias previamente aos procedimentos de cimentação.

Após 7 dias, coroas de resina composta pré-polimerizadas (Z250, 3M ESPE) foram confeccionas medindo 5 mm de altura. Todas foram submetidas ao jateamento com partículas de óxido de alumínio com tamanho de 50 µm (Asfer Indústria Química Ltda, São Caetano do Sul, Brasil), contidas em um aparelho Microjato Bio-Art (Modelo Plus, Bio-Art). Após o jateamento, cada “coroa” foi lavada com álcool e em seguida, foi aplicado um silano pré-ativado (Ceramic Primer, 3M ESPE) sobre cada superfície de resina composta. Após a aplicação do silano, o procedimento de cimentação foi realizado de acordo com a instrução do fabricante. Foi utilizado o cimento autoadesivo U100 (3M ESPE). A fotoativação foi realizada por 40 segundos com RadiiCal PLUS em cada face (vestibular, oclusal e ligual).

Os dentes cimentados foram armazenados em água a 37°C por 7 dias. Após este período, os dentes foram fixados por sua extremidade radicular em uma placa de acrílico e acoplados a uma cortadeira metalográfica de precisão (ISOMET 1000, Buehler, Lake Bluff, IL), para a realização de secções no sentido vestíbulo-lingual de aproximadamente 1,2 mm de espessura em planos transversais ao plano da interface dentina/resina composta (figura 3 e 4). Um último corte foi realizado em um plano transversal ao eixo longitudinal do dente e paralelo à interface adesiva, na região radicular. A metade dos espécimes obtidos que eram compostos por uma extremidade de resina composta e outra de dentina, com uma área de secção transversal de aproximadamente 1,0 mm² foram submetidos ao ensaio de microtração em uma máquina de ensaio universal (EZ Test, Shimadzu Corp, Kyoto, Japan) a uma velocidade de 1 mm/min até a fratura (figura 5). A outra metade foi armazenada em água a 37°C por 3 meses, previamente ao ensaio de microtração. Os dados foram tabulados e convertidos em MPa de acordo com a área de secção transversal de cada espécime, que foi medida após o ensaio, com o auxílio de um paquímetro digital.

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Figura 4 – A. Materiais utilizados para fixação do dente na placa de acrílico para secção

das raízes B. Cortadeira metalográfica (ISOMET 1000, Buehler, Lake Bluff, IL). C. Disco diamantado (Isomet 1000; Buehler Ltda, Lake Bluff, Ill).

Figura 5 – A. “Coroa” cimentada de acordo com as instruções de cada fabricante; B. Secções no sentido vestíbulo-lingual em planos transversais à interface dentina/resina composta; C. Palitos compostos por uma extremidade de resina composta indireta cimentada à dentina, com uma área de secção transversal de aproximadamente 1 mm2.

Figura 6 – Palitos fixados em um dispositivo com auxílio de uma cola de cianocrilato para o

ensaio de microtração em uma máquina de ensaio universal (EZ Test; Shimadzu Corp, Kyoto, Japan) foram tracionados a uma velocidade de 1 mm/min até a fratura.

Todos os palitos foram observados em um microscópio óptico por um mesmo avaliador (Meiji EMT, Meiji Techno Co. Ltd, Tokyo, Japão) com uma câmera

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acoplada (ScopePhoto) para a determinação do padrão de fratura. Também foram selecionados palitos fraturados mais próximos à média do dente como amostra representativa para avaliação do padrão de fratura. A área composta por dentina e a área composta por resina das amostras fraturadas foram fixadas em stubs, cobertos com uma fina camada de ouro (MED 010; BAL-TEC AG, Balzers, Liechtenstein) e observados em um Microscópio Eletrônico de Varredura (LEO 435 VP, LEO Electron Microscopy Ltd., Cambridge, United Kingdom) para a caracterização do padrão de fratura. O modo de falha das amostras foi classificado de acordo com cinco tipos: falha coesiva em dentina (CD), adesiva entre o cimento e a dentina (selada ou não) (AD), mista (MI), adesiva entre a restauração indireta e o cimento resinoso (ADR), coesiva na resina composta (CR).

4.2. Microscopia Eletrônica de Varredura

Duas fatias de cada dente foram incluídas em resina epóxica (Epoxycure, Buehler Ltd, Lake Bluff, IL, USA), e polidas com lixas de SiC #600, 1000, e 2000, e em feltro impregnado com pasta de diamante (Arotec, Cotia, SP, Brazil) de granulação 6, 3, 1 e ¼ µm. Em seguida, os espécimes foram fixados em solução de Karnovsky, pós-fixados em uma solução de Tetróxido de Ósmio a 1% e desidratados em concentrações ascendentes de etanol. Após a desidratação os espécimes foram fixados em stubs e cobertos com uma fina camada de ouro (MED 010, Balzers Union, Balzers, Liechtenstein). Foram observados através de um Microscópio Eletrônico de Varredura utilizando-se o detector de elétrons secundários (LEO 435 VP, LEO Electron Microscopy Ltd., Cambridge, United Kingdom).

4.3. Análise estatística

Os dados de RU (MPa) foram analisados estatisticamente pela ANOVA a dois critérios (5x2) considerando os fatores “selamento dentinário” em 5 níveis e “tempo” em 2 níveis. O teste de Tukey foi utilizado para comparação das médias. Todas as análises foram realizadas considerando-se um nível de significância de 5%.

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5. RESULTADOS

Os resultados da Análise de Variância a 2 critérios estão apresentados na Tabela 2. Foram detectadas diferenças significativas para o fator “tempo” (p=0,00024) e para o fator “selamento dentinário” (p=0,02380). A interação entre os fatores também foi significativa (p=0,03771).

Tabela 2. Resultados da Análise de Variância a dois critérios.

As médias, desvio padrão e resultados do Teste de Tukey estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Valores médios de Resistência de União (Desvio padrão) apresentados pelos diferentes materiais utilizados para o selamento dentinário imediato após 7 dias e 3 meses de armazenamento em água.

7 dias 3 meses

Xeno V 48,0 (14,1) Aa 18,6 (9,8) Ab Clearfil SE Bond 33,0 (8,4) ABa 25,4 (3,9) Aa XP Bond 30,8 (14,0) ABa 21,9 (2,5) Aa OptiBond FL 45,1 (6,0) Aa 28,3 (9,2) Ab U100 (controle) 22,8 (7,7) Ba 23,3 (17,3) Aa

Letras distintas (maiúsculas – colunas, minúsculas – linhas) diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

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Conforme observado na tabela 3, após 7 dias de armazenamento, os valores de resistência de união dos diferentes sistemas adesivos utilizados para o selamento dentinário imediato não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre si. No entanto, os adesivos de passo único Xeno V e o adesivo de 3 passos Optibond FL apresentaram valores de RU significativamente maiores do que os apresentados pelo grupo controle. Os adesivos Clearfil SE Bond e XP Bond apresentaram valores intermediários e não diferiram significativamente do grupo controle.

Após 3 meses de armazenamento em água, não foram observadas diferenças significativas para todos os grupos. No entanto, quando comparados com os valores iniciais, observou-se uma redução significativa nos valores de resistência de união para os grupos selados com os adesivos Xeno V e Optibond FL.

Os resultados da análise do padrão de fratura estão apresentados na Figura 7. A análise do padrão de fratura demonstrou que a maior parte das falhas foi adesiva, entre o cimento resinoso e a dentina, selada ou não. Após 3 meses de armazenamento em água, houve um ligeiro aumento na quantidade de falhas adesivas para os grupos selados com os adesivos Xeno V, XP Bond e Optibond FL. As figuras de 9 a 12 ilustram imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) do padrão de fratura mais representativo de cada grupo.

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Figura 7. Gráfico representativo da distribuição dos tipos de fratura (%) entre os grupos.

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Figura 8. Imagens representativas em MEV do padrão de fratura observado para o grupo controle (U100) sem a realização do selamento dentináro imediato. A e B – 7 dias, C e D – 3 meses. As Figuras A (dentina) e B (resina) mostram uma fratura do tipo adesiva de uma mesma amostra. As Figuras C (dentina) e D (resina) mostra uma fratura do tipo Mista.

A

B

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Figura 9. Imagens representativas em MEV do padrão de fratura observado para os grupos em que o selamento dentináro imediato foi realizado com o adesivo autocondicionante de passo único Xeno V. A e B – 7 dias, C e D – 3 meses. As Figuras A (dentina) e B (resina) mostram uma fratura do tipo adesiva de uma mesma amostra. As Figuras C (dentina) e D (resina) mostra uma fratura do tipo Mista.

Figura 10. Imagens representativas em MEV do padrão de fratura observado para os grupos em que o selamento dentináro imediato foi realizado com o adesivo autocondicionante de dois passos Clearfil SE Bond após 3 meses de armazenamento em água. As Figuras A (dentina) e B (resina) ilustram uma falha do tipo adesiva entre o cimento resinoso e a resina composta indireta.

A

B

C

D

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Figura 11. Imagens representativas em MEV do padrão de fratura observado para os grupos em que o selamento dentináro imediato foi realizado com o adesivo de condicionamento ácido prévio de dois passos XP Bond. A e B – 7 dias, C e D – 3 meses. As Figuras A (dentina) e B (resina) mostram uma fratura do tipo coesiva na resina composta. As Figuras C (dentina) e D (resina) mostram uma fratura do tipo adesiva.

A

B

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Figura 12. Imagens representativas em MEV do padrão de fratura observado para os grupos em que o selamento dentináro imediato foi realizado com o adesivo de condicionamento ácido prévio de três passos OptiBond FL. A e B – 7 dias, C e D – 3 meses. As Figuras A (dentina) e B (resina) mostram uma fratura do tipo adesiva. As Figuras C (dentina) mostra uma fratura do tipo adesiva entre a resina composta e o cimento resinoso.

A

B

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Figura 13. Imagem de microscopia eletrônica de varredura ilustrativa de uma interface onde o selamento dentinário imediato foi realizado com sistema adesivo OptiBond FL. D – dentina, SDI – selamento dentinário imediato, CR – cimento resinoso, RC – resina composta indireta.

RC

CR

SDI

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6. DISCUSSÃO

A técnica do selamento dentinário imediato foi proposta para melhorar a qualidade de união nas restaurações indiretas (Paul & Scharer, 1997; Magne et al., 2005a; Magne et al., 2007). A recomendação é que a dentina seja hibridizada com um adesivo autocondicionante de 2 passos ou um adesivo que utiliza o ácido fosfórico de 3 passos após o preparo, produzindo melhores valores de resistência de união, além de reduzir a sensibilidade dentinária durante a fase de provisórios (Magne et al., 2005b; Magne et al., 2007). A utilização de uma camada de adesivo hidrófoba presente nos adesivos autocondicionantes de 2 passos e convencionais de 3 passos pode contribuir para a redução da permeabilidade e estabilidade da interface (Reis et al., 2007c). No presente estudo, foi testada a hipótese que adesivos simplificados poderiam ser utilizados para a realização do selamento dentinário imediato sem prejuízo para a resistência de união. Esta hipótese foi validada, pois nos dois períodos de avaliação, não houve diferenças significativas entre os grupos nos quais foi realizada a técnica do selamento dentinário imediato.

Após 7 dias de armazenamento em água, a realização do selamento dentinário imediato com todos os adesivos testados produziram maiores valores de resistência de união que o grupo controle, apesar dos adesivos XP Bond e Clearfil SE Bond não terem apresentado diferença significativa. Este fato se deve provavelmente à melhor capacidade de desmineralização e formação de camada híbrida do que o cimento autoadesivo utilizado (Kasaz et al., 2012). A camada híbrida formada pelos sistemas adesivos autocondicionantes utilizados neste estudo é de aproximadamente 0,5 µm e dos adesivos que utilizam o ácido fosfórico, de aproximadamente 5 µm (Tay et al., 2004; Reis et al., 2004a; Reis et al., 2007c; Viotti et al., 2009; Kasaz et al., 2012). Um estudo recente demonstrou que a profundidade de desmineralização produzida pelo cimento auto-adesivo U100 é de aproximadamente 200 nm (Kasaz et al., 2012). Viotti et al., (2009) demonstraram que a resistência de união inicial é maior para os cimentos resinosos que são associados a algum tipo de sistema adesivo.

No entanto, a segunda hipótese testada foi parcialmente rejeitada, pois nem todos os materiais utilizados para o selamento dentinário imediato foram capazes de

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retardar os efeitos da degradação das interfaces produzidos pelo armazenamento em água por 3 meses. Os grupos nos quais a dentina foi selada com o adesivo autocondicionante de passo único Xeno V e com o adesivo de 3 passos Optibond FL apresentaram uma redução significativa nos valores de resistência de união. Além disto, após 3 meses de armazenamento em água, não houve diferença significativa entre os grupos com selamento dentinário e o grupo controle.

Apesar dos avanços alcançados pelos adesivos dentinários, trabalhos demonstraram uma degradação da união da resina composta aos tecidos dentais ao longo do tempo na presença de água (Sano et al., 1999; Reis et al., 2007a; Hashimoto et al., 2010). A redução da resistência de união de sistemas adesivos à dentina é atribuída à degradação das fibrilas colágenas e/ou da resina adesiva (Tay et al., 2003). A degradação hidrolítica dos polímeros sintéticos é definida como o processo de cisão da corrente polimérica, durante o qual esta é quebrada em segmentos menores (oligômeros), e em circunstâncias especiais, até em monômeros novamente. (Gopferich, 1996; Ortengren et al., 2000). As interfaces produzidas pelos adesivos autocondicionantes de passo único são consideradas as mais susceptíveis à degradação quando armazenadas em água, devido à maior hidrofilia da interface (Reis et al., 2007a; Ito et al., 2010).

No presente estudo, os espécimes foram seccionados em palitos com uma área de secção transversal de aproximadamente 1 mm2, e armazenados em água por um período de 3 meses. Apesar deste tempo de armazenamento ser relativamente curto, o armazenamento dos palitos acelera a degradação das interfaces, como demonstrado por Hashimoto et al (2002). Interessantemente, os valores de resistência de união do grupo controle, onde o cimento resinoso autoadesivo foi aplicado sem a realização do selamento dentinário imediato, não apresentaram redução após o armazenamento em água. Em um estudo recente, Kasaz et al. (2012), observaram que não houve redução nos valores de resistência de união para este material mesmo após 1 ano de armazenamento em água. Acredita-se que a mudança na natureza do cimento U100 de hidrófilo para hidrófobo melhora a estabilidade do interface (Kasaz et al., 2012). Após 3 meses de armazenamento em água, as interfaces seladas com o adesivo autocondicionante de 2 passos Clearfil SE Bond, e com o adesivo convencional de 2 passos XP Bond

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não apresentaram redução no valores de resistência de união, demonstrando estabilidade no período avaliado.

A união efetiva do cimento resinoso com o adesivo do selamento dentinário imediato, ocorre provavelmente devido à presença de grupamentos metacrilatos não reagidos que ainda podem estar presentes na camada do adesivo, permitindo assim a co-polimerização do cimento resinoso recém aplicado com o adesivo que já havia sido aplicado previamente durante o selamento. Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão de um estudo recente mostram um perfeito contato entre o cimento resinoso e o adesivo do selamento dentinário imediato (Santana et al., 2011). As imagens do padrão de fratura demonstram que a fratura normalmente ocorreu entre o cimento resinoso e o selamento, o que sugere que mesmo no caso do rompimento da união, a dentina ainda permaneceria selada. Magne et al. (2007) relatam que a união do cimento resinoso à dentina selada pode ocorrer devido à presença de radicais livres residuais (Suh, 2004; Papacchini et al., 2007), interações do tipo van der Waals (forças intermoleculares), e retenções micromecânicas.

Baseado nos resultados do presente estudo pode-se concluir que a técnica do selamento dentinário imediato, apesar de ser bastante importante principalmente na fase de provisórios, não foi capaz de impedir a diminuição dos valores de resistência de união para alguns materiais após 3 meses de armazenamento em água. O grupo controle não diferiu dos demais grupos após 3 meses de armazenamento em água. Os adesivos simplificados utilizados no SDI apresentaram valores de resistência de união similares aos adesivos convencionais nos dois períodos avaliados.

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7. CONCLUSÃO

Baseado nos resultados do presente estudo pode-se concluir que:

- Os valores de resistência de união produzidos pelos diferentes materiais utilizados para a técnica do selamento dentinário imediato não foram diferentes entre si;

- Após 7 dias de armazenamento em água, o grupo controle apresentou os menores valores de união, porém não diferiu significativamente dos grupos selados com os adesivos XP Bond e Clearfil SE Bond;

- O armazenamento em água por 3 meses produziu uma redução nos valores de resistência de união para as interfaces seladas com os adesivos Xeno V e Optibond FL;

- Após 3 meses de armazenamento em água, os valores de resistência de união dos grupos nos quais foi realizada a técnica do selamento dentinário imediato não foram diferentes daquelas apresentadas pelo grupo controle.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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