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Mídia-educação e Biologia: uma experiência com uso de textos multimodais para estudar temas controversos no Ensino Médio

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Academic year: 2021

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Mídia-educação e Biologia: uma experiência com uso de textos

multimodais para estudar temas controversos no Ensino Médio

Monique Amália Moreira Campos

Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba/MG e-mail: monique.campos@hotmail.com

Pôster

Pesquisa concluída

Introdução

Tratar de questões polêmicas em sala de aula pode ser um desafio para o professor de biologia. A matriz curricular, a grade horária, o número de alunos em sala e o pouco tempo podem parecer empecilhos para trazê-las aos jovens. Uma dessas questões é o uso de anabolizantes, que não está em nenhuma temática dentro das propostas curriculares do ensino médio. Porém, pode ser abordado dentro do tema “Corpo Humano e Saúde” após o tópico Sistema Endócrino. O estudante, não tendo as informações que procura em sala de aula, vai atrás de outros meios para obtê-las. O problema é que o uso dessas drogas nem sempre é tratado de forma científica e confiável em todos os meios de comunicação. O assunto além de gerar muitas controvérsias até entre os próprios pesquisadores, ainda pode confundir o aluno, devido ao bombardeio de informações disponíveis.

O professor que pretende tratar dessas controvérsias, não deve apenas explicar o funcionamento de um anabolizante ou seu efeito no Sistema Endócrino, mas também orientar o aluno a pesquisar fontes confiáveis, a analisar o conteúdo e quem está por trás da mensagem que é passada. Para tanto, a mídia-educação, aliada ao uso de ferramentas web 2.0, permite ao professor trazer essa discussões para sala de aula de forma lúdica, acessível e proveitosa.

O objetivo do estudo foi desenvolver e testar um plano de aula que usasse conteúdos produzidos com o uso de ferramentas web 2.0 para discutir um tema controverso em aulas de Biologia para estudantes do Ensino Médio, integrando

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2 conteúdos da disciplina e habilidades de leitura crítica da mídia, segundo a proposta da mídia-educação.

Metodologia

Fez-se uma pesquisa exploratória de textos midiáticos em diferentes fontes: reportagens em revistas para o público em geral, vídeos no Youtube, postagens em blogs diversos e sites especializados, que abordassem a temática de anabolizantes e trouxessem em pauta questões como conceito, efeitos fisiológicos, indicações e contra-indicações e além de opiniões pessoais dos autores. Foram analisados a autoria, o tipo de texto (se era de cunho informal ou científico), o teor da mensagem que passavam, a precisão e a coerência das informações, a fim de refinar a amostra da pesquisa exploratória. Então planejou-se uma aula que relacionasse o conteúdo desses textos com as informações advindas do campo da fisiologia para discutir o uso de anabolizantes com mais profundidade.

O plano foi testado em duas aulas de 50 minutos para uma turma de 22 alunos. A metodologia consistiu em discutir as fontes de informação com os alunos, identificando pontos de vista para que, depois, todos pudessem formar uma opinião. A seguir, foi aplicado um questionário no qual realizou-se um levantamento de mídias utilizadas para obtenção de informações, e outros dados como idade, sexo e perguntas sobre anabolizantes também foram feitas. Após o fim da aula, os alunos escreveram no verso do questionário suas opiniões sobre o uso de anabolizantes.

Resultados e Discussão

Na sala estavam presentes 22 alunos, sendo 10 do sexo masculino e 12 do feminino. A faixa etária variou entre 16 e 18 anos. Embora o número de garotos e garotas fosse equilibrado, foram as estudantes do sexo feminino que dominaram a conversa: elas faziam mais perguntas e manifestavam opiniões com mais frequência. As respostas indicam que os estudantes compreenderam a proposta de discutir um tema polêmico de maneira esclarecida, pesando prós e contras, para formar uma opinião informada. Entretanto, aqui, deve-se considerar em que medida as respostas foram influenciadas pela presença da professora porque, conforme Buckingham (1994), em situações de aprendizagem formal, os estudantes tendem a responder aquilo que acham que o professor quer que respondam.

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3 Comparando as preferências do gráfico 1, é significativa a diferença de preferência entre mídias eletrônicas e impressas: enquanto 100% dos respondentes afirma usar a internet para se informar, cerca de 15% afirma ler jornais e livros. Há aqui uma disparidade entre as mídias preferidas pelos jovens e aquelas mais usadas pela escola. Essa situação endossa a problematização já apontada por estudos que defendem a diversificação de suportes de leitura na escola (KRESS, 2000). Com efeito, a situação é essa: se a escola não trata criticamente fontes como vídeos do Youtube, os estudantes farão isso por si próprios, sem a orientação do professor.

Gráfico 1 – Mídias utilizadas pelos alunos

A aula tradicional, baseada em um modelo de currículo tradicional, onde há objetivos, finalidades, com um modelo expositivo e que não usa de outras fontes de informação, não está sendo preterida (SILVA, 1999). Porém, quando além da aula tradicional, o professor consegue trazer para o cotidiano do aluno a matéria em forma de algo com o qual ele já tenha contato, ele se interessa mais. Este estudo indica que o uso de ferramentas web 2.0 é uma forma produtiva de integrar o tradicional e o inovador (JENKINS, 2006).

No gráfico 2, podemos observar a preferência dos alunos por portais de notícias como o Terra, UOL e R7. Por terem caráter jornalístico, em geral esses sites noticiam assuntos científicos com ênfase em aspectos curiosos ou aberrações de todo tipo, deixando nuances e conceitos em segundo plano.

Gráfico 2 – Sites mais utilizados pelos alunos 0 3 6 9 12 15 18 21 24

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4 Em síntese, os resultados indicaram que a inserção das ferramentas web 2.0 chamou a atenção dos alunos, permitiu uma visão extraclasse do assunto e promoveu a discussão informada, que era objetivo do trabalho. Porém, houve uma dificuldade em analisar sistematicamente a qualidade das informações, e isto acabou moldando a discussão, levando o foco para os efeitos dos anabolizantes enquanto modeladores de padrão de beleza, e não necessariamente para seu uso terapêutico. Isto deixou clara a importância da capacidade de leitura crítica da mídia, tanto por parte do professor, quanto por parte do aluno. A atividade realizada mostrou como é complexa a relação entre leitura crítica da mídia e tratamento de um assunto controverso, embora o esforço pareça valer a pena, porque se obtém facilmente o engajamento dos alunos e esse é um passo importante para que se tenham aulas de qualidade.

Conforme Readman (2005), apesar dos riscos inerentes ao tratamento de uma controvérsia em sala de aula, enfrentar esses temas tem uma série de vantagens pedagógicas: é um excelente treino de pensamento crítico, já que é preciso usar a lógica e o pensamento indutivo e dedutivo para construir argumentos, criticar discursos massificados e “invocar” a ciência, quando pertinente.

Considerações Finais

Concluiu-se, portanto, que para futuras pesquisas é sugerido que, além da análise mais aprofundada do material a ser levado, o professor também faça uso de fontes de divulgação científica mais relacionadas ao tema. Assim, planeje uma aula em que o aluno possa compreender os pontos de vista explorados e produzir um conteúdo crítico que compare e/ou interaja os materiais apresentados.

0 3 6 9 12 15 18 21 Portais de notícia

Youtube Sites especializados Redes sociais Sites de revistas e…

Blogs pessoais Outros

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5

Palavras-chave: Biologia; Ensino Médio; anabolizantes; mídia-educação; leitura

crítica.

Questionário aplicado aos alunos

Idade: _____ anos Sexo: (__) Feminino (__) Masculino

Atualmente cursa: (__) 1º ano (__) 2º ano (__) 3º ano (__) Outro

1) Selecione os meios de comunicação que você acessa para obter informação: a) (_) Rádio b) (_) Televisão c) (_) Internet d) (_) Revistas e) (_) Jornais f) (_) Outros, quais:

2) Caso tenha assinalado mais de um meio de comunicação, coloque em ordem crescente as letras daqueles que você acessa com mais frequência:

3) Se você tem acesso a internet, selecione os sites que mais utiliza para obter informações:

a)(_) Sites especializados sobre determinados assuntos

b)(_) Blogs pessoais

c)(_) Sites de revistas e jornais

d)(_) Páginas de redes sociais como Facebook e Twitter

e)(_) Canais do Youtube

f)(_) Portais de notícias como Terra, UOL, R7

g)(_) Outros, quais:

4) Você pratica algum esporte (duas ou mais vezes por semana)? (_) Sim (_) Não

5) Se respondeu sim à pergunta anterior, selecione qual ou quais: (_) Caminhada (_) Ginástica (_) Musculação (_) Atletismo (_) Halterofilismo (_) Natação (_) Dança (_) Futebol (_) Basquete (_) Vôlei (_) Handebol (_) Capoeira (_) Artes marciais (_) Outro (s):

6) Você conhece algum esteróide anabolizante? (__) Sim (__) Não

Caso responda sim, qual(is)?

7) Você já usou esteroides anabolizantes? (__) Sim (__) Não

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6 (__) Sim (__) Não

Caso responda sim, qual(is)?

9) Você usaria esteroides anabolizantes para melhorar a aparência física? (__) Sim (__) Não

REFERÊNCIAS

BUCKINGHAM, David. Media education – literacy, learning and contemporary

culture. Cambridge: Polity Press, 2005.

JENKINS, H. et al. Confronting the challenges of participatory culture: media

education for the 21st century. Chicago: Fundação MacArthur, 2006.

KRESS, Gunther. Multiliteracies: Literacy Learning and the Design of Social

Futures, edited by Bill Cope and Mary Kalantzis. London: Routledge. pp. 155–156,

158. 2000.

REDMAN, Mark.Teaching Film Censorship and Controversy. Londres: BFI, 2005. SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias

Referências

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