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Adolescência. i dos Pais

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Academic year: 2021

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i dos Pais

Adolescência

“Quem sou eu? Já não sou criança, ainda não sou adulto, e definitivamente não sou apenas um filho, pareço ser outra coisa que assume um lugar social!” É a questão

colocada por muitos adolescentes, e a “coisa” é nesta fase o adolescente que experiência mudança ao nível psicológico, físico, social e emocional. É pois importante que o adolescente tome consciência, elabore e compreenda estas transformações, de modo a integrá-las definindo a sua identidade.

O período de consolidação da identidade não implica que a mesma tenha uma forma delimitada e definitiva, concluída no fim da adolescência, sendo antes um sentimento de base do jovem adolescente, de coerência e continuidade, sem grandes ruturas, de que continua a ser a mesma pessoa, o mesmo eu, ainda em crescimento ou progressão.

O adolescente adquire um papel de mutável e mutante inserido no contexto, e é natural a necessidade de experimentar e experimentar-se, experienciando o presente com um olhar e com outro, pensado sobre o seu futuro, repleto de desejos e incertezas, permanecendo esquivo à inclinações que lhe recordam a posição da infância, o que por vezes conflitua com as necessidades de apoio e suporte, que ainda vai precisando.

Estes movimentos recordam-lhe esses momentos da pequenez da pessoa humana, e das incompletudes dessa fase, em comparação com o estatuto mais evoluído em que se encontra agora, sujeito que se sente em primeira pessoa capaz de pensar e agir por si, já não tão subordinado às imagens das figuras parentais do passado, o pai e a mãe da infância. Mas as conquistas do desenvolvimento não se fazem sem contradições e desafios.

A configuração da psicologia do adolescente resulta assim de um processo evolutivo e de formação, que se caracteriza pela aquisição de competências ao nível do pensamento, abstracto e de reflexão sobre si e o mundo e de maiores competências de auto- regulação das emoções.

O “trabalho” psicológico deste período do desenvolvimento levará um sentimento de se ser e ter com um corpo bem delimitado e integrado, com funções biológicas específicas, ao mesmo tempo que se é dotado de um corpo de prazer e

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desejos do eu e alvo dos desejos dos outros, e por isso com significados sociais.

De igual modo, as aquisições intelectuais e o conhecimento maior do mundo partindo de uma perspectiva mais reflexiva, o acumular das experiências relacionais, amadurecidas nos grupos de pares e mediatizadas com outras figuras adultas (treinadores, instrutores, professores, ídolos), irão tornar o adolescente mais capaz de expressar as suas intenções e de interagir e transformar o meio, procurando filiações ou contextos sociais de acordo com a sua identidade.

O adolescente tem o desejo de conquistar a sua autonomia pelo que, durante este período, tenta expressar de uma forma particular a sua independência e diferença, tanto entre os amigos como na família. Intensifica as suas relações com o mundo social, exterior à família, que inclui a escola, a comunidade e os pares.

O desenvolvimento na adolescência comporta estabelecimento de uma nova relação consigo e com os outros, aquisição de um papel social, aceitação do corpo, aquisição da sua autonomia emotiva e afectiva, desenvolver competências sociais e adquiri um sistema de valores e uma consciência ética. Nestas transformações, a ideia de si e dos outros irá consolidar-se a partir da integração das necessidades de apoio afectivo e da sua sexualidade numa relação íntima, promovendo o desenvolvimento da capacidade de adquirir um novo papel afectivo, bem como a assunção de novos papeis social.

Desenvolvimento Psicológico

O adolescente depara-se na saída de pré-adolescência, com as mudanças sofridas na puberdade, pelo que nesta fase elabora de forma mais integrada a representação do seu corpo influenciando o seu papel social, das relações e componente afectiva, havendo uma mudança de uma imagem do corpo infantil para um corpo adulto. Nesta fase há uma tendência para recorrer à sua identidade corporal como forma de estabelecer uma identidade social, procurando a semelhança com os seus pares, não só a nível físico, como a nível de conhecimento, valores e afectos. Há uma reestruturação na forma como se vê a si, na forma como vê os outros e nas relações familiares estabelecidas, permitindo o processo de individualização e procura de autonomia social.

A conquista de maior autonomia, comportamental, intelectual e emocional, tem impacto nas relações com a sua família e com os pares, pelo que há o desenvolvimento de relações fortes com os pares, apesar da necessidade de apoio e suporte familiar.

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Assim, nesta fase, a família continua a ser um suporte para o adolescente, contudo a forma como se expressa essa necessidade e como se espera esse apoio é diferente de fases anteriores do crescimento. O adolescente, já não visa tanto um apoio instrumental e de proximidade, íntimo e carinhoso com os pais como quando em criança (para isso já tens amigos e namoradas), e é cada vez maior a necessidade de se assegurar da disponibilidade dos pais para ajudarem só em caso de as escolhas e tentativas correrem mal, com a garantia de que nesse pedido se reserve a possibilidade de experimentação. Por esse motivo, a monitorização que é esperada pelos adolescentes já não a do ver se faz bem ou mal, mas sim a do “ver se estou a pensar bem, a retirar conclusões adequadas face aos meus intentos”, isto é: “ajuda-me a pensar sobre mim, os outros e as situações e a descobrir o sentido que as coisas fazem para mim, que não têm que ser necessariamente as tuas”.

Desenvolvimento Físico

Nesta fase as alterações físicas/biológicas integram as mudanças da proporção e forma do corpo, as quais provocam algumas dificuldades na aceitação da auto-imagem individual, sendo uma fase que integra as múltiplas alterações experienciadas na adolescência.

Há um crescimento em altura evidente, as competências físicas alteram-se, inicia-se a sexualidade e a intimidade – maturidade sexual – sendo esta regulada em boa parte pelas hormonas. O crescimento em altura está associado ao crescimento dos ossos, sendo de ressalvar que este crescimento ocorre mais tarde nos rapazes, pelo que, as alterações das diferentes partes do corpo são diferenciadas entre sexos, sendo importante estar atento à forma como os adolescentes lidam com as mudanças na sua imagem e aparência física. Nos rapazes os ombros tornam-se mais largos, em comparação com as ancas, e as pernas são relativamente longas quando comparadas com o comprimento do tronco. Por outro lado, nas raparigas evidenciam-se os ombros relativamente estreitos, ancas largas e pernas mais curtas, comparativamente ao tronco. O desenvolvimento das características sexuais secundárias, nesta fase a adquirir contornos mais adultos e harmoniosos serão de particular importância para a identidade e vida psicoafectiva, as relações e as emoções, do jovem adolescente.

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Desenvolvimento Emocional

Entrar no mundo dos adultos significa perder definitivamente a sua condição de criança, sendo um momento que se constitui como decisivo para o desprendimento que começou com o nascimento pelo que, após as mudanças, o adolescente necessita de se adaptar ao mundo exterior e agir sobre o mesmo. A conquista da sua autonomia constitui-se como fundamental e desafiante, pois incita a dualidade entre a independência e o estabelecimento de limites consistentes, resultantes dos padrões familiares, fundamentais nas etapas anteriores. O adolescente percepciona, numa fase inicial, inconsistência em si e no seu corpo e coloca questões sobre si e os outros podendo ser um período em que se encontra vulnerável e que gera conflito consigo, com os pares e com a família. Inicialmente há uma expansão das suas relações sociais, sendo um período em que se dá uma expansão social e consolidação da sua identidade, que são influenciados pela necessidade de descoberta, estabelecimento de compromissos sociais e intimidade nas relações.

Nesta fase ressalva-se o desenvolvimento de mecanismos de regulação emocional e do recurso a estratégias para regular e autonomizar as emoções, influenciadas pelos princípios e crenças morais, que vão promover que o mesmo atinja o equilibro emocional e a noção da importância de relações estáveis e recíprocas. O adolescente demonstra consciência e preocupação com os sentimentos dos outros, desenvolvendo competências ao nível da empatia, pelo que demonstra capacidade de se colocar no lugar dos outros e aceitar que existem diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto. No estabelecimento de relações íntimas estão evidente uma atitude de confiança e competências de auto regulação emocional, que foram desenvolvidas ao longo do desenvolvimento.

Desenvolvimento Social

Nesta fase os adolescentes agrupam-se de forma espontânea, construindo as suas relações com base na amizade e na liberdade de escolha, pelo que no grupo há uma forma de pensar colectivo que se completa quando a perceção de si é reconhecida também pelo grupo. O grupo de pares permite que os adolescentes iniciem a responsabilidade da vida adulta, sendo que as relações intra-grupo vão sofrendo alterações. Na adolescência há uma tendência para que se inicie uma relação próxima com alguns amigos que se tornam confidentes, com quem se começam a explorar

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assuntos de interesse e se partilham as primeiras experiências desta fase. Normalmente podem desenvolver-se dois tipos de grupo, um no início da adolescência em que se agrupam de forma espontânea, explorando a sua liberdade e experimentando novas relações, nomeadamente, fazer desportos, ouvir música, etc., sendo que é a partir destas relações espontâneas que se desenvolvem a rede de amigos.

Desenvolvimento Intelectual

O adolescente desenvolve novas competências de raciocínio que assentam na resolução de problemas a partir da formulação de diversas hipóteses. Nesta fase adquire a capacidade de recorrer às relações lógicas, às palavras e aos símbolos pelo que adquire a capacidade de manipular mentalmente o pensamento, supor formulações ideológicas e pensar no futuro. Este processo de desenvolvimento do pensamento ocorre progressivamente e sofre oscilações, desenvolvendo-se, usualmente, com primazia sobre as suas áreas de interesse. Nesta fase desenvolve a competência de elaboração de hipóteses ao invés de um pensamento focado no aqui e agora, como nas crianças, permitindo testar as suposições colocadas e debruçar-se sobre a programação do seu futuro e desenvolve a capacidade para pensar sobre o seu pensamento – metacognição - sendo nesta fase despertado o interesse por questões morais, sociais e políticas baseando-se não só nos argumentos já adquiridos, mas também, nos seus pensamentos internos, sentidos como próprios.

Ocorre um incremento com preocupações éticas, filosóficas e sociais que permitem que o adolescente elabore planos de vida diferentes dos que o que tinha, diferenciando cada vez mais o mundo externo do mundo interno, sendo uma forma de lidar com as mudanças internas e do seu corpo. É nesta fase que os adolescentes têm necessidade de escrever poemas, contos e dedicar-se a dimensões mais artísticas e expressivas, sendo característica uma deslocalização temporal, pelo que apresenta tentativas de manipulá-la de forma ambígua. Ao longo do processo de desenvolvimento do pensamento, os adolescentes adquirem consciência da capacidade de pensar e consciência de controlo da representação do mesmo (a noção da não compreensão de um texto e de não concentração naquele momento). Os adolescentes melhoram as competências ao nível da memória de trabalho e recuperam a informação com mais facilidade da memória a longo prazo, pois põe em prática mecanismos de associação e categorização da informação.

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A Escola

É na escola que os adolescentes desenvolvem o seu percurso de aprendizagem, como até então, sendo também o contexto onde despendem a maior parte do seu tempo. A escola é por isso uma instituição fundamental no ciclo de vida de desenvolvimento, constituindo-se como o ambiente em que desenvolve o seu percurso de formação junto de um grupo com quem, normalmente, se identifica.

Para além da componente académica, os adolescentes desenvolvem relações afectivas e deparam-se com a mudança do seu papel na sociedade, sendo as mudanças acompanhadas não só de motivações e desejos, como de medos e conflitos. No percurso escolar dos adolescentes as dificuldades que têm e os seus conflitos podem ser analisados pelo adolescente de acordo com a representação que têm de si e ao longo da elaboração e aceitação da mudança, o que pode desenvolver sensibilidade excessiva, confusão e baixa auto-estima.

Por outro lado, a escola permite que o adolescente desenvolva competências para lidar com a frustração e imposição, sendo uma realidade objectiva em que se experienciam conflitos internos, sendo o local em que o adolescente tem o privilégio de desenvolver o seu papel na sociedade. Nesta fase surge, novamente, interesse para o estudo, sempre que o conteúdo seja sentido como “vital” para a sua experiência. Os adolescentes integram-se na comunidade escolar através de actividades escolares e a vida escolar pode surgir como uma “fuga” das contrariedades familiares. Nesta fase, os adolescentes expõem diferenças individuais, acadêmicas e sociais associdadas com a liderança, o talento e as atitudes intelectuais. Assim, as relações estabelecidas com os pares, puderão ser benéficas para o ajustamento escolar, pelo que o ambiente escolar influencia não só a aquisição de competências sociais como a motivação para o desempenho académico.

A equipa Chão d’andar e-mail: chaodandar@gmail.com © Chão d’andar

Referências

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