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UNIVERSIDADE DOS AÇORES

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DOS AÇORES

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E PESCAS

Caracterização Ecológica e Sócio-Económica

do Sítio de Importância Comunitária

Caloura, Ponta da Galera (PTMIG0020)

e Medidas de Gestão Propostas

Arquivos do DOP Série Relatórios Internos

N.º 11/2004

Pedro Frade, Rogério R. Ferraz, Vanessa Santos, Samanta Vizinho, Frederico Cardigos, Vera Guerreiro,

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internos, estatísticos, de cruzeiros e documentais, de edição restrita, realizados por investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores (DOP/UAç) e do Centro do IMAR da Universidade dos Açores. Estes trabalhos podem não conter conclusões definitivas, podendo fazer referência apenas à aplicação e desenvolvimento de uma técnica de trabalho ou a resultados parciais de uma investigação. Como consequência, as opiniões emitidas nestas publicações comprometem exclusivamente o(s) seu(s) autor(es).

UNIVERSIDADE DOS AÇORES

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E PESCAS PT-9901-862 HORTA

PORTUGAL

Tel.: (+ 351) 292 200 400 Fax: (+ 351) 292 200 411 http://www.horta.uac.pt

Arquivos do DOP. Série Relatórios Internos

ISSN 0873-2841

ARRANJO GRÁFICO - DOP/ Biblioteca e Documentação "Prof. Doutor José Ávila Martins" IMPRESSÃO - DOP/UAç

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Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP)

Centro do IMAR da Universidade dos Açores

Arquivos do DOP. Série: Relatórios Internos. N.º 11/2004

CARACTERIZAÇÃO ECOLÓGICA E SÓCIO-ECONÓMICA DO

SÍTIO DE IMPORTÂNCIA COMUNITÁRIA CALOURA,PONTA DA GALERA (PTMIG0020) E MEDIDAS DE GESTÃO PROPOSTAS

Pedro Frade, Rogério R. Ferraz, Vanessa Santos, Samanta Vizinho, Frederico Cardigos, Vera Guerreiro, Fernando Tempera & Ricardo S. Santos

Departamento de Oceanografia e Pescas, Universidade dos Açores, PT 9901-862 Horta, Açores, Portugal.

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FICHA TÉCNICA

Coordenador

Ricardo Serrão Santos

Redactores Pedro Frade Rogério Ferraz Samanta Vizinho Vanessa Santos Vera Guerreiro

Colaboradores & Revisão

Carla Gomes Ricardo Medeiros

Autoria

A informação apresentada neste relatório é baseada na recolha de informação efectuada pela Equipa de Caracterização dos Sítios de Importância Comunitária e Sócio-Economia do Projecto OGAMP – Ordenamento e Gestão de Áreas Marinhas Protegidas (Interreg IIIb – MAC/4.2/A2).

Citação (este documento deverá ser citado como)

Pedro Frade, Rogério R. Ferraz, Vanessa Santos, Samanta Vizinho, Frederico Cardigos, Vera Guerreiro, Fernando Tempera & Ricardo S. Santos. 2004. Caracterização Ecológica e Sócio-económica do Sítio de Importância Comunitária Caloura, Ponta da Galera (PTMIGO0020) e Medidas de Gestão Propostas.

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A

GRADECIMENTOS

A recolha da informação necessária para a elaboração deste documento não teria sido possível sem a colaboração de diversas instituições e pessoas individuais às quais se agradece:

ƒ Direcção Regional do Ambiente ƒ Direcção Regional das Pescas ƒ Tripulação do N/I Arquipélago ƒ Renato Bettencourt

ƒ Norberto Serpa

ƒ Todos os entrevistados anónimos que dispensaram algum do seu tempo para responderem aos inquéritos realizados

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Í

NDICE ÍNDICE... I RESUMO ... III CAPITULO I – DESCRIÇÃO ... 1 1. INFORMAÇÕES GERAIS... 1 Localização e Descrição ... 1 Descrição Sumária... 2 Estatutos de Protecção... 2 2. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL... 5 Características Físicas... 6

Características Biológicas / Ecológicas ... 7

3. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA... 16

Caracterização Geral da Ilha de São Miguel ... 16

Caracterização dos Utilizadores da Zona Costeira... 20

Inquérito Geral ... 20

Inquéritos Específicos... 24

Turistas como meio de divulgação ... 29

Aspectos Estéticos e Paisagísticos ... 29

Valores Patrimoniais ... 31

CAPÍTULO II – AVALIAÇÃO E OBJECTIVOS ... 33

1. AVALIAÇÃO DAS COMPONENTES... 33

Critérios de Avaliação Ecológica ... 33

2. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA... 36

Valor Potencial ... 36

Atractivo Paisagístico... 37

Benefícios Indirectos... 38

3. FACTORES QUE INFLUENCIAM A GESTÃO... 38

Factores Naturais... 38

Factores Introduzidos pelo Homem ... 39

Factores Jurídicos... 39

4. ORIENTAÇÕES E OBJECTIVOS DE GESTÃO... 40

Definição das orientações de gestão... 40

CAPÍTULO III - MEDIDAS DE GESTÃO... 41

1. MEDIDAS, ACÇÕES E ACTIVIDADES... 41

Regras de Utilização ... 41

Monitorização Ambiental e Sócio-Económica... 42

Vigilância e Fiscalização ... 42

Promoção Ambiental... 43

2. CRONOGRAMA DE TRABALHOS POR ÁREA... 44

CAPITULO IV – BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ... 45

1. MONOGRAFIAS, ARTIGOS CIENTÍFICOS E RELATÓRIOS... 45

2.FOLHETOS INFORMATIVOS... 45

3. PÁGINAS DE INTERNET... 45

4. LEGISLAÇÃO... 46

ANEXO I – DESCRIÇÃO DOS LIMITES DO SIC ... 47

ANEXO II - PROTOCOLO PARA A MONITORIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DOS SIC... 48

BIÓTOPOS... 48

Enseadas e Baías Pouco Profundas (1160)... 48

Recifes (1170)... 48

Grutas Marinhas Submersas ou Semi-Submersas (8330) ... 49

Espécies... 49

FICHAS DE REGISTO... 49

Fichas de Mergulho... 49

Fichas de Caracterização Fisiográfica de Biótopo... 51

Fichas de Espécies ... 53

Escala de Abundância SACFOR ... 53

ANEXO IIA – FICHA DE MERGULHO... 56

ANEXO IIB – FICHAS DE CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DE BIÓTOPOS ... 57

ANEXO IIC – FICHA DE ESPÉCIES... 58

ANEXO III – MÉTODO DE ESTIMAÇÃO DE BIOMASSA DE LAPAS ... 59

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ANEXO V – RESULTADOS DA ESTIMAÇÃO DA BIOMASSA DE LAPAS ... 64

ANEXO VI – PROTOCOLO PARA A CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DOS SIC... 65

INQUÉRITOS... 65

RECONHECIMENTO DA ÁREA ENVOLVENTE DO SIC ... 65

COMPILAÇÃO DE INFORMAÇÕES... 65

ANEXO VIA – INQUÉRITOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DOS SIC – INQUÉRITO GERAL ... 66

ANEXO VIB – INQUÉRITOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DOS SIC – OPERADORES DE ACTIVIDADES MARÍTIMO-TURÍSTICAS... 69

ANEXO VIC – INQUÉRITOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DOS SIC – PESCADORES... 71

ANEXO VID – INQUÉRITOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DOS SIC – CAÇA-SUBMARINA ... 72

ANEXO VIE – INQUÉRITOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DOS SIC – “TASCAS” E FESTAS ... 73

ANEXO VII – RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DOS SIC... 74

ANEXO VIII – METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ... 75

DIMENSÃO... 75

DIVERSIDADE... 75

NATURALIDADE... 76

Intervenção Terrestre... 76

Exploração Costeira... 76

Modificadores Antropogénicos (Área Marinha)... 77

Espécies Não Nativas... 77

ANEXO IX – LISTA DE ESPÉCIES MARINHAS INTRODUZIDAS NOS AÇORES ... 79

ANEXO X – METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA... 81

VALOR DO SIC PARA OAMT ... 81

VALOR DO SIC PARA A PESCA... 81

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R

ESUMO

Neste documento é apresentada a Caracterização Ecológica e Sócio-económica do Sítio de Importância Comunitária (SIC) Caloura, Ponta da Galera, elaborada no âmbito do projecto OGAMP – Ordenamento e Gestão de Áreas Marinhas Protegidas (Interreg IIIb – MAC/4.2/A2), e são propostas medidas de gestão para esta área.

A caracterização do ambiente marinho do SIC teve especial incidência nos habitats e espécies constantes nos anexos das directivas, mas também em espécies que possuem algum tipo específico de protecção internacional, nacional ou regional, ou propostas para serem protegidas. Para a realização deste trabalho foram realizados mergulhos de caracterização ao longo de todo o SIC, além de se ter compilado a informação existente para a zona costeira dos Açores, em especial para esta área. A caracterização sócio-económica do SIC e de toda a área envolvente foi baseada na realização de inquéritos junto dos utilizadores do SIC (população em geral, pescadores, caçadores submarinos, operadores de actividades marítimo-turísticas e turistas), complementados com informação estatística publicada.

Após a análise dos dados recolhidos e avaliação dos mesmos, são propostas regras de utilização, sendo descritas as actividades permitidas. Pretende-se desta forma contribuir para a conservação das espécies e habitats existentes no local e promover as actividades que permitam uma utilização sustentada do mesmo. Por fim, é apresentado o cronograma para a implementação das medidas propostas e das actividades a realizar nos próximos 5 anos.

(10)
(11)

C

APITULO

I

D

ESCRIÇÃO

1. Informações Gerais Localização e Descrição Localização e Limites

Fig. 1. Mapa com a localização do SIC Caloura, Ponta da Galera (PTMIG0020) na ilha de São Miguel (para descrição dos limites do SIC ver Anexo I) (Carta militar: Série M889 1/25.000; Sistema de projecção: Universal Transversa de Mercator; Datum: WGS84).

Nome do sítio: Caloura, Ponta da Galera Código: PTMIG0020

Ilha: São Miguel População: 131.608 Densidade populacional: 176,75 hab/km2

Número de freguesias: 59

Concelho: Lagoa e Vila Franca

Coordenadas: 25º 30’30’’ W – 37º 42’ 30’’ N Área terrestre: 30 ha

Área marinha: 176 ha Área total: 206 ha

Linha de costa do SIC: 7.586 m (3,5% do total da ilha)

Altitude máxima: 100 m Altitude mínima: Supra-litoral Profundidade máxima: 50 m

População residente na envolvente ao SIC: 3.488 (2,7% da população total) Número de freguesias na envolvente ao SIC: 2

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Descrição Sumária

O SIC da Caloura, Ponta da Galera, na ilha de São Miguel, apresenta uma extensão de 7.586 m. É caracterizada por possuir área marinha de dimensões médias que constitui, no entanto, a quase totalidade do SIC (cerca de 176 ha para uma área total do SIC de 206 ha).

Este SIC possui locais com a presença de fundos de leito rochoso, sedimento e blocos. O leito rochoso é composto por estruturas, como lajes, vales, paredes, túneis, cristas, fendas, grutas e caldeiras de abrasão, de superfícies normalmente rugosas ou irregulares.

No decorrer das imersões realizadas foram identificadas 211 espécies distribuídas por 16 filos, num total de 164 espécies animais, 46 espécies de algas e 1 espécie incluída no reino Protista.

O SIC esta localizado na maior ilha dos Açores, desta forma, as principais ameaças reais existentes no SIC são a exploração intensiva de recursos costeiros, a acumulação de resíduos sólidos e sucata na costa, a caça submarina e a exploração ilegal de lapas, enquanto que outras ameaças se apresentam como potenciais, como a observação de cetáceos, a exploração de inertes e o aumento de tráfego costeiro de embarcações. Importante ressaltar a forte influência antrópica, visto existirem algumas áreas urbanas dentro do próprio SIC (parte terrestre).

Toda a extensão do SIC é de rocha basáltica. A temperatura superficial da água varia entre 16,9 ºC em Abril e os 26,8 ºC em Julho, tendo como média 18,7 ºC (RODRIGUES 2003).

Estatutos de Protecção

Diferentes estatutos de protecção podem aplicar-se aos SIC. Em seguida considerou-se apenas aqueles que considerou-se aplicam a toda a área que sofre a influência do mar, apresentamos assim os estatutos de protecção de vão desde o limite superior do supra-litoral até à zona subtidal. Na justificação da classificação deste local como SIC foi utilizada a ocorrência dos seguintes habitats e espécies constantes dos anexos da directiva habitats †:

Habitats

ƒ 1160 - Enseadas e baías pouco profundas ƒ 1170 - Recifes

ƒ 1210 - Vegetação anual das zonas de acumulação de detritos de maré ƒ 1220 - Vegetação perene das praias de calhau rolado

ƒ 1250 - Falésias com flora endémica das costas da Macaronésia ƒ 8330 - Grutas marinhas submersas ou semi submersas

Espécies

Fauna ƒ Calonectris diomedea borealis (Cagarro) ƒ Caretta caretta * (Tartaruga-careta)

ƒ Tursiops truncatus (Roaz)

Directiva Aves - Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, alterada pelas Directivas n.º 91/244/CEE, da Comissão, de 6 de Março, e n.º 97/49/CE, da Comissão, de 29 de Junho; Directiva Habitats – Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, alterada pela Directiva 97/62/CE do Conselho de 27 de Outubro de 1997 e Decreto Lei n.º 140/99 de 24 de Abril

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Flora ƒ Spergularia azorica

Durante a realização dos trabalhos de caracterização deste SIC foram ainda identificados outros habitats constantes na directiva, mas que não forma utilizados na sua definição:

ƒ 1170 - Recifes

ƒ 1110 - Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda

Além das espécies constantes nos anexos das respectivas directivas existem no local várias outras espécies que possuem algum nível de protecção regional, nacional ou internacional ou são especialmente importantes para o local. São elas:

Espécies registadas para o local ‡

Invertebrados ƒ Maja brachydactyla (Santola)

ƒ Megabalanus azoricus (Craca) ƒ Octopus vulgaris (Polvo-comum) ƒ Patella aspera (Lapa-brava) ƒ Patella candei (Lapa-mansa) ƒ Scyllarides latus (Cavaco)

Peixes ƒ Epinephelus marginatus (Mero)

ƒ Gaidropsarus guttatus (Viúva) ƒ Gobius paganellus (Bochecha) ƒ Mullus surmuletus (Salmonete) ƒ Mycteroperca fusca (Badejo) ƒ Pagellus bogaraveo (Goraz) ƒ Pagrus pagrus (Pargo)

ƒ Parablennius incognitus (Caboz-das-cracas) ƒ Parablennius ruber (Caboz-lusitano)

ƒ Phycis phycis (Abrótea)

Aves ƒ Ardea cinerea (Garça-real)

ƒ Arenaria interpres (Rola-do-mar) ƒ Calidris alba (Pilrito-da-praia)

ƒ Charadrius alexandrinus (Borrelho-de-coleira-interrompida) ƒ Larus ridibundus (Guincho-comum)

ƒ Numenius phaeopus (Maçarico-galego)

Cetáceos ƒ Delphinus delphis (Golfinho-comum)

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Flora

ƒ Porphyra sp. (Erva patinha) [Alga comercialmente explorada na costa] ƒ Pterocladiella capillacea (musgo) [Alga apanhada para produção de agar-agar]

Espécies com importância para a conservação não registadas mas de ocorrência provável no SIC §

Invertebrados ƒ Palinurus elephas (Lagosta)

Peixes ƒ Coryphoblennius galerita (Caboz-de-crista)

ƒ Diplecogaster bimaculata pectoralis (Peixe-ventosa-dos-ouriços) ƒ Lipophrys trigloides (Caboz)

As diferentes condicionantes legais que se podem aplicar a este local são: ƒ CITES (Decreto Lei n.º 114/90 de 5 de Abril);

ƒ Convenção de Berna (Decreto Lei n.º 316/89 de 22 de Setembro);

ƒ NATURA 2000 (Decreto Lei n.º 140/99 de 24 de Abril, Decreto Legislativo Regional n.º 18/2002/A de 16 de Maio);

ƒ Instrumentos de Gestão Territorial (Decreto Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro, com a adaptação à região pelo Decreto Legislativo Regional n.º 14/2000/A de 23 de Maio, com as alterações do Decreto Legislativo Regional 38/2002/A de 3 de Dezembro e do Decreto Legislativo Regional 24/2003/A de 12 de Maio);

ƒ Lista de SIC (Decisão da Comissão de 28 de Dezembro de 2001 e aprovação para a região pela Resolução n.º 30/98 de 5 de Fevereiro, rectificada pela Declaração n.º 12/98 de 7 de Maio e adaptação à Região do Decreto Lei n.º 140/99 de 24 de Abril pelo Decreto Legislativo Regional n.º 18/2002/A de 16 de Maio);

ƒ Lista de ZPE (Decreto Regulamentar Regional n.º 14/2004/A de 20 de Maio);

ƒ Introdução de espécies não indígenas (Decreto Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro, Resolução n.º 148/98 de 25 de Junho);

ƒ Regulamentação da Pesca (Decreto Regulamentar n.º 43/87 de 17 de Julho); ƒ Pesca por Apanha (Portaria n.º 1102-B/2000 de 22 de Novembro);

ƒ Pesca à Linha (Portaria n.º 1102-C/2000 de 22 de Novembro, Portaria n.º 101/2002 de 24 de Outubro);

ƒ Pesca por Arte de Armadilha (Portaria n.º 1102-D/2000 de 22 de Novembro, Portaria n.º 30/2004 de 22 de Abril com a rectificação pela Declaração n.º 2/2004);

ƒ Pesca por Arte de Arrasto (Portaria n.º 1102-E/2000 de 22 de Novembro);

ƒ Pesca por Arte Envolvente-Arrastante (Portaria n.º 1102-F/2000 de 22 de Novembro); ƒ Pesca por Arte de Cerco (Portaria n.º 1102-G/2000 de 22 de Novembro);

ƒ Pesca por Arte de Emalhar (Portaria n.º 1102-H/2000 de 22 de Novembro, Portaria n.º 35/94 de 21 de Julho);

ƒ Domínio Público Hídrico (Decreto Lei n.º 468/71 de 5 de Novembro, Lei n.º 16/2003 de 4 de Junho);

ƒ Regulamento de faróis (Portaria n.º 537/71 de 4 de Outubro, Decreto Lei n.º 584/73 de 7 de Novembro).

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ƒ Tamanhos mínimos de captura (Portaria n.º 27/2001 de 15 de Janeiro, Regulamento CE n.º 850/98 de 30 de Março, Portaria n.º 19/83 de 3 de Maio);

ƒ Caça submarina (Decreto Legislativo Regional n.º 5/85/A de 8 de Maio);

ƒ Regulamento da Observação de Cetáceos (Decreto Legislativo Regional 10/2003/A de 22 de Março, Portaria n.º 5/2004 de 29 de Janeiro);

ƒ Apanha de lapas (Decreto Legislativo Regional n.º 14/93A de 31 de Julho, com a Declaração de Rectificação n.º 182/93 de 30 de Setembro, Portaria n.º 43/93 de 2 de Setembro);

ƒ Exploração de crustáceos costeiros (Portaria n.º 19/83 de 5 de Maio)

Condicionantes técnico-científicas

ƒ Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal 1 o estatuto V: Epinephelus marginatus (Mero)

o estatuto I: Mycteroperca fusca (Badejo), Gaidropsarus guttatus (Viúva)

o estatuto K: Mullus surmuletus (Salmonete), Gobius paganellus (Bochecha),

Coryphoblennius galerita (Caboz-de-crista), Lipophrys trigloides (Caboz), Parablennius incognitus (Caboz-das-cracas), Parablennius ruber (Caboz-lusitano), Diplecogaster bimaculata pectoralis (Peixe-ventosa-dos-ouriços)

o estatuto CT: Pagellus bogaraveo (Carapau quando juvenil), Pagrus pagrus (Pargo), Phycis phycis (Abrótea);

ƒ Espécies regionais propostas para o Anexo V da Convenção OSPAR (Oslo - Paris) (Decreto n.º 59/97 de 31 Outubro):

o Patella aspera (Lapa-brava); o Megabalanus azoricus (Craca).

2. Caracterização Ambiental

Na caracterização biológica da parte marinha do SIC Caloura, Ponta da Galera, na ilha de São Miguel, realizaram-se 12 mergulhos em 12 locais diferentes (Fig. 2). No Anexo II são apresentadas mais informações relativas aos mergulhos e metodologia aplicada.

1

Nota: estatuto V – Vulnerável; estatuto R – Raro; estatuto I – Indeterminado; estatuto K – Insuficientemente Conhecido

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Fig. 2. Localização dos 12 locais onde se realizaram os mergulhos de caracterização do ambiente marinho no SIC Caloura, Ponta da Galera.

No âmbito da caracterização ambiental do SIC foi também realizada a estimação de biomassa de lapas (Patella apera) para toda a ilha (detalhes sobre o método no Anexo III), visto a dinâmica populacional desta espécie ser muito influenciada pelo estado da população total e não apenas pelo estado da população da área em estudo. Foi dada especial atenção a este recurso de forma a melhorar a caracterização ambiental do SIC, uma vez as lapas, principalmente a lapa-brava, desempenharem um importante papel na ecologia costeira dos Açores, sendo simultaneamente um recurso muito explorado.

Características Físicas

A zona marinha do SIC Caloura, Ponta da Galera, na ilha de São Miguel, situa-se a S da ilha, tendo uma extensão de aproximadamente 8 km. Este SIC caracteriza-se por possuir uma grande variedade de substratos: leito rochoso, sedimento e mistos. O leito rochoso é composto por lajes, vales, paredes, túneis, cristas, fendas, grutas e caldeiras de abrasão de diâmetro entre 1 e 3 m. A superfície é normalmente rugosa ou irregular, com depósitos de cobertura de areia e vasa. O fundo de sedimento apresenta uma calibração bastante má, com partículas de dimensões variáveis, parecendo dominar, no entanto, a areia fina e média. Existem alguns amontoados biogénicos bem como aglomerados de algas arrancadas e soltas.

Ao longo de todo o SIC, são encontradas zonas de blocos mal calibrados (Fig. 3a) e com formas predominantemente arredondadas, principalmente próximo da costa. São caracteristicamente lisos, aparentemente estáveis e apresentando regularmente depósitos de cobertura de areia e vasa. No extremo ocidental do SIC (zona da Ponta da Água de Pau), é de mencionar um leito rochoso predominantemente formado por laje plana de relevo liso. Na Baixa da Areia, baía sobre a qual está localizado um hotel, o fundo

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apresenta grandes extensões cobertas por areia (Fig. 3b). Seguindo para E, surge uma zona muito utilizada para mergulho turístico, pela presença de grutas. Na Ponta da Galera e trecho de costa adjacente, a natureza irregular do leito rochoso intensifica-se e surgem numerosos arcos e túneis submersos (Fig. 3c) de relevo rugoso com amplitude e comprimento variáveis. Estas estruturas estendem-se bastante para S, sendo substituídas por laje e sedimento nas zonas mais externas. O pequeno porto de pesca e recreio da Caloura está situado dentro dos limites do SIC. No extremo oriental do SIC, a E do Porto da Caloura, voltam a existir zonas cobertas por areia, embora não em tão larga escala. Em toda a extensão do SIC a rocha é basáltica.

Fig. 3. Imagens do tipo de fundo encontrado na caracterização do SIC Caloura, Ponta da Galera na ilha de São Miguel. a) blocos de rocha de diversos tamanhos; (b) áreas cobertas de areia; c) arcos e túneis submersos de amplitude e comprimentos variáveis, com uma ou mais aberturas.

Características Biológicas / Ecológicas

No decorrer das imersões realizadas foram identificadas 211 espécies (ver lista de espécies no Anexo IV) distribuídas por 16 filos, num total de 164 espécies animais, 46 espécies de algas e 1 espécie do reino Protista. Os filos com maior riqueza específica foram, nas algas, o filo Rhodophycota (24 espécies), e nos animais o filo Chordata (com 48 espécies, todas de peixes), Mollusca (29 espécies), Porifera (18 espécies) e Arthropoda (17 espécies) (Fig. 4).

0 10 20 30 40 50 Nº de Espécies CtenophoraPhoronida PlatyhelminthesBryozoa Tunicata Annelida EchinodermataCnidaria ArthropodaPorifera Mollusca Chordata SarcomastigophoraChlorophycota Phaeophycota Rhodophycota Filo

Fig. 4. Número de espécies de cada filo (a verde reino Algae, a amarelo reino Protista, a azul reino Animalia) identificadas no SIC Caloura, Ponta da Galera.

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Comunidades Bentónicas

Algas

Ao longo do SIC da Caloura há espécies que, independentemente da sua abundância, estão presentes sistematicamente em todos (ou quase todos) os mergulhos realizados. As espécies identificadas em todos os mergulhos foram a faeófita Dictyota adnata e as rodófitas Asparagopsis taxiformis e coralináceas erectas (pertencentes aos géneros Amphiroa e Corallina). Outras espécies que não apresentaram ocorrência integral, foram no entanto encontradas em mais de metade dos mergulhos, como as clorófitas Bryopsis sp., Cladophora sp. e Codium elisabethae, as faeófitas Colpomenia sp., Dictyota dichotoma, Halopteris filicina, Padina pavonica e as rodófitas da ordem Ceramiales, Mesophyllum lichenoides e outras rodófitas encrustantes, calcárias e não calcárias (Fig. 5).

Fig. 5. Algumas espécies de algas observadas durante a caracterização do SIC Caloura, Ponta da Galera. a) Dictyota adnata e b) Asparagopsis taxiformis espécies observadas em todos os locais de mergulho; c) Codium elisabethae espécie observada em mais de 50% dos locais de mergulho.

Invertebrados

O mesmo acontece relativamente aos invertebrados, tendo a presença de determinadas espécies sido registada de uma forma geral por todo o SIC. As únicas espécies a apresentarem ocorrência integral nos mergulhos foram os poliquetas Hermodice carunculata (Fig. 6a), Polycirrus sp. (Fig. 6b) e Sabella spalanzanii (Fig. 6c), o decápode Calcinus tubularis, hidrozoários indeterminados, os ouriços Centrostephanus longispinus e Sphaerechinus granularis, as esponjas Cliona celata, Haliclona fistulosa e pertencentes ao complexo indeterminado formado pelos géneros Tedania/Myxilla e a ascídea Cystodites dellechiajei. Outras espécies foram identificadas em mais de metade das imersões, como os poliquetas Sabella pavonina e serpulídeos indeterminados, os decápodes Lysmata seticaudata e Percnon gibbesi, as cracas Megabalanus azoricus, o briozoário Reptadeonella violacea, o hidrozoário Aglaophenia sp., os corais do género Caryophyllia, o crinóide Antedon bifida, o ouriço Arbacia lixula, a holotúria Holothuria forskali, a estrela-do-mar Ophidiaster ophidianus, os gastrópodes Calliostoma zizyphinum, Lunatia sp., Stramonita haemastoma e Haliotis coccinea, o bivalve Pinna rudis, o nudibrânquio Hypselodoris picta azorica, o polvo Octopus vulgaris, o foronídeo Phoronis hippocrepia, as esponjas Halichondria aurantiaca e Oscarella lobularis, as ascídeas Eudistoma angolanum e espécies da família Didemnidae.

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Fig. 6. Algumas espécies de invertebrados observados em todos os locais de mergulho durante a caracterização do SIC Caloura, Ponta da Galera. a) Hermodice carunculata (verme-de-fogo); b) Polycirrus sp.; c) Sabella spalanzanii (espirógrafo).

Zonação

Zonação horizontal

Algas

Salvaguardando que o método de amostragem é naturalmente condicionado pela extensão de fundo limitada que é possível cobrir em cada mergulho, e pelo facto de não se ter efectuado replicação da amostragem dos trechos de costa, são mesmo assim de referir indícios de que a distribuição de algumas espécies de algas pode estar limitada a uma fracção do SIC. A zona central do SIC (junto à Ponta da Galera) foi o único local para o qual não foi confirmada a presença da faeófita Cladostephus spongiosus (a ocorrência desta alga parece estar associada à influência de areia, sendo a Ponta da Galera uma zona com menos sedimento) nem da forma rubra da rodófita Peyssonnelia sp. Já a faeófita Padina pavonica quase não ocorre a leste da Ponta da Galera. A clorófita Valonia utricularis ocorre predominantemente na zona da Ponta da Galera, uma zona com muitas irregularidades e fendas (Fig. 7).

Fig. 7. Zonação horizontal das algas observadas durante a caracterização do SIC Caloura, Ponta da Galera na ilha de São Miguel. As algas apresentadas são algumas das mais características das respectivas áreas.

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Invertebrados

Relativamente aos invertebrados, a esponja Cliona viridis foi identificada na maioria dos locais de mergulho com a excepção da zona que rodeia a Ponta da Galera. Já o hidrário Pennaria disticha foi apenas identificado para o lado W do SIC da Caloura, enquanto que a presença das esponjas Hamigera hamigera e Hemimycale columella foi apenas confirmada para o lado E.

Toda a zona a W da Ponta da Galera parece estar mais sujeita ao hidrodinamismo do que a costa situada a E da mesma, o que se reflecte ao nível da presença de algumas espécies. Enquanto que a W da Ponta da Galera existem espécies mais características de locais mais hidrodinâmicos, como diversas espécies de hidrozoários e as anémonas Corynactis viridis, já do lado E ocorrem mais espécies de esponjas e a ascídea Eudistoma angolanum. De um modo geral, pode considerar-se que a parte marinha do SIC da Caloura é característica de zonas moderadamente expostas, sendo no entanto que a costa a E da Ponta da Galera é um pouco menos exposta.

Fig. 8. Zonação horizontal dos invertebrados observados durante a caracterização do SIC Caloura, Ponta da Galera. As imagens apresentadas representam apenas algumas das espécies mais características das respectivas fracções.

Zonação vertical

Algas

Desde a superfície até cerca dos 3 a 4m, surge com grande exuberância a rodófita Pterocladiella capillacea, acompanhada especialmente acima dos 2m por coralináceas encrustantes. As profundidades inferiores são em geral dominadas por um tapete rasteiro de coralináceas erectas dos géneros Amphiroa e Corallina, cuja densidade vai diminuindo gradualmente depois dos 15m e cujo limite se dá pelos 20m. A este tapete associa-se por vezes a faeófita Cladostephus spongiosus, cujo limite inferior de distribuição se dá pelos 7m. Em alguns locais, abaixo dos 15m, torna-se muito abundante a faeófita Halopteris filicina, apenas raramente acompanhada de Padina pavonica, Zonaria tournefortii e Codium elisabethae. Este zonamento (Fig. 9) está em concordância com o apresentado por NETO (1992), apesar de este autor apenas apresentar um zonamento até aos primeiros 5 metros.

(21)

Invertebrados

Nos invertebrados a zonação é pouco marcada, com a excepção das presenças pontuais de cracas Megabalanus azoricus e dos ouriços Arbacia lixula e Paracentrotus lividus acima dos 5 a 10m de profundidade.

Habitats e Abundâncias

O fundo subaquático amostrado no decorrer do estudo das comunidades biológicas marinhas do SIC da Caloura pode ser dividido nos seguintes tipos de habitat: sedimento, leito rochoso, paredes, blocos, arcos e túneis e fendas, habitats que albergam espécies que, pela sua presença e abundância, os caracterizam. A abundância de cada espécie em cada habitat é apresentada de acordo com a Escala SACFOR (ver Anexo II para detalhes).

O habitat que apresentou maior riqueza específica (número total de espécies identificadas) foi o dos blocos (111 espécies), sendo o fundo de sedimento aquele em que foi identificado um menor número de espécies (7 espécies) (Quadro I).

Quadro I

Número de espécies identificadas por habitat no SIC Caloura, Ponta da Galera

Biótopo Número de espécies

Parede 101

Fundo de leito rochoso 85

Blocos 111

Fendas 90

Coluna de água 1

Arcos e túneis 56

Fundo de sedimento 7

Devido a condicionantes de amostragem, para algumas espécies não foi descriminado o habitat preciso em que foram encontradas, sendo-lhes atribuída a designação genérica de “múltiplos habitats”. Caem nesta situação 49 espécies, as quais não podem assim ser descritas nas secções relativas aos habitats em que de facto ocorreram.

É de referir que os peixes, não estão contabilizados por tipos de fundo, uma vez que devido à sua grande mobilidade se considerou que raramente estes são uma componente caracterizadora dos mesmos.

Sedimento

Não foi registado qualquer crescimento algal no fundo de sedimento. Relativamente aos invertebrados, o método utilizado não permite conhecer a meio-fauna bentónica para além dos organismos que por qualquer condicionante fiquem expostos. Assim, a caracterização que é possível fazer deste biótopo baseia-se em poucas observações e é bastante superficial. Todas as espécies se apresentam como raras, o que é provavelmente uma condicionante do método e não uma consequência da sua real

Fig. 9. Zonamento vertical das principais algas identificadas na caracterização do SIC Caloura, Ponta da Galera.

(22)

abundância. As únicas espécies observadas foram os poliquetas Megalomma vesiculosum (Fig. 10a) e Myxicola infundibulum (Fig. 10b), o bivalve Tellina sp. e posturas do gastrópode Lunatia sp. (Fig. 10c).

Fig. 10. Algumas espécies presentes no fundo de sedimento; a) Megalomma vesiculosum, b) Myxicola

infundibulum e c) postura de Lunatia sp.

Leito Rochoso e Paredes

As profundidades mais baixas, até cerca dos 15 a 20m, são em geral dominadas por coralináceas erectas dos géneros Amphiroa (O) e Corallina (F mas localmente S acima dos 7 a 5m) (Fig. 11). Estas são acompanhadas especialmente acima dos 2m por coralináceas encrustantes (F) que estão no entanto presentes em todas as profundidades. Pontualmente, acima dos 3 a 4m, surge com grande exuberância a rodófita Pterocladiella capillacea (C localmente). Abaixo dos 10m abunda a faeófita Halopteris filicina (F mas S localmente), apenas raramente acompanhada de Padina pavonica (R) e Zonaria tournefortii (R). Outras espécies de algas apresentam-se sem zonação evidente. Entre elas são mais frequentes as clorófitas Cladophora sp. (F) e Codium elisabethae (R), as faeófitas Colpomenia sp. (R), Dictyota adnata (O) e D. dichotoma (O), faeófitas encrustantes (R) e as rodófitas Asparagopsis taxiformis (R), espécies da ordem Ceramiales (O) e Mesophyllum lichenoides (O).

Fig. 11. Leito rochoso (a) e paredes (b) onde as coralináceas erectas dos géneros Amphiroa e

Corallina eram dominantes (c) no SIC Caloura, Ponta da Galera.

Relativamente aos invertebrados, a zonação é pouco marcada, com a excepção das presenças pontuais de cracas Megabalanus azoricus (F) essencialmente no leito rochoso e, principalmente nas paredes, do ouriço Arbacia lixula (F), ambos acima dos 5m. Dispersas por todas as profundidades amostradas, as espécies mais abundantes são os poliquetas Hermodice carunculata (O), Polycirrus sp. (R nas paredes), Sabella pavonina

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(R), S. spalanzanii (F e mais abundante nas paredes que no leito) e poliquetas serpulídeos (R), o caranguejo eremita Calcinus tubularis (C em substrato plano, R nas paredes), o briozoário Reptadeonella violacea (R nas paredes), hidrozoários do género Aglaophenia (O mas C localmente), os corais do género Caryophyllia (R e apenas nas paredes), a estrela-do-mar Ophidiaster ophidianus (F), o ouriço Sphaerechinus granularis (O), sendo estes últimos dois equinodermes um pouco menos abundantes nas paredes, o búzio-bicudo Calliostoma zizyphinum (R), o bivalve Pinna rudis (R), o foronídeo Phoronis hippocrepia (R), as esponjas Cliona celata (R), Haliclona fistulosa (R), Hamigera hamigera (R mas restrita à parte W do SIC), Oscarella lobularis (R), Terpios fugax (R) e do complexo dos géneros Tedania/Myxilla (O), todas elas mais abundantes nas paredes que no leito à excepção da primeira, e as ascídeas Cystodites dellechiajei (O) e Eudistoma angolanum (O).

Blocos

O povoamento de algas nos blocos é dominado até cerca dos 15 a 20m por um tapete rasteiro de coralináceas erectas dos géneros Amphiroa (O) e Corallina (C mas S localmente), sendo que em alguns locais, abaixo dos 15m, torna-se muito abundante a faeófita Halopteris filicina (O mas S localmente), acompanhada pontualmente por Padina pavonica (R) e pela alga verde Codium elisabethae (R, mas F localmente). As faeófitas Dictyota adnata (O), D. dichotoma (R) e algas castanhas encrustantes (O) aparecem com alguma abundância em todas as batimetrias estudadas, tal como a clorófita Cladophora sp. (R) e as rodófitas Asparagopsis taxiformis (R), espécies da ordem Ceramiales (O), Mesophyllum lichenoides (O localmente) e outras coralináceas encrustantes (R). A presença da alga castanha Cladostephus spongiosus (R) foi apenas confirmada para os extremos W e E do SIC.

Relativamente aos animais invertebrados, a única zonação verificada foi a presença pontual do ouriço Arbacia lixula (C localmente) acima dos 10m de profundidade. Para as restantes espécies caracterizadoras deste biótopo, não foi verificada qualquer zonação, como são exemplos os poliquetas Hermodice carunculata (O) (Fig. 12b), Polycirrus sp. (R), Sabella spalanzanii (F) e espécies indeterminadas da família Serpulidae (O), os decápodes Calcinus tubularis (C), Pagurus cuanensis (R) e Percnon gibbesi (R), os hidrozoários do género Aglaophenia (F localmente) e outros hidrozoários de espécies indeterminadas (R), os equinodermes Ophidiaster ophidianus (F) (Fig. 12c) e Sphaerechinus granularis (O), o nudibrânquio Hypselodoris picta azorica (R), o gastrópode Stramonita haemastoma (R), as esponjas Cliona celata (R), perfurante, Cliona viridis (R e principalmente em faces inferiores) e espécies pertencentes ao complexo Tedania/Myxilla (O) e a ascídea Cystodites dellechiajei (O). O hidrário Pennaria disticha (R) foi apenas identificado para o lado W do SIC.

Fig. 12. Blocos de rocha de diferentes tamanhos (a) encontrados no SIC Caloura, Ponta da Galera durante a caracterização realizada. b) verme-de-fogo (Hermodice carunculata) e c) a estrela-do-mar

(24)

Arcos e Túneis

O crescimento algal nos arcos e túneis (Fig. 13a) é bastante reduzido relativamente aos outros biótopos, mais expostos à luminosidade. Ainda assim, algumas algas são frequentes nestes biótopos, apresentando um gradiente no qual a abundância aumenta das partes mais internas para as mais externas. Algas características dos arcos e túneis são, por exemplo, as rodófitas da ordem Ceramiales (O), espécies indeterminadas pertencentes ao complexo dos géneros Meredithia e/ou Rhodymenia (F), e a faeófita Halopteris filicina (R).

Relativamente aos invertebrados, o filo mais representado é o Porifera. São abundantes as esponjas cf. Hymedesmia sp. (O mas A localmente), Halichondria aurantiaca (O), Haliclona fistulosa (O) (Fig. 13b), Oscarella lobularis (R), Tedania/Myxilla (F) e, embora apenas na parte E do SIC, Hemimycale columella (R). Relativamente a outros filos, são também abundantes os poliquetas Hermodice carunculata (R), Sabella spalanzanii (O) e poliquetas serpulídeos (F mas A localmente), os hidrozoários do género Aglaophenia (O localmente) e outros hidrozoários de espécies indeterminadas (R), os corais do género Caryophyllia (F) (Fig. 13c), a estrela-do-mar Ophidiaster ophidianus (R), o gastrópode Stramonita haemastoma (R) e as ascídeas Cystodites dellechiajei (R) e da família Didemnidae (R).

Fig. 13. Arcos e túneis (a) muito abudantes em toda caracterização do SIC Caloura, Ponta da Galera, principalmente na zona da Ponta da Galera; b) Haliclona fistulosa e c) corais do género Caryophyllia.

Fendas

O zonamento não é evidente nas fendas mas deverá obedecer ao descrito para o leito rochoso e paredes. Assim, as espécies mais abundantes são as clorófitas Bryopsis sp. (R) e Valonia utricularis (R), as faeófitas Halopteris filicina (O) e as rodófitas da família Delesseriacea (O), espécies indeterminadas pertencentes ao complexo dos géneros Meredithia/Rhodymenia (O), Mesophyllum lichenoides (O) e outras rodófitas encrustantes calcárias (O).

Nos invertebrados, o filo mais representado em abundância é o dos equinodermes. São muito abundantes o crinóide Antedon bifida (C) (Fig. 14a), a holotúria Holothuria forskali (C) e o ouriço-de-espinhos-longos (Centrostephanus longispinus) (F) (Fig. 14b), seguidos dos anelídeos com os poliquetas serpulídeos (F), Hermodice carunculata (O), e Sabella pavonina (O). Menos representados, surgem os decápodes Calcinus tubularis (O mas A localmente) e Lysmata seticaudata (O), o briozoário Reptadeonella violacea (R), os hidrozoários do género Aglaophenia (O mas C localmente) e outros indeterminados (O), os corais do género Caryophyllia (R), o nudibrânquio Berthelina edwardsi (R), o cefalópode Octopus vulgaris (O localmente) (Fig. 14c), o gastrópode Calliostoma zizyphinum (O), a esponja Oscarella lobularis (R) e a ascídea Cystodites dellechiajei (R).

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Fig. 14. Fendas: um dos habitats onde é possível encontrar muitas espécies (algas, invertebrados e peixes – a) o crinóide Antedon bifida, o c) ouriço-de-espinhos-longos (Centrostephanus longispinus) e o c) polvo-comum (Octopus vulgaris) que aí se refugiam.

Peixes

As espécies de peixes mais ocorrentes e abundantes ao longo do SIC da Caloura são, nas zonas rochosas (que incluem leito rochoso, paredes, blocos e arcos e túneis), a castanheta-azul (Abudefduf luridus), o bodião-verde (Centrolabrus caeruleus), a castanheta-castanha (Chromis limbata), o peixe-rei (Coris julis), o sargo (Diplodus sargus), o bodião-vermelho (Labrus bergylta), o rói-anzóis (Ophioblennius atlanticus atlanticus), a salema (Sarpa salpa) (Fig. 15a), o rascasso (Scorpaena maderensis), a garoupa (Serranus atricauda), a veja (Sparissoma cretense), a raínha (Thalassoma pavo), o sopapo (Sphoeroides marmoratus) e o caboz-de-três-dorsais (Trypterygion delaisi delaisi).

Fig. 15. Na caracterização do meio marinho do SIC Caloura, Ponta da Galera, os peixes foram quantificados em múltiplos habitats devido à grande mobilidade que podem apresentar. A grande maioria das observações foi realizada nas zonas rochosas e na coluna de água (a – salemas [Sarpa salpa]), nas fendas (b - caboz-de-três-dorsais [Trypterygion delaisi delaisi]) e algumas espécies no sedimento (c – solha [Bothus podas]).

Nas fendas, são muito comuns e exclusivas deste biótopo a moreia-preta (Muraena augusti) e a abrótea (Phycis phycis). Outras espécies aparecem também com grande predominância, mas não exclusivamente nas fendas e buracos, como o rascasso (Scorpaena maderensis) ou o caboz-de-três-dorsais (Trypterygion delaisi delaisi) (Fig. 15b). O folião (Apogon imberbis) é característico deste biótopo, mas ocorre também sob arcos e túneis.

Relativamente a espécies características da coluna de água, no SIC da Caloura, Ponta da Galera, são abundantes espécies como a boga (Boops boops), o peixe-porco (Balistes carolinensis), a salema (Sarpa salpa) ou a bicuda (Sphyraena viridensis).

(26)

No fundo de sedimento as espécies mais abundantes são o salmonete (Mullus surmuletus) e a solha (Bothus podas) (Fig 15c).

Estimação da biomassa de lapas

Nos mergulhos de amostragem de lapas realizados, na maioria dos locais não foram capturaradas lapas (mergulhos 5, 6, 9 e 10). Por outro lado, 256,2 g foram capturadas no mergulho 1. O número máximo de indivíduos capturados foi, igualmente, no mergulho 1, onde se capturaram 23 indivíduos de lapa-brava (Patella aspera) (Anexo V - Quadro XII).

Com os resultados obtidos, foi possível estimar a biomassa de lapas existente antes da época de apanha de 2004 na ilha de São Miguel. Foi estimado que na ilha existiam na altura cerca de 2.200 kg de lapas (cerca de 300.000 indivíduos). Estes cálculos são obtidos com base em todos os resultados. Quando analisados apenas os resultados obtidos nas áreas de apanha, o valor obtido é de 2.700 kg. Quanto à estimação da biomassa de lapas no SIC, visto apenas se ter realizado um mergulho e no qual não se capturaram lapas, não é possível estimar a quantidade de lapas existente. Mesmo assim, através da amostragem de lapas e dos mergulhos com escafandro autónomo realizados em que não foram observadas lapas vivas, pode-se considerar que neste local a população é muito reduzida (Quadro II).

Quadro II

Resultados obtidos em cada uma das amostragem de lapa-brava (Patella aspera) realizadas na ilha de São Miguel no âmbito da caracterização ambiental do SIC Caloura, Ponta da Galera.

Área Estimação (kg) Estimação (número)

Ilha 2.215 303.394

Apanha 2.728 373.618

Reserva 0 0

SIC 0 0

3. Caracterização Sócio-Económica

Caracterização Geral da Ilha de São Miguel Demografia populacional

A ilha de São Miguel sofreu, ao longo do último século, variações na sua demografia populacional, sendo que na década de 20 observou-se o menor número de habitantes da ilha (111.745). Entre as décadas de 30 e 60 houve um aumento da população residente chegando a atingir os 168.691 habitantes. A partir da década de 60 ocorreu um declínio da população, possivelmente pela emigração para o Canadá e Estados Unidos da América. No ano de 1991 o número de habitantes era de 125.915. Actualmente a população de São Miguel apresenta um ligeiro aumento (Fig. 16).

(27)

0 2 0000 4 0000 6 0000 8 0000 10 0000 12 0000 14 0000 16 0000 18 0000 1 864 1878 1890 1900 191 1 19 20 1 930 1940 1950 1960 1970 19 81 19 91 2001 Anos N º d e ha bi ta n te s

Fig. 16. Variação do número de habitantes na ilha de São Miguel no último século.

De acordo com o Anuário de 2001, em Dezembro de 2000 o número de habitantes do sexo feminino era superior aos habitantes do sexo masculino (65.435 e 64.077, respectivamente) e o maior número de habitantes encontrava-se distribuído na faixa etária dos 25 aos 49 anos (Fig. 17).

0 5 000 10 000 15 000 20 000 25 000 de ha bi ta nt es 0 a 14 15 a 24 25 a 49 50 a 64 65 ou mais

Grupo etário (Anos) sexo masculino

sexo feminino

Fig. 17. Número de habitantes por grupo etário e por sexo na ilha de São Miguel em 31/12/2000

Actividades económicas

Segundo o Censo de 2001, 55% da população na ilha de São Miguel tem actividade económica (empregados e desempregados), sendo a restante constituída por estudantes, domésticas, reformados e incapacitados.

Através do trabalho realizado junto da população, 76% tem actividade económica, sendo que 13% dedica-se ao sector primário, 19% ao sector secundário e 43% ao sector terciário. Os desempregados totalizaram 2%. Quanto à população sem actividade económica distinguem-se os reformados (4%), os estudantes (12%) e as domésticas (8%).

(28)

Indicadores de actividade económicas e sociais

Ao longo dos últimos anos, ocorreram oscilações significativas nos indicadores de actividades económicas e socias na ilha de São Miguel. No entanto, com base nos dados dos anuários regionais, entre 1998 e 2003, foi no concelho de Ponta Delgada onde se registaram as maiores oscilações, comparativamente com outros concelhos da ilha.

Quanto a alguns indicadores de actividades económicas, nos concelhos da Lagoa e Vila Franca do Campo (concelhos onde o SIC está inserido), durante o período referido, foram concedidas 877 licenças para construções e obras. No ano de 2003 existiam:

ƒ 6 estabelecimentos hoteleiros publicitados ƒ 16 caixas multibanco

ƒ 2 seguradoras

Considerando alguns indicadores sociais, existiam em 2003 nestes concelhos:

ƒ 44 estabelecimentos de ensino público (20 pré-escolas, 23 do ensino básico e 1 escola profissional), totalizando 5.241 alunos matriculados e 441 docentes

ƒ 2 ecotecas

ƒ 6 organizações não governamentais

Dado o nível de variação sofrido por estes indicadores nos últimos anos, pode-se considerar que o número de habitantes da ilha não se encontra estabilizado, o que poderá ocasionar um aumento da pressão antropogénica sobre a área costeira e sobre a área do SIC, em particular.

Despesas com o Ambiente

De seguida será considerado o investimento efectuado na ilha Graciosa com a protecção e qualidade do Ambiente (Quadro III). Para tal foi considerado o investimento na Protecção do recurso água que engloba o tratamento e controlo da qualidade da água para o abastecimento, o sistema de drenagem e o sistema de tratamento de águas residuais; na Gestão de resíduos que inclui a recolha e transporte de resíduos sólidos e infra-estruturas para o seu tratamento e deposição; na Protecção da Biodiversidade e todo o tipo de investimentos nesta área que poderão ter ocorrido.

Ao longo dos últimos anos (1998-2003) o gasto total com a protecção e qualidade do Ambiente, na ilha, foi de cerca de € 37.197.385. Em 2003, os concelhos da Lagoa e Vila Franca do Campo, tiveram um gasto com o Ambiente de aproximadamente, €2.162.000 (ver Quadro III).

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Quadro III

Despesas (em euros) das autarquias da ilha de São Miguel com a protecção e qualidade do ambiente entre os anos de 1998 e 2003.

1998 1999 2000 2001 2002 2003

Protecção do recurso de água

Lagoa 1.262.716 1.510.210 1.15.2467 921.000 967.000 0

Nordeste 0 20.949 10.399 266.000 477.000 557.000

Ponta Delgada 2.297.762 2.703.748 0 0 1.334.000 1.444.000

Povoação 23.643 374.098 541.370 235.000 377.000 82.000

Ribeira Grande 896.758 46.632 0 528.000 432.000 495.000

Vila Franca do Campo 10.195 0 0 0 0 11.000

Gestão de resíduos Lagoa 191.802 209.450 84.925 86.000 153.000 1.863.000 Nordeste 89.384 21.912 75.557 47.000 317.000 30.000 Ponta Delgada 1.612.508 1.802.017 1.140.970 1.773.000 2.071.000 2.646.000 Povoação 66.973 78.465 79.957 169.000 125.000 71.000 Ribeira Grande 183.467 234.070 35.738 87.1000 402.000 455.000 Vila Franca do Campo 22.106 61.526 81.593 107.000 142.000 288.000

Protecção da biodiversidade Lagoa 0 0 0 Nordeste 10.000 10.000 10.000 Ponta Delgada 0 96.000 143.000 Povoação 37.000 37.000 55.000 Ribeira Grande 0 0 0

Vila Franca do Campo 2.000 52.000 0

Outros Lagoa 0 0 0 Nordeste 0 0 0 Ponta Delgada 0 0 42.000 Povoação 16.000 13.000 9.000 Ribeira Grande 0 0 0

Vila Franca do Campo 0 0 0

Fonte: Anuário Estatístico. Região Autónoma dos Açores. Açores 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003. As linhas sombreadas correspondem aos concelhos onde o SIC está inserido.

Utilização da zona costeira

Com base em dados fornecidos pela Direcção Regional das Pescas dos Açores, foi possível caracterizar algumas das utilizações da zona costeira.

Para o ano de 2004, a Região Autónoma dos Açores licenciou 485 residentes no arquipélago para apanhar polvo (258), algas (39), cracas (128) e lapas (60). Destes, 284 são residentes da ilha de São Miguel, ou seja, 58,5% do total. Das licenças, 173 é para a apanha de polvo, 80 para a apanha de cracas e 31 para apanha de algas. Não foram atribuídas licenças de apanha de lapas a residentes na ilha de São Miguel.

Quanto à pesca de linha de mão, a Região Autónoma dos Açores licenciou em 2004, 466 residentes no arquipélago. Destes, 103 são residentes na ilha de São Miguel, o que representa 22,1% dos licenciados para esta actividade no arquipélago.

No mesmo ano, foram licenciadas no arquipélago 488 embarcações para a pesca local, das quais 118 se encontram registadas em São Miguel, ou seja, 24,1% do total de embarcações licenciadas.

Considerando o período entre 1998 e 2003, e segundo dados publicados nos anuários regionais, verificou-se uma diminuição progressiva do número de embarcações registadas na região até 2002, tendo sido registadas em 2003 apenas mais 5 embarcações do que no ano anterior (Quadro IV).

(30)

Quadro IV

Número de embarcações (com e sem motor) registadas na Região Autónoma dos Açores entre 1998 e 2003.

1998 1999 2000 2001 2002 2003

Embarcações com motor 1294 1272 1250 1236 1216 1222

Embarcações sem motor 437 425 420 413 408 407

Total 1731 1697 1670 1649 1624 1629

Fonte: Anuário Estatístico. Região Autónoma dos Açores. Açores 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003.

Caracterização dos Utilizadores da Zona Costeira

Nesta secção são apresentados dados recolhidos através de inquéritos efectuados directamente aos diferentes utilizadores da zona costeira: pescadores, caçadores submarinos, operadores de actividades marítimo-turísticas e população em geral (Fig. 18).

Fig. 18. Entrevistas aos diferentes utilizadores na zona costeira: pescadores, caçadores submarinos e operadores de actividade marítimo-turísticos e à população em geral.

Inquérito Geral

O inquérito geral diz respeito aos dados gerais recolhidos a todos os inquiridos, independentemente da relação que possam ter com a zona costeira.

Grupo etário, sexo e escolaridade dos inquiridos

Do total de inquiridos, 59% pertencem ao sexo masculino e 41% ao sexo feminino. Quanto à faixa etária, o maior número de inquiridos possui entre 25 e 49 anos (Fig. 19).

(31)

0 5 10 15 20 25 30 35 de e n tr ev is ta dos 0 a 14 15 a 24 25 a 49 50 a 6 4 65 ou mais

G rupo etá rio (Anos) sexo masculino

sexo feminin o

Fig. 19. Grupos etários dos inquiridos.

Relativamente aos níveis de escolaridade, 26% dos inquiridos possuí o nível de instrução do 1º ciclo básico, ou seja, 1ª a 4ª classe (Fig. 20).

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 Pe rc e nta ge m d o s en tr e vi s tad os sem nível de ensino 1º ciclo (básico)

2ºciclo (básico) 3º ciclo (básico)

secundario complementar

superior

Nível de es colarida de

Fig. 20. Nível de instrução dos inquiridos.

Áreas Marinhas Protegidas (AMP)

Em São Miguel, 44% dos indivíduos questionados mostraram ter conhecimento da existência de áreas marinhas com algum nível de proteção, ou mesmo de alguma Área Marinha Protegida (AMP) na ilha, sendo as mais citadas o Ilhéu das Formigas, o Ilhéu de Vila Franca do Campo, o Ilhéu dos Mosteiros e a zona da Caloura.

Dos inquiridos, 65% revelaram acreditar na importância da existência de AMP, os quais declaram servir para:

ƒ “Preservar o meio marinho” ƒ “Proteger as áreas costeiras”

ƒ “Proteger as espécies em vias de extinção” ƒ “Protecção de alguns peixes e para o turismo”

(32)

Não responderam essa pergunta, 32% dos inquiridos e apenas 3% acham que não é importante a criação dessas AMP.

A maioria dos inquiridos (92%), concorda com a existência de fiscalização nas AMP, 2% responderam o contrário e 6% optaram por não responder à questão. Na figura 21, é apresentada a opinião dos inquiridos sobre qual a entidade que deve ser responsável por esta fiscalização, sendo que a maioria (41%) se refere à autoridade marítima

41,24% 6,19% 2 1,6 5% 4,1 2% 16,49% 10,31% autoridade marítima autarquias GNR

direção regional do ambiente DOP

outros

Fig. 21. Opinião dos inquiridos sobre que entidade deve ser responsável pela fiscalização das AMP.

Sítio de Importância Comunitária (SIC)

Dos inquiridos, 85% desconhece o significado do termo Sítio de Importância Comunitária (SIC). Os que afirmam conhecer o termo (15%) definem SIC como:

ƒ “Um local de espécies raras” ƒ “São reservas e áreas protegidas”

ƒ “São sítios que interessam à Comunidade Europeia”; ƒ “É para proteger os oceanos e o ambiente”

ƒ “A Comunidade Europeia define áreas consoante a fauna e flora”

Utilização da zona costeira

Em São Miguel a zona costeira é frequentada e/ou utilizada por 96% dos inquiridos e apenas 4% diz não ter contacto com a zona costeira. Dos inquiridos, 66% frequentam e/ou utilizam a área de abrangência do SIC.

Dentro das diversas actividades que podem ser desenvolvidas nas zonas costeiras, as preferidas pelos inquiridos são as actividades balneares (41%), a observação da paisagem (31%) e a pesca de linha a partir da costa (pesca lúdica) (14%) (Fig. 22).

(33)

31,13% 2,36% 8,49% 14,15% 1,89% 1,42% 40,57% atividades balnear observação da paisagem pesca de linha das pedras mergulho

caça sub pesca desportiv a whale watching

Fig. 22. Actividades praticadas na costa pelos utilizadores.

Na zona de abrangência do SIC as actividades preferidas pelos entrevistadores são: actividades balneares (41%), observação da paisagem (31%), pesca de linha a partir da costa (pesca lúdica) (13%), mergulho (8%), caça submarina (4%), whale watching (2%), e pesca desportiva (0,7%).

A zona de abrangência do SIC é frequentada no Verão por 62% dos inquiridos.

O meio de transporte mais utilizado para a deslocação até as zonas costeiras é o automóvel (59%) (Fig. 23). 36,30% 58,52% 0 ,74 % 2,2 2% 1,48% 0,74% barco a motor a pé pela costa carro bicicleta moto autocarro

Fig. 23. Meios utilizados pelos utilizadores para se deslocarem até as zonas costeiras.

Fauna observada pelos inquiridos

Em São Miguel, os animais marinhos que alegadamente são observados na zona costeira pelos inquiridos encontram-se descritos no Quadro V.

Nenhum dos inquiridos referiu a utilização do cagarro (Calonectris diomedea borealis), da tartaruga careta (Caretta caretta) e da toninha (Delphinus delphis ) como alimento, isco ou engodo nos dias actuais.

(34)

Quadro V

Aves, mamíferos e répteis marinhos avistados na zona costeira pelos inquiridos em São Miguel. Nome comum Espécies Percentagem dos inquiridos

Aves

Cagarro Calonectris diomedea borealis 84%

Gaivota Larus cachinnans atlantis 72%

Garajau-comum Sterna hirundo 63%

Mamíferos marinhos

Toninha Delphinus delphis 73%

Cachalote Physeter macrocephalus 29%

Moleiro Grampus griseus 3%

Golfinho pintado Stenella frontallis 2%

Falsa-orca Pseudorca crassidens 1%

Golfinho riscado Stenella coeruleoalba 1%

Baleia piloto Globicephala macrorhynchus 1%

Répteis

Tartaruga comum Caretta caretta 29%

Inquéritos Específicos

Foram aplicados inquéritos específicos às pessoas que praticam algum tipo de actividade específica na zona costeira, ou seja, caçadores submarinos, operadores de actividades marítimo-turísticas e pescadores.

Caçadores submarinos

Todos os caçadores submarinos inquiridos em São Miguel são do sexo masculino. Distribuiem-se entre os 19 e os 34 anos de idade e possuem níveis de instrução entre o ensino básico (1º ao 3º ciclo) e o secundário complementar.

Nenhum dos inquiridos tem embarcação própria, sendo que para praticar a actividade eles partem do porto da Caloura. Os inquiridos não referiram o tempo de caça.

Uso e ocupação da zona costeira pelos caçadores submarinos

Os caçadores submarinos abordados identificaram como área específica e de grande potencialidade para tal actividade a zona da Caloura e a Baixa da Areia (Fig. 24).

Fig. 24. Áreas indicadas como utilizadas pelos caçadores submarinos na ilha de São Miguel.

Limites de captura

O DLR 5/85/A de 8 de Maio estabelece o limite máximo de captura, através da caça submarina, a cinco exemplares de peixes e dois exemplares de crustáceos por pessoa/dia.

(35)

Dos inquiridos, apenas 20% concorda com tal legislação. Para eles é necessário: ƒ “Proteger!”

Os caçadores submarinos que não concordam com tal legislação (60%) relatam que: ƒ “...não me importo com isso, apanho sempre...”

ƒ “Há dias que se apanha muito e outros que não se apanha nada” Não sabiam da existência de tal legislação 20% dos inquiridos.

Outra questão específica abordada foi se os caçadores concordavam com a proibição da caça ao mero (Epinephelus marginatus). A maioria dos inquiridos (60%) concorda com esta legislação pois:

ƒ “Tem que proteger!”

ƒ “...existe pouco e esta em extinção”

Os caçadores submarinos que não concordam com esse DLR (40%), alegam que: ƒ “...não me importo com isso, apanho sempre...”

ƒ “A legislação para mim não faz diferença nenhuma”

Espécies capturadas

As espécies com maior ocorrência de captura por parte dos inquiridos são: as vejas (Sparisoma cretense), o salmonete (Mullus surmuletus), o polvo (Octopus vulgaris), o caranguejo fidalgo (Grapsus grapsus) e a santola (Maja capensis). A apanha de lapas (Patella sp) e cracas (Megabalanus azoricus) também é citada pelos caçadores submarinos.

Caça submarina: desporto ou actividade económica?

Dos inquiridos, 80% praticam esse tipo de actividade apenas como desporto e 20% como actividade económica.

Operadores de Actividades Marítimo-Turísticas (OAMT)

Na ilha de São Miguel foram inquiridos quatro OAMT. Esses OAMT deram início as actividades em 1990, 1998, 2001 e 2002.

Um operador oferece aos clientes a actividade de mergulho com escafandro. Os demais operadores oferecem aos clientes a actividade de observação de cetáceos.

Segundo os OAMT há uma maior procura dessas actividades por turistas oriundos de Portugal continental e estrangeiros (franceses, dinamarqueses, espanhóis, suecos e noruegueses).

Características das embarcações das OAMT

Do operadores, 75% são proprietários de embarcações, sendo que destas, 80% são semi-rígidas. O comprimento das embarcações variam entre os 5 e os 12 metros e a tripulação entre um e dois. Apenas um operador não possui embarcação.

Uso e ocupação da zona costeira pelos OAMT

O local preferido pelos OAMT é a zona sul da ilha, Vila Franca do Campo, Caloura e Relva (Fig. 25).

(36)

Fig. 25. Áreas indicadas como utilizadas pelos Operadores de Actividades Marítimo-turísticas na ilha de São Miguel.

Emprego directo gerado pelos OAMT

Como consequência das condições climatéricas dos Açores os operadores geralmente não exercem actividades durante os meses de Outono e Inverno estando mesmo com as instalações encerradas durante esse período.

Desta forma, em São Miguel são quatorze os empregos directos gerados por essas OATM durante a Primavera e Verão.

Evolução das actividades

Todos os OAMT relataram que há uma aumento da procura das actividades.

Brifingue ambiental

Dos OAMT, 75% realizam um brifingue ambiental dirigido aos turistas. Este é realizado nas dependências dos operadores e durante as saídas de barco e o responsável pela transmissão desta informação é um biólogo. O tempo do brifingue é de aproximadamente 15 a 20 minutos.

A operadora que não realiza o brifingue ambiental acredita que: ƒ “Os mergulhadores já têm background ambiental”

Pescadores

Os pescadores inquiridos em São Miguel encontram-se distribuídos entre os 21 e os 88 anos de idade e apresentaram um baixo nível (1º ciclo) de escolaridade. Destes, 77% depende exclusivamente da actividade piscatória como fonte de rendimento.

Segundo 57% dos inquiridos, a qualidade de vida dos pescadores está: ƒ “...piorando de dia para dia..”

ƒ “Está ruim, porque há menos peixe”

Os restantes, (43%) acreditam que a qualidade de vida está melhor, alegando que: ƒ “Depois do 25 de Abril melhorou muito...”

ƒ “Para os donos de barco, está melhor!” ƒ “Dá para viver!”

(37)

Uso e ocupação da zona costeira pelos pescadores

A partir das informações fornecidas pelos inquiridos, obteve-se que as zonas mais exploradas em São Miguel são a zona da Caloura, os Mosteiros, a Vila Franca do Campo, o Mar Morto, o Mar da Prata, a Baixa do Meio, a Baixa Sul, a Baixa do Setenta e a costa Nordeste (Fig. 26).

Fig. 26. Áreas indicadas como utilizadas pelos Pescadores na ilha de São Miguel.

Caracterização da actividade pesqueira

São proprietários de embarcações 43% dos pescadores inquiridos, sendo que das embarcações, 79% têm motor inbord. Todas as embarcações são de madeira, não cabinados e com os comprimentos variando entre os 5 e os 12 metros. A tripulação varia entre dois e seis pescadores. As artes de pesca utilizadas são: palangre (40%), rede (27%), trole (20%), e linha de mão (13%).

O tempo que os pescadores levam a chegar aos pesqueiros varia entre os 10 minutos e os 2 horas e o tempo de pescaria é sempre superior às 6 horas, podendo muitas vezes atingir as 12 horas.

Os iscos mencionados como maior frequência são a sardinha (Sardina pilchardus) e a cavala (Scomber japonicus). Dos pescadores inquiridos, 8% compram o isco, 54% capturam o isco e 23% compram e/ou capturam o isco.

As espécies capturadas mais citadas pelos pescadores são: a garoupa (Serranus atricauda), a veja (Sparisoma cretense), o pargo (Pagrus pagrus), o goraz (Pagellus bogaraveo), o peixão (Pagellus acarne), a abrótea (Phycis phycis), o congro (Conger conger), o mero (Epinephelus marginatus) e o chicharro (Trachurus picturatus).

Todos os pescadores inquiridos concordam com a obrigatoriedade de descarregar o pescado na Lota, alegando que:

ƒ “Na Lota consegue-se um bom dinheiro pelo peixe” ƒ “Poupa tempo na venda”

(38)

Dos inquiridos, 64% observa caçadores submarinos na proximidade das zonas de pesca. A presença dos caçadores é mal vista por 21% dos pescadores inquiridos, alegando que:

ƒ “Eles (caçadores submarinos) afugentam os peixes da costa”

“Rendimento” da zona costeira para os pescadores

As condições climatéricas e oceanográficas dos Açores dificulta a ida dos pescadores ao mar durante alguns meses do Outono e Inverno, resultando numa alegada insegurança quanto ao rendimento mensal esperado. Sendo assim, a zona costeira de São Miguel rende em média mensalmente, por pescador, aproximadamente € 379 mensais (em valor bruto).

Futuro da pesca

São filhos de pescadores 79% dos inquiridos, tendo os mesmos, aprendido essa arte com os seus antecessores.

Da totalidade, 85% não gostaria de ver essa profissão passada às gerações seguintes, não desejando que os filhos e netos optem por ser pescadores. Os pescadores (15%) que gostariam que os filhos seguissem a mesma profissão acreditam que:

ƒ “...Ganha-se bem”

Turistas

Uma vez que a aplicação de inquéritos para o presente estudo se realizou apenas em Setembro de 2003, não doi possível realizar inquéritos a turistas, assim os dados baseiam-se no estudo sobre os turistas que visitam os Açores realizado pelo Serviço Regional de Estatística dos Açores (Anón. 2001a).

Dos turistas inquiridos nesse estudo, 70% apresenta idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos, observando-se a maior percentagem na faixa etária dos 25 aos 34 anos. Dos inquiridos, 43% apresentam nível superior universitário.

A maioria dos turistas são residentes em Portugal (72%) e os residentes no estrangeiro são essencialmente, provenientes dos EUA, Canadá e alguns países europeus (Alemanha, Países Nórdicos, Reino Unido e França).

Motivo de viagem

A viagem à região constituía a primeira visita de 41% dos inquiridos.

As características consideradas como importantes na escolha da região e o como principal motivo da viagem foram:

ƒ descanso e lazer ƒ beleza natural ƒ ambiente calmo

ƒ novidade e exotismo das ilhas

É importante ressaltar que as características consideradas menos importantes na sua escolha são:

ƒ vida nocturna ƒ compras

(39)

Isto evidencia a imagem de um destino ecológico e tranquilo, aliado ao exotismo próprio dos destinos insulares, que os turistas procuram quando optam pelos Açores.

Actividades praticadas pelos turistas As actividades mais praticadas pelos visitantes são:

ƒ apreciar a gastronomia açoreana

ƒ fazer compras (apesar de não ser uma característica importante na escolha do destino) ƒ visitar monumentos

ƒ realizar percursos pedestres pelo interior das ilhas ƒ frequentar zonas balneares.

Pontos fortes e fracos dos Açores segundo os turistas

Os turistas inquiridos ressaltaram como características positivas dos Açores: ƒ ambiente natural

ƒ hospitalidade dos residentes

ƒ segurança

e relataram como as piores características: ƒ estradas e sinalização

ƒ serviços de restauração

ƒ vida nocturna

ƒ compra”

ƒ preços das refeições

ƒ preços de alojamentos

ƒ ligações aéreas

Turistas como meio de divulgação

Dos turistas inquiridos, 84% levam boas recordações dos Açores e pretendem sugerir aos amigos e familiares que também visitem a região, favorecendo, a divulgação e publicidade da região.

Aspectos Estéticos e Paisagísticos

A área envolvente do SIC (Caloura, Ponta da Galera) caracteriza-se por apresentar diferentes aspectos estético e paisagístico, entre estes se destacam (Fig. 27):

ƒ ilhéus ƒ grutas ƒ baías ƒ falésias ƒ ribeiras ƒ praias de areia ƒ zonas de poças de maré

ƒ zona costeira muito recortada e escarpada ƒ áreas de pesqueiros

Referências

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