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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período: OUTUBRO/2014 a AGOSTO/2015 ( ) PARCIAL

(X) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto de Pesquisa: Blooms de organismos nocivos no litoral paraense: padrões, previsibilidade e sustentabilidade.

Nome do Orientador: José Eduardo Martinelli Filho Titulação do Orientador: Doutor

Faculdade: Faculdade de Oceanografia Instituto/Núcleo: Instituto de Geociências

Laboratório: Laboratório de Oceanografia Biológica

Título do Plano de Trabalho: Variabilidade temporal de organismos zooplanctônicos na costa adjacente ao município de Salinópolis – PA.

Nome do Bolsista: Arnaldo Fabrício dos Santos Queiroz.

Tipo de Bolsa:

(2)

INTRODUÇÃO

A região nordeste do estado do Pará, tem registrado encalhes de enormes quantidades da alga parda Sargassum sp. assim como grande número de águas-vivas e caravelas. Os processos costeiros que atuam na formação desses blooms (florações, traduzido para o português) de algas e de organismos planctônicos ainda são muito pouco estudados no Brasil, sendo os principais polos de pesquisas nacionais, localizados nas regiões sul e sudeste.

Embora a maioria das espécies de Sargassum seja bentônica, espécies como S. natans (Linnaeus) Gaillon e S. fluitans (Boergesen) Boergesen são capazes de manter continuamente populações no sistema pelágico, através de reprodução vegetativa e formar extensas manchas na superfície. (BRASIL et al., 2015). Esses fenômenos são naturais e comuns às mais diversas regiões do planeta. Os blooms apresentam aumento de sua extensão e persistência, podendo estar relacionados ao impacto da ação antropogênica responsável pela eutrofização das águas costeiras, transporte de organismos pela água de lastro, crescimento da maricultura e mudanças climáticas associadas ao crescimento da atividade industrial nos últimos dois séculos (SMETACEK & ZINGONE, 2013).

Tais fatores proporcionaram diversos distúrbios e problemas ao meio ambiente marinho como a quebra de barreiras ecológicas, criando condições para espécies oportunistas se desenvolverem. Como consequências, ocorre aumento de espécies com alta capacidade de invasão que se adaptam as novas condições do ambiente devido as suas características, biológicas e ecológicas, que ampliam sua tolerância em relação a maioria dos fatores ambientais, gerando os chamados blooms. (MASÓ & GARCÉS, 2006).

Para Tundisi, (1997), o estudo sobre a diversidade e composição do zooplâncton pode indicar a deterioração do ecossistema por alterações diretamente relacionadas com fatores de estresse como altas concentrações de substâncias nocivas, acidez ou basicidade. Pois devido os organismos fito- e zooplanctônicos responderem rapidamente às variações físicas e químicas, são ótimos indicadores de alterações ambientais nas massas de água, principalmente relacionadas à concentração de determinados elementos (MONGER et al., 1997; SANTIAGO, 2011).

Sendo assim, o monitoramento de comunidades planctônicas é a chave para entender os processos adaptativos que geram os blooms, tornando-se possível descrever os padrões de sua distribuição e abundância em função dos processos hidrológicos e da distribuição de nutrientes (HALLEGRAEFF, 2010). O presente trabalho teve como objetivo o monitoramento da comunidade zooplanctônica da região costeira do município de Salinópolis, no nordeste paranese, e detectar possíveis modificações na estrutura da comunidade durante eventos

blooms e de seus efeitos na comunidade marinha. JUSTIFICATIVA

O fenômeno blooms inclui tanto espécies produtoras de toxinas, que podem contaminar consumidores de topo através da bioacumulação, quanto os grandes produtores de biomassa, que podem levar à depleção de oxigênio dissolvido na coluna de água e, consequentemente, aumentar as taxas de mortalidade no ambiente marinho. Em regiões costeiras e oceânicas, nitrogênio e fósforo estão raramente em concentrações altas o suficiente para sustentar o desenvolvimento rápido e simultâneo de uma grande variedade de espécies. Dessa forma, a habilidade de competir por nutrientes limitantes é crucial para a proliferação preferencial de determinadas espécies (CASTRO & MOSER, 2012).

Em maio de 2014, o município de Salinópolis, localizado na região nordeste do estado do Pará, ganhou destaque nos veículos de comunicação devido ao encalhe de toneladas da alga parda Sargassum sp. em diversos pontos do município, tendo a praia do Atalaia como o

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ponto mais divulgado. Os eventos ocorreram entre os dias 3 e 4 e entre 24 e 25 de maio de 2014, onde foram estimadas respectivamente 174 e 232 toneladas de Sargassum sp. encalhadas na praia e uma média de 1,3 kg.m-² de peso úmido de algas na região mesolitorânea (MARTINELLI FILHO, 2015).

A eutrofização induzida por atividades antrópicas, como o descarte industrial e esgoto doméstico lançados nas regiões costeiras, podem desencadear blooms algais, devido ao aumento de disponibilidade de nutrientes. (MOSER et al, 2011). Como consequência desses

blooms, há um aumento significativo nas taxas de respiração e decomposição levando à maior

depleção do oxigênio e promovendo condições anóxicas até mesmo próximo à superfície, assim como mudanças, na turbidez, cor e odor da coluna de água provocando alterações na estrutura da teia trófica e problemas econômicos diversos, tais quais as proibições de atividades pesqueiras e recreativas (HALLEGRAEFF et al., 1995; SANTIAGO, 2011).

Outros táxons formadores de blooms em águas costeiras são os cnidários medusóides. Esses animais gelatinosos também apresentam tendências de crescimento populacional e maior frequência de encalhe, sendo que tais fenômenos foram relacionados à eutrofização e a sobrepesca de peixes pelágicos (RIISGÅRD et al. 2012). Dessa forma, a importância do monitoramento de comunidades fito- e zooplanctônicas, por constituírem a alimentação básica da maioria dos predadores aquáticos, principalmente em sua fase larval, para o desenvolvimento de modelos conceituais em ecologia trófica é imperativo (MOSER et al, 2011; SANTIAGO, 2011).

Para Santiago (2011), o conhecimento da comunidade planctônica é de grande relevância e de destaque prioritário por evidenciar a dinâmica estuarina, pois constitui o primeiro elo da teia trófica, além de serem excelentes indicadores de qualidade ambiental por resposta a perturbações em pequenas escalas temporais. O monitoramento da comunidade zooplanctônica permite estimar a densidade de diferentes espécies potencialmente causadoras de blooms. A estratégia utilizada, permiti coletar indivíduos de tamanhos e estágios diferenciados do ciclo de vida.

O fenômeno deve ser tratado com atenção, pois a região é um importante pólo turístico e pesqueiro do estado do Pará. Embora as algas não causem impacto a saúde humana, elas podem afetar significativamente a pesca, obstruindo as redes e dificultando a navegação de embarcações pesqueiras além de o impacto no turismo, pois ocorre a evasão dos turistas devido a alterações estéticas da praia e ao odor gerado pela decomposição das algas (Brasil et

al., 2015). Os resultados a serem obtidos pelo projeto poderão subsidiar modelos de

previsibilidade do fenômeno, transformando assim os prejuízos em sustentabilidade, através de ações de gerenciamento costeiro.

OBJETIVOS

Monitorar, em escala trimestral, a comunidade zooplanctônica e a ocorrência de estágios pelágicos da alga Sargassum sp., em um transecto estuarino-costeiro, localizado na plataforma continental interna em frente ao município de Salinópolis de novembro de 2014 a agosto de 2016.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Durante a realização dos transectos na plataforma interna, estimar a presença, área e biomassa de eventuais manchas de Sargassum sp. que ocorram na superfície.

 Analisar o zooplâncton coletado ao longo das estações de coleta no transecto, para obtenção de variáveis biológicas como os índices ecológicos descritores da comunidade.

 Determinar a variabilidade espacial e temporal da comunidade zooplanctônica, através da coleta de amostras ao longo de um transecto perpendicular à costa, no município de Salinópolis.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostragens trimestrais na plataforma continental adjacente à Salinópolis foram realizadas em três saídas de campo, durante os dias 28/11/2014, 12/02/2015 e 25/06/2015. Durante as saídas foram feitos transectos com média de aproximadamente 25 km de extensão em direção à plataforma continental interna amazônica (0º 35’ 57” S 047º 20’ 20” W à 0º 19’ 04” S 047º 20’ 10” W). As coletas foram realizadas em estações demarcadas em 4 pontos equidistantes ao longo das seções percorridas. As estações 1, 2, 3 e 4 estão respectivamente a aproximadamente 8, 13, 18 e 23 km da costa do município de Salinopólis-Pa.

Devido a problemas como carência de embarcações com estrutura adequada para as coletas, nos dias 28/11/2014 e 25/06/2015 em apenas 3 estações houve a possibilidade de amostragem. Durante as expedições, foram coletadas amostras de água para caracterização físico-química, do fito- e zooplâncton, além da caracterização hidrográfica e hidrodinâmica através de um CTD (current, temperature and depth profiler).

As coletas de plâncton foram realizadas através de arrastos horizontas em subsuperfície, com redes de 200µm equipadas com fluxômetro (General Oceanics) e poitas. A duração dos arrastos foi padronizada em 3 min. para evitar a colmatação das redes. As redes foram arrastadas lentamente e o zooplâncton transferido imediatamente para recipientes e preservados em solução de formaldeído neutralizado com tetraborato de sódio diluído em água do mar em concentração final equivalente a 4%.

Os organismos zooplanctônicos foram contados e identificados em alíquotas das amostras totais que variaram entre 1 e 100%. A obtenção das alíquotas foi realizada utilizando um quarteador do tipo Motoda (OMORI & IKEDA, 1984). Foram contadas frações de amostras de diversos tamanhos, tentando totalizar no mínimo 300 animais (FRONTIER, 1981). Para as espécies raras ou esporádicas, uma fração maior de amostra foi analisada quando necessário. No entanto na amostra referente a estação 1 da campanha de novembro de 2014, a pesar da amostra ter sido analisada por completo, foram identificados apenas 265 táxons.

A partir dos dados analisados foram calculados os Índices ecológicos descritores da comunidade planctônica como, densidade, dominância e abundância. A abundância e dominância foram estimadas pela identificação e contagem das espécies encontradas nas amostras, e a densidade (organismos por m³), foi calculada com base nos dados de volume filtrado e a abundância total coletados em cada estação. O cálculo dos volumes filtrados (𝑉) em cada estação foram descritos pela fórmula; 𝑉 = 𝑎 × 𝑟 × 𝑓; que demonstra a relação entre; a área correspondente a abertura da rede em m² (𝑎); o número de rotações realizadas pelo fluxômetro durante os arrastos (𝑟); e o fator de calibração do mesmo, em rotações por metro (𝑓). Os dados referentes ao calculo da densidade de organismos por m³ para a campanha do dia 25/06/2015 não tiveram como constar no presente relatório, devido a indisponibilidade de tempo hábil para sua correta execução.

Os índices de Shannon, de Simpson e a equitatividade foram inseridos como medidores de diversidade. Segundo Magurran (1998), esses índices tendem a enfatizar o componente de

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riqueza de espécies de diversidade. Onde o grupo de indivíduos é ponderado pela abundâncias das espécies mais comuns e geralmente é referido como medidas, dominância ou regularidade.

O índice de diversidade especifica de Shannon (H) se baseia no somatório negativo da multiplicação entre a abundância relativa (Abrel) da espécie e seu logaritmo na base 2, como

demonstrado na fórmula a seguir.

𝐻 = − ∑ 𝐴𝑏𝑟𝑒𝑙. 𝑙𝑜𝑔2𝐴𝑏𝑟𝑒𝑙

𝑛º 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑒𝑠

𝑖=1

Como uma medida de heterogeneidade, o índice de Shannon leva em conta o grau de uniformidade na abundância de espécies, variando de 0 a 5. (MAGURRAN, 2013).

O índice se Simpson (D) foi calculado por 1 menos o somatório das abundâncias relativas ao quadrado (MAGURRAN, 1988)..

𝐷 = 1 − ∑ 𝐴𝑏𝑟𝑒𝑙² 𝑛º 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑒𝑠

𝑖=1

A Equitatividade (J) proposta por Pielou (1997) foi relacionada ao índice Shannon, e foi calculada pela razão do valor de Shannon e o Logaritmo natural do total das espécies encontrada (S).

𝐽 = 𝐻 𝑙𝑜𝑔 𝑆⁄

RESULTADOS

Na campanha do dia 28/11/2014, não houve a possibilidade de coleta em todas as estações, sendo coletada em apenas 3 delas (estações B1, B2 e B3). Na analise da campanha foram identificados em média aproximadamente 2.775 indivíduos, distribuídos em de 30 táxons. Na estação B1 a densidade zooplanctônica foi estimada em aproximadamente 1.012 org.m-3, para estação B2 a estimativa de densidade foi de aproximadamente 4.144 org.m-3 e na estação B3 a densidade foi estimada em aproximadamente 4.450 org.m-3. A tabela a seguir demonstra a diversidade de espécies identificadas e suas respectivas densidade por m³ e suas densidades relativas a abundância total.

Na campanha do dia 25/06/2015, não houve a possibilidade de coletar para estação B4 devido as condições climáticas locais desfavoráveis, tendo a coleta sido efetuada apenas nas estações B1, B2 e B3. Nessa campanha foram identificados em média 4.013 indivíduos por estação, distribuídos em um total de 21 táxons. Na amostra referente a estação B1 foram estimados aproximadamente 6.990 indivíduos distribuídos em 15 táxons, na amostra da estação B2 foram estimados 2.820 distribuídos em 13 táxons e na amostra referente a estação B3 foram estimados 2.230 de indivíduos distribuídos em 14 táxons. Na tabela 3, estão disponíveis os táxons identificados assim como suas respectivas densidades relativas, referentes a campanha realizada em junho de 2015.

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Tabela 1 – Táxons identificados com suas densidades e densidades relativas, obtidos nas estações B1, B2 e B3, coletadas no dia 28/11/14.

Taxóns

Estação B1 Estação B2 Estação B3

D (Org.m-3) D.R. (%) D (Org.m-3) D.R. (%) D (Org.m-3) D.R. (%) A. (Acanthacartia) tonsa - - - - 112 2,52 Aglaura sp. 23 2,26 34 0,99 285 6,4 Calanopia americana - - - - 52 1,16 Centropages velificatus 145 14,34 309 8,91 207 4,65 Ceritharia sp. - - 34 0,99 17 0,39 Clytia sp. - - 23 0,66 - - Náuplios N.I. - - 46 1,32 224 5,04 D. amazonicus 111 10,94 103 2,97 26 0,58 Eucheilota duodecimalis - - 34 0,99 - - Euterpina acutifrons - - 355 10,23 630 14,15 Flaccisagitta enflata 34 3,4 286 8,25 319 7,17 Hidrozoa N.I. - - - - 26 0,58 Larva de Decapoda 187 18,49 218 6,27 354 7,95 Larva de peixe - - 80 2,31 - - Larvas pluteus de Echinoidea - - 103 2,97 543 12,21 Macrosetella gracilis - - - - 26 0,58 Microsetella rosea - - 23 0,66 - - Nannocalanus minor 99 9,81 149 4,29 216 4,84 Oikopleura dioica 11 1,13 206 5,94 164 3,68 Oithona plumifera - - 46 1,32 - - O. giesbrechti 31 3,02 46 1,32 129 2,91 Ostracoda N.I. 8 0,75 - - - - Paracalanus aculeatus 8 0,75 69 1,98 95 2,13 Parvocalanus crassirostris 137 13,58 263 7,59 336 7,56 Poliqueta (Plancônica) N.I. - - - - 17 0,39 Subeucalanus pileatus - - 424 12,21 336 7,56 Subeucalanus crassus - - 378 10,89 241 5,43 Temora turbinata 218 21,51 218 6,27 95 2,13 Tetracanna octonema - - 23 0,66 - - Total 1012 100,00 3469 100,00 4450 100,00

Como resultado da dominância de espécies da coleta realizada na campanha referente a novembro de 2014, obtive-se a espécie Euterpina acutifrons como dominante em relação aos demais táxons identificados. Segundo Björnberg (1963), a Euterpina acutifrons habita desde regiões costeiras a o interior estuarino, tendo ampla distribuição geográfica e geralmente com elevada abundância. Na campanha de novembro, foram estimados aproximadamente 1.040 indivíduos referentes a E. acutifrons, o que representou 13% do total identificado, como demonstra o gráfico a seguir.

(7)

Figura 1 – Dominância de táxons em relação a abundância total das amostras coletadas no dia 28/11/15.

Na campanha do dia 12/02/2015, houve a coleta de amostras nas 4 estações (B1, B2, B3 e B4), onde foram identificados em média 104.152 indivíduos para cada estação, distribuídos em total de 22 táxons. Na amostra obtida na estação B1 a densidade foi estimada em aproximadamente 46.342 org.m-3, para estação B2 a estimada para a densidade da amostra coletada foi de aproximadamente 25.276 org.m-3, na amostra da estação B3 a densidade estimada foi de aproximadamente 21.568 org.m-3 e na estação B4 a amostra obtiva teve como estimativa para a densidade aproximadamente 27.044 org.m-3. A tabela 2 demonstra os táxons identificados durante a campanha, assim como suas respectivas diversidades por m³ relativas a abundância total.

Durante a campanha de fevereiro de 2015, a espécie Acartia (Acanthacartia) tonsa se apresentou com absoluta dominância em relação aos demais táxons identificados. Segundo Ramos (2007), essa espécie é encontrada em águas costeiras e estuarinas por todo o mundo, tendo preferência por águas quentes e temperadas, das regiões tropicais e subtropicais, sendo amplamente distribuída em Baías e áreas costeiras na costa do Pacífico e no Atlântico ao

entorno da América do Norte e América do Sul. Na campanha do mês de fevereiro foram

estimados 224.600 indivíduos referentes a espécies Acartia (Acanthacartia) tonsa, que reprentaram 94% do total identificado. No gráfico a seguir é ilustrado a dominância dos táxons identificados durante a campanha, sendo classificados como, outros, os táxons com menos de 1% de densidade relativa. E. acutifrons 13% S. pileatus 9% Larvas pluteus de Echinoidea 9% P. crassirostr is 8% F.enflata 8% S. crassus 7% Larva de Decapoda 7% C. velificatus 7% N. minor 5% Aglaura sp. 4% T. turbinata 4% Náuplios N.I. 4% Oikopleura dioica 3% O. giesbrechti 2% P. aculeatus 2% D. amazonicus 2% A. (Acanthacartia) tonsa 2% Outros 5%

NOVEMBRO DE 2014

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Tabela 2 – Táxons identificados com suas densidades e densidades relativas, obtidos nas estações B1, B2, B3 e B4 coletadas no dia 12/02/14.

Taxóns

Estação B1 Estação B2 Estação B3 Estação B4

D (Org.m-3) D.R. (%) D (Org.m-3) D.R. (%) D (Org.m-3) D.R. (%) D (Org.m-3) D.R. (%) A. (Acanthacartia) tonsa 42516 91,74 96166 95,13 80477 93,29 101834 94,14 A.(Odontacartia) lilljeborgi 251 0,54 1690 1,67 1558 1,81 1490 1,38 Aglaura sp. 193 0,42 - - - - 497 0,46 C. velificatus 193 0,42 - - - - Chaetognatha N.I. - - - - 334 0,39 - - Clytia sp. - - 282 0,28 - - 497 0,46 D. amazonicus 387 0,83 - - - - E.acutifrons - - - - 557 0,65 994 0,92 F. enflata 1353 2,92 422 0,42 668 0,77 621 0,57 hidrozoa N.I. - - - - 334 0,39 248 0,23 Larva de Decapoda 193 0,42 - - 334 0,39 248 0,23 Larva de peixe - - - - 223 0,26 124 0,11 Poliqueta N.I. 193 0,42 - - - - N. minor 387 0,83 - - - - Noctiluca sp. - - 845 0,84 779 0,90 373 0,34 Oithona nana - - 563 0,56 223 0,26 497 0,46 Ostracoda N.I. 193 0,42 - - - - 124 0,11 P.aculeatus 97 0,21 141 0,14 - - - - P.crassirostris - - 282 0,28 223 0,26 - - S.pileatus - - 422 0,42 445 0,52 - - S.crassus - - 282 0,28 111 0,13 621 0,57 Temora turbinata 387 0,83 - - - - Total 46342 100,00 101094 100,00 86265 100,00 108167 100,00

(9)

Figura 2 – Dominância de táxons em relação a abundância total das amostras coletadas no dia 12/02/15. Tabela 3 – Táxons identificados, e suas abundancias relativas, obtidas nas estações B1,

B2 e B3, coletados no dia 25/06/15.

TÁXON Estação B1 Estação B2 Estação B3

DR (%) DR (%) DR (%)

Acartia (Acanthacartia) tonsa 2,88 9,57 4,55

Acartia (Odontacartia) lilljeborgi 0,69 - -

Calanopia americana 0,41 1,06 - Centropages velificatus 3,29 - 10,91 Clytia sp. 1,65 - - Náuplios N.I 10,29 5,32 6,36 Ditrichocorycaeus amazonicus 0,41 0,35 3,18 Euterpina acutifrons 2,19 4,26 5,45 Flaccisagitta enflata 0,55 1,42 1,36 Larva de Decapoda 3,16 5,32 10,45 Larva de Peixe 0,41 - -

Poliqueta (Plancônica) N.I. 0,27 2,48 -

Larvas pluteus de Echinoidea - 1,42 1,82

Noctiluca sp. 0,27 - - Obelia sp. - - 0,91 Oithona nana 0,27 - - Onychocorycaeus giesbrechti 2,74 12,77 43,64 Ostracoda N.I. - 4,61 0,91 Paracalanus aculeatus 0,69 1,42 5,45 Parvocalanus crassirostris 69,55 50 - Temora turbinata 0,27 - 5 Acartia (Acanthacartia) tonsa 94% A. (Odontacartia) lilljeborgi 1% F. enflata 1% Noctiluca sp. 1% Outros 3%

FEVEREIRO DE 2015

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Como resultado da dominância para as coletas feitas durante a campanha de junho de 2015, a espécie Parvocalanus crassirostris se apresentou dominante em relação às demais táxons identificados. Para Matsumura-Tundisi (1972), a espécie Parvocalanus crassirostris possui alta tolerância à salinidade e temperatura e se encontra em diversas partes do mundo. No entanto é limitada pelas áreas costeiras das regiões tropicais e subtropicais, sendo uma das espécies da classe Copepoda mais citado em pesquisas de ambiente costeiros e estuarinos do Brasil, Na campanha foram estimados 6.480 indivíduos, referentes a espécies P. crassirostris, o que representa 54% do total identificado nas amostras do mês de junho de 2015. Como demonstra o gráfico a seguir.

Figura 3 – Dominância de táxons em relação a abundância total das amostras coletadas no dia 25/06/15.

Os índices de diversidade de Shannon, Simpson e a equitatividade foram calculadas a partir dos indivíduos identificados utilizando os valores de densidade de organismos da classe Copepoda, pois os mesmos foram identificados em nível de espécies, nas três campanhas de coleta realizadas. Para Magurran (1998) aplicação de índices de diversidade como os de

Shannon, Simpson e a equitatividade, oferecem vantagem que permite interpretar mudanças

na comunidade estudada. Assim, pode-se atribuir uma diminuição na diversidade de uma comunidade na sequência de um incidente a uma perda de poluição da riqueza, da regularidade ou uma combinação destes. Na análise o índice apresentou uma variação de 0,25 (considerado baixo) a 3,4 (considerado alto) bits. Org. entre os meses de novembro de 2014, fevereiro e junho de 2015. P. crassirostris 54% O. giesbrechti 13% Náuplios N.I 9% Larva de Decapoda 5% A. (Acanthacartia) tonsa 5% E. acutifrons 3% C. velificatus 2% P. aculeatus 2% Ostracoda N.I. 1% T. turbinat a 1% Clytia sp. 1% D. amazonicus 1% F. enflata 1% Poliqueta (Plancônica) N.I. 1% Larvas pluteus de Echinoidea 1% Outros 2%

JUNHO DE 2015

(11)

.

Figura 4 – Variação do Indície de shannon em relação as amostras coletadas nas campanhas de novembro de 2014 e fevereiro e junho de 2015

O índice de Simpson é uma das mais significativas medidas para a diversidade disponíveis. Em essência, ele captura a variância da distribuição de abundância de espécies. A medida varia de 0 a 1 e não é sensível a riqueza de espécies. (Magurran, 1998). Nas campanhas realizadas esse índice apresentou uma variação entre 0,06 e 0,9. Como demonstra o Gráfico 5.

Figura 5 – Variação do Indície de Simpson em relação as amostras coletadas nas campanhas de novembro de 2014 e fevereiro e junho de 2015.

A equitatividade foi calculada com base nos índices de Shannon, e apresentou variação entre 0,1 e 0,9. Segundo Martinelli-Filho (2007) para Equitatividade, os valores abaixo de 0,5 são considerados baixos, o que refletem em uma maior dominância de espécimes. Sendo a equitatividade na campanha de fevereiro abaixo das demais, devido à presença Acartia

(Acanthacartia) tonsa que se comportou como dominante absoluto em relação aos demais

táxoms, como demonstra a figura 6.

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 B1 B2 B3 B4

Shannon

nov/14 fev/15 jun/15

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 B1 B2 B3 B4

Simpson

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Gráfico 6 – Variação dos valores de Equitabilidade em relação as amostras coletadas nas campanhas de novembro de 2014 e fevereiro e junho de 2015.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 B1 B2 B3 B4

Equitatividade

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PUBLICAÇÕES:

BRASIL, L. D., QUEIROS, A. F., MORAIS, L. M., SZÉCHY, M T. & MARTINELLI-FILHO, J. E. Estimativa da biomassa de Sargassum (Phaeophyceae: Fucales) durante

arribações massivas na costa amazônica. XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE

ENGENHARIA DE PESCA. São Luiz- MA, 2015. (submetido).

ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NOS PRÓXIMOS MESES:

 As coletas da fauna zooplanctônica devem continuar em intervalos trimestrais, como o proposto no projeto.

 O acompanhamento dos blooms algais, assim como sua estimativa de biomassa e coleta amostral para seu sequenciamento genético e possível identificação da espécie do género Sargassum.

Estimar a área e biomassa de eventuais manchas de Sargassum sp. que ocorram na região.

 Busca por mais fatores que expliquem ou relacionem o fenômenos dos Bloom que vem correndo desde 2013 e escala quantidades cada vez maiores.

CONCLUSÃO:

 Ocorreu um predomínio de organismos da classe Copepoda durante todo o período de execução da pesquisa, tendo como espécies mais espressivas, Acartia (Acanthacartia)

tonsa, Parvocalanus crassirostris e Euterpina acutifrons.

 Observou-se uma quantidade considerável de larvas de peixes, Decápodas e Crustáceos, além de poliquetas e ouriços. O que caracteriza a região estuarina estudada, como uma potencial área de Berçário.

 A densidade média de 49.162 org.m-3 demonstra uma elevada quantidade de organismos planctônicos presente na região, se comparado com outros trabalhos, de regiões estuarinas referentes ao estado do Pará.

 Na campanha de fevereiro, houve uma maior dominância de espécies que as demais campanhas (como ilustra no gráfico 2), onde os indivíduos da espécie Acartia

(Acanthacartia) tonsa, representam aproximadamente 94% da abundância total

estimada para as estações. Relação que é demonstrada pelos índices de equitatividade referente a campanha do mês de fevereiro.

 Com o projeto ainda em execução, mais analises devem ser realizadas, para um maior embasamento teórico na busca de possíveis relações de padronização.

(14)

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DIFICULDADES -

1. A falta de embarcações apropriadas para a coleta foi o fator mais problemático durante a execução desse projeto. Tendo cada saída ter sido executada com uma embarcação diferente.

2. A campanha de coleta do mês de junho ocorreu com atraso, pois não houve a liberação do orçamento para o projeto em tempo hábil para a execução do cronograma proposto. 3. Na campanha de novembro de 2014, a coleta ocorreu em apenas 3 estações, devido a

precariedade da embarcação.

4. Na campanha de junho de 2015, novamente apenas houve a possibilidade de coleta em 3 estações, devido as condições climáticas oferecerem risco para os pesquisadores do projeto.

(16)

PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o desenvolvimento das

atividades do aluno e justificativa do pedido de renovação, se for o caso.

O aluno é bolsista do edital Progamas Especiais Interdisciplinares (edital n°09 de 2014, PROESP/FADESP. O plano de iniciação científica teve inicío somente em Novembro de 2014, portanto o aluno ainda não cumpriu um ano de bolsa. O projeto “Blooms de organismos nocivos no litoral paraense: padrões, previsibilidade e sustentabilidade” será desenvolvido até Outubro de 2016, sendo que mais da metade das saídas de campo ainda não foram realizadas.

Devido à essas características peculiares do edital e da longa pesquisa de campo (coletas trimestrais), é necessário dar continuidade ao projeto de iniciação científica do aluno. As próximas etapas trarão um volume maior de dados, além de resultados e discussão mais elaborados.

DATA: ______/_________/________

_________________________________________ Dr. José Eduardo Martinelli Filho

____________________________________________ Arnaldo Fabrício dos Santos Queiroz

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