ASSOCIAÇÃO TATO´A PARAKANÃ
CONSELHO DO POVO PARAKANÃ
TERMO DE REFERÊNCIA
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FORTALECIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DO ARTESANATO DO PLANO DO POVO PARAKANÃ DE GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL DA TERRA INDÍGENA
APYTEREWA
Apresentação
The Nature Conservancy (TNC) é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1951 que tem como missão conservar as terras e águas das quais a vida depende. Atua em 71 países e conta com mais de um milhão de membros, recebendo apoio da comunidade empresarial e de diversas organizações bilaterais. Com quase 50 milhões de hectares conservados no mundo, duas vezes o tamanho do Estado de São Paulo, os projetos da TNC ajudam a conservar a vida nas principais regiões do planeta em consonância com o desenvolvimento econômico e social e com respeito aos costumes das comunidades locais.
O Programa Brasil da TNC implementa projetos de conservação ambiental e bem-estar social em parceria com organizações não governamentais e órgãos governamentais federais, estaduais e municipais. O Programa Povos Indígenas é uma das prioridades estratégicas da TNC e busca incentivar a gestão territorial e ambiental das terras indígenas em bases ambientalmente responsáveis como ferramenta de planejamento estratégico das comunidades promovendo a conservação efetiva da biodiversidade. Outra iniciativa desse é programa é a promoção do diálogo entre empresas e povos indígenas visando o estabelecimento de boas práticas corporativos de suas cadeias produtivas com respeito aos direitos dos povos indígenas.
Nesse contexto, em 2007, o Programa Brasil TNC e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) firmaram Acordo de Cooperação Técnica/ACT (01/2007 e 01/2012) com vigência até 2020. O objetivo central é a promoção e implementação de políticas públicas ambientais e de etnodesenvolvimento e gestão territorial e ambiental dos Povos e Terras Indígenas no Brasil. Em 2012, resultado desse acordo, em conjunto com outras organizações governamentais e não governamentais, especialmente das organizações e redes de articulação indígena em nível nacional, o governo federal decretou a Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI). Para a implementação dessa política pública e direitos indígenas e ambientais consagrados na constituição federal de 1988, a cooperação técnica FUNAI e TNC, em articulação com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), implementou o
Projeto Gestão Ambiental em Terras Indígenas (GATI) – de 2010 a 2016, apoiado pelo Global Environment Facility – Fundo Global para a Natureza.
Em 2014, iniciou-se o Projeto “Implementando a Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas na Amazônia Oriental (IGATI)”, apoiado com recursos do Fundo Amazônia (por meio do Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES). Seu objetivo é colaborar com a implementação da PNGATI com apoio estratégico à seis Planos de Gestão Territorial e Ambiental - PGTA em seis Terras Indígenas: PGTA Oiapoque - terras indígenas/TI Galibi, Jumina, Uaçá) e Waiãpi (TI homônima) – localizados no Amapá; e dois PGTA no Pará: Xikrin (TI Trincheira Bacajá) e Parakanã (TI Apyterewa).
No Pará, a TNC atua na região do Médio Xingu (rica pela sua enorme diversidade biológica e cultural e grandes desafios no contexto do impactos do arco do desmatamento da Amazônia e políticas públicas de infraestrutura), apoiando diretamente os povos Xikrin e Parakanã. Com ambos povos, desde 2010 TNC e FUNAI iniciamos o processo de construção dos seus Planos de Gestão Territorial e Ambiental. Como resultado do projeto, esperasse que governo, organizações indígenas, demais atores não governamentais (sociedade civil e empresas) possam replicar e multiplicar experiencias bem-sucedidas de gestão territorial e ambiental de terras indígenas no condão dos direitos indígenas.
2. Contexto
A região do Médio Xingu compreende um vasto território originalmente habitado por populações indígenas da Amazônia brasileira. Situam-se nessa vasta região, as Terras Indígenas de povos pertencentes à três troncos linguísticos distintos: Tupi (povos Asuriní do Xingu, Araweté, Parakanã, Juruna, Xipaya e Kuruaya), Macro-Jê (povos Xikrin e Kararaô) e Karib (povo Arara).
A Terra Indígena Apyterewa, localizada no município de São Felix do Xingu, é habitada pelo povo Parakanã, do tronco linguístico Tupi, família Tupi-guarani. Considerados como povo indígena de recente contato, a TI Apyterewa está homologada e registrada no cartório de São Felix do Xingu e Serviço do Patrimônio da União, e há cerca de pelo menos 10 anos está em processo de desintrusão de ocupantes não indígenas. Atualmente existente 10 aldeias: Katô e Paranapiona (localizadas no Igarapé Bom Jardim ou Paranapiona); ao longo do rio Xingu as aldeias: Itamaratá, Apyterewa, Pypi, Xingu, Paranapitonga e Raio de Sol; e no Rio São Sebastião a aldeia Awaeté Awyra (ou Paredão).
Em 2011, os Parakanã da Terra Indígena Apyterewa começaram a vivenciar experiências e processos de diálogo, formação e intercâmbio sobre planos e políticas de gestão territorial e ambiental. Foi no marco desse processo, com apoio da TNC e FUNAI, bemo como de iniciativas do Programa de Gestão Territorial Indígena/PGTI do Componente Indígena do Plano Básico Ambiental do processo de licenciamento ambiental de UHE Belo Monte, iniciou-se a elaboração do Plano de Gestão da Terra Indígena Apyterewa. Para tanto foram realizadas as etapas de sensibilização nas temáticas da PNGATI e PGTA, etnomapeamento/etnozoeamento e a elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental Parakanã – Marantapa Xapo (na língua Parakanã).
O processo de discussão entre lideranças, sábios, professores e mulheres teve início em abril de 2015 e, durante os meses que se sucederam até janeiro de 2016, foram realizadas reuniões, oficinas de planejamento, intercambio e Assembleias Gerais das Aldeias Parakanã. Neste período o PGTA da Terra Indígena Apyterewa delineou três eixos basicos para as ações estratégicas: Proteção Territorial, Manejo Sustentável dos Recursos Naturais e Organização Social e Política.
Durante esse processo, o eixo da Organização Social e Política dos Parakanã foi amplamente refletida pelos indígenas e discutida nas Assembleias e oficinas realizadas, constituindo-se a essência do Plano Parakanã. Duas estruturas de governança foram reconhecidas pelos Parkanã: o Conselho Parakanã e Associação Tato´A do Povo Parakanã. Ambas se relacionam com todo povo e território Parakanã da Terra Indígena Apyterewa, sendo o Conselho Parakanã uma instância política com objetivo de garantir maior participação comunitária e controle social nos processos de tomada de decisão; enquanto a Associação Tato´a do Povo Parakanã uma instância de implementação das decisões do Conselho, execução do Plano de Gestão e demais projetos e programas relacionados a TI Apyterewa.
Nesse contexo, foi proposto o projeto de Atividades Produtivas Sustentáveis, financiado pelo IGATI, para a estruturação das cadeias de valor sustentáveis da castanha do Pará, copaíba, cumaru e artesanato na Terra Indígenas Apyterewa. Pretende-se desenvolver um conjunto de ações visando melhorar a organização social para produção, a capacitação de indígenas para promoção de boas práticas de manejo, a melhoria da infraestrutura para produção, a adoção de estratégias de escoamento da produção e o fortalecimento de relações entre elos das cadeias por meio da articulação entre atores para
a melhoria da produção e comercialização dos produtos indígenas. O projeto será desenvolvido e implementado pelas próprias comunidades que já produzem e comercializam seus produtos entre as aldeias e o município de Altamira, São Felix do Xingu e região. O projeto visa fortalecer a produção indígena, respeitando-se as especificidades de cada povo indígena beneficiado visando a geração de renda e a segurança alimentar das comunidades.
Para a plena capacidade de execução do projeto, faz-se necessária a contratação de uma consultoria especializada para facilitar o diálogo interno entre os Parakanã por meio da Assessoria à TAOTO´A e Conselho Parakanã, na formação dos representantes, lideranças e gestores indígenas que estarão na linha de frente da implementação dessas iniciativas.
Algumas ações de apoio ao eixo Manejo Sustentável de Recursos Naturaias no âmbito do PGTA Parkanã realizados pelo IGATI:
a) Fortalecimento do Conselho Parakanã e Desenvolvimento Institucional da Associação
Tato´A;
b) Promoção a construção do projeto prioritário da cadeia de valor e sustentablidade
econômica e cultural da castanha do Pará, iniciada em 2015, e que teve na safra de 2018 seus primeiros resultados, no contexto da Rede Terra do Meio, e da COOPERATIVA ALTERNATIVA MISTA DOS PEQUENOS PRODUTORES DO ALTO XINGU – CAMPPAX
c) Diagnóstico, comercialização e potencial do artesanato Parakanã, com apoio da TNC,
bem como de Diagnóstico realizado no contexto do PBA CI UHE Belo Monte, e que embasaram a elaboração deste termo de referncia;
A produção de artesanato pelos indígenas Parakanã faz parte e seus modos de vida tradicional e é continua e cotidiana. O interesse do público não indígena nesse produto vem crescendo a cada ano e o mercado do artesanato tem potencial para ser uma cadeia de valor sustentável com altíssimo valor agregado, cultural, social e ambiental, envolvendo jovens, idosos e mulheres em sua prática. Porém para que a artesanato se consolide como uma cadeia de valor é necessário investir na capacitação dos indígenas sobre essa cadeia, investir em infraestrutura e apoiar os mais velhos no repasse do conhecimento aos mais jovens.
3. Objetivo
Contratação de pessoa jurídica para desenvoler consultoria especializada em estruturação, formação e fortalecimento da cadeia produtiva e valorização do artesanato do PGTA PARAKANÃ MARANTAPA XAPO, assessorando à Associação TATO´A e o CONSELHO PARAKANÃ, em diálogo com a cooperação técnica FUNAI/TNC e demais atores do Núcleo Técnico do Arranjo Institucional de implementação do PGTA PARAKANÃ.
4. Atividades
A consultoria irá realizar as seguintes atividades:
• Elaborar, em conjunto com a Associação TATO´A e cooperação técnica TNC/FUNAI, um Plano de Trabalho constanto o planejamento das atividades a sere executadas e seu cronograma de execução dentro de vigencia do contrato;;
• Realizar uma reunião geral com as artesãs e artesãos Parakanã, para discussão e entendimento dos seguintes pontos: (a) realidade local da produção atual de artesanto do povo Parakanã; (b) quais são os mecanismos e processos de governança do PGTA PARAKANÃ e da organização social e representatividade do protagonismo feminino no processo de produção e valorização do artesanato; (c) identificar e detalhar quais serão as necessidades de melhoraria da qualidade da produção do artesanato visando o aumento do valor das peças no processo de comercialização, sem que altere a lógica e meio tradicionais da cultura do povo Parakanã. Essa atividade deverá ter duração de 02 (dois) dias, e contará com a participação de 50 indígenas.;
• Disponibilizar material e registros em editor de texto word (bem como de outras formas de organização das informações produziadas na reunião geral com as artesãs e artesãos Parakanã, como videos em formato para uso em celulares) de forma a divular os resultados dessa reunião geral com artesãs (ou artesãos) indígenas das demais aldeias que não tiveram a oportunidade de participar da atividade;
• realizar uma oficina de produção de artesanato Parakanã: tradição, inovação e criatividade, com participação de 50 indígenas (artesãs e artesãos), para a discussão sobre os temas da produção tradicional de artesanato, inovação e criatividade como formas de expandir a apresentação e divulgação do artesanto produzido pelas indígenas Parakanã no mercado nacional e internacional. Para tanto serão abordados os seguintes temas: (a) Produção orientada para o mercado e inovação; (b) Interação criativa com designer de produto não-indígena; (c) Construção coletiva da definição de uma coleção de Artesanato Parakanã;
• Realizar uma Oficina de produção audiovisual, voltada para divulgação e comercialização de produtos da sociodiversidade para 10 jovens Parakanã, visando a formação de profissionais indígenas em audiovisual para a produção de materiais para a promoção de produtos da sociodiversidade visando elaborar os seguintes produtos: (a) produção de 3 videos curtos (1" a 3" cada) profissionais e de alto impacto estético voltados para a divulgação de produtos e valorização interna e externa da arte e da cultura Parakanã; (b) produção de 25/30 fotos profissionais, tratadas, sobre artesanato, artesãs, materias primas e processos produtivos, e contextos. Todo o equipamento técnico especifco para realização desta atividade (câmera/s de vídeo/s e fotografia e outros equipamentos técnicos para captação e edição de imagens em alta resolução deverão ser fornecidos pela consultoria contratada por meio deste edital;
5. Produtos
Produto 1 – Documento word e Excel apresentando os resultados e encaminhamentos discutidos
e aprovados na Reunião geral com artesãos e artesãs Parkanã sobre o tema da Governança e Gestão de negócios sustentáveis de artesanato para artesãs e artesãos Parakanã. Esse documento deverá fornecer, de forma objetiva e técnica, baseado em metodologia científica (introdução, metodologia, conteúdos, principais temas abordados e conclusão) as principais discussões e encaminhantos sobre: (a) a realidade local da produção atual de artesanto dos Parakanã; (b) os mecanismos e processos de governança da organização social e representatividade de um negócio social coletivo e do protagonismo feminino nesse processo e na cadeia produtiva e de valor do artesanato; (c) sitematização e detalhamento das necessidades de melhorarias da qualidade da produção do artesanato visando o aumento do valor do produto no processo de comercialização e diálogo com agencias do mercado. Além do documento em word, a consultoria deverá elaborar um arquivo ppt, com no máximo 20 slides, sintesando as informações do documento Produto 1.
Produto 2 – Documento word e/ou Excel, descrevendo, de forma objetiva e detalhada, as
atividades da Oficina de produção: tradição, inovação e criatividade, com participação de 50 indígenas (artesãs e artesãos), contendo, de forma objetiva e apresentando os contéudos das discussões sobre os temas da produção tradicional de artesanato, da inovação e criatividade como formas de expandir a apresentação e divulgação do artesanto produzido pelas indígenas Parakanã no mercado nacional e internacional. Para tanto serão abordados os seguintes temas: (a) Produção orientada para o mercado e inovação; (b) Interação criativa com designer de produto não-indígena; (c) Construção coletiva da definição de uma coleção de Artesanato Parakanã. Além do documento em word, a consultoria deverá elaborar um arquivo ppt, com no máximo 20 slides, sintesando as informações do documento Produto 2.;
Produto 3 – Documento word, descrevendo, de forma objetiva e embasada em metodologia
científica (introdução, metodologia, conteúdos, principais temas abordados e conclusão), os dados resultantes da Oficina de produção audiovisual de Formação de 10 Parakanã voltada para a produção de materiais para a promoção de produtos da sociodiversidade e elaborar os seguintes sub-produtos:
(a) produção de 3 videos curtos (1" a 3" cada) profissionais e de alto impacto estético voltados para a divulgação de produtos e valorização interna e externa da arte e da cultura Parakanã;
(b) produção de 25/30 fotos profissionais, tratadas, sobre artesanato, artesãs, materias primas e processos produtivos, e contextos;
(c) Além do documento word, a consultoria deverá elaborar um arquivo ppt, com no máximo 20 slides, sintesando as informações do documento Produto 3.
6. SELEÇÃO E CRITÉRIOS PARA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
6.1. Obrigatórios
Apresentar experiencia de trabalho indigenista com povos indígenas e comprovar a execução de no mínimo 03 anos de trabalho na esfera do fortalecimento de cadeias produtivas de artesanato indigena e dialogo empresas do mercado de artesanato;
A proposta técnica-financeira deverá conter os seguintes itens:
a. Metodologia detalhada a ser aplicada na execução das atividades e processos;
b. Cronograma preliminar de execução das atividades e entrega de produtos articulado com a metodologia;
c. Descritivo da qualificação técnica da equipe (currículo equipe, port folio empresa, registro de experiências compradas nos assuntos diretamente envolvidos com os objetivos, atividades e produtos deste termo de referencia, em especial, cadeias produtivas e valor de artesanato;
d. Proposta financeira.
Os critérios de seleção de propostas seguirão o princípio da qualidade técnica e de preço.
A proposta técnico-financeira deve ser enviada para a TNC até o dia 06/09/2018, por meio
digital no endereço eletrônico ebarnes@tnc.org com o título da mensagem: Edital Cadeia Produtiva
Artesanato do Plano Parakanã.
7. Forma de Pagamento
Os pagamentos serão efetuados de acordo com o seguinte plano:
Pagamento Descrição Valor em %
1º pagamento Após a assinatura do contrato e emissão de nota fiscal 20%
2º pagamento Após a entrega e aprovação. pela TNC. do Produto 1 e
emissão de nota fiscal
20%
3º pagamento Após a entrega e aprovação, pela TNC, do Produto 2 e
emissão de nota fiscal
20%
4ª pagamento Após a entrega e aprovação, pela TNC, do Produto 3 e
emissão de nota fiscal
40%
Ressalta-se que todos os produtos serão apresentados em versão preliminar em formato de editor de texto word (podendo ser utilizados auxiliarmente outros formatos digitais tais quais excel e/ou apresentação de slides), para serem analisados pela contratante. Todas as modificações e recomendações efetuadas pela equipe técnica responsável pela TNC, referentes aos produtos preliminares, deverão ser incorporadas aos documentos, para que possam ser aprovados e entregues em sua versão final. Devendo, portanto, o pagamento ser efetuado somente após a entrega e aprovação dos produtos em sua versão final.
