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Lori Lambe a Memória Da Língua

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Academic year: 2021

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Lori lambe a memória da língua Lori lambe a memória da língua11

“We don’t need no education “We don’t need no education We don’t need no thoughts control  We don’t need no thoughts control   Hey, teacher

 Hey, teacher, leave those kids alone!”, leave those kids alone!” (Pink Floyd) (Pink Floyd)

Tudo bem com a pornografia, mas não toquem nas crianças! Imagens da doçura e da Tudo bem com a pornografia, mas não toquem nas crianças! Imagens da doçura e da inocncia não deem ser temas dos escritos pornogr"ficos# Preseradas dos enolimentos inocncia não deem ser temas dos escritos pornogr"ficos# Preseradas dos enolimentos sensuai

sensuais, tm s, tm de pairar $ de pairar $ como an%os no como an%os no limblimbo o asse&uaasse&uado $ do $ acima dos apelos dos acima dos apelos dos instiinstintos#ntos# 'u

'uanando do esessa sa nornorma ma do do sensenso so cocomumum m   cocontntraraririadada, a, proproooca ca escescnndadalo lo e e cr*cr*titicacass indign

indignadas# +eantamadas# +eantam$se contra o $se contra o uso pererso da uso pererso da represenrepresentação da tação da infncinfncia at ia at as cabeçasas cabeças mais liberais e mesmo aquelas que não desconecem as teorias freudianas a respeito da mais liberais e mesmo aquelas que não desconecem as teorias freudianas a respeito da se&ualidade infantil demonstram escr-pulos quando confrontadas com essa ousadia# .sse se&ualidade infantil demonstram escr-pulos quando confrontadas com essa ousadia# .sse rep-dio / pornografia enol

rep-dio / pornografia enolendo criançaendo crianças  s  maiomaior quando r quando a abordagem não se a abordagem não se fa0 atrasfa0 atras da temati0a

da temati0ação de ção de um mundo infantil passio, su%eium mundo infantil passio, su%eito a to a abusos, pois se isso abusos, pois se isso pode proocar pode proocar  orror e piedade

orror e piedade, não corrompe a alma## Pior  o , não corrompe a alma## Pior  o efeito causaefeito causado quando as e&perido quando as e&perinciasncias se&uais das crianças, alm de 1narradas por elas mesmas2, resultam em alegria e pra0er, se&uais das crianças, alm de 1narradas por elas mesmas2, resultam em alegria e pra0er, desafia

desafiando a ndo a boa conscincboa conscincia do ia do leitleitor# 3essor# 3esse caso, o e caso, o que se tem  que se tem  um reforço dos padr4esum reforço dos padr4es morais que re%eitam a idia de qualquer iniciatia de sedução proeniente das crianças# 5em morais que re%eitam a idia de qualquer iniciatia de sedução proeniente das crianças# 5em comparação, no entanto,  a e&trema perturbação proocada pela ambig6idade narratia comparação, no entanto,  a e&trema perturbação proocada pela ambig6idade narratia causada pelo %ogo entre o que a criança sabe e o que ignora, entre a inocncia e uma causada pelo %ogo entre o que a criança sabe e o que ignora, entre a inocncia e uma sabedoria perersa encenadas no ato da enunciação#

sabedoria perersa encenadas no ato da enunciação#

7ale a pena, no entanto, dei&ar ca*rem por terra atitudes defensias e abandonar$se / 7ale a pena, no entanto, dei&ar ca*rem por terra atitudes defensias e abandonar$se / leitura de dois romances $ desses que se lem num "timo $ 8 9aderno :osa de +ori +amby, leitura de dois romances $ desses que se lem num "timo $ 8 9aderno :osa de +ori +amby, de ;ilda ;ils

de ;ilda ;ilst t e e o o .lo.logio / gio / <ad<adrastrastaa,, de <ario 7argas +losa# +$los com o intuito de  de <ario 7argas +losa# +$los com o intuito de aaliar, menos comprometidamente com a moral e os bons costumes, de que modo essas aaliar, menos comprometidamente com a moral e os bons costumes, de que modo essas quest4es são encaradas por esses autores, ironica e inteligentemente, proocando o leitor, quest4es são encaradas por esses autores, ironica e inteligentemente, proocando o leitor,

==Artigo publicado In. Armadilhas Ficcionais: modos de Artigo publicado In. Armadilhas Ficcionais: modos de desarmardesarmar. Org. Carlinda Fragale . Org. Carlinda Fragale Pate u!e".Pate u!e".

#io de $aneiro: %letras,&''(. #io de $aneiro: %letras,&''(.

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energonando$o, abalando suas certe0as, arrastando$o, contra sua pr>pria ontade, ao reino do pra0er infantil e dos ?bai&os instintos@# Am mundo sem amarras, sem censura, que se insinua quando a literatura não se energona de ser o que , ou se%a, mundo do ?fa0 $de$ conta@ ou , como preferem os adultos, do ?como se@, o mundo da fabulação#

.m +ori +amby e em .logio / <adrasta, encontramos essas duas figuras de crianças oscilando entre a candura aberrante e a corrupção# Trata$se de uma meninina de seus oito anos $ +ori $ que registra em um caderno cor de rosa, num tom absolutamente inocente, cenas capa0es de escandali0ar a maior libertinaB enquanto Foncito, o an%o louro de <ario 7argas +losa, enreda sua madrasta +ucrcia numa armadila de irresist*eis  pra0eres sensuais que a learão / ru*na pessoal# Cmbos cruelmente sedutores proocam o mais blasé dos leitores desarmando$o ao final# .ntre o riso e o mal estar, que %u*0o fa0er  sobre esses doces sacanasD .sses liros suspendem os limites impostos pela conscincia moral e social /s possibilidades do pra0er# 9ria$se uma situação interditada ao mundo adultoE a instauração poderosa do que Freud cama de “ego do prazer purificado”, ou se%a, a busca de obtenção de pra0er acima de todas as necessidades# Todaia não se esgota na

temati0ação se&ual o interesse dessas obras# Ga mesma forma que interessadas no se&o, elas se oltam para a consideração do que se%a a relação da literatura com o mundo# Tanto  para +ori quanto para Foncito, o go0o  uma afirmação de poder, um %ogo de esconder e

acarE para +ori, um caça$palaras, para Foncito um quebra$cabeças# Para +ori o que est" em questão  o signo erbal, para Foncito o pict>rico# 8b%etos de pra0er, corpos a conquistar#

8s dois autores dedicam$se, nestes liros, / escrita refle&ia da par>dia# 8u se%a, são te&tos que se dobram sobre outros te&tos para refut"$los, para deles se distanciarem, ou ainda que pareça parado&al para reerenci"$los# 8s dois colocam em questão os meios e&pressios de que se alemE ;ilda, a +iteratura $ a palara $ e 7argas +losa , a pintura $ a imagem isual# 8 se&o, nesses liros, não pode mais ser tomado numa relação de mera referencialidadeB não di0 respeito somente / materialidade das coisas, ao “aspecto seco e  fodido das coisas”,  nem apenas ao imagin"rio acerca do se&oB o se&o se depura num

F:.AG, 5igmund# 18 Instinto e suas icissitudes2 In$$$# 8bras 9ompletas . :io de Haneiro, Imago, ol# I7,

 p#=JK

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con%unto de imagens erbais e isuais que oferece modelos de realidade, mas que ao mesmo tempo tornam eidente que perderam a crença inocente na representação direta das ?coisas do mundo@# Transformaram$se em c>digos, discursos# 8 se&o temati0ado nesses dois liros p4e a nu as possibilidadesL impossibilidades de a palara conferir imagens est"eis da realidade e eidenciam o car"ter ?artificial@, ?art*stico@ do  como  di0$lo# 8 realismo assume sua face equ*oca para o leitor que s> poder" participar de seu %ogo se aceitar a premissa de desiludir$se#

C importncia do %ogo par>dico para a literatura moderna  tão grande quanto foi a da imitação para a literatura cl"ssica# Cmbas, par>dia e imitação, estruturam$se atras da adoção de um outro te&to ou para repeti$lo em seus procedimentos te&tuais (imitação), ou  para dele se distanciar por um suplemento significatio irMnico (par>dia)# 3a confluncia da arte da par>dia com outros gneros de apropriação, tais como a citação, a alusão, o  pl"gio, criam$se algumas cristali0aç4es conceituais, dificultando$les o entendimento e confundindo$os, na maioria das e0es, uns com os outros# 9omo não  o caso de demarcar  as fronteiras discursias eLou pragm"ticas entre essas diersas manifestaç4es, usa$se aqui o termo par>dia num sentido bastante amplo, ou se%a, de modo a que inclua não apenas o distanciamento cr*tico, que beira a s"tira descarada como o fa0 ;ilda ;ilst, mas tambm na sua forma mais sutil e delicada, como omenagem, que não e&clui a diferença irMnica, de <ario 7argas +losa#

Trata$se de par>dia no sentido que le  atribu*do por +inda ;utceon em seu Ama Teoria da Par>dia 1  maioria dos te"ricos da par"dia remontam a raiz etimol"gica do termo ao substantivo grego  parodia,  #ue #uer dizer $contra%canto’&&&'e olharmos mais atentamente para essa raiz obteremos, no entanto, mais informa()o&  natureza te*tual ou discursiva da par"dia +por oposi()o  s-tira. é evidente no elemento odos da palavra, #ue  significa canto& / prefi*o  para tem dois significados, sendo geralmente mencionado apenas um deles % o de contra ou oposi()o&&&0ste é presumilvelmente, o ponto de partida  formal para a componente de

  rid1culo pragm-tica habitual da defini()o um te*to é confrontado com outro, com a inten()o de zombar dele ou de o tornar caricato&&& 2o entanto, para em grego também pode N

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 significar ao longo de e, portanto, e*iste uma sugest)o de um acordo ou intimidade, em vez de contraste&” 3

4.1. Lori lambe a memória da Língua.

 3o caso de ;ilda ;ilst, a par>dia ousada a que se lançou com a trilogia sacana da qual fa0 parte 8 9aderno :osa (os outros liros são 9ontos d@.sc"rnio e 9artas de um 5edutor O) Jfoi alm do que o ambiente sadio da alta literatura poderia suportar# Ctingiu em

ceio a ipocrisia do mercado de liros num pa*s inculto# ;oue, na erdade, uma declarada irada na carreira liter"ria de ;ilda que, apesar de ser reconecida no meio liter"rio como uma autora sria e talentosa, era pouco lida pelo p-blico não especiali0ado# Co citar um erso de .dna 5aint 7incent <illayE “read me, do not let me die” , ;ilda

dramati0a a ang-stia de muitos autores que não conseguem furar o bloqueio do mercado liter"rio# C ontade de se apro&imar do p-blico ao mesmo tempo que de denunciar a misria de um mercado controlado por produç4es de bai&a qualidade, pode$se tradu0ir  tambm na famosa frase de ;ilda ao %ornalista ;umberto QerneckE “0u n)o vou escrever  mais nada, a n)o ser grandes, espero, ador-veis bandalheiras”4 &

.sse car"ter desafiador não esgota o alcance do liro, mas em certa medida reela algumas condiç4es e&tra$te&tuais que regulam a questão do pornogr"fico# Co se analisar  outros te&tos de ;ilda, o car"ter de e&plicitude no tratamento do se&o não diferir" tanto assim das obras da trilogia, o efeito pornogr"fico, portanto, tambm depender" de uma orientação pria de leitura# 5ua literatura ?essencial@R,  fora da ? bandaleira@, como a N# ;AT9;.83, +inda# Ama Teoria da Par>dia# .nsinamentos das Formas de Crte do 5culo # +isboa, ed#

KS, =RJ# p#O#

O;I+5T, ;ilda# 9ontos d@.sc"rnio# Te&tos Urotescos# 5ão Paulo, 5iciliano, =S#

# 9artas de um 5edutor# 5ão Paulo, Paulicia, ==#

JInclua$se ainda entre os liros de ?bandaleiras@de ;ilda ;ilst, Vuf>licas # (ilustraç4es de Haguar)# 5ão Paulo,

<assao 8no, =#

Cpud# Q.:3.9W, ;umberto# 1 Hilda se despede da seriedade .” Perfil.$ornal do )rasil. Fe# =S# P#  e

K#

K Q.:3.9W, ;umberto# 8p# 9it# P# 

RC designação de literatura 1essencial2 parece autori0ada por ;ilda ;ilst, %" que fa0 parte de uma entreista da

autora a <ario <endes publicada na reista  Elle de %uno de =O, sob o t*tulo   “5ma 'enhora 2ada

6omportada” (OK a O)# 9itoE 13os final dos anos RS, reoltada com o bai&o *ndice de endas de sua literatura 1essencial2(entre aspas no te&to) , disse que ia se dedicar / pornografia#2

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autora designa aos trs pequenos liros, reela alto teor pornogr"fico, se a pornografia for  tomada no sentido de obra que encena a representação direta do se&o# 1  /bscena 'enhora  7”, inclu*da no liro 9om os meus olos de cão9, em cote%o com sua literatura ?bandala@,

esclarece melor o que se quer e&plicar#

 3essa noela, a narradora $ ;ill $ relata, misturando n*eis temporais diersos e de forma fragment"ria, a crise e&istencial que se segue / morte do amante .ud e que acirra de forma perturbadora sua aentura em busca de sentido para as coisasE “eu 2ada, eu  2ome de 2inguém, eu  procura da luz numa cegueira silenciosa, sessenta anos  procura do sentido das coisas”&=S 3a mistura dos pronomes (;)ille, il (est), e()u(d), o eu e o outro,

 percebe$se o %ogo no qual a “m-#uina da l1ngua&&&8orna%se um 9orro verbal #uase #ue :nico”;; , adquirindo o te&to de ;ilda ;ilst o que Xabid +# <u0art camou de “opacidade

 sem<ntica”=E cria$se uma dimensão significatia cerrada, autoreferenciada, que se constr>i

sem ancorar$se e&clusiamente em referncias e&teriores# Gesse modo, o se&o, nesse te&to, adquire dimens4es de um blasfemo discurso religioso fundado na incia das sensaç4es corp>reasE “0ngolia o corpo de 7eus a cada m=s, n)o como #uem sabe #ue engole o >ais, o 8odo, o ?ncomensur-vel, por n)o acreditar na  finitude me perdia no absoluto infinito& &&&8e deita, te abre, finge #ue n)o #uer mas #uer, me d- tua m)o, te toca, v=@ 0st- toda molhada, ent)o Hillé, abre, me abra(a, me agrada” =N# C sobreposição de registro da

nomenclatura abitualmente usada na inestigação metaf*sica $ o Todo, o <ais, o Incomensur"el $ e a linguagem coloquial desabrida da sedução se&ual e&plode as conencionais 1adequaç4es2 do discurso e não dei&a d-idas de que, para ;ilda, a ?bandaleira@ pode at ser em parte estratgia de endas, mas não  definitiamente falta do que di0er# Y, ao contr"rio, o e&cesso, a lu&-ria erbal, o infinitamente grande no infinitamente pequeno, o sublime no obsceno, a morte na ida ou o seu contr"rio# C obscenidade da 5enora G  a sua derrisão diante de um mundo do qual tenta se apro&imar, mas que le deole, como o olo dos bicos, uma  “pergunta morta2# C pornografia,

 ;I+5T, ;ilda# “  /bscena 'enhora 7”& ?n 9om meus olos de cão e outras noelas# 5ão Paulo,

Vrasiliense, =KK# ( = a =SK)

=S Idem, ibidem# p##

==5C3T85, :oberto 9orra# 15obre a ferocidade das fmeas2 in# I*+IA- LI#O, $ornal do )rasil, =O#

 p# J

= <AXC:T, Xabid +upinacci# “Hilda Hilst pirou de vez2 InE FA39W, 5usana Vorno (org#) Trocando idias

sobre a <uler e a +iteratura# Florian>polis, A#F# 5#9##,=O# (NJ a NKN)

=N;I+5T, ;ilda# 8p# 9it# (=KK) p##

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atras da designação do impronunci"el nos espaços sociais, e&con%ura esse abismoE 1“porisso falo falo, para te e*orcizar, por isso trabalho com as palavras também para me e*orcizar a mim, #uebram%se os duros dos abismos, um nasc1vel irrompe nessa molhadura de fonemas, s1labas, um nasc1vel de luz, ausente de ang:stia&”=OCo falar o falo, ao se

molar e ao parir, tudo ao mesmo tempo a pornografia transcende as marcas de genro,  uma ferida ia, que late%a e, ao mesmo tempo, o doce abandono, o esquecimento como na  bel*ssima imagemE “ vida e morte, teu tr<nsito da#ui pra l-, porra, es#uece, segura meu

caralho e es#uece, te amo louca&”=J

.sse teor de lembrança e esquecimento est" presente nos liros da trilogia  pornogr"fica de ;ilda em outros n*eis e de forma mais sarc"stica# 8s trs liros estruturam$se em forma de encai&es narratios, são ist>rias desdobr"eis, narradores em  primeira pessoa, que incorporam outras narratias (cartas, contos de outros autores, peças

de teatro, “receitas para espantar o tédio2 ecritas por loucos, etc#) e que citam o tempo todo outros autores numa rede sofisticada de interte&tualidade cr*tica# 5egundo Xabid <u0art E 1todos os tr=s tematizam a liberdade de escrever, tanto a do escritor livre de amarras, como a pr"pria estrutura()o do livro, na liga()o das colagens&”;A  # Temati0am

tambm as quest4es ligadas ao mercado liter"rio na figura do editor (que aparece como um demMnio ignorante numa das peças teatrais de 9ontos de .sc"rnio) de forma a criar para o  pornogr"fico uma instncia cr*tica que corr>i por dentro a pornografia de m" qualidade, como o insinuado nas palaras do narrador de 9artas de um sedutor E “Bem& Cesolvi escrever este livro por#ue ao longo da minha vida tenho lido tanto li*o #ue resolvi escrever  o meu&”;4  Y separando li&o, que 5tematius o narrador de 9artas de um sedutor encontra um

liro de Tolstoi, a obra completa de Wierkegaard (donde o t*tulo e a par>dia), cacos de obras de arte, seis b*blias e 8 9apital,# Go que se infere a escola do tipo de li&o de que trata a obra pornogr"fica de ;ildaE li&o da mais alta qualidade, li&o porque sobra não assimil"el  por força do mercado#

=O;I+5T, ;ilda# 8p# 9it (=KK)#p#RJ =J;I+5T, ;ilda# 8p# 9it p#K (=KK)

=<AXC:T, Xabid# 1;ilda ;ilst pirou de e0D###2in# 8p#cit# p# NK =K;I+5T, ;ilda# 8p# 9it# (==)# p#=O

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 3o outro sentido, como obserado em “ /bscena 'enhora 7”,  tambm se inscree a opção pela pornografiaB ela  um ant*doto contra o eneno da into&icação metaf*sica# C italidade do se&o “fremindo2=R, a concentração no corpo, eita a casmurrice

e a impotncia suscitadas por leituras especulatiasE 1 DE por#ue Edipo est- mal&&& D/ #ue tem@&&& Dnda lendo um austr1aco, um tal de Freud, e n)o se sente bem&” =C pletora

caracter*stica da linguagem pornogr"fica acina contra a lembrança da morte, como no %ogo de imagens entre o pnis ereto e o pnis em repousoE “5m caralho em repouso é um verme morto& 6om #ue tintas se pinta um verme morto@”G

C escrita de 8 9aderno :osa reeste o igor pornogr"fico da linguagem de sarcasmo quando escole como ep*grafe ou dedicat>ria a frase “ mem"ria da l1ngua”B reitali0ando criticamente os te&tos que incorpora de forma par>dica ou por citação, reerenciando ao mesmo tempo que os nega como coisa morta, passado, mem>ria# 3o %ogo semntico entre +amby, lamber e l*ngua a possibilidade de uma literatura mais efusia, lee e alegre# +iteratura como nessa espcie de di"rio onde a pequena +ori narra encontros se&uais, tutelada pela mãe$empres"ria e onde registra tambm as crises tico$financeiras  por que passa o pai, diidido entre o compromisso com a alta literatura (ocupação de

gnios, mas que o dei&a cada e0 mais pobre) e a necessidade de escreer ?bandaleiras@  para sobreierE “I=nio é a minha pica, g=nios s)o a#ueles merdas #ue o filho da puta do  Jalau (o editor) gosta, e vende& Kende#2=

8 tom de inocncia caracter*stico de certas narratias libertinas, nas quais a afetação de pure0a aumenta e&citação se&ual do parceiro e tambm do leitor, sere, de acordo com +ucienne Frappier$<a0ur a uma estratgia discursia de naturali0ação do pornogr"fico#

 3esse romance, o tom inocente  leado a e&tremos pela assunção de um registro

=R;I+5T, ;ilda (=S) p##+eia$se a passagemE 1<eu pau fremiu (essa frase a*  uma sequela mina por ter 

lido antano o G#;# +aZrence)# Gigo tale0 meu pau estremeceuD <eu pau agitou$seD <eu pau leantou a cabeçaD .sse neg>cio de escreer  penoso# Y preciso definir com clare0a moimento

=e emoção # . o estremecer do pau  indefin*el# Gi0er um arrepio do pau não  bom# Fremir  pedantesco#

.u deo ter lido uma m" tradução do +aZrence, porque est" aqui no dicion"rioE fremir (do latim  fremere) ter  rumor surdo e "spero# Gão ume&emploE 18s elo0es ag4es fremiam#2

;I+5T, ;ilda# 9ontos d@.sc"rnio# (=S) p#N

Sidem, ibidem(=S) p#N#

= ;I+5T, ;ilda## 8 9aderno :osa de +ori +amby# 5ão Paulo, <assao 8no, =S# p#KN

 F:CPPI.:$<CXA:, +ucienne& “J"bscéne , le mot et la chose dans la Lornographie du MK??? 

 siNcle”& $$$$In# P8[TI'A.#fe$N ( a O=)

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decididamente infantilE “7a1 o homem pediu pra eu ficar bem #uietinha, #ue ele ia dar um bei9o na minha coisinha& 0le come(ou a me lamber como o meu gato se lambe, bem devagarinho, e apertava gostoso o meu bumbum& 0u fi#uei bem #uietinha por#ue é uma del1cia e eu #ueria #ue ele ficasse lambendo o tempo inteiro, mas ele tirou a#uela coisona dele , o piupiu, e o piupiu era um piupiu bem grande, do tamanho de uma espiga de milho mais ou menos&”G3B no caso, entretanto, ao contr"rio da naturali0ação do obsceno, a

inocncia sere mais / e&perimentaç4es com a linguagem, no sentido osZaldiano de ver  com olhos livres ou de um estado de disponibilidade discursia para as possibilidades l-dicas das palarasE “chei lindo ele chamar a coisa%pau dele de belzinho e disse #ue ia chamar assim todo mundo&&&sinto saudade do mar e dos tapinhas #ue o senhor d- na minha coninha&&&#ue belezinha mesmo essa palavra, no dicion-rio tem também doninha, mas é outra coisa#2O 9omo emos, uma educação sentimental /s aessas, um erdadeiro

romance de formação centrado na aprendi0agem dos c>digos ling6*stico e se&ual#

Am erdadeiro orgasmo erbal, fruto de um estilo e&ibicionista que mistura candide0 e depraação, submetendo o leitor ao e&ame de não saber se ri ou se se abandona / e&citação# Palaras sussurradas com go0o, que circulam na intimidade do leitor, criando monstros mentais encarcados, imundos, palaras estidas de couro botas e cicote (balbuciadas em 0onas p-blicas), gritadas no imagin"rio do leitorE “ >inha pomba rosa, minha avezinha sem penas, minha boneca de carne e de rosada cera, os cabelos de seda ro(ando a cintura, meu cuzinho de amoras, a boca de pitanga mordiscando o rosa brilhante da minha pica, sempre gote9ando por voc=, princezinha persa&&&” “&&&minhas narinas sentiam o cheiro da#uela vagina rodeada de pelos pretos enroladinhos, a#uela  gosma #ue eu lambi a primeira vez parecia a gosma das 9abuticabas +coitadas das  9abuticabas!., a#uela puta vadia era a minha vida, o ar #ue eu respirava& /lhava a noite

linda, estrelas, lua, e toda a#uela maravilha n)o tinha a beleza da boceta de 6orina&” GO

Am dia, contudo, os pais de +ori descobrem o di"rio e surtam, precisando ser  internados# .la não consegue atinar com os motios que proocam reação tão e&agerada /

N;I+5T, ;ilda #8 9aderno :osa de +ori +amby# p#=S# O ;I+5T, ;ilda# 8 9aderno :osa de +ori +amby# p#N e N J Idem,ibidem# p K e J=

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descoberta do di"rio e numa carta aos pais esclarece como tudo aconteceuE  “papi s" escreve de dia e sempre est- cansado de noite, eu ia bem de noite l- no teu escrit"rio #uando voc=s dormiam, pra aprender a escrever como o tio Jalau #ueria& 0u também ouvia o senhor dizer #ue tinha de ser bosta pra dar certo por#ue a gente a#ui é tudo anarfa, né, papi@ 0 ent)o eu fui l- no teu escrit"rio e lia a#ueles livros #ue voc= colou o  papel na t-bua escrito em vermelho Bosta& 0 todas as vezes #ue dava certo eu ir l-, eu lia

um pou#uinho dos livros e de revistinhas #ue estavam l- no fundo&&&e vi a#uelas fitas #ue voc=s se trancam l- #uando voc= 9- est- cansado, de tardezinha&&&e também eu peguei alguns pedacinhos da tua hist"ria da mocinha, mas fiz mais diferente, mais como eu achava #ue podia ser se era comigo&&&” 

.ssa irada no enredo que ;ilda oferece ao leitor como estratgia irMnica para derrubar qualquer ilusionismo ficcional ( 5ira$se, leitor, desse banquete de alta imprecisão narratia###) impede de colocar a trilogia de ;ilda ao lado da pornografia realista, trata$se nesse caso, como no de 7argas +losa, de um processamento mais sofisticado e proocante, trata$se de uma questão de soberania#

4.2. Elogio à madrasta: a conquista da soberania

9om <ario 7argas +losa ocorrer" algo semelante \a ?irada@ de ;ilda ;ilst# 7argas +losa, autor consagrado pelo boom  da literatura latino$americana nos anos KS, sempre se caracteri0ou por uma interessante dosagem de erotismo e umor em seus te&tos# <as, em =RR, resoleu proocar seus leitores com a publicação de .logio / <adrasta, liro de alta oltagem se&ual e desligado das preocupaç4es do autor com as quest4es ist>ricas eLou pol*ticas do Peru#

.logio / <adrasta foi anunciado nos seguintes termosE “ Kargas Jlosa nos induz  sem paliativos a nos dei*ar prender na rede sutil da perversidade #ue, pouco a pouco, vai

 ;I+5T, ;ilda#8 9aderno :osa de +ori +amby# P#KR e K

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enveredando e ensombrecendo as e*traordin-rias harmonia e felicidade #ue unem na  plena satisfa()o de seus dese9os Pa sensual 7ona Jucrécia, a madrasta, e 7om Cigoberto, o pai, o solit-rio praticante de rituais higi=nicos e idealizador amante de sua amada esposa, e ao in#uietante Fonchito, o filho cu9a angelical presen(a e anelante olhar   parecem tudo corromper&”K

 ?nduzir sem paliativos&&& rede sutil de perversidade&&& tudo corromper ### são e&press4es que dão bem a medida de uma orientação pria ao leitor, di0em respeito /  preparação do estado de nimo que dee reger a leitura de uma obra a qual ultrapassa os limites fi&ados pela noção de pudor ameaçando, em -ltima instncia, o leitor no seu mundo  priado, em sumaE para quem acreditar, leituras perigosas# In-teis preocupaç4es###

8 liro de <ario 7argas +losa organi0a$se num progressio %ogo de espelos em que narrar e ler são correlatos e funcionam como uma pedagogia da leitura# 9ada aanço da narratia  marcado por uma pausa em que a o0 narratia (flutuando por entre as trs  personagens principais, atras de seus mon>logos interiores) produ0 interpretaç4es de seis

telas de pintura que ão de representaç4es figuratias a abstratas#

 3esse sentido .logio / <adrasta  o liro da triangulação perfeita não apenas por  se tratar de uma trama (enredo, enredamento) amorosaE o caso de corrupção de uma muler  de OS anos por um menino (seu enteado) de oito mais ou menos, nas barbas do pai# <as por  temati0ar o enredamento do leitor num tringulo formado pela obra pict>rica, a obra liter"ria numa instncia a que camaremos de leitura, mas que  mais do que simplesmente uma produção de sentido# Y a materiali0ação das imagens atiadas pela obra em contacto com um imagin"rio que as submete ao seu erotismo soberano# Cqui a leitura pornogr"fica toma um sentido diferente, o sentido da liberdade e da transgressão não das normas sociais ou da tica, mas do condicionamento esttico, submetendo tudo aos capricos de seu  pra0er# 9omentando uma das telas Giana depois de seu bano 7argas +losa nos oferece a

met"fora para a leitura de que falamosE “li estaremos os tr=s, #uietos, pacientes, esperando pelo artista do futuro #ue, estimulado pelo dese9o, nos aprisione em sonhos e,

K 7C:UC5 ++85C, <ario# .logio \a <adrasta# :io de Haneiro, Francisco Cles, =RR# (orela do liro)

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levando%nos  tela com seu pincel, pense #ue nos inventa&”R5endo, portanto, a leitura uma

força que retira os te&tos, figurados pelas personagens da representação pictogr"fica, de sua imobilidade, conferindo$les tempo e ist>ria, mas a partir dos dese%os e sonos que guiam o pincel numa noa inenção#

8utras referncias triangulares fa0em do romance uma construção rigorosa# .m todas as telas figuratias, e&istem trs personagens, espelando não s> a relação er>tico$ triangular do romance, mas para colocar o leitor na situação de oyeurE 1esse de costas #ue me observa, #uem poderia ser sen)o voc=@ Koc= acaba de se levantar e se transformar em voyeur&”GQ 3o n*el tem"tico, essa estrutura triangular se reflete na concepção de <ario

7argas +losa do erotismo, que alia trs qualidades fundamentais e de nature0as diersasE a f-ria do instinto, a sutile0a do esp*rito e a ternura do coraçãoNS#

C importncia dada / leitura, no romance,  coroada por uma frase que tradu0 a intimidade que a representação do se&o pode criar entre o te&to e o leitor, retirando o -ltimo de sua contingncia, oferecendo$le oportunidade de liberar$se por momentos da 1rasteira realidade2E “/lhe%me bem, meu amor& Ceconhe(a%me, reconhe(a%se&” N=8 que poderia

insinuar uma relação com o realismo de retrato, torna$se, entretanto, uma perigosa subersão da noção de c>pia# 8 erbo reconecer neste treco nada anuncia da percepção realista no seu sentido usual, refere$se a um mergulo sem p"ra$quedas num mundo de absoluta estrane0a, o mundo do orr*el dese%o, ou da ascensão ao pra0er, essa “essa limpa palavra”& C concepção de retrato , neste caso, inteiramente diersa, pois di0 respeito a um 1retrato secreto”, tal como prop4e Foncito a +ucrcia di0endo ser o retrato dela, o quadro abstrato de Fernando de 50ys0lo 9amino para <endieta =S# 8 retrato secreto di0 respeito / atiação de imagens, ao mundo pro%etado, que proocam dese%o, e&citação e go0o, desconcertando o leitor# 8 retrato secreto constr>i$se pela tensão entre a  presença (a materialidade da obra) e a falta (o inestimento emocional e o efeito do mundo  pro%etado na conscincia do leitor)#

R 7C:UC5 ++85C, <ario# 8p# cit#(=RR) p#  Idem,ibidem# p#=R

NS 7C:UC5 ++85C, <ario# 8p# 9it#(=RR)p# RS 1 requer pacincia, ast-cia e destre0a na arte de sintoni0ar a

f-ria do instinto com a sutile0a do esp*rito e as ternuras do coração#2

N=idem, ibidem# p#=S

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C ist>ria da sedução de G# +ucrcia por Foncito  entremeada pelos coment"rios a seis telas (G# :igoberto  um colecionador de quadros e de liros de arte) que são as seguintesE =) 9andaules, rei da +*dia, mostra sua muler ao Primeiro <inistro Uiges (=O), de Hacob Hordaens, >leo sobre tela, <useu 3acional de .stocolmoB ) Giana depois de seu bano (=KO), de François Voucer, >leo sobre tela, <useu do +oure, ParisB N) 7nus com o amor e a m-sica ,  de Ti0iano 7ecellio, >leo sobre tela, <useu do Prado, <adriB O) 9abe0a (=OR), de Francis Vacon, coleção :icard 5# Xeisler, 3oa ]orkB J) 9amino para <endieta =S (=KR), de Fernando de 50ys0lo, acr*lico sobre tela, coleção  particularB ) C Cnunciação (c#=ONK), afresco, <osteiro de 5an <arco, Florença# .sse

con%unto de telas se ordena da pintura figuratia ao abstracionismo de acordo com / intensificação e comple&idade dos afetos em %ogo, ou se%a, de um erotismo ?reconec*el@ e ?articul"el@ a outro de car"ter selagem e indi0*el (da ordem dos instintos mais primeos)# .sse con%unto est" submetido a um %ogo par>dico de modo que as leituras er>ticas feitas das telas retomam$nas em diferença# 3ão se trata, como no caso da par>dia sarc"stica de ;ilda ;ilst, de uma cr*tica aos procedimentos liter"rios que enenenam o mercado, nem de uma tomada de distncia com relação aos perigo de se dei&ar tragar pelo abismo da especulação metaf*sica# 3o caso de <ario 7argas +losa, a par>dia assume a caracter*stica de um %ogo interte&tual, onde os ob%etos (o pict>rico e o liter"rio) se enriquecem mutuamente# 3o caso, afirma$se a liberdade da imaginação criadora em desafiar o primeiro te&to (no caso, a pintura), conertendo$o, de certo modo, em outro que  fonte de pra0er ao mesmo tempo que representação do pra0er# C possibilidade de desconte&tuali0ar de forma radical as telas e conert$las em outras telas (cenas erbais), deslocando conte&tos, modificando ierarquias, aponta essa possibilidade de ?descompromisso respons"el@ que a literatura ofereceE descompromisso porque pode suberter todo e qualquer dogma, respons"el porque essa subersão origina$se de uma necessidade a que se dee responder#  3o caso de <ario 7argas +losa, o se&o e a arte deem ser iidos em termos dessa

conquista de soberania#

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:edu0ir o enolimento sensual de Foncito e +ucrcia ao rebatimento na realidade do 1romance familiar freudiano2  desconecer a possibilidade insinuada, pelo romance, de que esse enolimento tena sido uma criação da imaginação de Foncito ficcionali0ada na redação intitulada 0logio  >adrasta# Foncito entrega essa redação ao  pai para que este leia e faça o que tem de fa0er, diga o que tem de di0er# 3esse caso ficaria e&plicada a duplicação do enredo nas telas de pintura que teriam inspirado Foncito, como os liros do pai inspiraram +ori, ele se seriu das coleç4es de liros de arte e dos quadros de G# :igoberto para criar o enredo que afastaria a madrasta do pai##

Gessa forma a leitura do romance de <ario 7argas +losa demanda um leitor capa0 de entregar$se com a ol-pia de +ucrcia, mas capa0 de não confundir os dom*nios da ida e da arte# Am leitor capa0 de suportar ser iludido e ?des$iludido@# C presença do se&o no romance, conforme di0 o autor não le “interessa como a de um frio observador, para estud-%lo prefiro um manual”N, est" portanto desiada desse car"ter simplificado do

realismo# 8 se&o est" intimamente ligado /s possibilidades umanas tanto no seu “incur-vel materialismo”33 , quanto na repercussão da iolncia do dese%o como força que

impulsiona o ser para a afirmação do go0o#

8 intrincamento cada e0 mais intenso das relaç4es entre as personagens principais  narrado de modo a acentuar os contrastes entre o alto (a linguagem  sempre elegante) e o  bai&o (?bai&a@ corporalidadeE pus, as fe0es, as e&creç4es, os tumores, etc#)B entre o profano

(a iolenta animalidade figurada pelo monstro de 6abeza ?  em sua força pulsional e orrenda) e o sublime (a aeração da idia de pra0er  “essa limpa palavra2)B não de modo a separ"$los, um e&cluindo o outro, mas de forma a torn"$los numa coisa s>E o labirinto do amor e da arte# Jabirinto de amor   como 7argas +losa denomina, e l, primeiramente como Foncito depois como +ucrcia descreendo$o para :igoberto, o quadro de 50ys0lo 9amino para <endieta=S# 3este quadro o se&ual $ conforme o narrador assim l $  uma representação tr"gica onde o diino e o umano misturam$se na conquista de uma terr*el e fascinante liberdade do pra0er# C leitura produ0ida do quadro 9amino para <endieta =S %" estaa, entretanto, antecipada pelo coment"rio ao quadro de Ti0iano 7ecellio 7nus com o

N 7C:UC5 ++85C, <ario# C 8rgia perptua# :io de Haneiro, Francisco Cles, =K# p# J NN Idem, ibidem p# =K

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amor e a m-sica no qual est" clara a fusão das antinomias aparentesE “Ieralmente pensa%se #ue o "rg)o, t)o associado  missa e ao canto religioso, dessensualiza e até desencarna o humilde mortal a #uem suas ondas banham& 6rasso erroR em verdade, a m:sica do "rg)o, com sua languidez obsessiva e seus suaves miados n)o faz mais #ue desligar o crist)o do  século e da conting=ncia, isolando seu esp1rito de modo #ue possa transformar%se em algo e*clusivo e diferente 7eus e a salva()o, sim, em in:meros casosR mas, também, em muitos outros, o pecado, a perdi()o, a lu*:ria e outros truculentos sinSnimos municipais do #ue e*pressa esta limpa palavra o prazer&” NO

 3a diferença e na e&clusiidade parece estar contida a idia do realismo transfigurado do escritor# C ida absolida do deir (se o tempo da narratia se redu0 a notaç4es de contemporaneidade, como as referncias /s pinturas modernas, o aião, etc, fora disso, domina a narratia o tempo c*clico da semana com os dias demarcados pelos rituais iginicos obsessios de G# :igoberto) denota a abstração temporal que  a acronologia de eros e da arte, força libidinal a espantar a idia da morte# 7ier o instante como +ucrciaE “n)o sentia remorso nem vergonha& 8ambém n)o se considerava uma c1nica& 0ra como o mundo se rendesse a ela docilmente& Lossu1a%a um incompreens1vel   sentimento de orgulho&&&5ma manh), ao abrir os olhos, ocorreu%lhe esta frase T6on#uistei

a soberania& 'entiu%se ditosa e emancipada, mas n)o poderia podido precisar de #u=&” 3O

5oberanos o pra0er e a arte podem manter uma relação dialtica com o real, mas não se rendem /s imposiç4es do realismo cl"ssico# C felicidade gratuita não diminui a literatura de teor pornogr"fico, não  a face imbecil da alienação que se entremostra neste caso,  o rosto angelical e demon*aco de Foncito# C autntica alegria, porque nascida de sua necessidade e liberta de qualquer preconceito moral, da afirmação de seus dese%os# .ssa fulguração do ego*smo torna$se uma promessa radical de felicidade oferecida pela arte da

NO7C:UC5 ++85C# 8p#cit# (=RR)p#RS NJ Idem, ibidem# p ==R e ==

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literatura quando generosa “ s vezes &&&agora, por e*emplo, me parece #ue estou nascendo de novo e nunca hei de morrer&&&0ra isso a soberania@”N

N7C:UC5 ++85C, <ario# 8p#cit# (=RR) p#=O

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