• Nenhum resultado encontrado

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O TRABALHO DOCENTE E A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O TRABALHO DOCENTE E A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

O TRABALHO DOCENTE E A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cristiane dos Santos Farias; Professora Centro Municipal de Educação Infantil Professor Water Okano, Programa Institucional de Bolsistas de Iniciação à docência, Pedagogia / UEL, Londrina -PR, Brasil.

Ana Maria Henrique; Centro Municipal de Educação Infantil Professor Water Okano, Londrina-PR, Brasil.

Cassiana Magalhães; Departamento de Educação; Universidade Estadual de Londrina; Londrina; Paraná, Brasil.

contatos: crispajopa@gmail.com aninhafilhadorei@hotmail.com

cassiana@uel.br

Palavras-chave: Psicologia Histórico-Cultural. Educação Infantil. Trabalho docente. 1. IDEIAS INICIAIS

O interesse em abordar este assunto deriva da discussão de 1grupo de estudo sobre a

Psicologia Histórico-Cultural em consonância com a prática no espaço escolar, na atuação enquanto professoras especialmente no trabalho com as crianças pequenas.

Inquestionável dizer que é na vivência do plano do trabalho docente que a teoria se efetiva em prática em qualquer projeto de ensino. Dado ao início das atividades do CMEI2

Professor Water Okano no ano de 2013, este artigo ambiciona fazer uma análise da prática do professor em consonância com as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil de 2010 à luz da Psicologia Histórico-Cultural, estudada durante os encontros de formação continuada. Neste sentido, o presente artigo busca brevemente conceituar o ser humano na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, compreender a criança e o trabalho docente, especialmente delineando como objetivo: Identificar como a apropriação teórica por parte das

professoras modificou ou não o trabalho docente com as crianças da Educação Infantil.

Com vistas a atingir o objetivo descrevemos um recorte da pesquisa, focando as seguintes questões apresentadas em um questionário: (a) Qual a sua concepção de ser humano e criança antes e depois do estudo da Psicologia Histórico-Cultural? (b) Houve situações no dia-a-dia da escola em que evidenciou a Psicologia Histórico-Cultural em sua mediação na

1 Grupo de estudo que faz parte do Projeto Piloto da Ambientação do Espaço Pedagógico, que acontece no

Proinfância Professor Water Okano de Londrina.

(2)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

aprendizagem das crianças? Os dados foram gerados no ano de 2014 em um Centro Municipal de Educação Infantil da cidade de Londrina- PR.

2. O homem como sujeito histórico-cultural e sua relação com o trabalho

Saviani esclarece a concepção de homem e realiza a sua diferenciação com os outros animais: “Na definição de homem mais difundida (animal racional), o atributo essencial é dado pela racionalidade, [...]. Consequentemente, sendo o homem definido pela racionalidade, é esta que assume o caráter de atributo essencial do ser humano” (SAVIANI, 2007, p.32).

Alegada a racionalidade, ao longo da história constata-se a necessidade de produção para a subsistência humana, que diferentemente dos animais que se adaptam a natureza, o homem busca a transformação dela por meio do trabalho, adaptando a natureza a si. “Podemos distinguir o homem dos animais pela consciência, pela religião ou por qualquer coisa que se queira. Porém, o homem se diferencia propriamente dos animais a partir do momento em que começa a produzir seus meios de vida” (MARX, 1975, p.62).

Tal conquista somente foi possível pelo trabalho humano, que remete a cultura a que cada um tem acesso e assim a disseminação do aprendizado pelas gerações, uma vez que é neste processo que a criança aprende e desenvolve suas aptidões humanas na vivência grupal que a priori exerce toda a influência sobre sua formação humana.

2.1 A Criança e a Psicologia Histórico-Cultural

A breve discussão realizada no item anterior permite observar e entender melhor tanto a relação do homem com o trabalho, assim como a sua relação com o meio que o cerca, abrindo precedentes para uma reflexão acerca da definição de criança concebida pela Psicologia Histórico-Cultural.

Ao considerar o homem como um ser que não nasce humano, mas que se torna humano através do trabalho e das relações sociais por ele estabelecidas, já que desde seu nascimento possui potencialidades para aprender e se desenvolver, e desta forma apropriar-se das qualidades humanas historicamente acumuladas, surge então uma nova forma de ver a criança, seu desenvolvimento e a maneira como ela aprende.

Contudo, para que esta criança possa aprender e apropriar-se ao máximo das qualidades humanas, faz-se necessário respeitar as formas típicas de atividades da mesma, tais

(3)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

como: o tateio, a atividade com objetos, a comunicação entre as crianças e entre elas e os adultos, o brincar (MELLO, 2007).

2.2 O trabalho docente e o processo de aprendizagem

Os estudos de Vigotski (1995) apontam para a relação do sujeito com o objeto como uma medida indireta, mediada por outros homens pela experiência social, quando o objeto assume o papel ao qual foi criado. O autor explica que as funções psíquicas superiores - como a linguagem, o pensamento, a memória, o controle da própria conduta, a linguagem escrita, o cálculo – antes de se tornarem internas ao indivíduo existem concretamente nas relações sociais: não se desenvolvem espontaneamente, não existem no indivíduo a priori, mas são vivenciadas inicialmente sob a forma de atividade interpsíquica antes de assumirem a forma de atividade intrapsíquica.

Fica evidente neste sentido, o papel das Instituições de Educação Infantil em dirigir o trabalho educativo para ser um propulsor de conhecimento para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pela criança.

3. Análise dos dados

Ao analisar as respostas da primeira questão, verificou-se que a maioria das professoras compreendeu a Psicologia Histórico-Cultural como algo que atribuiu valor ao trabalho docente: “Depois de estudar a Psicologia Histórico-Cultural, meu olhar

modificou-se muito, hoje percebo a criança como coautora, embora muitos paradigmas me acompanhem, pois também estou a aprender. Hoje sinto que deve haver uma relação dialética entre mim e a criança (Professora A).

Em contrapartida, das professoras que disseram não haver mudança em sua concepção de ser humano e criança após o estudo da Psicologia Histórico-Cultural, uma apresenta em seu relato possuir anteriormente conhecimentos teóricos sobre tal concepção (Professora B). Por sua vez a outra, disse não haver mudança nenhuma (Professora C).

Para Leontiev (2001) o lugar ocupado pela criança nas relações sociais depende das concepções que os adultos tem sobre infância e criança.

Com a segunda questão que aponta a utilização da teoria na mediação da aprendizagem das crianças, foi possível perceber situações reais onde as professoras relataram

(4)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

fatos cotidianos em que a criança solicita a presença do adulto até mesmo em suas brincadeiras: “Quando as crianças estão brincando e criam uma “situação” e ainda querem

a participação do professor para desenvolver a brincadeira” (PROFESSORA D).

A participação da professora A reforça a ideia da mediação: “Há situações nítidas

como no jogo de papéis que as crianças executam. No momento em que ao brincar com a caixa de areia, uma criança coloca areia numa panelinha de brinquedo, apanha uma colherzinha de brinquedo e começa a fazer movimentos de levar à boca como se estivesse a comer, isso me mostra uma apropriação da criança da cultura material e intelectual produzida, ou seja, imitando cenas da vida adulta ela pensa, reflete e age, de maneira a tentar compreender esse mundo ao seu redor. Ela está paulatinamente se humanizando”.

A professora D mencionou que além da Psicologia Histórico – Cultural as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010) também subsidiaram o trabalho docente no que diz respeito as brincadeiras e interações: “Antes de estudar, eu tinha

medo de misturar as crianças pequenas com as maiores, pois poderiam machucá-las. Agora percebo que elas cuidam das menores, se encantam com elas e assim os grupos etários favorecem seu desenvolvimento. É bonito ver como irmãos podem conviver, pois os professores promovem encontros entre eles em diversas situações. Isso era impensável antes de estudar”.

Apenas a professora B respondeu que não houve nenhuma situação que identificasse a teoria. Entendemos que esta afirmação contradiz a questão anterior, pois a mesma professora afirmou que já havia apropriação da teoria antes mesmo de estudá-la no grupo de estudo.

Outro relato coletado da professora E menciona a mudança em relação a rotina:

“Antes era engessada, se um dormia, todos deveriam dormir, senão virava baderna. Após os estudos, comecei a relevar situações, como se a criança não dormiu bem a noite e precisaria dormir antes do horário normal, ou se não queria dormir, poderia ficar brincando. Também em relação a preferências de alimentação, antes obrigava a comer, agora respeito o paladar da criança e mesmo oferecendo não forço que coma. E ainda na hora da atividade, achava que era apenas esse o momento em que o pedagógico ocorria, agora entendo que todas as atividades do dia são pedagógicas- educativas. Ainda em relação a rotina, no momento da atividade planejada por mim, hoje a criança pode escolher entre realizar ou não atividade proposta, o que antes eu não concebia, era obrigada a ficar mesmo não tendo interesse,

(5)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

agora permito que fique entretida com outra parte que a ambientação da sala oferece e muitas vezes ela volta para participar da atividade por conta própria”.

Considerações finais

Ao refletir as respostas à luz da psicologia Histórico-Cultural percebe-se apropriação da psicologia Histórico-Cultural e a possibilidade da sua relação com as práticas voltadas ao trabalho com as crianças pequenas, ainda que, de modo inicial.

Fica evidente que é a teoria que possibilita um bom trabalho docente, pois traz confiança, instiga pesquisa, demanda ações desafiadoras. Podemos afirmar que a Psicologia Histórico-Cultural tem respaldado a ação docente no CMEI Professor Water Okano, sendo que este processo ainda está começando, a instituição tem apenas dois anos e meio de funcionamento. O mais importante é que existe um grupo de professores com desejo de aprender e contribuir com o processo de humanização das crianças.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares

nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB,

2010.

LEONTIEV, A. N. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. Em L. S. Vigotskii, A. R. Luria & A. N. Leontiev. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem (9ª ed.). São Paulo: Ícone, 2001.

MELLO, Suely Amaral Infância e Humanização: algumas considerações na perspectiva

histórico-cultural. Revista Perspectiva Revista do Centro de Ciências da educação . Volume

25, n. 1- janeiro/julho 2007. Florianópolis.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

SAVIANI, Demerval. Regulação educacional e trabalho docente. In: VI Seminário da Redestrado, Laboratório de Políticas Públicas da UERJ- Rio de Janeiro n. 9, 2006. Ver Educ. & Soc., Campinas, vol. 28, n.99, p.327-334, mai/ago 2007. Disponível em:

<htpp://WWW.cedes.inicamp.br> Acesso em 20 de Nov. de 2013.

VASCONCELOS, M.I.C. & BRITO, R.H.P. de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 2. Ed. Petrópolis, Vozes, 2007.

Referências

Documentos relacionados

O Museu Digital dos Ex-votos, projeto acadêmico que objetiva apresentar os ex- votos do Brasil, não terá, evidentemente, a mesma dinâmica da sala de milagres, mas em

nhece a pretensão de Aristóteles de que haja uma ligação direta entre o dictum de omni et nullo e a validade dos silogismos perfeitos, mas a julga improcedente. Um dos

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

Completado este horário (09h do dia 24 de fevereiro), a organização encerra os revezamentos e fecha a área de troca, não sendo mais permitida a entrada de nenhum atleta

No caso de falta de limpeza e higiene podem formar-se bactérias, algas e fungos na água... Em todo o caso, recomendamos que os seguintes intervalos de limpeza sejam respeitados. •

Estudo descritivo retrospectivo que descreve o perfil de pacientes adultos, internados em um centro de terapia intensiva de um hospital universitário de Porto Alegre, Rio Grande do

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação