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O Inventário do Património Imóvel dos Açores

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Academic year: 2021

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O Inventário do Património Imóvel dos

Açores

A versão SIG

BRUNO, Jorge A. Paulus ; GASPAR, Maria L. Caridade

Resumo

“Entende-se por património imóvel um conjunto de elementos de tipo arquitectónico, urbano ou paisagístico com qualidade intrínseca e significativo valor colectivo, social ou cultural.”

Tendo já uma base de dados alfanumérica em Access com o Património Imóvel dos Açores, o Instituto Açoreano da Cultura (IAC) sentiu necessidade de possuir uma aplicação que permitisse a consulta dessa base de dados e que ao mesmo tempo mostrasse a localização geográfica dos elementos. Além disso o IAC tem necessidade de disponibilizar e transmitir os dados de forma rápida e expedita, através da Internet ou por CD.

Iniciou-se então o desenvolvimento de uma aplicação informática que cumprisse estes objectivos. Pensando que a aplicação será distribuída em suporte CD, optou-se por criar uma aplicação independente, desenvolvida em Visual Basic 6.0 e Map Objects LT2.0.

Esta aplicação permite ao utilizador pesquisar os imóveis segundo os mais variados critérios, desde a sua localização (freguesia, concelho, ilha), categoria ou grupo tipológico, até ao seu nome.

A informação é cartografada sobre a cartografia 1:25000 e 1:2000.

O tipo e o grau de pormenor da informação disponibilizada depende do resultado da pesquisa, podem ser apenas pontos representando a localização das espécies sobre a cartografia 1:25000, ou, para uma espécie, toda a informação da base de dados, a sua delimitação sobre a cartografia 1:2000 e as fotografias disponíveis.

O projecto está a ser desenvolvido, em fase piloto, para a ilha do Corvo. PALAVRAS-CHAVE:SIG, Património, Map Objects.

INTRODUÇÃO

O Inventário do Património Imóvel dos Açores é um projecto de natureza cultural, lançado e financiado pela Direcção Regional da Cultura e executado pelo Instituto Açoriano de Cultura, tendo sido, para o efeito, celebrado um contrato de cooperação que estabelece as obrigações destas instituições no desenvolvimento do projecto.

À Direcção Regional da Cultura, entidade a quem o inventário é entregue, cabe o financiamento do projecto até um montante anual até 12 milhões de escudos. Para além disto, disponibiliza um quadro técnico superior e meios informáticos e de fotocópia.

Ao Instituto Açoriano de Cultura compete, em prazos fixados, proceder à inventariação de todo o património imóvel dos Açores, cabendo-lhe, exclusivamente, a orientação dos trabalhos e a sua inerente responsabilidade intelectual, científica e técnica. Regularmente apresenta, à Direcção Regional da Cultura, relatórios e execução material e financeira do projecto. Pode utilizar os elementos recolhidos para quaisquer fins, à excepção dos comerciais.

No âmbito deste projecto, entende-se por património imóvel um conjunto de elementos, de tipo arquitectónico, urbano ou paisagístico, com qualidade intrínseca e significativo valor colectivo, social ou cultural.

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contemporânea a par de outras cuja construção poderá datar do início do povoamento e, bem assim, elementos imóveis aparentemente pouco apelativos a par de construções visivelmente notáveis.

Estão subjacentes a este projecto duas linhas de força que consubstanciam um entendimento extensivo e plural de património imóvel: por um lado, procura-se uma abrangência que permita a integração de exemplares desde a arquitectura mais primitiva à mais contemporânea e recente e por outro das construções monumentais e de prestígio aos elementos imóveis aparentemente mais simples, naifs e de mínima dimensão.

O MODELO

No âmbito deste projecto, entende-se por inventário do património imóvel a selecção, a identificação e a caracterização das espécies que reúnem em si os atributos que justificam a sua inventariação.

2.1.

A selecção dos imóveis a inventariar é feita no terreno por uma equipa de consultores nas áreas do Património, da Arquitectura, da História e da Antropologia Cultural, a partir de um levantamento prévio ali realizado por uma equipa de trabalho. Os critérios subjacentes, em relação aos quais as espécies devem satisfazer pelo menos um, são:

• significado, valor ou qualidade arquitectónica ou tipológica • significado, valor ou qualidade paisagística

• significado, valor ou qualidade urbanística

• significado, valor ou qualidade construtiva/tecnológica/decorativa • significado cultural • funcional • simbólico • histórico • arqueológico • literário • potencialidades • valorização • cultural • turística • restauro • recuperação • reconstrução • gestão museológica. 2.2.

A identificação das espécies faz-se pela marcação da sua localização na cartografia do concelho através de um número que corresponde à sua posição na ordem sequencial das espécies inventariadas no concelho. Para este efeito é utilizada preferencialmente cartografia à escala 1:2000 da Secretaria Regional da Habitação e Equipamentos e 1:25000 do Instituto Geográfico do Exército para as zonas em que a primeira não cobre ou não tem suficiente qualidade.

2.3.

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A ficha de caracterização aplicada corresponde às exigências que se colocam a um levantamento sistemático de património imóvel, em especial ao de uma região com uma identidade patrimonial consistente e específica como é o caso da Região Autónoma dos Açores.

Esta ficha é, necessariamente, abrangente para servir de suporte ao levantamento das espécies que constituem as diversas categorias e grupos tipológicos estabelecidos e suficientemente detalhada na medida em que comporta todos os elementos considerados adequados à identificação e caracterização das espécies a inventariar.

A concepção desta ficha assegurou a sua compatibilidade com os conteúdos mínimos obrigatórios constantes da Recomendação N° R (95) 3 do Conselho de Ministros da Europa.

A ficha é potenciada na sua versão informatizada através de uma base de dados para o efeito criada e na sua ligação ao banco de imagens.

2.4.

Foi estabelecido e potenciado o concelho como unidade territorial individualizadora do inventário, passando este, na sua totalidade, a ser integrado pelos inventários dos dezanove concelhos da Região Autónoma dos Açores.

Este princípio, com claras vantagens metodológicas, permite operar-se à escala concelhia na delicada selecção das espécies a inventariar e conduz a um mais garantido equilíbrio entre os vários concelhos.

2.5.

Tendo em vista assegurar uma ampla divulgação e criar uma dinâmica cultural de sentido ascendente em torno deste projecto, procurando envolver a comunidade através da sua participação activa, realiza-se sempre no início dos trabalhos em cada concelho uma sessão pública de apresentação e discussão do projecto.

Por regra, nessa ocasião é apresentada também uma exposição sobre a Arquitectura Popular dos Açores, concebida e realizada pela então Associação dos Arquitectos Portugueses.

Para além destas acções são desenvolvidas outras que incluem a difusão de cartazes, desdobráveis e outras formas de publicidade, o envio de mailings, etc., junto da população local.

Também com este objectivo é privilegiado sempre o estabelecimento de contactos directos com as entidades e populações locais e com os órgãos de comunicação social.

UM BALANÇO 3.1.

Iniciada a execução deste projecto em 1997, logo no ano seguinte foram começados os trabalhos de inventariação do património imóvel do concelho de São Roque, Ilha do Pico. Desde essa data até ao presente foram realizados os inventários do património imóvel de sete concelhos:

São Roque, Ilha do Pico – 1998 Lajes, Ilha do Pico – 1998 Madalena, Ilha do Pico – 1998

Vila Nova do Corvo, Ilha do Corvo – 1998 Horta, Ilha do Faial – 1998/1999

Praia da Vitória, Ilha Terceira – 1999 Vila do Porto, Ilha de Santa Maria – 2000.

Decorrem, neste momento, os trabalhos de inventariação do património imóvel do concelho da Ribeira Grande, Ilha de São Miguel.

3.2.

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inventariadas em cada um destes concelhos e encontra-se em curso já um outro, referente ao concelho da Horta.

Estas publicações – onde se conjugam elementos textuais com elementos visuais – pretendem dar a conhecer, de forma acessível, os dados resultantes deste inventário.

3.3.

Simultaneamente, o mesmo material base é disponibilizado na Internet, num site concebido e criado para o efeito, com uma base de dados virtual que integra um motor de buscas que permite pesquisas temáticas (

www.inventario.iacultura.pt

).

Esta foi uma etapa substancialmente qualitativa e da maior importância para a ampla difusão deste projecto e dos seus resultados. Estão já disponíveis na Internet quatro concelhos (São Roque, Lajes, Madalena e Vila Nova do Corvo) e está em curso a preparação da divulgação de um outro, o da Horta.

Este site disponibiliza também as suas principais páginas em língua inglesa.

3.4.

Outra das acções projectadas para o Inventário do Património Imóvel dos Açores é a edição digital, interactiva, em CD-ROM deste material. O primeiro passo será a edição de um CD-CD-ROM com os três concelhos da Ilha do Pico São Roque, Lajes e Madalena), cuja concepção já foi iniciada.

3.5.

Por outro lado, a dinâmica criada em torno da execução deste projecto conduziu à percepção da oportunidade da constituição de uma rede temática internacional agregadora de conhecimentos e experiências, com o objectivo de proporcionar o aprofundamento e optimização dos modelos e das práticas nesta área da inventariação do património. A celebração de um protocolo com o Instituto Português do Património Arquitectónico, no quadro de uma mútua intenção de colaboração e partilha, e a realização de uma Semana de Estudos, consubstanciam os primeiros passos desta futura rede.

O SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Por fim, mas não menos importante, encontra-se em curso também o desenvolvimento de uma aplicação informática com o objectivo de dotar este projecto de capacidades SIG (sistema de informação geográfica), permitindo, assim, associar os dados digitais já existentes à sua georeferenciação digital.

O Inventário do Concelho de Vila Nova do Corvo – atendendo à sua contida dimensão – foi escolhido como modelo para o desenvolvimento, avaliação e aperfeiçoamento desta aplicação, constituindo-se, assim, num projecto piloto tendente à concepção e construção do SIG do Inventário do Património Imóvel dos Açores.

O desenvolvimento desta aplicação informática tem como objectivo principal possibilitar a consulta e disponibilizar os dados do Inventário do Património Imóvel dos Açores de uma forma rápida e expedita, associando a informação alfanumérica dos elementos à sua representação geográfica.O Instituto Açoreano da Cultura (IAC) possui uma base de dados em Access com o Inventário e um banco de imagens digitais, que esta aplicação aproveita integralmente fazendo a ligação de cada registo à respectiva representação cartográfica do elemento.

O IAC também tem todos os imóveis localizados sobre cartografia em suporte de papel, à escala 1:2000, ou 1:25000, consoante a delimitação do imóvel e a cartografia disponível. Os imóveis são identificados por um código definido pelo IAC.

A aplicação está a ser desenvolvida em Visual Basic 6.0 usando Map Objects LT, uma livraria da ESRI específica para o desenvolvimento de aplicações com recurso a ferramentas SIG, nomeadamente de visualização e consulta. Ainda que numa fase embrionária, a aplicação funciona para a Ilha do Corvo, que está a servir de área piloto.O trabalho começou pela vectorização de todas as peças existentes para o concelho do Corvo. Numa primeira aproximação todas as peças são representadas por um ponto, que assumirá uma simbologia de acordo com a sua categoria tipológica.Para uma representação mais detalhada o imóvel é representado pelos seus limites geométricos.

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Em relação ao funcionamento da aplicação: o utilizador começa por escolher a ilha que pretende consultar, clicando

sobre ela, ou através da caixa de texto. Logo aqui o utilizador também poderá restringir a sua selecção por concelho, por

categoria tipológica ou por nome.

Figura 1. Form de Introdução

Após escolher a ilha ou o concelho o utilizador pode refinar a sua escolha, em função da Categoria Tipológica, do Grau

de Classificação no Inventário, por Época de Construção ou apenas por Nome (total ou parcial).Os elementos

correspondentes são identificados pela cor amarela. O exemplo seguinte mostra os imóveis cuja época de contrução é

Sec. XIX/ XX.

Figura 2.Exemplo do resultado de uma pesquisa

Nesta altura o utilizador pode clicar em cada uma das peças e visualizar a sua fotografia mais representativa. Este é também um outro modo de seleccionar uma peça para obter informação mais detalhada.

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Figura 3. Escolha de uma peça específica

Após seleccionar o imóvel pretendido, o utilizador pode consultar toda a informação existente na base de dados referente

a esse imóvel, ver a sua representação cartográfica e as fotos existents.

Figura 4. Apresentação de todos os elementos existentes na base de dados

CONCLUSÃO

Tal como se disse inicialmente, a aplicação está numa fase muito inicial do seu desenvolvimento, no entanto as suas potencialidades são já evidentes: a possibilidade de transportar os dados e a aplicação em CD, permitindo que qualquer pessoa a possa utilizar sem ter que recorrer softwares específicos de SIG ou possuir conhecimentos na área dos Sistemas de Informação Geográfica.

O seu desenvolvimento será feito de acordo com os objectivos do utilizador final. Apenas estarão disponíveis as ferramentas que se considerem necessárias a um utilizador com determinado padrão, o que torna o programa de fácil utilização. A criação de mais funcionalidades é possível em qualquer momento, bem como a actualização dos dados existentes.

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BRUNO, Jorge A. Paulus

iac@iac-azores.org

Jorge Augusto Paulus Bruno licenciou-se em História pela Universidade dos Açores em 1981, tendo desempenhado, desde essa data, cargos de responsabilidade executiva e política, nomeadamente como Director Regional dos Assuntos Culturais, Director Regional de Segurança Social, Vice-Presidente do Serviço Regional de Protecção Civil e Director de Serviços de Organização e Planeamento na àrea da saúde, na Região Autónoma dos Açores. No início da sua carreira desempenhou as funções de Chefe de Gabinete dos Secretários Regionais da Educação e Cultura dos II e III Governos Regional dos Açores. Pertence ao quadro de pessoal técnico superior, na categoria de assessor principal, da Direcção Regional dos Assuntos Culturais e é

membro de pleno direito de diversas instituições culturais. Frequentou cursos e acções de formação em instituições regionais, nacionais e estrangeiras nas suas àreas de especialidade.

É autor de vários artigos e apresentou diversas comunicações e conferências no país e no estrangeiro nas àreas cultural, de emergência

médica, protecção civil, segurança social e acção social. Assume a presidência do Instituto Açoriano de Cultura desde 1990 e da Revista Atlântida, órgão deste Instituto vocacionado para as

Artes e Letras. É o coordenador do projecto do Inventário do Património do Património Imóvel dos Açores, cuja execução está a cargo do Instituto

Açoriano de Cultura com financiamento da Direcção Regional da Cultura do Governo Regional dos Açores.

GASPAR, Maria L. Caridade

milugaspar@vodafone.pt

Maria de Lurdes Caridade Gaspar licenciou-se em Engenharia Geográfica pela Universidade de Coimbra em 1993, trabalhando desde dessa altura com Sistemas de Informação Geográfica. Em Junho de 2003 concluiu a parte curricular do mestrado “Sistemas de Informação Geográfica do Instituto Superior Técnico. Actualmente trabalha nos Serviços de Cartografia da Secretaria Regional de Habitação e Equipamento, delegação da Ilha Terceira e é assistente convidada para leccionar a disciplina “Sistemas de Informação Geográfica” ao Curso de Engenharia do Ambiente da Universidade dos Açores.

Instituto Açoreano da Cultura

Alto das Covas

9700- 220 Angra do Heroísmo Ilha Terceira Açores Tel: 295215825 Fax: 295214442 URL: http://www.iac-azores.org

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