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Rodada #1 Direito Administrativo

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Academic year: 2021

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Assuntos da rodada

DIREITO ADMINISTRATIVO

Observação: Conteúdo programático conforme ordem apresentada no Edital. A ordem do conteúdo nas rodadas pode se alterar para melhor compreensão da matéria. Bons estudos!

Direito Administrativo:

1. Direito administrativo: Teoria Geral e Princípios Administrativos.

2.Organização Administrativa. 3. Serviços públicos.

4. Ato administrativo.

5 Poderes da administração pública. 6. Responsabilidade civil do Estado. 7. Controle da administração pública. 8.Improbidade Administrativa.

9. Licitações e contratos administrativos 9.1. Pregão - Lei no 10.520/2002

10. Agentes públicos. Lei 8.112

Rodada #1

Direito Administrativo

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3 a. Teoria em Tópicos

O Direito Administrativo

1. O Direito Administrativo como sub-ramo do Direito Público

1.1. Para facilitar o estudo do Direito em geral, a doutrina costuma desmembrá-lo em dois grandes ramos: direito público e direito privado.

1.1.1. Apesar da divisão dicotômica, deve ficar claro que o Direito é um só, indivisível. O desmembramento é realizado apenas para fins didáticos, permitindo um estudo mais eficiente e especializado dos vários sub-ramos jurídicos (disciplinas) que o compõem.

1.1.2. Ao direito privado incumbe disciplinar as relações jurídicas em que prevalecem os interesses dos particulares, sem a participação direta do Estado na transação. Podemos incluir nesse ramo o Direito Civil e o Direito Empresarial. Se o indivíduo A deseja comprar um veículo do indivíduo B, por exemplo, a relação jurídica será regulada pelo Direito Civil, sub-ramo do direito privado.

1.1.3. De outro lado, se é o Estado que deseja adquirir alguns veículos para compor a sua frota, a relação jurídica será disciplinada pelo direito público, mais precisamente pelo Direito Administrativo (Lei Geral de Licitação e Contratos Administrativos – 8.666/1993, em regra).

1.2. Conceito de Direito Administrativo - Não existe uniformidade sobre a conceituação do Direito Administrativo, que irá variar em razão do critério adotado por cada autor.

1.2.1. Critério legalista ou exegético - De acordo com o critério legalista, o direito administrativo compreende o conjunto de leis administrativas vigentes no país. Em outras palavras, pode-se afirmar que os adeptos do critério legalista ou exegético restringem o estudo do Direito Administrativo, ao conceituá-lo, às leis e normas administrativas, excluindo a doutrina, jurisprudência, costumes e princípios gerais do direito de sua abrangência.

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4 Não é necessário muito esforço para constatar que, nos dias atuais, é inconcebível estudar a legislação administrativa de forma isolada, desconsiderando-se suas demais fontes.

1.2.2. Critério do Poder Executivo - Pelo critério do Poder Executivo, inicialmente desenvolvido pela Escola Italiana, o Direito Administrativo se restringe a estudar os atos editados pelo Poder Executivo, desconsiderando os demais poderes.

Apesar de a atividade administrativa se manifestar predominantemente no Poder Executivo, destaca-se que o Poder Judiciário e o Poder Legislativo também estão autorizados a exercê-la. É o que ocorre, por exemplo, quando o Supremo Tribunal Federal concede licença a um de seus servidores ou quando o Senado Federal realiza licitação para a contratação de determinado serviço.

Nos dias atuais, não há como adotar o critério do Poder Executivo para conceituar o Direito Administrativo, já que todos os poderes editam atos administrativos. 1.2.3. Critério do serviço público - Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que o critério do serviço público desenvolveu-se na França, inspirado na jurisprudência do Conselho de Estado, que, a partir do caso Blanco1, decidido em 1873, passou a fixar a competência dos Tribunais Administrativos em função da execução de serviços públicos.

O Direito Administrativo seria, então, nas palavras de Edmir Netto de Araújo, “o conjunto de regras referentes ao serviço público, seja esta expressão considerada em sentido amplo, seja no sentido estrito”.

Entretanto, é sabido que várias são as atividades finalísticas exercidas pela Administração Pública, a exemplo do fomento, polícia administrativa e intervenção administrativa, o que tornou esse critério insuficiente para a

1 Agnès Blanco, no ano de 1873 (na época com cinco anos de idade), ao atravessar uma rua na cidade de Bordeaux acabou

sendo atropelada por vagonete da Companhia Nacional de Manufatura de Fumo (empresa estatal). Após seu pai ter proposto ação indenizatória contra o Estado Francês na justiça comum civil, surgiu um grande debate sobre a competência para julgar o caso. Na oportunidade, discutiu-se se o caso deveria ser julgado em conformidade com as regras do direito privado (na justiça comum civil) ou do direito público (jurisdição administrativa - Conselho de Estado), prevalecendo, posteriormente, a segunda tese. A partir do caso Blanco passou-se a fixar a competência da jurisdição administrativa em razão da prestação de serviços públicos, isto é, se algum dano fosse causado a particular em razão da prestação de serviços públicos, a jurisdição administrativa é que deveria julgar eventual pedido de indenização.

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5 conceituação do Direito Administrativo, já que o restringia à prestação de serviços públicos.

1.2.4. Critério das relações jurídicas - Consoante o critério das relações jurídicas, o Direito Administrativo abrange o conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre a administração pública e os administrados. Trata-se de definição criticada por boa parte dos doutrinadores, que, embora não a considerem errada, julgam-na insuficiente para especificar esse ramo do direito, visto que esse tipo de relação entre administração pública e particulares, também se faz presente em outros ramos.

É o que ocorre, por exemplo, com o Direito Tributário, Direito Penal, Direito Constitucional, entre outros, que também regulam as relações jurídicas em que estejam presentes o Estado, de um lado, e o administrado, de outro.

1.2.5. Critério teleológico ou finalístico - Pelo critério teleológico, define-se o direito administrativo como o sistema dos princípios que regulam a atividade do Estado para o cumprimento de seus fins.

Esse critério apresenta o Direito Administrativo como o conjunto de princípios e regras que disciplina a atividade material do Estado (atividade administrativa) voltada para o cumprimento de seus fins coletivos.

Em que pese ter sido defendido inclusive por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (com algumas ressalvas), esse critério associou o Direito Administrativo aos fins do Estado, o que o tornou impróprio.

1.2.6. Critério negativista ou residual - Pelo critério em análise, define-se o conceito de Direito Administrativo por exclusão. Nesse caso, o Direito Administrativo teria por objeto todas as atividades estatais que não fossem legislativas ou jurisdicionais.

1.2.7. Critério da Administração Pública - Na busca de conceituação do Direito Administrativo encontra-se o critério da Administração Pública, segundo o qual, sinteticamente, o Direito Administrativo deve ser concebido como o conjunto de princípios que regem a Administração Pública.

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6 Eis o critério mais explorado em provas de concursos públicos, tendo sido adotado no Brasil por Hely Lopes Meirelles, que o utilizou na elaboração de seu conceito de Direito Administrativo, conforme analisaremos na sequência.

Também é necessário destacar o conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que define o Direito Administrativo como “o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.

Perceba que Maria Sylvia Zanella Di Pietro exclui do âmbito do Direito Administrativo a regência de atividades contenciosas (litigiosas) da Administração Pública. Somente a atividade jurídica não contenciosa está inserida em seu conceito de Direito Administrativo.

José dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, afirma ser o Direito Administrativo “o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir”.

Por último, destaca-se o conceito de Direito Administrativo formulado por Hely Lopes Meirelles, que, se valendo do critério da Administração Pública, o define como o “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.

Sobre o conceito apresentado pelo saudoso professor, grifei três expressões que são de extrema importância para aqueles que estão se preparando para concursos públicos: concreta, direta e imediatamente.

Primeiramente, destaca-se que não está inserida no âmbito do Direito Administrativo a atividade legislativa do Estado, já que abstrata (tem por objetivo regular uma quantidade indeterminada de situações futuras que se enquadrem nos termos da lei). O Direito Administrativo restringe-se a disciplinar atividades concretas (específicas), a exemplo da prestação de serviços

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7 públicos, construção de escolas e hospitais, nomeação de aprovados em concursos públicos, exercício de polícia administrativa etc.

A atividade administrativa é também atividade direta, pois a Administração Pública é parte nas relações jurídicas de direito material e não precisa ser provocada para agir (não precisa ser acionada por um particular para tapar um buraco na rua, por exemplo). A Administração pode tapar o buraco independentemente de solicitação do particular. Indireta é a atividade do Poder Judiciário, que, em regra, somente pode agir mediante provocação do interessado (terá que aguardar a propositura de ação judicial para atuar no caso em concreto).

Ademais, lembre-se de que a atividade administrativa é imediata. Assim, de sua atuação fica afastada a atividade mediata do Estado, que é a denominada “ação social do Estado” (atividade de traçar as diretrizes sociais que devem ser seguidas pelo Estado), pois esta incumbe ao Governo.

1.3. Função administrativa - Sem sombra de dúvidas, a função administrativa (também denominada de atividade administrativa) é exercida preponderantemente pelo Poder Executivo, que possui como função típica (função principal) aplicar a lei de ofício, “provendo de maneira imediata e concreta às exigências individuais ou coletivas para a satisfação dos interesses públicos preestabelecidos em lei”. É o que acontece, por exemplo, quando a Administração Pública está recolhendo o lixo gerado pelos indivíduos ou quando realiza licitação para aquisição de material de escritório.

1.3.1. Todavia, não é correto afirmar que a função administrativa somente é exercida pelo Poder Executivo, pois também se manifesta no âmbito do Poder Legislativo e Poder Judiciário. Ao conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados (CF/1988, art. 96, I, f), por exemplo, os Tribunais do Poder Judiciário exercem função administrativa. O mesmo ocorre quando a Câmara dos Deputados dispõe sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,

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8 transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços (CF/1988, art. 51, IV).

1.3.2. Enquanto a função administrativa é exercida pela Administração Pública, a função política é exercida pelo Governo.

1.3.2.1. A função de governo é responsável pelo estabelecimento de metas, objetivos e diretrizes que devem orientar a atividade administrativa, apresentando-se como soberana (porque somente se subordina ao texto constitucional), de comando, coordenação, direção e planejamento.

1.3.2.2. A função política é exercida pelos poderes Executivo e Legislativo, que, conjuntamente, são responsáveis pela elaboração das políticas públicas e diretrizes que devem embasar a atuação da Administração Pública (responsável pela execução das decisões tomadas pelo Governo). O Poder Judiciário não exerce função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de controlá-la, quando forem violados os limites constitucionais.

2. Fontes do Direito Administrativo

2.1. Fontes primárias (diretas) e secundárias (indiretas)

2.1.1. Fontes primárias ou diretas - As fontes primárias, também denominadas de diretas ou principais, são aquelas que primeiramente devem pautar as condutas administrativas, legitimando as atividades exercidas pelas entidades, agentes e órgãos públicos. Tanto a Constituição Federal como a lei em sentido estrito constituem fontes primárias do Direito Administrativo.

2.1.1.1. Leis - Em decorrência do princípio da legalidade, a lei é a mais importante de todas as fontes do direito administrativo, apresentando-se como o único instrumento hábil a criar obrigações e deveres para a Administração Pública e para os que com ela se relacionem juridicamente.

No âmbito da expressão “lei” devem ser incluídas as normas constitucionais e os atos normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal (emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções),

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9 independentemente do ente estatal responsável pela edição (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

A Administração Pública deve sempre observar os mandamentos previstos nesses instrumentos normativos para exercer a atividade administrativa. Qualquer conduta administrativa exercida sem amparo legal é, no mínimo, ilegítima, ensejando, assim, a respectiva anulação pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

2.1.1.1.1. Tratados e acordos internacionais - Não restam dúvidas de que os tratados e acordos internacionais, quando versarem sobre matérias afetas à Administração Pública, também serão fontes do Direito Administrativo.

2.2. Fontes secundárias ou indiretas - As fontes secundárias, também denominadas de indiretas, são responsáveis por auxiliar o administrador público no exercício da atividade administrativa, porém, sempre devem ser subordinar aos ditames da lei.

2.2.1. Jurisprudência - A jurisprudência pode ser definida como o conjunto reiterado de decisões dos Tribunais, acerca de determinado assunto, no mesmo sentido. É importante esclarecer que várias decisões monocráticas (proferidas por juízes singulares de primeira instância, por exemplo) sobre um mesmo assunto, ainda que proferidas no mesmo sentido, não constituem jurisprudência. Para que tenhamos a formação de jurisprudência é necessário que as decisões (várias) tenham sido proferidas por um Tribunal (STF, STJ, TRF da 1ª Região, TRE/MG etc.).

2.2.1.1. Súmula vinculante - Considerada fonte secundária do direito administrativo, a jurisprudência não tem força cogente de uma norma criada pelo legislador, salvo no caso de súmula vinculante, cujo cumprimento é obrigatório pela administração pública.

Enquanto a jurisprudência é considerada fonte secundária do Direito Administrativo, a súmula vinculante apresenta-se como fonte primária (direta ou principal), já que produz efeitos semelhantes ao da lei, obrigando todos os órgãos inferiores do Poder Judiciário e da Administração Pública brasileira.

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10 2.2.2. Costumes - O costume pode ser entendido como o conjunto de regras informais, não escritas, praticado habitualmente no interior da Administração Pública (requisito objetivo) com a convicção generalizada de que é obrigatório (requisito subjetivo). Os costumes são considerados fontes do Direito Administrativo porque, em várias situações, proporcionam o suprimento de lacunas ou deficiências existentes na legislação administrativa.

Se o costume estiver em desacordo com a legislação vigente (contra legem), não poderá prevalecer. Sobre os costumes praeter legem (além da lei), ainda que admitidos em algumas situações especiais com o objetivo de complementar o sistema normativo, não criam normas impostas obrigatoriamente aos agentes públicos. Ainda que determinada atividade administrativa esteja atualmente sendo exercida com base em costume, não existe a obrigatoriedade de sua manutenção para casos futuros, já que a lei pode alterá-lo ou vedá-lo a qualquer momento.

2.2.3. Doutrina - A doutrina representa o estudo científico e sistematizado dos juristas e professores em geral sobre a aplicabilidade e interpretação das normas administrativas. Tem a função de esclarecer e explicar o correto conteúdo das leis, bem como influenciar a criação de novas legislações através de opiniões manifestadas em livros especializados, artigos, pareceres etc.

Trata-se de fonte secundária do Direito Administrativo, bastante utilizada para suprir omissões ou deficiências legislativas que, não raramente, apresentam alto grau de complexidade, principalmente se analisadas pelo cidadão leigo.

2.2.4. Princípios gerais do Direito - Os princípios são postulados fundamentais universalmente reconhecidos no mundo jurídico, sejam eles expressos ou implícitos. Também são considerados fontes do Direito Administrativo, já que servem de fundamento e base para a criação da própria legislação administrativa, conforme estudaremos no próximo capítulo.

3. Sistemas administrativos - Em termos gerais, afirma-se que os atos editados pela Administração Pública podem ser submetidos a dois sistemas distintos de controle jurisdicional, variando em razão do ordenamento jurídico

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11 sob análise: o contencioso administrativo (também chamado de sistema francês) e o sistema judiciário ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês).

3.1. Sistema do contencioso administrativo ou sistema francês - Como a própria designação declara, o sistema do contencioso administrativo nasceu na França, em 1790. À época, logo após a Revolução Francesa, chegou-se à conclusão de que os órgãos do Poder Judiciário deveriam ser impedidos de decidir questões que envolvessem a Administração Pública, já que os magistrados eram nomeados pelo monarca, fato que poderia comprometer a imparcialidade necessária aos julgamentos. Existia grande receio de que os magistrados não proferissem decisões que pudessem contrariar os interesses da Administração Pública.

3.1.1. Nesses termos, a jurisdição foi compartilhada entre o Poder Judiciário (que ficou responsável pelo julgamento das causas comuns, que não envolvessem a Administração Pública) e Tribunais Administrativos (encarregados de solucionar as demandas de interesse da Administração Pública). Se um indivíduo fosse atropelado por veículo prestador de serviços públicos, por exemplo, eventual ação de reparação pelos danos sofridos deveria ser julgada pela jurisdição administrativa. De outro lado, se o atropelamento fosse ocasionado por veículo particular, a demanda seria analisada pelo Poder Judiciário.

3.1.2. A principal característica do sistema denominado contencioso administrativo é a de que os ordenamentos jurídicos que o adotam conferem a determinadas decisões administrativas a natureza de coisa julgada oponível ao próprio Poder Judiciário. Em outras palavras, as decisões proferidas pela jurisdição administrativa não podem ser revistas pelo Poder Judiciário, fazendo coisa julgada material.

3.1.3. Na França, o órgão encarregado de decidir, em última instância, as matérias administrativas que envolvem a Administração Pública francesa é o Conselho de Estado. Apesar de não integrar a estrutura do Poder Judiciário,

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12 este não poderá rever as decisões proferidas pelo Conselho de Estado, cujas decisões também são consideradas definitivas.

3.1.4. No Brasil não existem órgãos administrativos dotados de competências semelhantes às do Conselho de Estado Francês. Aqui, todas as decisões provenientes dos órgãos e entidades administrativas podem ser revistas pelo Poder Judiciário, ainda que proferidas por agências reguladoras (ANATEL, ANS, ANVISA etc.).

3.1.5. Fique atento ao responder às questões de concursos. Classificar um sistema de controle jurisdicional da administração pública como sistema contencioso ou sistema de jurisdição única não implica afirmar a exclusividade da jurisdição comum ou especial, mas a predominância de uma delas. Hely Lopes Meirelles afirma que mesmo no contencioso administrativo existem certas demandas de interesse da Administração que ficam sujeitas à justiça comum, a saber: a) litígios decorrentes de atividades públicas com caráter privado; b) litígios que envolvam questões de estado e capacidade das pessoas e de repressão penal; c) litígios que se refiram à propriedade privada.

O sistema do contencioso administrativo não é adotado no Brasil.

3.2. Sistema de jurisdição única (una) ou sistema inglês - Também conhecido como sistema judicial, impõe que todos os litígios surgidos no âmbito social, de interesse da Administração Pública ou exclusivamente de particulares, sejam solucionados pela jurisdição comum (Poder Judiciário). Trata-se de sistema que possui forte influência inglesa e americana.

No Brasil é adotado o sistema anglo-americano de unidade de jurisdição para o controle jurisdicional da Administração Pública.

3.2.1. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XXXV, declara expressamente que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Assim, mesmo que a Administração Pública tenha proferido decisão sobre determinada matéria (aplicação de penalidade a servidor público, imposição de multa a particular, revisão de processo administrativo etc.),

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13 assegura-se àquele que se sentir prejudicado recorrer ao Poder Judiciário para discutir novamente a questão.

3.2.2. Se o particular é multado por eventual infração de trânsito, por exemplo, poderá recorrer diretamente à Administração Pública para tentar anulá-la, ou, se preferir, propor ação judicial com o esse objetivo. Se optar pela primeira hipótese, ainda que seu recurso administrativo seja indeferido poderá acionar o Poder Judiciário pleiteando a anulação da decisão administrativa.

3.2.3. Em nosso ordenamento jurídico, apenas o Poder Judiciário possui a prerrogativa de proferir decisões com força de coisa julgada material (que não pode ser alterada), por isso se fala em jurisdição única. Nenhuma decisão proferida pela Administração Pública possui caráter definitivo em relação aos administrados, que podem ainda provocar o judiciário com o objetivo de alterar a decisão administrativa que não lhes tenha sido favorável.

3.2.4. Em provas de concursos públicos, fique atento ao se deparar com a expressão coisa julgada administrativa. Para José dos Santos Carvalho Filho, “significa tão somente que determinado assunto decidido na via administrativa não mais poderá sofrer alteração nessa mesma via administrativa, embora possa sê-lo na via judicial”. Se não é mais cabível recurso na esfera administrativa para impugnar decisão desfavorável ao administrado, fala-se em coisa julgada administrativa.

4. Regime jurídico-administrativo - A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública.

4.1. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 173, caput, preceitua que ressalvados os casos previstos em seu texto, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

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14 4.2. Apenas em situações excepcionais o Estado irá explorar atividade econômica, valendo-se, nessas hipóteses, de empresas públicas e sociedades de economia mista. Ademais, caso isso ocorra, ficará sujeito ao regime jurídico de direito privado próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

4.3. Nesse caso, o Estado não gozará de prerrogativas especiais em suas transações com os particulares, pois será estabelecida uma relação jurídica horizontal. E não poderia ser diferente. Se o Estado está atuando em setor inicialmente reservado à iniciativa privada, seria injusto que pudesse usufruir de “vantagens” não outorgadas aos seus concorrentes. Assim, será nivelado aos particulares.

4.4. As empresas públicas (Caixa Econômica Federal e Correios, por exemplo) e as sociedades de economia mista (Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Petrobrás etc.), que atuam na exploração de atividades econômicas, reger-se-ão pelas mesmas regras impostas às demais empresa que atuam em seus respectivos mercados, isto é, normas de direito privado.

4.5. Lembre-se: o Estado não possui a faculdade de optar pelo regime jurídico que melhor atenda às suas necessidades. Caso esteja atuando na exploração de atividade econômica, submeter-se-á obrigatoriamente às regras de direito privado, nos termos do art. 173, § 1º, II, da CF/1988.

4.6. Entretanto, são frequentes as questões de concursos afirmando que o regime jurídico a que se sujeitam as empresas públicas e as sociedades de economia mista é de natureza híbrida, pois, mesmo quando explorando atividades econômicas, não serão submetidas apenas às regras de direito privado.

4.7. A afirmação é correta e deriva do fato de que as empresas públicas e sociedades de economia mista também devem obediência aos princípios insculpidos no art. 37 da CF/1988 e vários outros preceitos de direito público. Para contratar seus empregados, por exemplo, estão obrigadas a realizar

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15 concurso público. Antes de contratar serviços, adquirir bens ou realizar obras devem se submeter às regras licitatórias, nos termos da Lei 8.666/1993.

4.8. Além de submissão às normas de direito privado, as empresas públicas e sociedades de economia mista também estão obrigadas a observar várias sujeições impostas pelo direito público, por isso afirmamos que tais entidades são regidas por regime jurídico híbrido.

4.9. De outro lado, se a entidade pública exerce atividade típica de Estado, a exemplo do poder de polícia administrativa, segurança pública, atividade jurisdicional, entre outras, será regida pelas regras do direito público, isto é, pelo denominado regime jurídico-administrativo.

4.10. Maria Sylvia Zanella Di Pietro conceitua o regime jurídico-administrativo como “o conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que não se encontram nas relações entre particulares”.

4.11. Nesse caso, o Estado se apresentará em situação de superioridade em relação aos particulares, sendo estabelecida uma relação vertical entre a Administração Pública e os administrados, fato que lhe outorgará diversas prerrogativas necessárias à satisfação do interesse público.

4.12. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, as “pedras de toque” do regime jurídico-administrativo são os princípios da supremacia do interesse púbico sobre o privado e indisponibilidade, pela Administração, dos interesses púbicos.

4.13. O princípio da supremacia do interesse púbico sobre o privado assegura à Administração Pública uma série de prerrogativas, que podem ser entendidas como “vantagens” ou “privilégios” necessários para se atingir o interesse da coletividade, estabelecendo uma relação jurídica vertical, desigual, portanto, em face dos administrados. Compreende, em face da sua desigualdade, a possibilidade, em favor da Administração, de constituir os privados em obrigações por meio de ato unilateral daquela. Implica, outrossim, muitas vezes, o direito de modificar, também unilateralmente, relações já estabelecidas.

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16 4.14. Como exemplos dessas prerrogativas (ou vantagens), podemos citar a existência de cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, possibilitando à Administração, por exemplo, alterar ou rescindir unilateralmente um contrato administrativo; a concessão de prazos diferenciados nos processos em que for parte no Poder Judiciário (prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer – art. 188 do Código de Processo Civil); presunção de legitimidade e veracidade dos atos administrativos, entre outras.

4.15. Sob uma primeira análise, pode parecer que as prerrogativas asseguradas à Administração Pública são descabidas, desprovidas de qualquer razoabilidade, pois colocam o particular em situação jurídica desfavorável. Todavia, destaca-se que quem exerce “função administrativa” está adstrito a satisfazer interesses públicos, ou seja, interesses de outrem: a coletividade. Por isso, o uso das prerrogativas da Administração é legítimo se, quando e na medida dispensável ao atendimento dos interesses públicos; vale dizer, do povo, porquanto nos Estados Democráticos o poder emana do povo e em seu proveito terá de ser exercido.

4.16. A atuação da Administração Pública seria praticamente inviabilizada se, antes de retirar os moradores de imóvel particular prestes a desabar, por exemplo, tivesse que propor ação judicial pleiteando autorização para assim proceder. Até que fosse deferida a autorização judicial, provavelmente, o imóvel já teria desabado e morrido todos os seus moradores.

4.17. Em razão da supremacia do interesse público, os atos administrativos gozam do atributo da autoexecutoriedade, portanto, a Administração Pública não precisa de autorização judicial para executar as suas próprias decisões em situações de emergência. No exemplo citado, os moradores poderiam ser retirados do imóvel inclusive com a utilização de força policial, se necessário, independentemente de autorização judicial.

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17 4.18. Se o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado assegura “privilégios” (prerrogativas) para a Administração Pública, de outro lado, o princípio da indisponibilidade do interesse público impõe restrições, isto é, sujeições ou limitações à atividade administrativa, gerando a responsabilização civil, penal e administrativa dos agentes que as desrespeitarem. Dentre tais restrições, citem-se a observância da finalidade pública, bem como os princípios da moralidade administrativa e da legalidade, a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos administrativos e, como decorrência dos mesmos, a sujeição à realização de concursos para seleção de pessoal e de concorrência pública para a elaboração de acordos com particulares.

4.19. A obrigatoriedade de licitação para a contratação de serviços, aquisição de bens ou realização de obras fundamenta-se no interesse público, que impõe a seleção da proposta mais vantajosa dentre aquelas que foram apresentadas. Assim, o Prefeito de determinado município não poderá adquirir 1.000 (mil) computadores para os órgãos públicos municipais sem realizar licitação (essa é a regra). Caso isso ocorra, estará dispondo do interesse público, que exige licitação.

4.20. Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que “ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a Administração Pública em posição de supremacia perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o benefício da coletividade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade a determinados fins e princípios que, se não observados, implicam desvio de poder e consequente nulidade dos atos da Administração”.

4.21. O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos normativos administrativos, a execução de atos administrativos e, ainda, a sua respectiva interpretação.

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18 Princípios do Direito Administrativo

1. Os princípios são os preceitos básicos, os fundamentos, os pilares sobre os quais se sustentam o ordenamento jurídico. Correspondem a mandamentos com maior grau de abstração, já que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas pela Administração Pública e pelos administrados. No momento de criação da lei, o legislador deve observar os princípios informadores do Direito, sob pena de criar lei desconexa com o sentimento de justiça e os valores que norteiam a sociedade. Os princípios básicos da Administração Pública visam estabelecer um equilíbrio entre os direitos individuais dos cidadãos e as prerrogativas e poderes da Administração Pública.

1.1. Princípios expressos e implícitos – Os princípios da Administração Pública que estão elencados no art. 37, caput, da Constituição são chamados de “expressos” (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência) e os demais se denominam “implícitos” ou “reconhecidos”.

1.1.1. Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todos os Entes Políticos (União, Estados, Municípios, e o Distrito Federal), bem como para as entidades administrativas (autarquias, fundações públicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado). 1.1.2. Princípios implícitos ou “reconhecidos” são aqueles que não estão previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral. Decorrem do reconhecimento oriundo de estudos doutrinários e jurisprudenciais, a exemplo do princípio da razoabilidade. São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto constitucional ou legal, mas que também determinam, norteiam, orientam as condutas e os atos praticados pela Administração Pública. 1.2. Ponderação de princípios - não há hierarquia entre os princípios administrativos, apesar de vários autores afirmarem que o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado ser uma espécie de paradigma fundamental do Direito Administrativo. Os princípios devem ser interpretados no caso concreto, atribuindo-se lhes maior ou menor peso,

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19 conforme necessário ao equilíbrio entre as garantias fundamentais e a supremacia dos interesses públicos.

1.3 Funções dos princípios – A Doutrina aponta pelo menos duas funções dos princípios em nosso ordenamento jurídico:

1.3.1 Função fundamentadora - Que pode ser traduzida como a sustentação fundamental do ordenamento jurídico. Representarem os pilares, os valores supremos da sociedade sob os quais devem se erguer todas as outras normas. 1.3.2 Função interpretativa – Os princípios orientam o operador do Direito na interpretação das normas. Também suplementam a ordem jurídica quando há lacunas das normas positivadas.

2. Princípios constitucionais expressos

2.1. Princípio da legalidade - o princípio da legalidade pode ser interpretado sob dois enfoques distintos: em relação aos particulares e em relação à Administração Pública.

2.1.1. Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei". Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do Poder Legislativo) pode impor obrigações aos particulares. Segundo o autor Hely Lopes Meirelles: “enquanto os indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”.

2.1.2. Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo 37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. Conforme o autor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da legalidade:

“implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

20 2.1.3. Celso Antônio Bandeira de Mello afirma, ainda, que o princípio da legalidade (entendido em seu sentido formal – edição de leis em sentido estrito) pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República.

2.2. Princípio da impessoalidade - o princípio da impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos complementares, a saber: 1º) dever de tratamento isonômico a todos os administrados; 2º) imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às pessoas jurídicas em que atuam, vedada promoção pessoal; 3º) dever de sempre agir com o intuito de satisfazer o interesse público.

2.2.1. Sob o primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade impõe à Administração Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a todos os administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica vedado o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o princípio também veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo.

2.2.2. Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade afirma que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados para a promoção pessoal de agente público, mandamento expresso na segunda parte, do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988, assim redigido:

“§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.”

2.2.3. Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo maior da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público. A finalidade

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DIREITO ADMINISTRATIVO

21 deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em sentido estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela Administração Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público. Em sentido estrito, é necessário que se observe também a finalidade específica de todo ato praticado pela Administração, sempre prevista em lei.

2.3. Princípio da moralidade - o princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo 37, caput, da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e atividades da Administração devem obedecer não só à lei, mas também à própria moral, pois nem tudo que é legal é honesto. Como consequência do princípio da moralidade, os agentes públicos devem agir com honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e demais preceitos éticos. 2.3.1. É válido destacar que a moral administrativa é diferente da moral comum, pois, conforme o autor francês HAURIOU (pronuncia-se Urriú), a moral comum é imposta ao homem para a sua conduta externa, enquanto a moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação, que é a satisfação do interesse público.

2.3.2. Vedação ao nepotismo (Súmula vinculante nº 13 do STF) - com o intuito de impedir a prática do nepotismo no âmbito da Administração Pública Brasileira, o Supremo Tribunal Federal, em 29/08/2008, publicou a Súmula Vinculante nº 13, que assim dispõe:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

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DIREITO ADMINISTRATIVO

22 Analisando-se o texto da citada súmula vinculante, constata-se que estão impedidos de exercer cargos ou funções de confiança na Administração Pública os seguintes parentes de autoridades administrativas com poder de nomeação, além do cônjuge e companheiro:

Parentes em linha reta GRAU DE

PARENTESCO

Consanguinidade Afinidade

1º Pais e filhos Sogro e sogra; genro e nora; madrasta e padrasto; enteado e enteada.

2º Avós e netos Avós e netos do cônjuge ou companheiro

3º Bisavós e bisnetos Bisavós e bisnetos do cônjuge ou companheiro.

Parentes em linha colateral

GRAU DE PARENTESCO

Consanguinidade Afinidade

1º Não há Não há

2º Irmãos Cunhado e cunhada

3º Tios e sobrinhos Tios e sobrinhos do cônjuge ou companheiro.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

23 2.3.2.1. Exceção ao nepotismo: cargos políticos - ao proferir o seu voto no julgamento do recurso extraordinário nº 579.951-4/RN, o Ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal, afirmou que devem ser excluídos da abrangência da súmula vinculante nº 13 os denominados cargos políticos, a exemplo dos Ministros, Secretários Estaduais e Secretários municipais. Sendo assim, não há qualquer ilegitimidade se o Prefeito nomear a sua irmã como Secretária Municipal de Saúde, desde que atenda aos requisitos exigidos pelo cargo. No mesmo sentido, é lícita a nomeação do pai do Governador para o cargo político de Secretário Estadual de Obras.

2.4. Princípio da publicidade - impõe que a Administração Pública conceda aos seus atos a mais ampla divulgação possível entre os administrados, pois só assim estes poderão fiscalizar e controlar a legitimidade das condutas praticadas pelos agentes públicos. Ademais, a publicidade de atos, programas, obras e serviços dos órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social.

2.4.1. Nem toda informação de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral serão disponibilizadas aos interessados, pois foram ressalvadas aquelas que coloquem em risco a segurança da sociedade e do Estado.

2.4.2. É importante destacar também que a divulgação oficial dos atos praticados pela Administração ocorre, em regra, mediante publicação no Diário Oficial, isso em relação à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Em relação aos Municípios, pode ser que algum não possua órgão oficial de publicação de seus atos (Diário Oficial). Nesse caso, a divulgação poderá ocorrer mediante afixação do ato na sede do órgão ou entidade que os tenha produzido.

2.4.3. Para as questões de concursos públicos, é importante destacar ainda que a publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é condição de sua validade ou forma, mas sim condição de eficácia e moralidade.

2.5. Princípio da eficiência - somente foi introduzido no texto constitucional em 1998, com a promulgação da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele era considerado um princípio implícito. O professor Diógenes Gasparini informa

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DIREITO ADMINISTRATIVO

24 que esse princípio é conhecido entre os italianos como “dever de boa administração” e impõe à Administração Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento.

2.5.1. A administração gerencial, consequência do princípio da eficiência, relaciona-se com os conceitos de boa administração, flexibilização, controle finalístico, contrato de gestão, qualidade e cidadão-cliente, voltando-se para as necessidades da sociedade, enfatizando mais os resultados que os próprios meios para alcançá-los.

3. Princípios implícitos

3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado - apesar de não estar previsto de forma expressa no texto constitucional, o princípio da supremacia do interesse público perante o interesse privado pode ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Assim, como a citada lei é federal, esse princípio somente pode ser considerado expresso na legislação infraconstitucional para a Administração Pública Federal.

3.1.1. Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a Administração Pública irá atuar com superioridade em relação aos demais interesses existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma relação jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, já que esta se encontra em situação de superioridade. Apesar de tal supremacia, o interesse público não se sobrepõe de forma absoluta ao interesse privado, pois o próprio texto constitucional assegura a necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada (artigo 5º, XXXVI).

3.1.2. É possível concluir que o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado consiste, basicamente, no exercício de prerrogativas públicas (vantagens) que afastam ou prevalecem sobre os interesses particulares, em regra.

3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público - pode ser estudado sob vários aspectos, mas todos eles estabelecendo restrições e limitações à disponibilidade do interesse público. São as denominadas sujeições

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DIREITO ADMINISTRATIVO

25 administrativas. Como os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem aos seus agentes, mas sim à coletividade, criam-se instrumentos (sujeições) que tenham por fim resguardá-los, permitindo-se que tais bens e interesses sejam apenas gerenciados e conservados pelo Poder Público.

3.2.1. A obrigatoriedade de realização de licitação e concursos públicos são exemplos de instrumentos criados com o objetivo de evitar que os agentes públicos, cujas condutas são imputadas ao Estado, disponham do interesse público. Com tais sujeições o administrador público fica impedido, por exemplo, de contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a titulares de cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso público. A obrigatoriedade de realização de concurso público é uma sujeição, uma restrição que se impõe à Administração Pública.

3.3. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade - grande parte da doutrina afirma que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são sinônimos. Outra parte afirma que tais princípios são autônomos, apesar do fato de a proporcionalidade ser um dos elementos da razoabilidade.

3.3.1. O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado ao senso comum do homem médio, do aceitável, do justo, do mediano. Em respeito a tal princípio, as condutas administrativas devem pautar-se no bom senso, na sensatez que guia a atuação do homem mediano, pois, caso contrário, serão invalidadas. Violará o princípio da razoabilidade, por exemplo, a edição de um decreto, por Prefeito de um determinado município, que proíba as servidoras de trabalharem de vestido.

3.3.2. O princípio da razoabilidade, assim como o da proporcionalidade, é considerado implícito, já que não está previsto em uma norma jurídica de caráter geral. Entretanto, é válido destacar que ambos os princípios estão previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99, sendo considerados expressos para a Administração Pública Federal.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

26 3.3.3. A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir a proporcionalidade da razoabilidade, informa que a proporcionalidade pressupõe a adequação entre os atos e as necessidades, ou seja, “só se sacrificam interesses individuais em função dos interesses coletivos, de interesses primários, na medida da estrita necessidade, não se desbordando que seja realmente indispensável para a implementação da necessidade pública2”.

3.3.4. O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido como princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se destina é justamente limitar as ações administrativas que ultrapassem os limites adequados. Em outras palavras, significa dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a necessidade de adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI, artigo 2º, da Lei 9.784/99).

3.4. Princípio da autotutela - a Administração Pública, no exercício de suas atividades, frequentemente pratica atos contrários à lei e lesivos aos particulares (o que não é desejável, claro!). Entretanto, na maioria das vezes, a ilegalidade somente é detectada pela Administração depois que o ato administrativo já iniciou a produção de seus efeitos, mediante provocação do particular.

3.4.1. Apesar de ser comum o fato de o particular provocar a Administração para informá-la sobre a prática de um ato ilegal, exigindo a decretação de sua nulidade, tal revisão também pode ser efetuada de ofício, pela própria Administração, independentemente de provocação.

3.4.2. A possibilidade de a Administração controlar a legalidade de seus próprios atos não afasta a atuação do Poder Judiciário. Caso a Administração se depare com uma situação de ilegalidade e não adote as providências cabíveis, poderá o particular ingressar com uma ação judicial para pleitear a anulação da situação de ilegalidade, se for de seu interesse.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

27 3.4.3. Não são somente os atos ilegais que podem ser revistos pela Administração, mas também os atos legais, quando forem inoportunos e inconvenientes. Neste último caso, o ato está em perfeita conformidade com a lei, mas a Administração decide revogá-lo, pois a sua manutenção não atende mais ao interesse público.

3.4.4. Sobre o princípio da autotutela, é imprescindível que você memorize o inteiro teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, pois é muito cobrada em provas: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

3.5. Princípio da tutela ou controle - também conhecido como “princípio do controle”, permite à Administração Pública Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) controlar a legalidade dos atos praticados pelas entidades integrantes da Administração Pública Indireta (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas).

Distinção entre os princípios da autotutela e da tutela PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA PRINCÍPIO DA TUTELA A autotutela, uma decorrência do

princípio constitucional da legalidade, é o controle que a administração exerce sobre os seus próprios atos, o que lhe confere a prerrogativa de anulá-los ou revogá-los, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

Também conhecido como “princípio do controle”, permite à Administração Pública Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) controlar a legalidade dos atos praticados pelas entidades integrantes da Administração Pública Indireta (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas).

Permite o controle (revogação ∕ anulação) da Administração Pública sobre todos os atos editados, sejam eles discricionários ou vinculados.

Não possui fundamento hierárquico, já que não há subordinação entre a entidade controladora (Administração Direta) e a controlada (Administração Indireta).

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DIREITO ADMINISTRATIVO

28 3.6. Princípio da segurança jurídica - conforme nos informa a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, é muito comum, na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas normas legais, com a consequente mudança de orientação, em caráter normativo, afetando situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. Essa possibilidade de mudança de orientação é inevitável, porém, gera uma grande insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem quando a sua situação será passível de contestação pela própria Administração Pública.

Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova interpretação, prevista no artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99:

Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão observados, entre outros, os critérios de:

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

Desse modo, a nova interpretação somente poderá ser aplicada a casos futuros, não prejudicando situações que já estavam consolidadas com base na interpretação anterior.

3.6.1 Princípio da proteção à confiança - pode-se dizer que o princípio da boa-fé deve estar presente do lado da Administração e do lado do administrado. Ambos devem agir com lealdade, com correção. O princípio da proteção à confiança protege a boa-fé do administrado; por outras palavras, a confiança que se protege é aquela que o particular deposita na Administração Pública. O particular confia em que a conduta da Administração esteja correta, de acordo com a lei e com o direito. É o que ocorre, por exemplo, quando se mantêm atos ilegais ou se regulam os efeitos pretéritos de atos inválidos.

3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos – o princípio em estudo declara que o serviço público deve ser prestado de maneira contínua, o que significa dizer que, em regra, não é passível de interrupção, em virtude de sua alta relevância para toda a coletividade. Podemos citar como exemplo de serviços

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DIREITO ADMINISTRATIVO

29 públicos que não podem ser interrompidos a segurança pública, os serviços de saúde, transporte, abastecimento de água, entre outros.

3.7.1. Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/1995, em situações excepcionais:

§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 3.8. Princípio da motivação - impõe à Administração Pública a obrigação de apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as razões de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado ato.

3.8.1. Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos casos em que estiverem respondendo a um processo administrativo, por exemplo) possam contestar ou defender-se dos atos administrativos praticados pela Administração, é necessário que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo. Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador não pode limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É essencial ainda que o administrador apresente, detalhadamente, todo o caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que deseja alcançar com a prática do ato. Agindo dessa maneira, o administrador estará permitindo que os interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato praticado, que deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático de Direito, o princípio da legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do devido processo legal, entre outros. 3.8.2. Embora renomados professores como Diógenes Gasparini e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, entendam que todos os atos administrativos devam ser motivados, sejam eles vinculados ou discricionários, é válido destacar que existe uma exceção muito cobrada em concursos públicos: a nomeação e

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DIREITO ADMINISTRATIVO

30 exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão (cargos de confiança).

3.9. Princípio da especialidade - ao criar ou autorizar a criação de uma entidade administrativa, a lei estabelece previamente a sua área de atuação (a sua finalidade), isto é, a sua especialidade. Sendo assim, como a capacidade específica da entidade administrativa foi determinada por lei, somente esta pode alterá-la. Caso os administradores decidam alterar, por conta própria, a especialidade da entidade administrativa na qual atuam, poderão ser responsabilizados nos termos da lei.

(31)

DIREITO ADMINISTRATIVO 31 b. Mapas mentais PRINCÍPIOS EXPRESSOS Legalidade em sentido formal

• "agir

autorizado

por lei"

Legalidade em sentido material

• agir em

conformidade

com o Direito

= legitimidade

não se confunde com a Legalidade comum

• "o cidadão

pode fazer

tudo que não

é proibido"

= IGUALDADE / ISONOMIA

•Ex: concurso

público,

licitação

VEDAÇÃO DE PROVEITO PESSOAL

•proibição de

uso privado da

máquina

pública

= INTERESSE PÚBLICO

•vedação de

desvio de

finalidade

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DIREITO ADMINISTRATIVO

32

TRANSPA-RÊNCIA

•divulgação dos atos

da Administração

CONTROLE

•permite o

controle da

Administração

SIGILO

•garantia da

privacidade,

segurança,

informações

estratégicas

CONDUTA ÉTICA

•probidade,

honestidade,

boa-fé

VEDAÇÃO DE NEPOTISMO

•Súmula

Vinculante n.

13 do STF

EXTRAÍDO DOS COSTUMES

•Não se

confunde com

a Legalidade

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DIREITO ADMINISTRATIVO 33 SUPREMA-CIA DO INTERESSE PUBLICO INDISPONI-BILIDADE RAZOABILI-DADE MOTIVAÇÃO

RESULTA

DOS

• METAS DE

DESEMPENH0

ADMIN.

GERENCIAL

• BOA

ADMINISTRAÇÃO

ECONOMI-CIDADE

• EQUILÍBRIO

ENTRE CUSTO E

BENEFÍCIO

(34)

DIREITO ADMINISTRATIVO

(35)

DIREITO ADMINISTRATIVO

35 c. Revisão 1

QUESTÃO 01 – CESPE – PGE/SE - Procurador do Estado - 2017

Considerando os princípios constitucionais e legais, implícitos e explícitos, que regem a atividade da administração pública, assinale a opção correta.

a) Os princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público guiam a atuação do administrador, de modo que apenas o juízo discricionário excepciona-se ao controle judicial.

b) Em decorrência do princípio da reserva legal, a administração pública está autorizada a fazer apenas aquilo que não seja legalmente proibido.

c) De acordo com o STJ, o princípio da continuidade dos serviços públicos não impede a interrupção do fornecimento de energia elétrica para município inadimplente, ainda que o valor cobrado esteja sob questionamento em sede administrativa.

d) Em virtude dos princípios da proteção à confiança e da segurança jurídica, entende o STF que podem ser considerados válidos os atos praticados por agente público ilegalmente investido.

e) Por ser um princípio estruturante implícito da atuação da administração pública, na prática, a supremacia do interesse público é um conceito jurídico indeterminável.

QUESTÃO 02 – CESPE – SERES/PE - Agente de Segurança Penitenciária – 2017

Secretário de justiça e direitos humanos de determinado estado da Federação que publicar uma portaria e, na semana seguinte, revogá-la, em nova publicação, terá praticado ato revogatório com base no princípio da

a) indisponibilidade. b) moralidade. c) autotutela. d) eficiência.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

36 QUESTÃO 03 – CESPE – TER/BA - Analista Judiciário – Área Administrativa – 2017

A respeito da administração pública, julgue os itens a seguir.

I - São princípios que regem a administração pública expressos na Constituição Federal de 1988: legalidade, indivisibilidade, moralidade, publicidade e eficiência. II - A avaliação de desempenho como condição para a aquisição de estabilidade do servidor público é um exemplo de aplicação do princípio da eficiência.

III - A afronta a qualquer um dos princípios explícitos da administração pública pode configurar ato de improbidade administrativa.

IV - A moralidade administrativa é definida com base na concepção pessoal do agente público acerca da conduta administrativa considerada ética.

Estão certos apenas os itens a) I e II.

b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV.

QUESTÃO 04 – CESPE – TER/BA - Analista Judiciário – Engenharia Civil – 2017

Agente público que se utiliza de publicidade governamental com a finalidade exclusiva de se promover viola o princípio da

a) eficiência. b) moralidade. c) autotutela. d) publicidade. e) motivação.

QUESTÃO 05 – CESPE – TER/PE - Analista Judiciário - Área Administrativa - 2017

(37)

DIREITO ADMINISTRATIVO

37 O direito administrativo é

a) um ramo estanque do direito, formado e consolidado cientificamente.

b) um ramo do direito proximamente relacionado ao direito constitucional e possui interfaces com os direitos processual, penal, tributário, do trabalho, civil e empresarial.

c) um sub-ramo do direito público, ao qual está subordinado.

d) um conjunto esparso de normas que, por possuir características próprias, deve ser considerado de maneira dissociada das demais regras e princípios.

e) um sistema de regras e princípios restritos à regulação interna das relações jurídicas entre agentes públicos e órgãos do Estado.

QUESTÃO 06 – CESPE – PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - 2016 Sem ter sido aprovado em concurso público, um indivíduo foi contratado para exercer cargo em uma delegacia de polícia de determinado município, por ter contribuído na campanha política do agente contratante.

Nessa situação hipotética, ocorreu, precipuamente, violação do princípio da a) supremacia do interesse público.

b) impessoalidade. c) eficiência.

d) publicidade. e) indisponibilidade.

QUESTÃO 07 – CESPE - Juiz de Direito - TJ-DF -2016

Um prefeito, no curso de seu mandato e atendendo a promessa de campanha, realizou e finalizou a construção de uma ponte sobre o rio que corta a cidade, inaugurando-a na metade de seu mandato. Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.

a) Em consonância com o princípio constitucional da eficiência, o contrato administrativo deveria ser anulado caso fosse ultrapassado o lapso temporal estipulado no instrumento contratual para a execução do objeto.

(38)

DIREITO ADMINISTRATIVO

38 b) Em atenção ao princípio da impessoalidade, o prefeito não poderá apresentar propaganda em que conste vinculação direta de seu nome à realização da obra, mas nada obsta que sua imagem seja veiculada no outdoor da publicidade da conclusão da ponte.

c) O princípio da autotutela autorizaria o prefeito a anular ou revogar a licitação de ofício caso fosse constatada ilegalidade no procedimento.

d) Caso houvesse descumprimento de cláusulas contratuais pela empresa contratada, o princípio da supremacia do interesse público facultaria a rescisão unilateral do contrato pela administração pública.

e) A decretação, pelo prefeito, do sigilo dos atos referentes à contratação e à execução do contrato, com a finalidade de evitar a pressão de grandes empreiteiras e de prestigiar pequena empresa sediada no município, contratada diretamente para execução da obra, não configura desrespeito ao princípio constitucional da publicidade.

QUESTÃO 08 – CESPE - Analista Judiciário - Serviço Social – TRT/8ª Região – 2016

Assinale a opção correta a respeito dos princípios da administração pública. a) O princípio da eficiência deve ser aplicado prioritariamente, em detrimento do princípio da legalidade, em caso de incompatibilidade na aplicação de ambos. b) Os institutos do impedimento e da suspeição no âmbito do direito administrativo são importantes corolários do princípio da impessoalidade.

c) A administração deve, em caso de incompatibilidade, dar preferência à aplicação do princípio da supremacia do interesse público em detrimento do princípio da legalidade.

d) A publicidade, princípio basilar da administração pública, não pode sofrer restrições.

(39)

DIREITO ADMINISTRATIVO

39 e) A ofensa ao princípio da moralidade pressupõe afronta também ao princípio da legalidade.

QUESTÃO 09 – CESPE - Técnico Judiciário - Área Administrativa – TRT/8ª Região – 2016

A respeito dos princípios da administração pública, assinale a opção correta. a) Em decorrência do princípio da autotutela, apenas o Poder Judiciário pode revogar atos administrativos.

b) O princípio da indisponibilidade do interesse público e o princípio da supremacia do interesse público equivalem-se.

c) Estão expressamente previstos na CF o princípio da moralidade e o da eficiência.

d) O princípio da legalidade visa garantir a satisfação do interesse público.

e) A exigência da transparência dos atos administrativos decorre do princípio da eficiência.

QUESTÃO 10 – CESPE - TRT - 8ª Região - Analista Judiciário - Área Administrativa - 2016

A respeito dos princípios da administração pública, assinale a opção correta. a) Decorre do princípio da hierarquia uma série de prerrogativas para a administração, aplicando-se esse princípio, inclusive, às funções legislativa e judicial.

b) Decorre do princípio da continuidade do serviço público a possibilidade de preencher, mediante institutos como a delegação e a substituição, as funções públicas temporariamente vagas.

(40)

DIREITO ADMINISTRATIVO

40 c) O princípio do controle ou tutela autoriza a administração a realizar controle dos seus atos, podendo anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de decisão do Poder Judiciário.

d) Dado o princípio da autotutela, a administração exerce controle sobre pessoa jurídica por ela instituída, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais.

e) Em decorrência do princípio da publicidade, a administração pública deve indicar os fundamentos de fato e de direito de suas decisões.

Referências

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