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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. 14 a 19 de Setembro Joinville - Santa Catarina

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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina

II-291 - INIBIÇÃO DE PROCESSO AERÓBIO POR SULFETOS

Luiz Fernando Cybis(1)

Professor, orientador, pesquisador e consultor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS. Doutor em Engenharia Sanitária e Ambiental pela The University of Leeds, Inglaterra.

Karine Pickbrenner

Engenheira Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS.

Gilson Arimura Arima

Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Doutorando em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS.

Endereço(1): Av. Bento Gonçalves, 9500 - Caixa Postal 15029 - Porto Alegre - RS - CEP: 91501-970 - Brasil - Tel: (51) 33166567 – Fax: (51) 33191157 - e-mail: lfcybis@ufrgs.br.

RESUMO

Este trabalho relata o estudo de toxicidade dos processos biológicos em sistemas aeróbios de pós-tratamento de efluente anaeróbio, devido à presença de sulfeto neste efluente. Para analisar-se a tratabilidade biológica do efluente anaeróbio foram realizados uma série de testes respirométricos, que constituíram-se de testes de DBO última e testes respirométricos em batelada. Os testes de DBO última foram realizados com o objetivo de comparar

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porcentagens gradativamente crescentes de efluente anaeróbio, em relação a uma curva típica de DBO última de uma amostra contendo um substrato sintético facilmente

degradável e sem a presença de composto inibidor. Através da analise comparativa entre estas curvas, observou-se que o efluente anaeróbio apresentou uma maior dificuldadede na degradabilidade da matéria orgânica, provavelmente em função das diferentes

características desta matéria orgânica em relação ao substrato sintético e/ou do efeito do sulfeto presente neste tipo de efluente. Para comprovar a ação tóxica específica do sulfeto nos processos biológicos foram realizados os testes respirométricos em batelada. Os resultados destes testes demonstraram que o sulfeto interfere na cinética dos processos biológicos, causando uma diminuição das taxas de consumo de oxigênio das bactérias aeróbias.

Palavr as-chave: Sulfetos, Toxicidade, Testes de DBO última, Testes Respirométricos em Batelada.

INTRODUÇÃO

Os sistemas de tratamento de efluente do tipo anaeróbio têm sido uma alternativa de tratamento largamente utilizada nas últimas décadas, principalmente em virtude das vantagens econômicas advindas pela não utilização de equipamentos de aeração, que demandam grande quantidade de energia elétrica. No entanto, embora eficiente em termos de remoção de matéria orgânica, o tratamento anaeróbio não possibilita a remoção de compostos como nitrogênio e fósforo, também presentes nos efluentes, e que podem causar diversos problemas ao meio ambiente, quando dispostos em concentrações excessivas nos cursos d'água.

No sentido de manter em operação as diversas estações de tratamento de efluente do tipo anaeróbio já existentes, foi desenvolvida uma rede de pesquisas sobre o tema "Pós-tratamento de Efluentes de Reatores Anaeróbios", do Programa de Pesquisas em

Saneamento Básico - PROSAB - Edital 02. Este trabalho insere-se dentro desta linha de pesquisa. O pós-tratamento de efluente anaeróbio foi estudado num sistemas de lodos ativados, em duas escalas, com vistas à remoção biológica de nutrientes.

Em trabalhos publicados anteriormente, foram relatados os principais resultados obtidos. Primeiramente, em escala de laboratório, desenvolveu-se um sistema de reator seqüencial em batelada (RSB) tratando o efluente anaeróbio produzido por um reator seqüencial em batelada anaeróbio (RSBAn), alimentado por esgoto sintético caracteristicamente

doméstico (Cybis e Pickbrenner, 2000). Subseqüente a este experimento desenvolveu-se um sistema de RSB em escala piloto, no intuito de analisar o efeito da mudança de escala na performance de RSB tratando o efluente anaeróbio de um UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket) em escala real (Cybis e Pickbrenner, 2001). Os resultados obtidos

demonstraram uma ótima eficiência no processo de nitrificação no experimento em escala de laboratório. Já em escala piloto, o processo de nitrificação não desenvolveu-se.

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O fato de ter ocorrido um pleno estabelecimento da nitrificação no experimento em

laboratório, inoculado com um lodo da mesma origem do experimento piloto, mostrou que o problema somente poderia estar relacionado com a composição do esgoto afluente ao sistema. Concluiu-se que possivelmente existia alguma substância tóxica no efluente anaeróbio real, causando a inibição do processo de nitrificação. Um estudo realizado por Gujer, Tomlinson, Bruce, Plaza, Hultman e Trela apud EPA (1993), confirmou a hipótese levantada. Segundo resultados obtidos pelos autores, a inclusão de uma linha de

recirculação de sobrenadante de digestor reduziu a taxa de crescimento das Nitrosomonas em aproximadamente 20%. Outros experimentos de pós-tratamento de efluente anaeróbio, realizados em sistemas de lodos ativados, também demonstraram problemas com o

desenvolvimento da nitrificação (Vieira et al., 2000 e van Haandel e Guimarães, 2000). Foi levantada a possibilidade do sulfeto, produto da atividade de bactérias sulfatoredutoras em ambiente anaeróbio, ser o causador da inibição dos processos biológicos. Com vistas a verificar o desenvolvimento de processo inibitório por efluentes de tratamento anaeróbio em sistemas aeróbios, realizou-se este trabalho, que consistiu numa série de testes respirométricos com o efluente anaeróbio real e também especificamente com sulfeto.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia referente às duas etapas de trabalho, que compreenderam os testes de DBO última e os testes respirométricos em batelada, será descrita a seguir:

TESTES DE DBO ÚLTIMA

Estes teste foram realizados no intuito de proceder-se a uma análise qualitativa do efeito tóxico do efluente anaeróbio. A comparação visual do comportamento das curvas de DBO última de amostras contendo diferentes porcentagens de efluente anaeróbio e de uma solução de substrato de glicose e ácido glutâmico possibilitou a obtenção de uma relação entre a concentração e o efeito tóxico do efluente anaeróbio.

Os seguintes materiais foram utilizados nos testes: Medidores de DBO Oxitop;

Água de diluição (nutrientes);

Substrato: solução de ácido glutâmico + glicose; Efluente anaeróbio: efluente de um UASB;

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Os testes foram realizados em duplicata e as diluições aplicadas podem ser observadas na Tabela 1. O inóculo representou os microorganismos que realizaram a degradação dos substratos e foi inoculado em todos as diferentes amostras testadas. Para obter-se a DBO do inóculo, realizou-se um teste com uma alíquota deste e água contendo somente nutrientes. Tabela 1: Testes de DBO última.

TESTE AMOSTRA 1 e 2

Inóculo + Água de Diluição 3 e 4

Inóculo + 100% Substrato 5 e 6

Inóculo + 75% Substrato + 25% Efluente UASB 7 e 8

Inóculo + 50% Substrato + 50% Efluente UASB 9 e 10

Inóculo + 25% Substrato + 75% Efluente UASB 11 e 12

Inóculo + 100% Efluente UASB

TESTES RESPIROMÉTRICOS EM BATELADA

Os testes respirométricos em batelada consistiram na medição da taxa de consumo de oxigênio (TCO) e análise dos efeitos da adição de diferentes concentrações de sulfeto nesta taxa. Os testes realizados foram baseados na metodologia proposta por Lamb et al. (1964). Os seguintes materiais foram utilizados nos testes:

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1 respirômetro: cilindro de acrílico de 2,90 L; Misturador magnético;

Sonda de oxigênio dissolvido;

Sistema de aquisição de dados composto por controladores analógico/digital conectados a um microcomputador;

Biomassa inoculada numa concentração de SSV = 2940 mg/L; Água de diluição (nutrientes);

Substrato: esgoto sintético caracteristicamente doméstico; Fonte de sulfetos: solução concentrada de Na2S;

Inibidor de nitrificação: solução concentrada de ATU (allylthiourea).

O lodo utilizado para representar a biomassa foi coletado de uma estação de tratamento de esgoto sanitário do tipo lodo ativado. Com o objetivo de gerar testes de consumo de oxigênio mais rápidos, este lodo foi concentrado através da retirada do clarificado, após sedimentação. Em seguida, o lodo concentrado foi submetido à aeração, sem adição de substrato, durante um período de aproximadamente 20h, no intuito de permitir o consumo de toda a matéria orgânica disponível e atingir o estado de endogenia.

Os procedimentos abaixo relacionados foram estabelecidos para a realização dos testes: Adição de um volume pré-estabelecido de lodo aerado no respirômetro;

Adição de um volume pré-estabelecido de água de diluição ou substrato, de acordo com o teste em andamento;

Agitação e injeção de ar até atingir-se uma concentração de OD próxima à saturação; Adição de sulfeto ou allylthiourea, de acordo com o teste em andamento. O volume de allylthiourea adicionado foi determinado de maneira a atingir-se uma concentração final de 5 mg/L no licor;

Retirada da aeração e início da aquisição de dados para a obtenção da TCO. Os dados armazenados foram o tempo decorrido e a concentração de OD;

A descrição dos testes realizados pode ser observada na Tabela 2. Tabela 2: Descrição dos testes respirométricos.

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OBJETIVO ESTRATÉGIA 1

Taxa de respiração endógena

1,4 L de lodo + 1,5 L água de diluição 2 e 3

TCO total

1,4 L de lodo +1,5 L substrato sintético 4

TCO total e nitrogenada

1,4 L de lodo + 1,5 L substrato sintético + ATU em OD = 4 mg/L 5

TCO com a adição de sulfeto

1,4 L de lodo + 1,5 L substrato sintético + S2- = 0,5 mg/L 6

TCO com a adição de sulfeto

1,4 L de lodo + 1,5 L substrato sintético + S2- = 0,75 mg/L 7

TCO com a adição de sulfeto

1,4 L de lodo + 1,5 L substrato sintético + S2- = 1,0 mg/L 8

TCO com a adição de sulfeto

1,4 L de lodo + 1,5 L substrato sintético + S2- = 1,5 mg/L 9

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TCO com a adição de sulfeto

1,4 L de lodo + 1,5 L substrato sintético + S2- = 2,0 mg/L

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Serão apresentados inicialmente os resultados dos testes de DBO última e posteriormente os resultados referentes aos testes respirométricos em batelada.

TESTES DE DBO ÚLTIMA

Estes testes foram realizados durante um período aproximado de 20 dias. As curvas de DBO última obtidas com os diferentes testes realizados podem ser observadas nas Figuras 1 a 6.

Observando-se a Figura 1, pode-se verificar uma significativa variação das curvas de DBO última do inóculo. Tendo-se por base que este inóculo foi utilizado em todas as amostras testadas, esperava-se que esta variação pudesser ser repassada para as duplicatas testadas. Este fato explica as variações observadas entre as curvas 9 e 10, da Figura 5, por exemplo.

Figura 1: Inóculo + Água de Diluição

Figura 2: Inóculo + 100% Substrato

Figura 3: Inóculo + 75% Substrato + 25% Efluente Anaeróbio

Figura 4: Inóculo + 50% Substrato + 50% Efluente Anaeróbio

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Figura 6: Inóculo + 100% Efluente Anaeróbio

Na Figura 2, as curvas obtidas com as amostras contendo somente um substrato de glicose e ácido glutâmico, apresentaram-se com características típicas de curvas de DBO última de águas residuárias, mostrando claramente as fases de oxidação carbonácea e nitrificação. Estas curvas, portanto, foram utilizadas como um branco, para fins de comparação com as outras curvas, permitindo uma análise visual do efeito que as concentrações crescentes do efluente anaeróbio poderiam provocar nos processos biológicos.

Observando-se as Figuras 2 e 6, que representam os dois extremos da análise comparativa, pode-se verificar que as curvas do Figura 6 afastam-se consideravelmente do padrão de curva típico de DBO, representado através das curvas da Figura 2. Na primeira figura, observa-se a completa oxidação carbonácea no quinto e sexto dia, respectivamente para as curvas 4 e 3, estabelecendo-se o processo de nitrificação aproximadamente no oitavo dia. Para as curvas da Figura 6, não houve qualquer indício do estabelecimento da nitrificação. Distingue-se apenas uma declividade de curva, que cessa aproximadamente no nono dia, ou seja, além da inexistência da nitrificação, o final da oxidação carbonácea ficou retardado em aproximadamente 3 dias, em comparação com as curvas da Figura 2. Percebe-se claramente que estas curvas apresentam-se com uma menor inclinação que as curvas da Figura 2. Este comportamenteo serve de indicativo de uma condição de pior

degradabilidade do efluente anaeróbio, quando comparado com o substrato sintético. E a pior degradabilidade deste tipo de efluente induz em menores taxas de oxidação nos

processos biológicos. Numa condição real de tratamento do efluente anaróbio, pressupõe-se a necessidade de aplicação de tempos de detenção superiores para a remoção efetiva dos poluentes. Este fato pode justificar o não estabelecimento do processo de nitrificação num sistema operado com baixo tempo de detenção na fase aeróbia, que foi o que ocorreu no experimento em escala piloto citado na introdução deste trabalho (Cybis e Pickbrenner, 2001).

Observando-se os gráficos intermediários (Figuras 3 a 5), verifica-se que algumas curvas seguiram o comportamento das curvas da Figura 6, como as curvas 8 e 10, constantes respectivamente nas Figuras 4 e 5. Nestas curvas não houve, ou apresentou-se pouco significativo o indício de estabelecimento de nitrificação, provavelmene em conseqüência do efeito do efluente anaeróbio nas taxas de oxidação dos substratos.

Cabe ressaltar, que durante este teste, a concentração de sulfetos, possível agente tóxico do efluente anaeróbio, apresentou-se com o valor de 0,53 mg S2-/L, bem abaixo da média normalmente detectada no efluente anaeróbio utilizado no experimento em escala piloto, que era de 4,23 mg S2-/L. Esta baixa concentração do composto tóxico explica a ocorrência da maior significância do efeito de redução das taxas somente nas curvas de DBO das amostras contendo 100% do efluente anaeróbio.

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TESTES RESPIROMÉTRICOS EM BATELADA

Os testes respirométricos foram realizados para verificar o efeito da adição do sulfeto, em diferentes concentrações, nas taxas de consumo de oxigênio das bactérias presentes em amostras de lodo ativado. Estes testes não foram específicos para as bactérias nitrificantes. O efeito tóxico do sulfeto foi analisado em relação às taxas totais de consumo de oxigênio ocorrentes no lodo ativado, incluindo desta forma, a atividade de todas as bactérias

aeróbias.

As curvas de consumo de oxigênio, para os diferentes testes realizados, podem ser observadas nas Figuras 7 a 15. A Figura 16, representa a curva final, obtida através da plotagem das taxas de consumo de oxigênio em relação às diferentes concentrações de sulfeto adicionadas.

A taxa de consumo de oxigênio foi simplesmente a inclinação da linha de melhor ajuste (regressão linear) na região inicial das curvas de OD ´ tempo. Na região inicial é que ocorrem as maiores taxas, pois a TCO comporta-se como uma reação de primeira ordem, ou seja, é proporcional à concentração de substrato remanescente. A medida que o substrato vai diminuindo, a taxa de crescimento dos microorganismos e, conseqüentemente, a TCO também decrescem, não sendo então representativas. Além disso, após um certo consumo, as concentrações de OD também podem tornar-se limitantes à atividade bacteriana,

interferindo nas TCOs.

Como já explicado na metodologia, o lodo a ser inoculado permaneceu sob aeração durante um período de aproximadamente 20 h, no intuito de garantir o consumo de toda matéria orgânica, eventualmente misturada no lodo, estabelecendo um estado de endogenia. A declividade da curva constante na Figura 7 representou a TCO devido a este processo de endogenia do lodo. Este valor foi descontado de todas as TCOs obtidas nos gráficos seguintes.

A declividade das curvas das Figuras 8 e 9 representou TCO da degradação de um substrato sintético facilmente degradável. As diferenças obtidas entre as curvas ocorreram

provavelmente devido a problemas de homogeneização do lodo. A média destas taxas representou o ponto zero na curva de concentração de TCO ´ concentração de sulfeto (Figura 16), ou seja, a TCO real, sem a adição de composto tóxico.

Como o lodo inoculado foi obtido de uma ETE destinada somente à remoção carbonácea, procedeu-se a um teste com adição de ATU (inibidor de nitrificação), para verificar a ocorrência da atividade de bactérias nitrificantes neste lodo. Percebe-se claramente, analisando-se a curva da Figura 10, que decorrido um tempo de retardo após a adição de ATU, ocorre uma mudança de declividade na curva, indicando a inibição do processo de nitrificação e, conseqüentemente, o cessar de parte da demanda por oxigênio. A TCO exclusiva das bactérias nitrificantes ficou representada pela diferença das declividades das duas curvas obtidas.

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TCOendogenia = 8,02 mgO2/L.h

Figura 7: Taxa de respiração endógena TCOcarb+nitr = 15,28 mgO2/L.h

Figura 8: TCO total

TCOcarb+nitr = 18,24 mgO2/L.h Figura 9 : TCO total (repetição) TCOcarb+nitr = 16,55 mgO2/L.h TCOnitr = 7,28mgO2/L.h

Figura 10: TCO total e nitrogenada TCOcarb+nitr = 13,34 mgO2/L.h

Figura 11: TCO com a adição de 0,5 mgS2-/L TCOcarb+nitr = 9,76 mgO2/L.h

Figura 12: TCO com a adição de 0,75 mgS2-/L TCOcarb+nitr = 9,11 mgO2/L.h

Figura 13: TCO com a adição de 1,0 mgS2-/L TCOcarb+nitr =7,87 mgO2/L.h

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Figura 14: TCO com a adição de 1,5 mgS2-/L

OURcarb+nitr = 8,77 mgO2/L.h

Figura 15: TCO com a adição de 2,0 mgS2-/L EC50 = 1,3 mg S2-/L

Figura 16: TCO ´ composto tóxico

Nas Figuras 11 a 15 podem ser observadas as curvas de OD ´ tempo das amostras

submetidas a concentrações crescentes de sulfeto, variando de 0,5 mg /L a 2,0 mg S2-/L. Optou-se por utilizar nos testes esta faixa de concentrações, pelo fato de testes preliminares, com a concentração de 2,0 mg S2-/L, terem apresentado uma considerável redução das taxas. Objetivou-se, com isso, verificar a menor concentração a partir da qual o efeito tóxico estabelecia-se com maior significância, de preferência através da obtenção da EC50 do sulfeto, em relação ao lodo ativado. EC50 é um termo utilizado para representar a concentração de substrato na qual a TCO específica apresenta-se reduzida em 50% de seu valor em condições não inibitórias (Eckenfelder e Musterman, 1995).

É interessante ressaltar que as curvas obtidas sem sulfeto comportaram-se como uma reação de ordem zero, ou seja, as TCOs apresentaram-se praticamente iguais durante todo o teste, alterando-se somente quando a concentração de OD passou a ser limitante. Segundo Ramalho (1983), na presença de altas concentrações de matéria orgânica, comum no estágio inicial de reatores em batelada, a cinética segue realmente ordem zero, como aconteceu nos testes respirométricos. No entanto, observou-se que à medida em que as concentrações de sulfeto foram aumentando, as curvas foram aproximando-se do

comportamento de reações de ordem superior. Também, numa mesma curva, observou-se que, quanto menor a concentração de substrato no meio líquido, maior apresentou-se o efeito tóxico e, conseqüentemente, menores foram as TCOs e a atividade bacteriana do lodo ativado.

Com base nos valores de TCOs obtidos para cada concentração de sulfeto, elaborou-se a curva constante na Figura 16. O pequeno aumento na TCO observado no último ponto da curva ocorreu provavelmente devido a erros experimentais. Através desta curva foi possivel, por interceptação, determinar a EC50 do sulfeto. Este valor apresentou-se próximo a 1,3 mg S2-/L.

Na literatura, existem poucas referências que relacionam o sulfeto como composto tóxico em sistemas de lodos ativados. Hjuler (1992, não publicado) apud Halling-Sorensen e Jorgensen (1993) cita o sulfeto como inibidor da nitrificação de planta de tratamento de

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esgoto, do tipo leito fixo, em qualquer concentração. WEF (1987) apresentam o sulfeto como inibidor de processos de lodo ativado em concentrações de 20 mg S2-/L. Ros (1995) observou o efeito tóxico do sulfeto na biocenose aeróbia, para concentrações acima de 1 mg S2-/L. Gaudy e Gaudy (1988), inclui o sulfeto na categoria de substâncias que afetam uma grande variedade de enzimas, através de sua capacidade de combinar-se com metais, como o Fe e o Cu, que exercem um papel essencial em processos de catálise.

CONCLUSÕES

Os testes respirométricos, de DBO última e em batelada, foram de essencial importância para analisar o efeito tóxico do efluente anaeróbio nos processos biológicos.

Os testes de DBO última apresentaram-se como uma boa ferramenta indicativa das condições de degradabilidade do efluente anaeróbio real. Estes testes, portanto, incentivaram a realização de estudos mais específicos para analisar a ação do sulfeto, provável agente tóxico, nas taxas de consumo de oxigênio das bactérias aeróbias. Através de testes respirométricos em batelada, observou-se que o sulfeto presente no efluente real de tratamento anaeróbio alterou a cinética dos processos biológicos, causando uma diminuição das taxas de consumo de oxigênio das bactérias aeróbias.

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que há a necessidade de prever-se maiores tempos de detenção nas fases aeróbias de sistemas destinados ao pós-tratamento de efluente anaeróbio, de maneira a prevenir problemas de inibição dos processos aeróbios, principalmente em plantas projetadas para realizar o processo de nitrificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Reatores Anaeróbios. Coletânea de Trabalhos Técnicos. Belo Horizonte. FEGRAC. Vol. 1, p. 157-164, 2000.

CYBIS, L.F. E PICKBRENNER, K. Uso de reator seqüencial em batelada em escala piloto para pós-tratamento de efluentes de tratamento anaeróbio. In. Pós-tratamento de Efluentes de Reatores Anaeróbios. Coletânea de Trabalhos Técnicos. Belo Horizonte. FEGRAC. Vol. 2, p. 193-202, 2001.

ECKENFELDER, W. W.; MUSTERMAN, J. L. Activated Sludge Treatment of Industrial Wastewater. USA: Technomic Publishing Company, Inc, 281 p, 1995.

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LAMB, J. C. ET AL. A technique for evaluating the biological treatability of industrial wastes. Journal Water Pollution Control Federation, v. 36, n. 10, p. 1263-1285, 1964. GAUDY, A. F.; GAUDY, E. T. Elements of Bioenvironmental Engineering. San Jose, California: Engineering Press, Inc., 592 p., 1988.

HALING-SORENSEN, B; JORGENSEN, S.E. The removal of nitrogen compounds from wastewater. Amsterdam, London, New York, Tokio: Elsevier, 443 p., 1993.

RAMALHO, R. S. Introduction to wastewater treatment process. Second Edition. San Diego, California: Academic Press:, 580 p., 1983.

VAN HAANDEL, A.; GUIMARÃES, P. Modelamento do tratamento aeróbio usando-se UASB e lodo ativado em bateladas seqüenciais. In: Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios. Coletânea de Trabalhos Técnicos. Belo Horizonte, MG: Recope, v. 1, p. 146-156, 2000.

VIEIRA ET AL. Desenvolvimento de reator aeróbio radial de leito fixo para remoção de nitrogênio de esgoto sanitário pré-tratado em reator anaeróbio. In: Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios. Coletânea de Trabalhos Técnicos. Belo Horizonte, MG: Recope, v. 1, p. 135-142, 2000.

WEF, WATER ENVIRONMENT FEDERATION. Activated Sludge. Alexandria, USA: WEF, 186 p, 1987.

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