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Alteração da força muscular respiratória após tratamento radioterápico em mulheres com diagnóstico de câncer de mama: revisão de literatura

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Academic year: 2021

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Alteração da força muscular respiratória após tratamento

radioterápico em mulheres com diagnóstico de câncer de mama: revisão de

literatura

Camila Viana Benzoni1, Jeniffer Lascala Alves1, Júlio César Rezende Morandini1, Raisa Gregório Candido do Prado1, Sérgio Henrique Cerchiaro Pedroso1, Andréa Campos de

Carvalho Ferreira1, Paulo Eduardo Gomes Ferreira2

1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá; 2Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

paulo.ferreira@baraodemaua.br

1 INTRODUÇÃO

O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, sendo raro antes dos 35 anos e, acima dessa faixa etária, sua incidência cresce rápido e progressivamente. Durante os últimos anos, a incidência de câncer de mama tem aumentando de forma significativa e para 2014 estima-se 57.120 novos casos (INCA, 2014).

Assim como outros tipos de câncer, o seu desenvolvimento é decorrente de células anormais que se proliferam de forma incontrolável e irreversível, podendo surgir de alterações genéticas, por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos (BRASIL, 2013). Dentre os diversos fatores, os principais que aumentam o risco de desenvolver o câncer de mama envolvem o sexo feminino, cor branca, menarca antes dos 11 anos, menopausa após os 55 anos, nuliparidade, primeira gestação a termo após os 30 anos, ciclos menstruais menores que 21 dias, mãe ou irmã com história de câncer de mama na pré-menopausa, dieta rica em açúcares e gorduras e pobre em fibras, obesidade, consumo de álcool, padrão socioeconômico elevado, ausência de atividade sexual, residência em área urbana e exposição a radiações ionizantes (BRASIL, 2002).

Independente dos fatores de risco, esta patologia traz à paciente um grande impacto psicológico desde o momento do diagnóstico e no decorrer do tratamento e, para tanto, a sua abordagem deve ser abrangente e integrada a diversos aspectos sociais e de saúde (SILVA et al., 2007).

Dentro do tratamento, incluem-se terapias loco-regionais como os eventos cirúrgicos e as aplicações de radioterapia (RT), e as terapias sistêmicas, apresentadas como a quimioterapia e a hormonioterapia (DANTAS; ARAÚJO; NASCIMENTO, 2010).

A escolha do tratamento cirúrgico é uma das fases principais e depende da avaliação individual de cada caso, levando em consideração a situação clínica da paciente e do estadiamento do câncer (DANTAS; ARAÚJO; NASCIMENTO, 2010; SILVA et al., 2007).

No que diz respeito à RT, esta é definida como um tratamento indolor que possui grande potencial para eliminar células malignas, danificando sua estrutura e, consequentemente, interferindo no crescimento tumoral e na metástase, aumentando assim a sobrevida das pacientes. No tratamento, sua indicação pode ocorrer como forma neoadjuvante no pré-operatório, nos casos de câncer inflamatório e falha da quimioterapia, como forma adjuvante a cirurgias radicais com risco de recorrência local, em tumores invasivos e ocultos na mama (DANTAS; ARAÚJO; NASCIMENTO, 2010).

Na literatura, já encontram-se estudos que comprovam limitações físico-funcionais pelo comprometimento do sistema tegumentar e/ou comprometimento dos sistemas muscular e articular após as sessões de RT em pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Monteiro

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(2007) cita que a RT pode levar ao desenvolvimento de fibroses subcutâneas com fixação nas musculaturas inferiores, limitação da mobilidade articular, telangectasias, úlceras de pele e necrose óssea.

Outra consequência da RT ocorre quando a fibrose ajuda a obstruir os vasos linfáticos e contribui para o acúmulo de linfa no membro superior ipsilateral à cirurgia, levando, em conjunto ou não, à dissecção dos linfonodos axilares e à instalação de um linfedema, que constitui uma complicação bem comum nos pós-cirúrgicos de câncer de mama (KISNER; COLBY, 2009)

Kisner e Colby (2009) descrevem que o sistema respiratório também pode apresentar complicações pós-cirurgia de câncer de mama, tais como, pneumonias e relutância da paciente em tossir ou respirar profundamente, dificultando a manutenção das vias aéreas livres do acúmulo de secreções.

A relevância desse estudo, que tem a intenção de levantar as disfunções pulmonares nas mulheres submetidas à RT, é ampliar a visão dos profissionais da saúde na atuação reabilitadora das pacientes com câncer de mama.

Ainda que os índices de recorrência do câncer de mama sejam reduzidos, a RT traz complicações tóxicas agudas e tardias (GOMIDE, 2006).

2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi verificar as alterações da função respiratória em mulheres submetidas à RT com diagnóstico de câncer de mama.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado a partir de um levantamento bibliográfico sobre as alterações da função respiratória em pacientes submetidas à RT após cirurgia de mastectomia.

A revisão bibliográfica foi baseada em estudos de artigos das seguintes bases de dados internacionais: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (MEDLINE) e na coleção Scientific Electronic Library Online (SCIELO) após consulta às terminologias em saúde utilizadas na base de descritores da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) da Bireme (Decs), associados ao acervo bibliográfico da Biblioteca Nicolau Dinamarco Spinelli (Centro Universitário Barão de Mauá).

As mesmas referências ao tema escolhido foram identificadas por meio das seguintes palavras-chave: espirometria, mastectomia e radioterapia, assim como suas traduções em inglês: spirometry, mastectomy, radiotherapy.

Para leitura dos artigos mais atuais, foram escolhidos aqueles a partir do ano de publicação de 2010.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram levantados 10 artigos, porém apenas cinco faziam a relação: RT x função pulmonar.

A RT é a forma terapêutica importante que possibilita a diminuição de riscos de recidiva local e aumenta assim a sobrevida da paciente. Entretanto, trazem diversos efeitos colaterais como a dor, fadiga, alterações na pele e disfunções em órgãos sadios (CACAU et al., 2012).

O estudo de Schettino, Jotta e Cassali (2010) levantou que a RT no tratamento de câncer de mama pode causar alterações pulmonares em aproximadamente 1 a 8% das

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pacientes e os prejuízos podem ser tanto radiológicos, mostrando o aumento da densidade pulmonar e pneumonites, como funcionais, determinadas pela redução quantitativa nos testes de função pulmonar. Nesse estudo também foi encontrado como resultado, diminuição da capacidade inspiratória e da capacidade vital, influindo no volume pulmonar e na força muscular respiratória. Estes interferem de modo negativo na qualidade de vida das pacientes tratadas por câncer de mama.

Entre as consequências, Santos et al. (2013) citam que após a RT, efeitos colaterais podem ocorrer, como: dor, alterações cutâneas, restrição da mobilidade, alteração sensitiva local e fadiga. Alterações pulmonares com anormalidades radiológicas, como aumento da densidade, pneumonite radioativa sintomática, fibrose pulmonar, déficit na ventilação e redução quantitativa nos testes de função pulmonar, também podem ser esperados.

Em estudo observacional analítico, Abreu et al. (2014) concluíram que as pacientes que realizaram tratamento neoadjuvante obtiveram diminuição da função pulmonar (FP) e redução nos valores de capacidade vital forçada (CVF) e de volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), comparadas com as que apenas realizaram a cirurgia. Para a avaliação da FP respectiva, foram utilizados aparelhos que fornecem índices, sendo eles: o microespirômetro que fornece índices de CVF, pico de fluxo expiratório (PFE), VEF1 e Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF); e o manovacuômetro para avaliar FMR, que é mensurada por meio das pressões inspiratórias (Pimáx) e expiratórias máximas (Pemáx).

Cacau et al. (2012) também apresentaram resultados do tratamento pós RT, mostrando que houve redução importante nos parâmetros da espirometria e manovacuometria, comprovando que a radiação promove redução nos volumes e capacidades pulmonares, na força da musculatura respiratória e aumento da fadiga a curto prazo.

Em relação à fadiga, Reidunsdatter et al. (2013) verificaram que os indivíduos após radiação apresentavam níveis elevados de fadiga comparados com os esperados para a população geral.

Prejuízos maiores na FP e na capacidade de difusão alveolar são evidenciados em estudos com maior tempo de seguimento e maior número de reavaliações após RT, onde mostra que a RT pode estar associada a uma redução irreversível da CVF, VEF1 e capacidade de difusão de monóxido de carbono (SANTOS et al., 2013).

Corroborando, Reidunsdatter et al. (2011), em estudo longitudinal e prospectivo com amostra de 248 participantes, com objetivo de relatar os efeitos precoces pós RT, após períodos controlados de 3, 6 e 12 meses, sobre a qualidade de vida e relacionar aspectos para o desenvolvimento de fadiga durante RT, concluíram que o tratamento por radiação é um preditor significativo no desenvolvimento de fadiga. Também foi avaliada a função pulmonar destas pacientes com os testes de manovacuometria e espirometria. Dentre os valores achados no teste de espirometria foi observada diminuição significativa da CVF (23,52%), da VEF1 (26,23%) e do PFE (10,12%) (p=0,001). A relação VEF1/CVF não apresentou alteração significativa (p=0,430). Foi encontrada redução significativa na força dos músculos respiratórios: sendo a PEmáx inicialmente de 73±12,47 e após a RT de 55±7,90 cmH2O, que

equivale a uma redução de 25,45% e a PImáx de 69,50±10,41 para 46,25±5,32 cmH2O,

correspondente a uma redução de 32,92% (p=0,001). No entanto, não foram encontradas alteração significativas que se relacionam entre a função pulmonar com a RT com dose total. Após as avaliações, foi detectada uma diminuição da função pulmonar e redução de mais de 20% da CVF e da VEF1, porém tais valores permaneceram dentro da normalidade, de acordo com o peso, a idade e altura da amostra estudada.

A curto prazo, a radiação promoveu impacto importante na função pulmonar, aumento significativo de fadiga e comprometimento no bem estar físico e funcional. Entretanto, nesse estudo não foram observadas correlações significativas entre função pulmonar, dose total de radiação e fadiga (SANTOS et al., 2013).

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Fica exposto que a expectativa de vida de mulheres com câncer de mama tem aumentado e que a RT ainda faz parte do tratamento complementar do câncer de mama, sendo assim, torna-se necessário que os profissionais envolvidos com a reabilitação, criem planos de tratamentos preventivos ou terapêuticos para a fadiga e prejuízos funcionais pulmonares.

5 CONCLUSÃO

Diante do que foi observado, esse estudo mostra que a irradiação torácica é um fator importante para ocorrência de prejuízos físicos funcionais, que devem ser considerados na reabilitação. Entretanto, mais estudos são necessários para verificar o comprometimento da função pulmonar.

Palavras-chave: espirometria, mastectomia, radioterapia, spirometry, mastectomy,

radiotherapy.

REFERÊNCIAS

ABREU, A. P. M. et al. Função pulmonar e força muscular respiratória em pacientes

submetidas à cirurgia oncológica de mama. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 60, n. 2, p. 151-157, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de prevenção e Vigilância – (Conprev). Falando sobre o câncer de

mama. Rio de Janeiro: MS/INCA, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde,

Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2. ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 124 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 13).

CACAU, L. A. P. et al. Avaliação da mecânica ventilatória, função pulmonar e da fadiga em pacientes após cirurgia e radioterapia para tratamento do câncer de mama. Braz J Phys Ther, v.16, n. suppl., p.181, 2012.

DANTAS, D. S., ARAÚJO, D. N., NASCIMENTO, R. S. T. R., Complicações pulmonares decorrentes da radioterapia para câncer de mama: uma revisão sistemática. Rev Bras de

Ciênc da Saúde, v. 8, n. 26, p. 65-70, out./dez. 2010.

GOMIDE, L. B. Repercussões tardias da radioterapia sobre a função pulmonar em

pacientes com câncer de mama. Ribeirão Preto, 2006. 80 p. Dissertação. Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto/USP.

INCA. Instituto Nacional do Câncer, 2014. Disponível em:

<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/ mama/cancer_mama>. Acesso em: 09 abr. 2014.

KISNER, C.; COLBY, L. A. Tratamento de distúrbios vasculares dos membros. In: ______.

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MONTEIRO, S. E. Fisioterapia no pós-operatório de câncer de mama. In: BARACHO, E.

Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. 4. ed. Rio de

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SANTOS, D. E. S. et al. Efeito da radioterapia na função pulmonar e na fadiga de mulheres em tratamento para o câncer de mama. Fisioter e Pesq, v. 20, n. 1, p. 50-55, mar. 2013. SCHETTINO, R. C.; JOTTA, L. M. G. N.; CASSALI, G. D. Função pulmonar em mulheres com câncer de mama submetidas à radioterapia: um estudo piloto. Fisioter e Pesq, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 248-52, jul./set. 2010.

SILVA, H. M. S. et al. Considerações sobre as doenças da mama. In: BARACHO, E.

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