I
J
CON
TRIBUT
O
DA
COLON
I
ZAÇÃO
F
E
Ní
C
IA
P
A
RA
A DOMESTICAÇÃO
DA
TERRA
P
OR
TU
GUES
A
I. INTRODUÇÃO
Ã/ICI MarRaridfl Armdn
Un
ive
rs
id
ade
de
U
sbua
A informaçi\o disponrvel para o território actualmente ptlrtuguês sobre () tcma deste coló([uio
é de wl
fornm e.~cassa e deficiente que quaislluer ellpcct:ltivas que o Iflulo drlminha comunicação possa ter cri lido sairão lotlllmcntc frusladas.
Oe facto, a informação (Iue pude manipular t",du? ti estado ainda embrionário d,. investigação cientifica [l0l1uguesa, no tlue se refere à Idade do Ferro, que se tem sohrcludo preocupado em defi nir pcriodizm,f)Cs. elabor:lr t ipologi:ls cerihnic:ls e estabelecer cronu -logi:ls para as diversas o • .;upaçi)es da fase mais recente da Prntll-I·li.~tória. Assim, os estudos pa1coambientais têm ficado. quase .~empre, por fa7.er, sendo praticamente inexi s-tentes as análises p()Hnica~ ou os estudos antnle(l[ógico.~ e cllfpolôgicos. P(lr outro lado. é tnrnbém muito e.~cassa a informaç50 disponrvcl para aval;ar ,1 paisagem natoral das
áreas tocadas pe[a colonilnçilo l"cnfda, resumindo-se, quasc cllc!usivamente, à que elli~ te para o baili.O vale do Tej(J. Tal sillmç50, alinda ao facto de ter ~ido lmnhém nesta regi5n que se encontraram. em nfveis tia Idade do Ferro, algull1n.~ .<;Cl11el1te.~ cujo () estudo pre-liminar se encontra conc!ufdo, contribuiu, oc-cisivamelltc, para que tenho' sido esta a área sobre a qual me dcbrucei, 1.:0111 algum detalhe.
Os dados de que di~pus para elabontr uma sfntese do tema (IUC fIIC propus aqui tratar são, na maior parte dl).~ casm , indiret:los. sendo as evidências diret:lal'õ d:, Ilr:ític:, da agricultura durante o I milénio a.
C.
de uma pOhre7.il conhangednra.O pre~ente trabalho tem, pois, pllr hase dois tipc,~ distintcl.~ de dado.~. Por um [adi I. tive cm considera~ã(l as ~elllentcs recolhidas em Alrnara1. e IHl Aldiçova dc Santarém,
no estuário do Tejo, bem como os resultados que as an:\lises po[fnicas renli7.adas no bnillo vale do mesmo rio propordnnamm. A[gun.~ urtefactos directamente conectadus com a práticll da agricullllTa fonnn ainda inventariados, teruln procurado t'Hl1hém Clltm;r do.~ e.~tudos faunfsticol'õ de A lrnara7" Lisboa e A lcáçova de Sanh.rém alguma ;nrllrllla~iio complementar.
ANA MARGARIDA ARRUDA
Por OUlro, entendi que faria algum senlido definir os potenciais lerritório.~ de re.
c~rsos dos povoado.~ referidos, analisando esses territórios em função das necessidades
alrmenlares de urna população calculada para e.~ses sítios. Os potenciais lerritórios de
exploração foram delimit:.dos com base na metodologia de Davidson e Ilailey (1984),
enquanto que para os cálculos demográficos tomei em consideração as propostas de
Narroul (1962), CmiseJbcrry ( 1974), Milisaukas ( 1972) e Renfrew (1972). As necessidade.~
alirn~ntares d~ população foram detcrminadas a partir dos nu meros que Fernandez
Martinez e RUl7. Zapatero ( 1984) avançaram para
a
produção e consumo cerealífero.D ' l l i l ' " ,.,,, i" • III_ ).u~
•
206
-LQÇalizaçõe~ aproximadas. de Norte para Sul: Sam o Olaia, Conímbriga. Santarém, Lisbou. Quinla do Almarar., Selúbal. Abul, Alcácer do
Sal, Cerro da Rocha Branca, Üt~tro Marim.
CONTRIIlUTO "1\ rOI.ONIZM:ÂO FIlNlclA PA!!A /I I)OMI~~TIC"/lÇ"O 1M 1Enl\II 1'llIrnl(;UES/I
2. A BASE DOCUMENTAL
Os trabalhos arqueológicos (Iue, desde há algllll.~ an(l.~, lenho vindo a reali7A1r na A lc:içova de Santarém,l permitiram rec(llher, em nfveis da Idade dn rerro, um apreciável
conjunto de selllente.~, cujo eSludo eSlá em fase de condusão.!
Esse estudo permitiu verificar (Iue o trigo (/I"i/ÍI"IIIII ("Ol/l/l(ll'flllll v:,r. ~/(}h;fm1lld e
a cevada, quer na variante ue grãoli veslidos (Iuer a variedade de grãos nus (lmnlell'"
1'lIlgame (' hmdeum I'II/gare coe/cJ/('), foram cultivados ao longo de tllda a diacronia sidérica. lientlo impOr1:lIIle referir, desdc j:t 'Iue () primeiro dos l·erelli.~ domina de forma
clara, apresentando .~emrre vlllores .~uperit)res a 85 %. MlIis interessante
é
ohservar (Iue () trigo não apresenta quais(IUer alteraçflCli ao longo da Idade do r erro, tendo-se aindaconstatado que a espécie presente em Santarém (Iriticllm ("olll//(U"lum 'lar glflhiJ~orllle),
mesmo nos níveis imedilltHlnenle anteriorcs à ocupnçl'lo rnumna, é ainda aquela quc já se cultivava na região desde 0)° milénio a.
C.
«Traiu-se de um Irigo de grii().~ pequenose arredondados. de caracterfslicas intermédia~ enlre os 7i"Í/ir'IIII1I/{'s,ivlIIl1, T com/w/'Wm e
7:
.fphnemcoccllm, cuja nOlllenclatum não eSlá ainda úe1illida com clare7.a». (Esludnsde Arqlleobotânica da Aldçnva de Santnrém . Paula Fernanda Qucir07. e Wim VIm
Leellwaarden), mas que corresponde ~ mC.~l11a espécie da que roi al:lundnntemente
recolhida 1l3S escavações arquenlógiclls de Vila Nnvl1 de S. Pedro e do Zamhujlll, sftios cakolf\icos lambém 1(x:ali7.aúns mI chamada PenfnslIla de Lisboa. Estu sitwl(.:iio, que Illiás não difere de outras já estudadas ([Juxó, 1997: 246), demomlra como 11 presen'ifl fcnfeia ní'io têm, de fa<:lo, qualquer impacto fiO nfvc1 das e.~pécies {te cereais cu1tivado.~.
O que ressalla do estudo das selllente~ (Ie Santarém é, a.~.~illl, a enorme importfincia que os cercais parecem deler nu alimenlação da população, tendo ficado demonMnulo (jue a agricuUura praticada é, por excelência, de tipo ccreatífcrn. No entanto, fi e~ll1d{l
efectuado evidenciou que a hurticuJlIIril, ainda que de rorma in.~ignific;lIlte, colaoortltl no proce.~so alimentar, uma ve7. (Iue as ervilhas fOri1m lamhém identificadas.
Em meadus da década de 80 du :c;6.;ulll xx, UI\111 slmdagem, par:! análises [XII/nicas,
reali7 .. ada no Paul dos Paludos, em Alpi:m;a, no h"ixo vale do Tejo, próximo de Santarém
(Leeuwaarden e Janssen, 191-15 " veio prollOrcit)]]ar !l recolha de dados (Iue i11ll"lorla :I(lui retomar. O.~ pólens e as dataçõcs de rádio carhono para a se(luência estratigráfica evi
-denciam que, a partir de 5.000 /lI',
a
paisagem natural sofre a1tcraç[IC.~ signific~llivas.lendo·se pa.~s::Jdo de U111 floresta aherta,
para
lima
paisagem de lipo estepe (ihid.). <h elementos florestais descem de vnlor. aumentando (;onsidenlVelmcnte I) NAP, () (Iuesignifica que as :íreas não arh(1ri7.ada.~ são j~í muito extcnsas (ihid.). r~~ta sitWlçíio v:li-se
1.1\ Alcá,o", de S""llIréOll <! UOII illll"',IIIIItC pov"ado t. .... 'nliwdo no rn'1(!" .I" c'l,d,i" d" Tejo. ""do
urna OCUP~\;~O orien\~ li~nnle. d"1 nda a ri,,!il do ~cg"'Hla rIIClml~ li" ,él·tdo VIII:>. C. (\"t"n"I,,1!' ;:t (nlltki'mal I. fui detectada. 0., '''ll1aL·lo~. p'ecocc' c ;olc"s" •.
çr,,,,,,
""""I .. fcnkin ,,,,ide,,(,,1 c,I,I" ",alerialk"I", "'''''O1U1lLern~() e'pól io de l'anoeler r,l ka~ l' fi lilll,n" emi IlCIIIClllrlllC 01 icol ai,. dc (['OC 'c dc,lac~ '" "n to Ir"S R I. '"
praln~ C laç~s de eng,)1!e ver"'ellll), ,,~ pilh"i. HI UI ,Ia, de !ir" ( ·tU~. dei Negrl1 c II ,'crfl'nÍl"a ci"~.e"la.
2. Os e~tud,,, nrrul"'gic'" hmull reiOl i,.,oIo, I~'r Paul:, (),ocir<". c Wi", Van t .cc"w",r<lcn. d .. ( 'e'II,,, dc
1 OI>'C,I igaçãu em mie" AnIL~"I~i~ (O PA) d .. llrsl il"II, l',~, r'lIué~ lIe I\r'l"c"l, 'I!in ( 11'1\). :11' :,I~ ir" li" (01:lh" .. :I<,"""
enlft e"e <'Cnlm e " pwjecH1 que. conjunlnolCnle C""1 (':,I,,,i,,,, Vieg"'. di,ij" I""" a Ald\,"nv," de Sõl\ll"rém.
i\Ni\ Mi\lWi\RIIM i\RRUIJi\
acentuundu de rormH dum até 2590 BP,' época em que os valores do pinheiro e do carvalho são jií redu;.jdo.~ (ibid.).
é
de "dmitir que estas alterações na paisagem tenhamsido provocad,ls pela acçiio do homem, (Iue terá lido necessidade de. H partir pelo menos
do final do C:dcolftico, iniciar um processo de desnoreslação que pcrmitis.~e iÍreas mai.~
va.~tas p.lra prática agrkola. lbrna-se também interessante observar que essa dcsnor
es-taçiio se intensificou no inicio do I milénio a.
c.,
momento em que se verificam o.~ pri-meiros contacto.~ da região com rcnício.~ ocidcllIais.
Alcáçova Oe Sant,lrem: scmCUle.~ "'c '''mlelU'' l'II/J:(jnJt e I/Oroe/ll/l I''''gmc ("(I{'ft'.tlt, enconlnnJ:u iII .Iilll "'ur~nlc as escavaç;JoC~ de 1999. dentm Oe vaso de arma7-cnarncnIO.
Muito interessante
é
verilicarque cm 2590 BP.justumentc (IUando o NAP apresentaáreas consideráveis, os pólens de vinha siio, pela primeira vez, muito altos (]] %). Ape.~ar
de as análise.~ cre<:tundlls nilo lerem sido conclusivas a esse re.~peit(}, e de ter ficado dam
que a vinha .~elvagelll existia flll regiiio de.~ue pelo menos 4580 BP, os autores numi!elTl
q ue, na pri mci ra metade do I mil én i o lL.
c.,
o.~ nu mcrosos pôlens i deli! ifi
cados podemj
á corresponder ii vitis cultivaua. e não selvagem (I'itis .ryll'cstris). tendo acentUlldo a .~lIa elevaua prescn~llUbid
.:
22~).As mesmas llnálises pulrnicas permitiram ainda verificar que é tamb\!"m nesta épo-ca que se registam o.~ primeiros pólens de alea (iNd.).
3. E.,t.1 d,unçflo. der<li~ de catibradR. forneceu ,,~ seguinles valores: inlef(epçi\o em 79.~ ~at OC: a u 111 ~igma: S08· 767 cal. !lC; n d<>i~ ~illllla: 833· 7~2 CRI. Be Agradeço a Anlónio Monge Soare~ <> ler efectu3(kl ~
calibf1'lçlo.
208
•
!
,
<,
,
•
i
,•
•
•
•
,
-o
•
•
• •,
>•
•
•
l
S~~ Hn~lll<lS >0010/11,
•
•
"
,
•
•
!
,I
'
L
_
-
> o•
•
,
l~
•
,
•
l~1
•
,
,
oI
~
,
,
o' o • ~:~
-•
,
H
, o '~'"
.g
~
.
i
o-
<
~ o"
o ' -2119ANA MARO"RIDA ARRur>A
Para além dos d(l(jo~ .. cima apresenlado~ c referentes ao baixo vale do Tejo, QUilOS existem cm Almnra ... , sitio localizado na r07. tio estuário do mesmo rio.' Aqui. e em
níveis correspondcmcs ao século vila.
c.
,
em cronologia radiométrica, forram recolhiJll~numerosas grafnhas de uva (Barros, 1998 j, () que prova o plall1io de vinha ntl região. Os
clcmcnlOs de All11araz sugerem que a~ uvas correspondentes n estas grainhus foram cOI1.~lImidas frescas 011 em forma de passa e nilo serviram Jlara produzir vinho. o que não
significa que essa produção não lenha ocorrido.
A
informaçãocxposla na
s
plíginas a
n
ter
i
o
r
es
não
é
l
llinal
Ji.~lil1lada
que
se
t
c
m
vindo 11 ycriricar cm outras árcas ondc a coloni:wção fenfeia ficou cvidenciada.
Também na CO.~ta de Mlíl:lga, concretamcnte em Cerro del Vilhlr (Aubet el (II.,
1999), o momcnto da chegad'l de populações orientais I1cou marcado por um extenso
processo de desnore.~l<lI,:ão e conse<luentemcnte por uma diminuiçiio da tirea amoriz:vJa
e
um
alimento do NAP. Os dadus obtido~ 11<1 rOl. do rio Guudalhorce .~ão bem eloquentes desta sitlHlf.;ão, parecendo óbvio queas
novt1s inslnlnções humanns implicaram oau-mento da área cuUivlldll
(ib
id.
)
.
É
,
tllmbém, aqui evidente II forma como, entre os séculosvm e VI a.
c.
,
se consolidou o phulIio da v,inha e ainda o peso dos t'ereais na dieta ali-mentar. Relativamente à oliveira, os dados e.ú~tentes indicam o momento avançado da sua ocorrência, tendo a amílise estratigrMka demonstrado a sua introdução na região
apenas a panir do final do século vn a.
C.
lib
i
d
.:
337).
No Castillo de Dona Blanca, a situação parece semelhante. A b.1se cerealífefll da
agricultura é um dmlo adquirido, predominando, li semelhança do que ~ut:ede no Cerro
dei Villllr, ii cevada ve.~tida seguida de trigo nu (Chamorro, 1994). As a!\;íli~es carpológica~
realizadas mostraram também
a
import:lIIciada
vinha cultivõ1da.em
,oJa.~ a.~ fases deocupação deste importanle sítio andaluz, e. ainda igualmente. a pre.~ellça da oliveira
apena.~ li 1>a11ir
d
a
II
fa.'>C de ocupaçilo. datadaa
pm1ir de meados do século VII a. C.(il);d.
)
.
Helaciollmlm com a actividade agrfcolu, furam recolhidos. tanto em Salltarém como em Almaraz, ou mesmo em Lisboa, :llgun.~ artefacto.~. concretamente m6s. Tmta
-se de IIminhos manuais, COlllp\l,~\tls por um elemento mo\'ente e oUlro dormente, que serviram para, localmente. se efectuar a transformação dos cereais.
Como referi nu ponto anlerior, a fauna recolhida na Alcáçova de Santarém, em Almaraz e em Li.~boa foi já ubjecto de estudo e, em parte, de publicação (Barros ef ai.
1993: Cardoso, 1996), Nos três sltios do Tcjo. os Ovic'lprinos dominam sempre no total
dos mam/feros identificlldos, c(lfrespondendo a percentagens que varium entre os
4S
eos 65 % (Cardoso, 1996). No enl:1nto. e apesar das suas percentagens os(;il;uem enlre o.~
20 e os 30 %. os bov/deos foram sem dúvid,l quem mais contribuiu para a dieta alimen
-tar das pnpulaçiks destes povoadns f ilJid.). De r<lcto, p:lrece ter sido
o
boi (Iuem forneceua maior base de prote/nas animai.~ consumidas. uma ve:l.: que os restos identificados correspondem a Ulll peso em carne sete a nove vezes superior ao do~ ovicaprinos.
4. O ,I'li" <.I~ A II1l~ra~. revelou Um8 imp"oJn1e f1Çllp;II,'~(} <.Ia l<.Iade do Ferro, ,>Ode c.~l~" flresenl~~ ~erfimk~<
cujas furrnus c a.' le<:n"lllgia~ uprcscnl",n incJ!ávei, çl,rut;l~rf,tic~s orienlalizante~. I;sla f1Çupaç5<1 purece
wbrcpor·sc u nUlra <,I" Ilrt1n/C Finlll.
210
CONTRIHU' "COLONIZAÇÃO ftiNk"IA ('ARA fi. IX)MF_~neAçÀO 1M T"RRA rOff I1IGUF.SII
Ainda em termo.~ faunfstico.~, convém ter, tnmhém, em cO!1sideraçllo que enquanto
no,~ dois sítios da foz do estuário (Lisboa e Almara7.) :1 actividade cinegética nllo parece
ter tido grande expressão (i!Jid.), no povoado locali7.ado no extremo interior do estuário (Alcáçova de Santarém). li caça assumiu algum destaque enquanto fonte de prolefnas anill1ai.~,tal COtllO ficou demonstrado pelo.~ 19,8 % de javali e pelos 9,4 % de cervfdeos
(Arruda, 2002). A signiricativa pre.~ença destes animais sugere ainda (Iue, al)C~lr d,l
crescente exlensllo de áreas não arbori7.ada.~ no baiw vale do Tejn a panir dos ;nfcios do
I milénio a,
c.,
os bosques tinham ainda um peso relntivo na cobertura vegetlll da regiiio,Infelizmente, os esllldos faunfsticos reali7.lIdns nãn permitiram, na maior p,lrte do,~
casos, calcular a idade do abate dos bovfdeos. No entanto, julgo possível admitir que o IJO.f falll'/l.f. para além de se constituir cumu conlrihuto essencial na dieta alimentM. foi também aproveitado em várifls das sua.~ outras pOlencialidflde,~. Os significativos
nlÍme-ros de restos identifi(;ados plldem indicinr que não foi despre7.ada a sua cnpacidnde de
tracção, capacidade essa ccrtmllente aproveitnda na Hctividade agrfcola.
3. TERRITÓRIOS POTENCIAIS E RECURSOS posslvElS
Não tendo querido eS<luecer que :IS comunidades humanas se ll1ovimen\i,rMll llllm
espaço que, n[io sendo rígido e imóvel, era concreto, e (Iue \I espaço e~colhjdn pode
traduzir comportamento.~ também ecollólnicm, ~cnt i-me impelida li ter em cOllsideração,
neste trabalho, outras escalas de análise, cUllcretmnente os potenciais territórios de
e",plornção. os recursos disponíveis. as áreas ocuplldas e a demugml'ia.
Tenho, apesar de isso, perreita c()ll.~dêncill (Iue
.
,
s
mctndolngi'ls scguidas, !>emcomo, aliás, li pr6pria análise espncial que en.~aiei. sendo lentml()ra~, ~e reve~tem de
imímeros ri.~co.~. Ape.~ar da.~ c()rrecçiie~ que Dl1vid~()n e Bailcy introdu7.irmn n(l~ delimi -taçõe.~ do.~ teITit6rios de recur~os, o facto é que os IlI(Klelm de análise e.~pacial <Iue (I.~
a((lueólogos processualistas beberam na Geografia humana podem .~er juslamellle po.~lm em causa e não deterem urinai o peso e o significado que se Ihe.~ pretende atribuir,
.~endo, JXlr um lado, dcmasindo redulOre.~ e por outro e",ce~~ivamente generalistas. A perspectiva economicista em que se baseiam estes modelos e.~tá pm comprovar para
.~ociedades pré-industriais. parecendo evidenle <Iue os potell(;il,is territlirins de rttursos
podem variar de acordo com múltiplos factore.~. Não é, tamhém, nbrignt6rin que n
comportamento espacial dos grupos humnnllS seja ah.~llllltamcntc rHcional, de acordo
com a per.~pecti va económica. O.~ prindpios de .. local ideal» ou ,Ie «menor ClI.~tO». de
Chisholm e I-liggs e Vila-rin7.i respectivamente, rodem não ser cOlllpletallleme válidos para a.~ sociedades proto.hi~tórica.~.llté porque as implantaçüe~ hUlllalla.~ não dependem. obrigatoriamente e apenas, dn disponibilidade e Ilbundfincia dos recursos das suas áreas
de implantação, mas de um sem número de outros fuctores, concretamente .~ociais, lec -nológicos e até simbólicos.
Continuo, no entanto, convicta (Iue muitas das met(Klol(lgi[l~ 'Iue
a
«Ncw Arcl!aCIl-logy» inlrOOU7.iu nll praxis arqueol6gica podem .~cr utili7adas, desde que se 1UIllltcnlw
uma posiçãO permanentemente crítica e ~e multipliquem os critérios de .málise.
ANA MARGAIlII>A ARRUDA
Por i.~.~o I11C.~mo, pareceu -me út i
I
,
no conlex to desta com II ni
(nção. lentar csl i III ar rlropula~'ão de cmla um dos sft ios orienttlli7.Hrllc~ do estuário do Tejo e vcrincar se as suas ncccs~idadcs [!Iimentare.~ poderiam ser supridH,~ pelos recursos passíveis de serem ex
-plorados no.~ .~cus pOIcnciais territórios.
N
o
s
cálcu
l
os
qu
e
cf
cc
w
ci
ob
ti
ve valo
r
e
s
qu
e
m
e
r
ece
m
se
r
3prc~cnladose
d
i
s-cutidos.
Se .~c opiar pela proposln de Rcnfrew (1972),' poderia t:ollsidenu"-se (lue AlnHlJ'a7., com 6 ha, comportava I ROO indivíduos. No cnt,mto. ,lU corrigir esse nlllllero de acordo com outras propostas, como a de Naroul ( 11)62t nu Casselbcrry ( 11)74V obtém·se 2.000
e 1.000 hahiwntes, re.~pectivamente. Perante esta disparidade de nÚ1l1em.~. e sem (11le outros dados possam ser Iltili7.wJos, nomeadamente il quanl idade de espólio de.~t imH.lo fi
arma1.en lllllcn\O c :írea títi I Ot:U pada com habi taç(leS e com ilt:1 i vidades i ndustri n is, tornou
-se difk il avaliar qual \l nümero que mai.~ se aproximava da realidade. Nu enlllllto, ni"iu
pode deixar de referir-se que mesmo (Itle ~e e.~colha o menor número. ou seja o Ilue se oblém através dus cáltulos elaborados com ba~e na prol}Osta de Casselbcrry, verifica-se
que par<! suprir as nece.~sidmles alimentatf..~ da populaçilu de Almarn seria neces.~ária um:! ampla ÍlI'eH de explllra<;ilo de recursos. A lendendo aos diltulos de Ha1.~tend ( 1989) ou de FernÍlndez Mar1 inel c Rui/. Zapatero ( 1984a), que estabelecem que cuda indivíduo
necessita por ano de 200 ou 2 10 kg de cereal, respectivamente, 1000 indivíduos neces
-sitariam, unu.,lmenle, de cerca de 200 toneladas de cereal. Tomando em lil1h., de conta que o cultivo cerelllífero eSl,í estimado em 400 kg por hectare, abastecer AIIllar<lZ de
t:ereais implicaria uma .irea cult ivada de 500 hct:lares,
Ao enmparar estes e,ílculos com as potenciais :\rcas de recursos de 12, 30 e 60
minutos verifiquei que esta.~ eram de 11,23 c JS heclares re~pectivamen1e, () que luaui -feslamente cm insuficiente pnnl suprir as Ilece.~sid.,de.~ :llimcntares da populllção que
residia no sitio.
O eSlUdo da fauna, j,\ anleriormente referido, comprova que as protclnas animais
contribuíam, dc mudo decisivo, parn alimclltaçilo do grupo humano ilL~1alildo no sítio, (J que cerlUlllellle pode reduzir de forma drástica as :\re;l.~ IIcce~~árias ii e.'ploraç1ío cerealífera.
No ent:!lItn, me.~mo admitindo, lal como Jorge de Alardo (1992: 46). {Iue as pro -1eínas animais correspondem a SO % de uma possível diela alimentar da~ populações
proto-h i stóricns, o que mc pcrm i te di 111 i I1U i r t:!)]l sidc rave Ime nte as áreas llecesslÍri as para
o cultivo de cercais, ohlenho umlHímcro ainda muilo superior àquele que 11 determinaçilo da potencial :irc,1 de .'enu'sos de 60 lIlinutus me forneceu: 250 heClare.~ nccess:írios - )S
hectares obtidos. Os cálculos efcctuados para uma potcm:ial área de recurso!; de 2 homs
(110 hectares) Ião pouco re.~olve o problema, agravado pelo faclO de nilo dever também
esquecer-se que a exislência de ovicaprinos e bovídeos em qUHllIidades aprecifíveis ill1
-plicu, também, Meus de paslagem de dimensões t:onsidcr:\veis.
212
5. i\ c~tla ho«lure ç' .... cspundcm 3t11l h~bi.nmcs.
6. II flOI'ul:u;iio "" um ~hi" Ilt: habitai ,'mresp<".ue I um ten;;" da área I,~al.
7," Pllflubu,:ilo tlc um <!ti" (]c huhil:'. çmn:sl~"ldc ~ um ~e.~to da drta t{}I~L
CON"m Ul\)'" O)A ("Ol.nNI1,A(,'ÂO rENInA ""RA II [)(lME~11C,,(,',,(J IJA "m RRA l'fIMTIKlln:"<;A
Assim, e me.~lllo tendo em consideraçilo ri explol"õ!<;ilo dos rct:ursos marinhos, de
q ue a !"au n a iel io lógicu c nw I aeo lógica c ncon1 rada e 111 A Inwra1.
é
e I(XI uen le I estclllllnlH I.nilo parece viável que:Js nece~sidades alimentares da pOJlulil<;:lo deste sftin. mesllln lIdmitindo {Iue I (KM) habitantes seja ;,inda UIIl mimero exag,eratlll, I"osse suprida apemls
pelos seu!; recurSQS directos.
A mesnm ~i1Uaçii(l roi verificada pnl"a Lishoa.
Me.~lI1n cOII.~iderando us diliculdades el11 t:alculnr a cxtells[io tia :írea ocupada cm
OliJipll. durante (l I milénio il. C., não re,~tall1 dllviJas que e.~le é. sem thívidl1, (I maior
povoado orientali7.anle do at:tual territll,'io pllrtuguês.
Mesmo dcseontinuatlamente, toda ii t:hamada colina tio C;,slc!n, tio topu ao .~opé.
foi ulilizada rela populaçiln d" Idmlc do Ferro. sendo conhecidoS m impmlantc.~ e
nu-merosos esp6Iio.~ de filiação orienlalizante do Castelo de S. Jorgc, da platafnrmH da Sé e da Rua Augusta.
Ê
possível clll1siderar que O/isillll linha ulHa :ÍI'en tulal de 15 ha. n que. no enlanto, poderá não corresponder ii sUl"lCrHde, efectivamente, urh'lI1iz:,tla. ()es1est
5 ha. muitos constituíam-se en(\tmnto e.~paços não c()n~truí<los, sitllaç:tn cm gr.tudeparte ill1po.~ta rela própri<l nl(lrfologia da colina (Ii, C:l.~telll. Qualql!cr t:ÍlIt:uhl dCl1ulgr:
í-fico que se pretenda efecluar para a Lishoa pré·f(l(lIHIlH c~t;í pois lIIuilo limil:ulo p!Jl' 11111
conjunlo de difiu ddades dificilmente conlornáveis, a que niío é e.~tnllllio o facto de as
e~ava<;õcs arqueológicas nilo terem fornecido lju:lis{lucr dadtl.~ que permilam falar, com m'li.~ elarezll, sobre II tilXJ de impl:mtaçiíu hUnlHUôl vcrilicado cm c"d" um dos locai.~
i Illcr\lcnt:iorliuJos. Independentemente de <\ u a Iqller cülcu I! I (lcnHll.!f:í lic/) seguro, tI q IIC
é
inegável é que ii extensão de
O/i
.ç
ip
o.
a quantidade de nmterinis an\ueol{lgicos 11\le temvindo a ser recuperados e a dispersfío das :íreas que, lia colina do Castc1o. revelaram
vesl ígios de (leu pação dunml{: ,! Idade dI I FerI'! I dei x ,II n "11 It:vcr II I n local de im plll'tnflc ia
capital e uma pnpulaçao llIuito provavelmente numero.~a.
Considenmdo, uma \le7. l1luis, os nUmenl.~ que Ik nfrc\V (1972). Narnul (1962) nu
Cnsselberry (1974) manejam, ohlenho pnra a Lishoa pré-nlllmna 11111<1 popula<;ão situada
en I re os 2S( 10 c os S(XX) i IId i v fduus. pnrecellll! 1-II le perfe i 1m I It: nl c PI ISS f vd que! I mi IlIen I
de habitantes de
O/
ü
il'
(I
,~e si tue elll re estes vali lI'e~, que lIil( I Cl Ulsil leIO e;u essivos. II le"~11H Itomando em considera<;fm li naiUre1_a da infommçiln dislMmfvel.
Seja (lua! for, entre IIS v"lores cakuladtl.~. n lUímero lJue ~e aceite. ve .. ilit::h~e {Iue
para suprir a~ necessidades Hlilllenl'lre.~ de uma popula<;fío com c~ta dimcnsilo ela net:essári li uma !ire:1 de rccurs! l.~ de c xten s[\o C! msider:í \lei, IllIe nã!. é C! Jlnpal í \le I t:! l!1l ii
lJue Li sboa podi:! ex pI! Irar. meSll1I I con.~ idcrando Icrr1t!íri! IS de ex pI! 'I'Hção U IHesp{)ndellle.~
a dua.~ hora.~ de marcha.
Abnstecer Lislxm de cereais implicava I S()(l II" de área disl',mívcl. unm ve/. Iluc. C0l110 j~ referi, pura uma IXlpulaçilo métlia de .lDOO hnhil,mles scriam ncçess,írias anual
-mente ccrca de ()OO tonelnd,,~ de cereais, e é ~ahido que I ha de lerreno produ1. entre 4()()
H 410 kg dc cereal. por (1110 .
Relativamente i, Akáçtlyu de Sanhlrém, n prohlenm m:lI1tém·se. () sftio, actual
-mente com 4.5 lia, teria, na Antiguidade, unm áre .. de ~ 1m, Imvendo !I,ulns (Iue permitem
supor que, durnnle a Idade do Ferro, o e~paçl) ocup3do 11[\0 excederia !J.~ 4 h:"
Partindo deste número, e tendo em cOl\sidern<;[\o m d lt:ulns cfet:tll,ulns l'c1o.~ in -vesligadore~ que se lêm dedit:mln ilS :m:íli~es demográficas pré c pfIJ!o-hisl{u·ic;ls Íl'lIlre
ANA MARGARIDA ARRUDA
oulros Rcnfrew, Naroul, Ca.~~elbery), pOSSO deduzir que <l população de $anltlrém, du
-mnte a Idade do Ferro, se contabi lizaria entre os 700 e os 1300 habitantes. Destes nume
-ros pcxle calcular-~e que seriu necessária umn vasta área de recursos, que inclufsse quer
pastagens (Iucr terrenos cultiváveis, de forma a suprir as necessidades alimentares da
população residente.
Devo começar por lembmr que. em lermos geológiço~, na área onde se implanta
Santarém predominam os calcários, rocha lIIuito permeável. fnvorecendo li infiltração
da água e como consequência a génese de aquíferos.
Dar
resulta a e.~casse7. de cursosde água superriciais. o (]ue limita a ~ua utilização, nomeadamente para a prática da
agricultura.
Por outro lado, os terrenos IIpresentllm·.~ pedregosos
e,
co
mo
tal, diffceis de .~eremtrabalhados. Contudo, o calcário sofre um processo de corrosilo que origina a denomi
-nada (erra roU(1 que se acumula em áreas deprimidas.
É
pois, assim, nos pequeno~ vales, com a presença de alguma água superficial-mente disponível, devido a maior capacidade de retenção conferida pelas argilas, que se
encontram criadas as condições mai.~ propf.ias
à
prática da agricultura.Verifiquei <Iue o território abrangido pela isócrona correspondente aos 12 minutos
de marcha se encontra totalmente preenchido por terrenos das cla~se D e E, clllssificado.~
como não susceptfveis de utili7.açfto agrícola. Se no caso dos solos da Classe O e~tes po·
dem ser utili7.11dos para o aproveitamento de pastagens, os solos da Classe E apenas penni
-tem o crescimento de vegetação natural adaptada a solos bastante pobres. como a urze.
O território abrangido pelos 30 minutos inclui manchflS de solos da classe C, ape
-nas suscc, ptfvei.~ de sercm cuhivlldos por cultUnlS resistentes, nomeadamente de sequeiro.
A medida que nos afastamos de Santnrém verifica·se uma melhoria na capacidade
de uso dos solo.~. No território dos 60 minutos dc marcha existe uma mancha de solos da
Classe B, <Iue, no entanto, durante a Idade do Ferro estaria certamente submersa, uma
vez que o leito do curso de água junto do qual .~e localiza .~eria, consideravelmente. mais
largo durante li Idade do Ferro.
Estas observações ~ervem, sobretudo, para provar que a !XJpulaçllo residente em
Santarém, me!':mo lIdmitindo o número mais baixo, sobreviveria dificilmente se apenas
contasse com os seus recursos directos. Mesmo lendo em consideração que neste s[lio a
percentagem de animais caçados é claramente superior à que ,~e verifica em oulros po.
voados coevos da região, e que o gado bovino e ovicaprino encontrava aqui áreas de
boas pastagens, o contributo cerealífero para a dieta alimentar teria, quase obrigatoria
-mente, que ser adquirido cm oulros locais.
Atendendo aos resultados Oblidos pelas análises espaciais efectuadas, é obrigatório
partir do princfpio que as populaçõe.~ residentes nos trê.~ sftios do estuário do Tejo não
podiam ser alimentadas pela produção agrfcola pr1lticada nos seus territórios imediatos.
Assim, a concentração de população em sftios de habilal. verificada no infcio da Idade
do Ferro. e. muito pos~ivelmente. provocada pela chegada dos fenícios ocidentais ao
esluário do Tejo, viria a provocar grave.~ problemas alimentares. apesar das análises
polrnicas terem demonstrado que as áreas cultiváveis foram consideravelmente aumen
-tadas nessa época. ~,assim, posMvcl admitir que esses problemas possam ter sido 501u
-214
CONTRIBIf!' \ COUlNll.M:ÃO FF.NICIi\ I'ARA 1\ IX)ME.<:"n CAI.'ÁO 11II "IHI.RA l'tIR"IlJtiUIiSA
CiOl11H10s através da importaçi'io de cercais. sem que possa adiantar qualquer dadn .~obre
O local exacto dessa importaçu<l.
Este considerável exceSS(1 dcmográfico. pnm c.'>Cns.~()S recul·sns. terá
na
minha I>crs-pectiva originado. a parlir du final dI) século vila.
c.,
um processo de culoni.,.ação inter-na para o qual existem aliás evidências arqueológicas, na fll7. (lu estuúrio. E.<;s,\~ evitlência.~
materializam-se numa .~érie de [>cquenos .~rtios, de ,ireas redu".idas, implantmlns em C\1·
tas baixa.~, sobre solos de tipo
fi
e C e que podcm ser cnnsidernt!os «ca.~His agrr(;(lIt1.~».[:"~tes casais encontrar-se-iam na dependência tlirectll de Li.~hoa e Almara7. e a sun
fundação leria sido promovida pel().~ dois povoados centrai!':. com a flln.,ãll eSI>cdlica de
comribuir pam a supressão das dil1culdades de tirn alimentar, e.~t'1I1do portanto vllca -cionados para u prática da agricllltum. Os ca~ais agrfcolas tle!>cndcntes de Almanl7. seriam
11 Pcdradu e li Quinta do Facho (Barros. 1(98), .~ftios onde cernl1l1cas de engllhc vermelho.
pintadas em bandas e cinzentas t"oram recuperadas.
Ao território de Lisbo:1 pertenceriam Outllre[a (Cardoso. 1990). Moinhos de Ala·
laia (Pinto e Parreira, 1978) e Freiria (Cmduso
c
Encarnação, no prcln), sítios il1lplantll.dos em solos fertéis. de razoável capacidade agrícola que estnr;'lIn nn dependência de
Li.~boa. Os espólios recolhidos sobre es~es sUios evidenciam unlH fi liaçflo clllturnl
de características orientalizantes, que na maioria do.~ casns, pode datur·.~e a partir du
século VI a. C.
As distintas lipologilL~ dm .~ftios arqueolc'lgicos e (IS diversos lipo de imrlnntaçãn
permitem pensur que se cstlí pe rante um POV(l,1I11ento hientnlUizadn, onde Li.~I)(}a e
AllI1araz corresponderiam n povoaúos centrais, que. por isso mesmo, Hssuminm o COII
-trole do território. cnntrolllndo, igualmcnte. os pcquenos povoados [ocali7.ados lia .~Ull
árell de inOuênd a directll. (llIe dele:c; dependiam jlolitica c a(hnini.~trativamente. Muito provavelmente. os «casai!': agrfcol,I~» ctlntribufull1 pmll.~uprir a.~ IICt:cssidadcs alilnentares
da população dos doi.~ «lugares centrais». t"\ljo esforço prtltlutivn !\C ctlllccnlmria em
outras actividades. concretamente as illdusrriuis e çomercinis.
Quanto ti Santarém, li situação uno está
tf\n
hem cmnctcr1zHdn,uma
v
e
l
.
que nuuexi~tem evidênciu.~ de <Iun[quer pOVOllll1entn secundário. A aU.~ênda dc qlllllquer tfllh,I[lu)
de prospecl,"ão dectuado m, área pode ser responsahili.,.ado flor esta ~ituaçãtl.
4. DISCUSSÃO
Pouco mais havendo a discutir snbre (JS d:,dos aprescntadlls. limilo·me ngo!":! a
realçar que a cheg"da de fenfcif).~ ()cidentai.~ atI territürio português (."(lntrihuiu, de f()mm
decisiva, para a dOllle~ticaç5() du lerrl' portuguesa.
Em primeiro lugar, res~alta a introdução do plantio dl! vinha, purventura um dos ma is sign incati vos testemu nhos da i nlluência orient ai !lo terri tlÍrio HCt ua IlHellle flortu ~uês.
O.~ dados do vale do Tejo permitem também equaciollllr <lue essa innuênc1.\ se IIwlcria
-liza, igualmente. no aproveitamenlo, para rins alimenlare.~. d;1 uliveim. n llue. ,t~.~nci"dll ao trigo que a ropulaçuo indrgena já cultivava hú longos .~éclIl\ls. comptlC ;I t"(IIde mediterrânea por excelência; Piio, Vinho e A".eite.
AN
A MAROIIR1
LJ
II AI
H
WDA
P
or
O
Ulr
o
lad
o,
a.~ lI1Hílise.~es
p
ac
i
a
i
s
er1.~aiadasr
e
v
elar
a
m
que a
p
rese
n
ça
d
e
na
vegadores
f
enfe
i
os
noestm'íri
o
do
Te
jo ac
a
b
a
r
i
a
p
or p
ro
voca
r
grande~conce
nt
r
ações
p
o
pu
l
a
c
i
o
n
a
i
s
e
m
sfr
i
os u
e
}whillll,f
ac
t
o
qu
e
.~ed
eve
r
elacion
ar
c
o
m
Oaum
e
nt
o
da~á
r
e
a
s
de c
ulti
v
o
,
a
u
me
n
t
o
e.~seq
u
e
m resultadu.~ da.~a
n
áli
ses
polínic
as c
onlí
n
n
a
m
.
Apcs:
u
'
d
as
á
r
eas
cultiv:lvei~t
ere
m
j
á
po
is
um
'
l
co
n
s
i
d
eráv
el
di
m
e
n
s
ão,
p
:l
rece
po.~sivel
adm
it
ir
(
lu
e enU
ll
<li
n
d
a
i
ns
ufi
c
i
entes
pa
r
a
su
pr
i
r a
s
n
ccess
i
d
ll
d
es
alilHel1lal'e.~das
p
o
p
u
l
a
çõcs,
tlqu
e
p
o
d
e
t
e
r
c
on
d
u
zi
d
o
, a
p
a
rt
i
r d
o
fin
a
l
d
o
sé
c
u
lo
VIa. C
.
•
a
UIl1p
r
ocesso
d
e
co
l
oni
i'.a
çã
o i
n
t
ern
a
{
l
u
e se
t
m
du
7
,iu na
f
u
n
daç
ão d
e
um
a sé
r
i
e
de
c
a
s
a
is
a
g
r
feo
l
as, vocac
i
on
a
d
a
s
p
a
ra a p
rodu
ç
ão (
te
a
l
i
m
e
nto
s
.
BII3L1
0G
I
{
A
F
I
A
A
L
II
RCAo,
J.(
1
1/9
2): «A evo
l
llçii
o da
c
ultu
ra eas
lre
j
il». C
o
nímbr
iga
.
Coi
ll1
h
m
. 3
1. p
p,
39-7
1.
A
R
R
U
DII
.
A
.
M
.
(2
0
(J2)
:
«Los
f'c
ni
c
i
fls e
n Port
u
8a
J
».
Crwdemo.\' de A rq/leologíll Melli/e'ITáncl/,
5
-
6.
Ba
rce
l
o
n
a,
Univ
e
rs
i
dad
P
omp
e
u F
a
b
ra
.
AUU
Ii
T
,
M. E., P.CAR
M
O
N
A,
E.Ct
IlU;'
,
A
.
D EI.(ÕIl!)().A
.
F
E
RNAND
.,7.
CANTO
S
e
M.P
A
RR
AGA
(
1
99
9): «Cc
rro
de
i
V
i
ll
llr
-
I
. E
I a
se
nt
llm
i
en
t
o
fen
i
c
io en la d
ese
m
b
oca
d
u
ra d
c
l
r(o
G
uada
l
h
o
r
ce y
Stlin
l
e
ra
c
ci
6n co
n
cl hintcr
l
a
n
d
».
Mon
og
nrf(a
s
Arqu
colog
i
a. Sevi
.
lia: Junt
a
d
e
Andal
uda.
B
AR
R
OS,
L
.
(
1
998):
«
I
nlro
uuçiio
11 Pré c
P
ro
t
o
-
Hi
s
l
ô
r
ia d
e A
lnHl
da». Câ
m
a
ra Muni
c
ip
al
d
e
A
l
m
a
d
a.
B
AR
R
OS,
l.
,
J
.
t
.
CA
R
DOSO
e
A.
S"
II
ROS
,
\
(1
9
93)
: «
F
e
n
íc
i
os
n
a
mar
ge
m
Su
l d
o
l
e
j
o.
E
s
tu
dos Orie
nt
a
i
s
I
V»,
(
Ac
t
a
s
d
o C
o
l
Ôl[
u
i
o
«
O
s
F
e
níc
i
os
n
o
t
c
rrit
ô
ri
o po
r
tu
g
u
ê
s»,
199
2
)
,
Li
sbo
a
,
In
s
titul
O Orie
n
t
a
l
da Un
i
ve
r
s
i
d
a
d
e N
o
va
d
e
Li
s
bo
a. 4, p
p
.
1
43
·
1
81.
B
uxó,
R
.
(
199
7
)
: «
A
nlll
eol
og
(
a
d
e
l
a
s
P
l
an
tas»,
B
a
r
c
e
lo
n
a.
C
ri
t
i
c
a
.
C
A
R
I)
OSO.
J
.
L(
1
1)9
6)
: «
B"
se de s
ub
sis
lê
n
cia
e
m po
v
o
ad
o
s
d
o
Bro
nze
F
i
n
a
l
e
da
I
d
a
d
e
do
F
er
r
o
d
o le
r
r
it
ú
ri
o
I
Jo
rt
u
guês
.
O T
este
m
u
nh
o
d
os g
rand
es
m
a
m
í
f
e
ros
.
lnd
e
Ul
i
sse:o>
a
V
i
ri
a
t
o ..
,
L
i
sboa,
In
s
t
ituto
POrluguê.~Mu
se
u
s,
pp
.
166
1
69
.
C
A
SSE
L
II
E
R
R
Y
, S.
(1
974
)
:
«
Furth
e
r r
e
fin
e
lll
e
nt
uf fOTn
m
l
a
e
fo
r
d
ele
nnin
i
ng pop
ul
:
l
l
i
o
n
fro
m
n
oor are" ...
W
orl
d
Arc
ha
co
lo
gy,
Lond
o
n
,
Ro
u
lled
ge,
6
.
p
p
.
I 1
6
.
122.
C
l
lAMORR
O
,
J
. (
1
99
4
):
«
F
l
o
lat
io
n
s
lra
'
egy:
m
e
th
o
d and
sa
mp
l
i
n
g
p
l
ant
d
i
e
ta
ry
r
es
ou
rces
oftart
essill
n li
mes
;ll
Doil
a Blan
ca
..
,
in E
.
Ro
ssel
l
ó e
A. M
o
ra
l
e
s (cds.). p
p
2
1
-3
5.
O
AV
l
50N,
I
.
e G.
N
.
D
lln
.
EY
(
19
8
4
):
«
t
os y
a
c
im
e
nt
os
.
su.~ler
r
it
o
ri
o5
de
e
xp
lo
l
ució
n
yla
t
o
po
g
raffa
»,
in
IJolelrn drl Museo arq/leológico Nncirmal,Madrid,
2.
I
.
pp
25
-
46.
F
ER
N
Á
N
DEZ
MARTIm
,?
,
V.
e
G.
Ru
rz
Z
IIPA
TE
R
O
(
1
984): «E
I
a
n
ál
i
s
i
s
d
e t
e
rri
l
o
r
i
os a
rqu
co
l
ó
-g
i
c
o
s
: U
n
a
in
t
e
rpr
e
taciô
n
c
r
fti
c
a
»
Arq
u
eo
l
ogia Esp
a
c
ial
(A
c
t
a
s
de
i
co
loq
u
io
:o>
o
br
c
di
s
t
r
i
b
u
ci6
n
y re
l
a
ci
ones e
l1l
re
l
o
s
rt~entaJllientos),T
erue
l
, S
e
mi
nar
i
o d
c
Arq
u
eo
l
o
-gfa y etno
l
og
(a turo
l
e
n
se, C
o
l
e
gi
o
U
n
ivc
r
s
i
t
a
r
i
o de Te
ru
el
.
I
, pp
.
5
5
·
72.
H
A
LSTEA
D, P. (
1
9
8
9)
: «Co
Dm
i
n
g s
h
eep in N
e
o
l
it
hi
c
a
nd Bro
n
7.e
A
ge G
r
e
ece».
in
I
.
H
ocJ
d
c
r.
G
.
I
saa
c e
N
.
H
ammo
n
d (
e
d
s.
)
,
pp.
3
07
-33
9.
2
1
6
CONTR
IB
lJ1U
r
í1\.
ON
I
ZM:Ao
I
:
EN
f
nAI'/l
l
l/1
II
!l
O
M
ES
'II
I'/lÇÃO
Il
A
T
ER
RA
l~lRTlIllI IIl.~AL
l
ôEV
WMR
I
)
"
N.
W.v
an e
C.
R.J
ANS
lô
N
(19R5): «A
pr
c
li
m
i
na
r
y
p
aly
n
o
l
ogk
al
.~ll1dyo
r
a
pc
a
t
d
e
p
osit
n
Cllr
lI
n npp
i
dullI
i
n
t
h
c
l
owc
t'
Ta~usv
l
l
l
lcy.
P
o
rtU
g
l
l
l
»
,
inAc
ta
s
da
I
re
u
n
i
ão
d
o q
u
a
t
erná
r
io
ib
é
r
ic
o
,
Li
s
b
o
a
,
Gr
upo
d
e
t
rahalh
ll
para ()E
s
tml
ll
doq
U:l
lc
rn
á
ri
olG
ru
p
u E
sp
ano
l
d
e
Trab[~odei
C
u
a
t
c
rn
ar
i
o. y
ol
.
II
.
pp
. 22
5
-23
5.
MIu.~"usKAs. S.
(1
9
72
)
:
«
A
li
a
n
a
l
y
s
i
s
n
f
liner
c
u
hur
c
l
o
n
g
h
ll
u
ses i
lt
Ol
s7.
a
n
i
t'
:I
UI,P
o
l
an
d
».
W
u
rl
d t\
r
c
h
aeo
ln
l:'Y
.
t
o
nd
n
n
:
R
O\1tle
d
l,:e,
4. pp.57
-
7
4
.
N
,\
R
O
UL
L.
R.(
196
2):
«
F
l
nor ",
'e
a
andse
u
l
c
tll
c
n
l
p
Op
U
I
'l
l
i
o
ll
».
l1/11nif'll/l I1l1fhlllily.27.
pp. 389·3
%
.
RE~WREW.
C.
(
19
72
)
:
"
P
all
e
rn
s
nfro
l'"l
at
i
ll
n g
ro
w
t
h
i
n
t
h
e
p
r
c
h
i
s
t
or
i
c
Ael,:c
lI
n
»
.
in
r
.
U
r:
k
o
.
R.Tri
ng
ham
.
D
i
m
l'o
lchy
(c
d
.
)
.
pp
.
:
U
n
-
3
99
.
ROS~EI.I.Ó,
E
. e A
. M
IJRIIIH (
1
994)
: «
C:
l
s
till
o
d
c
D
o
i
ía
B
1:
1I1
Ci
l
».
A
rcha
c
o-
en
yirnUl11
c
nt
a
l
investigalion~
in
l
he bay o
f
O\t
l
i
1
..
Spai
n
(75
()
·
50t)
l
U'.
)
.
BAR
.
I
nl
e
nm
l
;on
a
l
Se
·
r
i
e
s.
5
93.
U
(
·
KO.
P
..
R
.
T
R
1Nli
II
Il
M
.
J)
I
MIH
.
E
n
y (c
d
.) (
1
972):
«
M
i
ln
.
se
ll
l
c
ln
c
nt and urhan
is
lIl
"
.
I
JlI1
-d
r
es
. D
u
ckwnrlh.
V
lrll
·
F
I
N
zl c
E. S.
I-h
l
;
(is
(
1
9
7
0): «I'r
c
hi
s
l
lll'
;
t; cco
u
o111
y i
n
lhe
M
Oll
n
l
C
a
r
mcl a
r
CI
I
(lI'P
a!csti
n
e: Sit
e
·
cu
l
c
hll1
en
t n1m
l
ys
i
s.
T
l
l
c
pl'ehi.~I(lI'it;stl
c
i
c
t
y
», C
a
l
ub
rid
ge
,
D
e
[l
ilrt
·
m
e
u I
o
r arc
h
a
e
l1
l
o
gy
alUIu
lll
hropo
l
0
!lY.
pp.1
·
37.
' 17