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Contributo da colonização fenícia para a domesticação da terra portuguesa

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Academic year: 2021

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(1)

I

J

CON

TRIBUT

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DA

COLON

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A

RA

A DOMESTICAÇÃO

DA

TERRA

P

OR

TU

GUES

A

I. INTRODUÇÃO

Ã/ICI MarRaridfl Armdn

Un

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rs

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ade

de

U

sbua

A informaçi\o disponrvel para o território actualmente ptlrtuguês sobre () tcma deste coló([uio

é de wl

fornm e.~cassa e deficiente que quaislluer ellpcct:ltivas que o Iflulo drl

minha comunicação possa ter cri lido sairão lotlllmcntc frusladas.

Oe facto, a informação (Iue pude manipular t",du? ti estado ainda embrionário d,. investigação cientifica [l0l1uguesa, no tlue se refere à Idade do Ferro, que se tem sohrcludo preocupado em defi nir pcriodizm,f)Cs. elabor:lr t ipologi:ls cerihnic:ls e estabelecer cronu -logi:ls para as diversas o • .;upaçi)es da fase mais recente da Prntll-I·li.~tória. Assim, os estudos pa1coambientais têm ficado. quase .~empre, por fa7.er, sendo praticamente inexi s-tentes as análises p()Hnica~ ou os estudos antnle(l[ógico.~ e cllfpolôgicos. P(lr outro lado. é tnrnbém muito e.~cassa a informaç50 disponrvcl para aval;ar ,1 paisagem natoral das

áreas tocadas pe[a colonilnçilo l"cnfda, resumindo-se, quasc cllc!usivamente, à que elli~­ te para o baili.O vale do Tej(J. Tal sillmç50, alinda ao facto de ter ~ido lmnhém nesta regi5n que se encontraram. em nfveis tia Idade do Ferro, algull1n.~ .<;Cl11el1te.~ cujo () estudo pre-liminar se encontra conc!ufdo, contribuiu, oc-cisivamelltc, para que tenho' sido esta a área sobre a qual me dcbrucei, 1.:0111 algum detalhe.

Os dados de que di~pus para elabontr uma sfntese do tema (IUC fIIC propus aqui tratar são, na maior parte dl).~ casm , indiret:los. sendo as evidências diret:lal'õ d:, Ilr:ític:, da agricultura durante o I milénio a.

C.

de uma pOhre7.il conhangednra.

O pre~ente trabalho tem, pois, pllr hase dois tipc,~ distintcl.~ de dado.~. Por um [adi I. tive cm considera~ã(l as ~elllentcs recolhidas em Alrnara1. e IHl Aldiçova dc Santarém,

no estuário do Tejo, bem como os resultados que as an:\lises po[fnicas renli7.adas no bnillo vale do mesmo rio propordnnamm. A[gun.~ urtefactos directamente conectadus com a práticll da agricullllTa fonnn ainda inventariados, teruln procurado t'Hl1hém Clltm;r do.~ e.~tudos faunfsticol'õ de A lrnara7" Lisboa e A lcáçova de Sanh.rém alguma ;nrllrllla~iio complementar.

(2)

ANA MARGARIDA ARRUDA

Por OUlro, entendi que faria algum senlido definir os potenciais lerritório.~ de re.

c~rsos dos povoado.~ referidos, analisando esses territórios em função das necessidades

alrmenlares de urna população calculada para e.~ses sítios. Os potenciais lerritórios de

exploração foram delimit:.dos com base na metodologia de Davidson e Ilailey (1984),

enquanto que para os cálculos demográficos tomei em consideração as propostas de

Narroul (1962), CmiseJbcrry ( 1974), Milisaukas ( 1972) e Renfrew (1972). As necessidade.~

alirn~ntares d~ população foram detcrminadas a partir dos nu meros que Fernandez

Martinez e RUl7. Zapatero ( 1984) avançaram para

a

produção e consumo cerealífero.

D ' l l i l ' " ,.,,, i" • III_ ).u~

206

-LQÇalizaçõe~ aproximadas. de Norte para Sul: Sam o Olaia, Conímbriga. Santarém, Lisbou. Quinla do Almarar., Selúbal. Abul, Alcácer do

Sal, Cerro da Rocha Branca, Üt~tro Marim.

CONTRIIlUTO "1\ rOI.ONIZM:ÂO FIlNlclA PA!!A /I I)OMI~~TIC"/lÇ"O 1M 1Enl\II 1'llIrnl(;UES/I

2. A BASE DOCUMENTAL

Os trabalhos arqueológicos (Iue, desde há algllll.~ an(l.~, lenho vindo a reali7A1r na A lc:içova de Santarém,l permitiram rec(llher, em nfveis da Idade dn rerro, um apreciável

conjunto de selllente.~, cujo eSludo eSlá em fase de condusão.!

Esse estudo permitiu verificar (Iue o trigo (/I"i/ÍI"IIIII ("Ol/l/l(ll'flllll v:,r. ~/(}h;fm1lld e

a cevada, quer na variante ue grãoli veslidos (Iuer a variedade de grãos nus (lmnlell'"

1'lIlgame (' hmdeum I'II/gare coe/cJ/('), foram cultivados ao longo de tllda a diacronia sidérica. lientlo impOr1:lIIle referir, desdc j:t 'Iue () primeiro dos l·erelli.~ domina de forma

clara, apresentando .~emrre vlllores .~uperit)res a 85 %. MlIis interessante

é

ohservar (Iue () trigo não apresenta quais(IUer alteraçflCli ao longo da Idade do r erro, tendo-se ainda

constatado que a espécie presente em Santarém (Iriticllm ("olll//(U"lum 'lar glflhiJ~orllle),

mesmo nos níveis imedilltHlnenle anteriorcs à ocupnçl'lo rnumna, é ainda aquela quc já se cultivava na região desde 0)° milénio a.

C.

«Traiu-se de um Irigo de grii().~ pequenos

e arredondados. de caracterfslicas intermédia~ enlre os 7i"Í/ir'IIII1I/{'s,ivlIIl1, T com/w/'Wm e

7:

.fphnemcoccllm, cuja nOlllenclatum não eSlá ainda úe1illida com clare7.a». (Esludns

de Arqlleobotânica da Aldçnva de Santnrém . Paula Fernanda Qucir07. e Wim VIm

Leellwaarden), mas que corresponde ~ mC.~l11a espécie da que roi al:lundnntemente

recolhida 1l3S escavações arquenlógiclls de Vila Nnvl1 de S. Pedro e do Zamhujlll, sftios cakolf\icos lambém 1(x:ali7.aúns mI chamada PenfnslIla de Lisboa. Estu sitwl(.:iio, que Illiás não difere de outras já estudadas ([Juxó, 1997: 246), demomlra como 11 presen'ifl fcnfeia ní'io têm, de fa<:lo, qualquer impacto fiO nfvc1 das e.~pécies {te cereais cu1tivado.~.

O que ressalla do estudo das selllente~ (Ie Santarém é, a.~.~illl, a enorme importfincia que os cercais parecem deler nu alimenlação da população, tendo ficado demonMnulo (jue a agricuUura praticada é, por excelência, de tipo ccreatífcrn. No entanto, fi e~ll1d{l

efectuado evidenciou que a hurticuJlIIril, ainda que de rorma in.~ignific;lIlte, colaoortltl no proce.~so alimentar, uma ve7. (Iue as ervilhas fOri1m lamhém identificadas.

Em meadus da década de 80 du :c;6.;ulll xx, UI\111 slmdagem, par:! análises [XII/nicas,

reali7 .. ada no Paul dos Paludos, em Alpi:m;a, no h"ixo vale do Tejo, próximo de Santarém

(Leeuwaarden e Janssen, 191-15 " veio prollOrcit)]]ar !l recolha de dados (Iue i11ll"lorla :I(lui retomar. O.~ pólens e as dataçõcs de rádio carhono para a se(luência estratigráfica evi

-denciam que, a partir de 5.000 /lI',

a

paisagem natural sofre a1tcraç[IC.~ signific~llivas.

lendo·se pa.~s::Jdo de U111 floresta aherta,

para

lima

paisagem de lipo estepe (ihid.). <h elementos florestais descem de vnlor. aumentando (;onsidenlVelmcnte I) NAP, () (Iue

significa que as :íreas não arh(1ri7.ada.~ são j~í muito extcnsas (ihid.). r~~ta sitWlçíio v:li-se

1.1\ Alcá,o", de S""llIréOll <! UOII illll"',IIIIItC pov"ado t. .... 'nliwdo no rn'1(!" .I" c'l,d,i" d" Tejo. ""do

urna OCUP~\;~O orien\~ li~nnle. d"1 nda a ri,,!il do ~cg"'Hla rIIClml~ li" ,él·tdo VIII:>. C. (\"t"n"I,,1!' ;:t (nlltki'mal I. fui detectada. 0., '''ll1aL·lo~. p'ecocc' c ;olc"s" •.

çr,,,,,,

""""I .. fcnkin ,,,,ide,,(,,1 c,I,I" ",alerialk"I", "'''''

O1U1lLern~() e'pól io de l'anoeler r,l ka~ l' fi lilll,n" emi IlCIIIClllrlllC 01 icol ai,. dc (['OC 'c dc,lac~ '" "n to Ir"S R I. '"

praln~ C laç~s de eng,)1!e ver"'ellll), ,,~ pilh"i. HI UI ,Ia, de !ir" ( ·tU~. dei Negrl1 c II ,'crfl'nÍl"a ci"~.e"la.

2. Os e~tud,,, nrrul"'gic'" hmull reiOl i,.,oIo, I~'r Paul:, (),ocir<". c Wi", Van t .cc"w",r<lcn. d .. ( 'e'II,,, dc

1 OI>'C,I igaçãu em mie" AnIL~"I~i~ (O PA) d .. llrsl il"II, l',~, r'lIué~ lIe I\r'l"c"l, 'I!in ( 11'1\). :11' :,I~ ir" li" (01:lh" .. :I<,"""

enlft e"e <'Cnlm e " pwjecH1 que. conjunlnolCnle C""1 (':,I,,,i,,,, Vieg"'. di,ij" I""" a Ald\,"nv," de Sõl\ll"rém.

(3)

i\Ni\ Mi\lWi\RIIM i\RRUIJi\

acentuundu de rormH dum até 2590 BP,' época em que os valores do pinheiro e do carvalho são jií redu;.jdo.~ (ibid.).

é

de "dmitir que estas alterações na paisagem tenham

sido provocad,ls pela acçiio do homem, (Iue terá lido necessidade de. H partir pelo menos

do final do C:dcolftico, iniciar um processo de desnoreslação que pcrmitis.~e iÍreas mai.~

va.~tas p.lra prática agrkola. lbrna-se também interessante observar que essa dcsnor

es-taçiio se intensificou no inicio do I milénio a.

c.,

momento em que se verificam o.~ pri

-meiros contacto.~ da região com rcnício.~ ocidcllIais.

Alcáçova Oe Sant,lrem: scmCUle.~ "'c '''mlelU'' l'II/J:(jnJt e I/Oroe/ll/l I''''gmc ("(I{'ft'.tlt, enconlnnJ:u iII .Iilll "'ur~nlc as escavaç;JoC~ de 1999. dentm Oe vaso de arma7-cnarncnIO.

Muito interessante

é

verilicarque cm 2590 BP.justumentc (IUando o NAP apresenta

áreas consideráveis, os pólens de vinha siio, pela primeira vez, muito altos (]] %). Ape.~ar

de as análise.~ cre<:tundlls nilo lerem sido conclusivas a esse re.~peit(}, e de ter ficado dam

que a vinha .~elvagelll existia flll regiiio de.~ue pelo menos 4580 BP, os autores numi!elTl

q ue, na pri mci ra metade do I mil én i o lL.

c.,

o.~ nu mcrosos pôlens i deli! i

fi

cados podem

j

á corresponder ii vitis cultivaua. e não selvagem (I'itis .ryll'cstris). tendo acentUlldo a .~lIa elevaua prescn~ll

Ubid

.:

22~).

As mesmas llnálises pulrnicas permitiram ainda verificar que é tamb\!"m nesta épo-ca que se registam o.~ primeiros pólens de alea (iNd.).

3. E.,t.1 d,unçflo. der<li~ de catibradR. forneceu ,,~ seguinles valores: inlef(epçi\o em 79.~ ~at OC: a u 111 ~igma: S08· 767 cal. !lC; n d<>i~ ~illllla: 833· 7~2 CRI. Be Agradeço a Anlónio Monge Soare~ <> ler efectu3(kl ~

calibf1'lçlo.

208

!

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o ' -2119

(4)

ANA MARO"RIDA ARRur>A

Para além dos d(l(jo~ .. cima apresenlado~ c referentes ao baixo vale do Tejo, QUilOS existem cm Almnra ... , sitio localizado na r07. tio estuário do mesmo rio.' Aqui. e em

níveis correspondcmcs ao século vila.

c.

,

em cronologia radiométrica, forram recolhiJll~

numerosas grafnhas de uva (Barros, 1998 j, () que prova o plall1io de vinha ntl região. Os

clcmcnlOs de All11araz sugerem que a~ uvas correspondentes n estas grainhus foram cOI1.~lImidas frescas 011 em forma de passa e nilo serviram Jlara produzir vinho. o que não

significa que essa produção não lenha ocorrido.

A

informação

cxposla na

s

plíginas a

n

ter

i

o

r

es

não

é

l

llinal

Ji.~lil1la

da

que

se

t

c

m

vindo 11 ycriricar cm outras árcas ondc a coloni:wção fenfeia ficou cvidenciada.

Também na CO.~ta de Mlíl:lga, concretamcnte em Cerro del Vilhlr (Aubet el (II.,

1999), o momcnto da chegad'l de populações orientais I1cou marcado por um extenso

processo de desnore.~l<lI,:ão e conse<luentemcnte por uma diminuiçiio da tirea amoriz:vJa

e

um

alimento do NAP. Os dadus obtido~ 11<1 rOl. do rio Guudalhorce .~ão bem eloquentes desta sitlHlf.;ão, parecendo óbvio que

as

novt1s inslnlnções humanns implicaram o

au-mento da área cuUivlldll

(ib

id.

)

.

É

,

tllmbém, aqui evidente II forma como, entre os séculos

vm e VI a.

c.

,

se consolidou o phulIio da v,inha e ainda o peso dos t'ereais na dieta ali

-mentar. Relativamente à oliveira, os dados e.ú~tentes indicam o momento avançado da sua ocorrência, tendo a amílise estratigrMka demonstrado a sua introdução na região

apenas a panir do final do século vn a.

C.

lib

i

d

.:

337).

No Castillo de Dona Blanca, a situação parece semelhante. A b.1se cerealífefll da

agricultura é um dmlo adquirido, predominando, li semelhança do que ~ut:ede no Cerro

dei Villllr, ii cevada ve.~tida seguida de trigo nu (Chamorro, 1994). As a!\;íli~es carpológica~

realizadas mostraram também

a

import:lIIcia

da

vinha cultivõ1da.

em

,oJa.~ a.~ fases de

ocupação deste importanle sítio andaluz, e. ainda igualmente. a pre.~ellça da oliveira

apena.~ li 1>a11ir

d

a

II

fa.'>C de ocupaçilo. datada

a

pm1ir de meados do século VII a. C.

(il);d.

)

.

Helaciollmlm com a actividade agrfcolu, furam recolhidos. tanto em Salltarém como em Almaraz, ou mesmo em Lisboa, :llgun.~ artefacto.~. concretamente m6s. Tmta

-se de IIminhos manuais, COlllp\l,~\tls por um elemento mo\'ente e oUlro dormente, que serviram para, localmente. se efectuar a transformação dos cereais.

Como referi nu ponto anlerior, a fauna recolhida na Alcáçova de Santarém, em Almaraz e em Li.~boa foi já ubjecto de estudo e, em parte, de publicação (Barros ef ai.

1993: Cardoso, 1996), Nos três sltios do Tcjo. os Ovic'lprinos dominam sempre no total

dos mam/feros identificlldos, c(lfrespondendo a percentagens que varium entre os

4S

e

os 65 % (Cardoso, 1996). No enl:1nto. e apesar das suas percentagens os(;il;uem enlre o.~

20 e os 30 %. os bov/deos foram sem dúvid,l quem mais contribuiu para a dieta alimen

-tar das pnpulaçiks destes povoadns f ilJid.). De r<lcto, p:lrece ter sido

o

boi (Iuem forneceu

a maior base de prote/nas animai.~ consumidas. uma ve:l.: que os restos identificados correspondem a Ulll peso em carne sete a nove vezes superior ao do~ ovicaprinos.

4. O ,I'li" <.I~ A II1l~ra~. revelou Um8 imp"oJn1e f1Çllp;II,'~(} <.Ia l<.Iade do Ferro, ,>Ode c.~l~" flresenl~~ ~erfimk~<

cujas furrnus c a.' le<:n"lllgia~ uprcscnl",n incJ!ávei, çl,rut;l~rf,tic~s orienlalizante~. I;sla f1Çupaç5<1 purece

wbrcpor·sc u nUlra <,I" Ilrt1n/C Finlll.

210

CONTRIHU' "COLONIZAÇÃO ftiNk"IA ('ARA fi. IX)MF_~neAçÀO 1M T"RRA rOff I1IGUF.SII

Ainda em termo.~ faunfstico.~, convém ter, tnmhém, em cO!1sideraçllo que enquanto

no,~ dois sítios da foz do estuário (Lisboa e Almara7.) :1 actividade cinegética nllo parece

ter tido grande expressão (i!Jid.), no povoado locali7.ado no extremo interior do estuário (Alcáçova de Santarém). li caça assumiu algum destaque enquanto fonte de prolefnas anill1ai.~,tal COtllO ficou demonstrado pelo.~ 19,8 % de javali e pelos 9,4 % de cervfdeos

(Arruda, 2002). A signiricativa pre.~ença destes animais sugere ainda (Iue, al)C~lr d,l

crescente exlensllo de áreas não arbori7.ada.~ no baiw vale do Tejn a panir dos ;nfcios do

I milénio a,

c.,

os bosques tinham ainda um peso relntivo na cobertura vegetlll da regiiio,

Infelizmente, os esllldos faunfsticos reali7.lIdns nãn permitiram, na maior p,lrte do,~

casos, calcular a idade do abate dos bovfdeos. No entanto, julgo possível admitir que o IJO.f falll'/l.f. para além de se constituir cumu conlrihuto essencial na dieta alimentM. foi também aproveitado em várifls das sua.~ outras pOlencialidflde,~. Os significativos

nlÍme-ros de restos identifi(;ados plldem indicinr que não foi despre7.ada a sua cnpacidnde de

tracção, capacidade essa ccrtmllente aproveitnda na Hctividade agrfcola.

3. TERRITÓRIOS POTENCIAIS E RECURSOS posslvElS

Não tendo querido eS<luecer que :IS comunidades humanas se ll1ovimen\i,rMll llllm

espaço que, n[io sendo rígido e imóvel, era concreto, e (Iue \I espaço e~colhjdn pode

traduzir comportamento.~ também ecollólnicm, ~cnt i-me impelida li ter em cOllsideração,

neste trabalho, outras escalas de análise, cUllcretmnente os potenciais territórios de

e",plornção. os recursos disponíveis. as áreas ocuplldas e a demugml'ia.

Tenho, apesar de isso, perreita c()ll.~dêncill (Iue

.

,

s

mctndolngi'ls scguidas, !>em

como, aliás, li pr6pria análise espncial que en.~aiei. sendo lentml()ra~, ~e reve~tem de

imímeros ri.~co.~. Ape.~ar da.~ c()rrecçiie~ que Dl1vid~()n e Bailcy introdu7.irmn n(l~ delimi -taçõe.~ do.~ teITit6rios de recur~os, o facto é que os IlI(Klelm de análise e.~pacial <Iue (I.~

a((lueólogos processualistas beberam na Geografia humana podem .~er juslamellle po.~lm em causa e não deterem urinai o peso e o significado que se Ihe.~ pretende atribuir,

.~endo, JXlr um lado, dcmasindo redulOre.~ e por outro e",ce~~ivamente generalistas. A perspectiva economicista em que se baseiam estes modelos e.~tá pm comprovar para

.~ociedades pré-industriais. parecendo evidenle <Iue os potell(;il,is territlirins de rttursos

podem variar de acordo com múltiplos factore.~. Não é, tamhém, nbrignt6rin que n

comportamento espacial dos grupos humnnllS seja ah.~llllltamcntc rHcional, de acordo

com a per.~pecti va económica. O.~ prindpios de .. local ideal» ou ,Ie «menor ClI.~tO». de

Chisholm e I-liggs e Vila-rin7.i respectivamente, rodem não ser cOlllpletallleme válidos para a.~ sociedades proto.hi~tórica.~.llté porque as implantaçüe~ hUlllalla.~ não dependem. obrigatoriamente e apenas, dn disponibilidade e Ilbundfincia dos recursos das suas áreas

de implantação, mas de um sem número de outros fuctores, concretamente .~ociais, lec -nológicos e até simbólicos.

Continuo, no entanto, convicta (Iue muitas das met(Klol(lgi[l~ 'Iue

a

«Ncw Arcl!aCIl

-logy» inlrOOU7.iu nll praxis arqueol6gica podem .~cr utili7adas, desde que se 1UIllltcnlw

uma posiçãO permanentemente crítica e ~e multipliquem os critérios de .málise.

(5)

ANA MARGAIlII>A ARRUDA

Por i.~.~o I11C.~mo, pareceu -me út i

I

,

no conlex to desta com II n

i

(nção. lentar csl i III ar rl

ropula~'ão de cmla um dos sft ios orienttlli7.Hrllc~ do estuário do Tejo e vcrincar se as suas ncccs~idadcs [!Iimentare.~ poderiam ser supridH,~ pelos recursos passíveis de serem ex

-plorados no.~ .~cus pOIcnciais territórios.

N

o

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l

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r

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m

se

r

3prc~cnlados

e

d

i

s-cutidos.

Se .~c opiar pela proposln de Rcnfrew (1972),' poderia t:ollsidenu"-se (lue AlnHlJ'a7., com 6 ha, comportava I ROO indivíduos. No cnt,mto. ,lU corrigir esse nlllllero de acordo com outras propostas, como a de Naroul ( 11)62t nu Casselbcrry ( 11)74V obtém·se 2.000

e 1.000 hahiwntes, re.~pectivamente. Perante esta disparidade de nÚ1l1em.~. e sem (11le outros dados possam ser Iltili7.wJos, nomeadamente il quanl idade de espólio de.~t imH.lo fi

arma1.en lllllcn\O c :írea títi I Ot:U pada com habi taç(leS e com ilt:1 i vidades i ndustri n is, tornou

-se difk il avaliar qual \l nümero que mai.~ se aproximava da realidade. Nu enlllllto, ni"iu

pode deixar de referir-se que mesmo (Itle ~e e.~colha o menor número. ou seja o Ilue se oblém através dus cáltulos elaborados com ba~e na prol}Osta de Casselbcrry, verifica-se

que par<! suprir as nece.~sidmles alimentatf..~ da populaçilu de Almarn seria neces.~ária um:! ampla ÍlI'eH de explllra<;ilo de recursos. A lendendo aos diltulos de Ha1.~tend ( 1989) ou de FernÍlndez Mar1 inel c Rui/. Zapatero ( 1984a), que estabelecem que cuda indivíduo

necessita por ano de 200 ou 2 10 kg de cereal, respectivamente, 1000 indivíduos neces

-sitariam, unu.,lmenle, de cerca de 200 toneladas de cereal. Tomando em lil1h., de conta que o cultivo cerelllífero eSl,í estimado em 400 kg por hectare, abastecer AIIllar<lZ de

t:ereais implicaria uma .irea cult ivada de 500 hct:lares,

Ao enmparar estes e,ílculos com as potenciais :\rcas de recursos de 12, 30 e 60

minutos verifiquei que esta.~ eram de 11,23 c JS heclares re~pectivamen1e, () que luaui -feslamente cm insuficiente pnnl suprir as Ilece.~sid.,de.~ :llimcntares da populllção que

residia no sitio.

O eSlUdo da fauna, j,\ anleriormente referido, comprova que as protclnas animais

contribuíam, dc mudo decisivo, parn alimclltaçilo do grupo humano ilL~1alildo no sítio, (J que cerlUlllellle pode reduzir de forma drástica as :\re;l.~ IIcce~~árias ii e.'ploraç1ío cerealífera.

No ent:!lItn, me.~mo admitindo, lal como Jorge de Alardo (1992: 46). {Iue as pro -1eínas animais correspondem a SO % de uma possível diela alimentar da~ populações

proto-h i stóricns, o que mc pcrm i te di 111 i I1U i r t:!)]l sidc rave Ime nte as áreas llecesslÍri as para

o cultivo de cercais, ohlenho umlHímcro ainda muilo superior àquele que 11 determinaçilo da potencial :irc,1 de .'enu'sos de 60 lIlinutus me forneceu: 250 heClare.~ nccess:írios - )S

hectares obtidos. Os cálculos efcctuados para uma potcm:ial área de recurso!; de 2 homs

(110 hectares) Ião pouco re.~olve o problema, agravado pelo faclO de nilo dever também

esquecer-se que a exislência de ovicaprinos e bovídeos em qUHllIidades aprecifíveis ill1

-plicu, também, Meus de paslagem de dimensões t:onsidcr:\veis.

212

5. i\ c~tla ho«lure ç' .... cspundcm 3t11l h~bi.nmcs.

6. II flOI'ul:u;iio "" um ~hi" Ilt: habitai ,'mresp<".ue I um ten;;" da área I,~al.

7," Pllflubu,:ilo tlc um <!ti" (]c huhil:'. çmn:sl~"ldc ~ um ~e.~to da drta t{}I~L

CON"m Ul\)'" O)A ("Ol.nNI1,A(,'ÂO rENInA ""RA II [)(lME~11C,,(,',,(J IJA "m RRA l'fIMTIKlln:"<;A

Assim, e me.~lllo tendo em consideraçilo ri explol"õ!<;ilo dos rct:ursos marinhos, de

q ue a !"au n a iel io lógicu c nw I aeo lógica c ncon1 rada e 111 A Inwra1.

é

e I(XI uen le I estclllllnlH I.

nilo parece viável que:Js nece~sidades alimentares da pOJlulil<;:lo deste sftin. mesllln lIdmitindo {Iue I (KM) habitantes seja ;,inda UIIl mimero exag,eratlll, I"osse suprida apemls

pelos seu!; recurSQS directos.

A mesnm ~i1Uaçii(l roi verificada pnl"a Lishoa.

Me.~lI1n cOII.~iderando us diliculdades el11 t:alculnr a cxtells[io tia :írea ocupada cm

OliJipll. durante (l I milénio il. C., não re,~tall1 dllviJas que e.~le é. sem thívidl1, (I maior

povoado orientali7.anle do at:tual territll,'io pllrtuguês.

Mesmo dcseontinuatlamente, toda ii t:hamada colina tio C;,slc!n, tio topu ao .~opé.

foi ulilizada rela populaçiln d" Idmlc do Ferro. sendo conhecidoS m impmlantc.~ e

nu-merosos esp6Iio.~ de filiação orienlalizante do Castelo de S. Jorgc, da platafnrmH da Sé e da Rua Augusta.

Ê

possível clll1siderar que O/isillll linha ulHa :ÍI'en tulal de 15 ha. n que. no enlanto, poderá não corresponder ii sUl"lCrHde, efectivamente, urh'lI1iz:,tla. ()es1es

t

5 ha. muitos constituíam-se en(\tmnto e.~paços não c()n~truí<los, sitllaç:tn cm gr.tude

parte ill1po.~ta rela própri<l nl(lrfologia da colina (Ii, C:l.~telll. Qualql!cr t:ÍlIt:uhl dCl1ulgr:

í-fico que se pretenda efecluar para a Lishoa pré·f(l(lIHIlH c~t;í pois lIIuilo limil:ulo p!Jl' 11111

conjunlo de difiu ddades dificilmente conlornáveis, a que niío é e.~tnllllio o facto de as

e~ava<;õcs arqueológicas nilo terem fornecido lju:lis{lucr dadtl.~ que permilam falar, com m'li.~ elarezll, sobre II tilXJ de impl:mtaçiíu hUnlHUôl vcrilicado cm c"d" um dos locai.~

i Illcr\lcnt:iorliuJos. Independentemente de <\ u a Iqller cülcu I! I (lcnHll.!f:í lic/) seguro, tI q IIC

é

inegável é que ii extensão de

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o.

a quantidade de nmterinis an\ueol{lgicos 11\le tem

vindo a ser recuperados e a dispersfío das :íreas que, lia colina do Castc1o. revelaram

vesl ígios de (leu pação dunml{: ,! Idade dI I FerI'! I dei x ,II n "11 It:vcr II I n local de im plll'tnflc ia

capital e uma pnpulaçao llIuito provavelmente numero.~a.

Considenmdo, uma \le7. l1luis, os nUmenl.~ que Ik nfrc\V (1972). Narnul (1962) nu

Cnsselberry (1974) manejam, ohlenho pnra a Lishoa pré-nlllmna 11111<1 popula<;ão situada

en I re os 2S( 10 c os S(XX) i IId i v fduus. pnrecellll! 1-II le perfe i 1m I It: nl c PI ISS f vd que! I mi IlIen I

de habitantes de

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,~e si tue elll re estes vali lI'e~, que lIil( I Cl Ulsil leIO e;u essivos. II le"~11H I

tomando em considera<;fm li naiUre1_a da infommçiln dislMmfvel.

Seja (lua! for, entre IIS v"lores cakuladtl.~. n lUímero lJue ~e aceite. ve .. ilit::h~e {Iue

para suprir a~ necessidades Hlilllenl'lre.~ de uma popula<;fío com c~ta dimcnsilo ela net:essári li uma !ire:1 de rccurs! l.~ de c xten s[\o C! msider:í \lei, IllIe nã!. é C! Jlnpal í \le I t:! l!1l ii

lJue Li sboa podi:! ex pI! Irar. meSll1I I con.~ idcrando Icrr1t!íri! IS de ex pI! 'I'Hção U IHesp{)ndellle.~

a dua.~ hora.~ de marcha.

Abnstecer Lislxm de cereais implicava I S()(l II" de área disl',mívcl. unm ve/. Iluc. C0l110 j~ referi, pura uma IXlpulaçilo métlia de .lDOO hnhil,mles scriam ncçess,írias anual

-mente ccrca de ()OO tonelnd,,~ de cereais, e é ~ahido que I ha de lerreno produ1. entre 4()()

H 410 kg dc cereal. por (1110 .

Relativamente i, Akáçtlyu de Sanhlrém, n prohlenm m:lI1tém·se. () sftio, actual

-mente com 4.5 lia, teria, na Antiguidade, unm áre .. de ~ 1m, Imvendo !I,ulns (Iue permitem

supor que, durnnle a Idade do Ferro, o e~paçl) ocup3do 11[\0 excederia !J.~ 4 h:"

Partindo deste número, e tendo em cOl\sidern<;[\o m d lt:ulns cfet:tll,ulns l'c1o.~ in -vesligadore~ que se lêm dedit:mln ilS :m:íli~es demográficas pré c pfIJ!o-hisl{u·ic;ls Íl'lIlre

(6)

ANA MARGARIDA ARRUDA

oulros Rcnfrew, Naroul, Ca.~~elbery), pOSSO deduzir que <l população de $anltlrém, du

-mnte a Idade do Ferro, se contabi lizaria entre os 700 e os 1300 habitantes. Destes nume

-ros pcxle calcular-~e que seriu necessária umn vasta área de recursos, que inclufsse quer

pastagens (Iucr terrenos cultiváveis, de forma a suprir as necessidades alimentares da

população residente.

Devo começar por lembmr que. em lermos geológiço~, na área onde se implanta

Santarém predominam os calcários, rocha lIIuito permeável. fnvorecendo li infiltração

da água e como consequência a génese de aquíferos.

Dar

resulta a e.~casse7. de cursos

de água superriciais. o (]ue limita a ~ua utilização, nomeadamente para a prática da

agricultura.

Por outro lado, os terrenos IIpresentllm·.~ pedregosos

e,

co

mo

tal, diffceis de .~erem

trabalhados. Contudo, o calcário sofre um processo de corrosilo que origina a denomi

-nada (erra roU(1 que se acumula em áreas deprimidas.

É

pois, assim, nos pequeno~ vales, com a presença de alguma água superficial

-mente disponível, devido a maior capacidade de retenção conferida pelas argilas, que se

encontram criadas as condições mai.~ propf.ias

à

prática da agricultura.

Verifiquei <Iue o território abrangido pela isócrona correspondente aos 12 minutos

de marcha se encontra totalmente preenchido por terrenos das cla~se D e E, clllssificado.~

como não susceptfveis de utili7.açfto agrícola. Se no caso dos solos da Classe O e~tes po·

dem ser utili7.11dos para o aproveitamento de pastagens, os solos da Classe E apenas penni

-tem o crescimento de vegetação natural adaptada a solos bastante pobres. como a urze.

O território abrangido pelos 30 minutos inclui manchflS de solos da classe C, ape

-nas suscc, ptfvei.~ de sercm cuhivlldos por cultUnlS resistentes, nomeadamente de sequeiro.

A medida que nos afastamos de Santnrém verifica·se uma melhoria na capacidade

de uso dos solo.~. No território dos 60 minutos dc marcha existe uma mancha de solos da

Classe B, <Iue, no entanto, durante a Idade do Ferro estaria certamente submersa, uma

vez que o leito do curso de água junto do qual .~e localiza .~eria, consideravelmente. mais

largo durante li Idade do Ferro.

Estas observações ~ervem, sobretudo, para provar que a !XJpulaçllo residente em

Santarém, me!':mo lIdmitindo o número mais baixo, sobreviveria dificilmente se apenas

contasse com os seus recursos directos. Mesmo lendo em consideração que neste s[lio a

percentagem de animais caçados é claramente superior à que ,~e verifica em oulros po.

voados coevos da região, e que o gado bovino e ovicaprino encontrava aqui áreas de

boas pastagens, o contributo cerealífero para a dieta alimentar teria, quase obrigatoria

-mente, que ser adquirido cm oulros locais.

Atendendo aos resultados Oblidos pelas análises espaciais efectuadas, é obrigatório

partir do princfpio que as populaçõe.~ residentes nos trê.~ sftios do estuário do Tejo não

podiam ser alimentadas pela produção agrfcola pr1lticada nos seus territórios imediatos.

Assim, a concentração de população em sftios de habilal. verificada no infcio da Idade

do Ferro. e. muito pos~ivelmente. provocada pela chegada dos fenícios ocidentais ao

esluário do Tejo, viria a provocar grave.~ problemas alimentares. apesar das análises

polrnicas terem demonstrado que as áreas cultiváveis foram consideravelmente aumen

-tadas nessa época. ~,assim, posMvcl admitir que esses problemas possam ter sido 501u

-214

CONTRIBIf!' \ COUlNll.M:ÃO FF.NICIi\ I'ARA 1\ IX)ME.<:"n CAI.'ÁO 11II "IHI.RA l'tIR"IlJtiUIiSA

CiOl11H10s através da importaçi'io de cercais. sem que possa adiantar qualquer dadn .~obre

O local exacto dessa importaçu<l.

Este considerável exceSS(1 dcmográfico. pnm c.'>Cns.~()S recul·sns. terá

na

minha I>crs

-pectiva originado. a parlir du final dI) século vila.

c.,

um processo de culoni.,.ação inter

-na para o qual existem aliás evidências arqueológicas, na fll7. (lu estuúrio. E.<;s,\~ evitlência.~

materializam-se numa .~érie de [>cquenos .~rtios, de ,ireas redu".idas, implantmlns em C\1·

tas baixa.~, sobre solos de tipo

fi

e C e que podcm ser cnnsidernt!os «ca.~His agrr(;(lIt1.~».

[:"~tes casais encontrar-se-iam na dependência tlirectll de Li.~hoa e Almara7. e a sun

fundação leria sido promovida pel().~ dois povoados centrai!':. com a flln.,ãll eSI>cdlica de

comribuir pam a supressão das dil1culdades de tirn alimentar, e.~t'1I1do portanto vllca -cionados para u prática da agricllltum. Os ca~ais agrfcolas tle!>cndcntes de Almanl7. seriam

11 Pcdradu e li Quinta do Facho (Barros. 1(98), .~ftios onde cernl1l1cas de engllhc vermelho.

pintadas em bandas e cinzentas t"oram recuperadas.

Ao território de Lisbo:1 pertenceriam Outllre[a (Cardoso. 1990). Moinhos de Ala·

laia (Pinto e Parreira, 1978) e Freiria (Cmduso

c

Encarnação, no prcln), sítios il1lplantll.

dos em solos fertéis. de razoável capacidade agrícola que estnr;'lIn nn dependência de

Li.~boa. Os espólios recolhidos sobre es~es sUios evidenciam unlH fi liaçflo clllturnl

de características orientalizantes, que na maioria do.~ casns, pode datur·.~e a partir du

século VI a. C.

As distintas lipologilL~ dm .~ftios arqueolc'lgicos e (IS diversos lipo de imrlnntaçãn

permitem pensur que se cstlí pe rante um POV(l,1I11ento hientnlUizadn, onde Li.~I)(}a e

AllI1araz corresponderiam n povoaúos centrais, que. por isso mesmo, Hssuminm o COII

-trole do território. cnntrolllndo, igualmcnte. os pcquenos povoados [ocali7.ados lia .~Ull

árell de inOuênd a directll. (llIe dele:c; dependiam jlolitica c a(hnini.~trativamente. Muito provavelmente. os «casai!': agrfcol,I~» ctlntribufull1 pmll.~uprir a.~ IICt:cssidadcs alilnentares

da população dos doi.~ «lugares centrais». t"\ljo esforço prtltlutivn !\C ctlllccnlmria em

outras actividades. concretamente as illdusrriuis e çomercinis.

Quanto ti Santarém, li situação uno está

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hem cmnctcr1zHdn,

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que nuu

exi~tem evidênciu.~ de <Iun[quer pOVOllll1entn secundário. A aU.~ênda dc qlllllquer tfllh,I[lu)

de prospecl,"ão dectuado m, área pode ser responsahili.,.ado flor esta ~ituaçãtl.

4. DISCUSSÃO

Pouco mais havendo a discutir snbre (JS d:,dos aprescntadlls. limilo·me ngo!":! a

realçar que a cheg"da de fenfcif).~ ()cidentai.~ atI territürio português (."(lntrihuiu, de f()mm

decisiva, para a dOllle~ticaç5() du lerrl' portuguesa.

Em primeiro lugar, res~alta a introdução do plantio dl! vinha, purventura um dos ma is sign incati vos testemu nhos da i nlluência orient ai !lo terri tlÍrio HCt ua IlHellle flortu ~uês.

O.~ dados do vale do Tejo permitem também equaciollllr <lue essa innuênc1.\ se IIwlcria

-liza, igualmente. no aproveitamenlo, para rins alimenlare.~. d;1 uliveim. n llue. ,t~.~nci"dll ao trigo que a ropulaçuo indrgena já cultivava hú longos .~éclIl\ls. comptlC ;I t"(IIde mediterrânea por excelência; Piio, Vinho e A".eite.

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