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Avaliação do nível de contaminação por bioaerossóis no ambiente clínico da Policlínica Odontológica da Universidade do Estado do Amazonas / Avaliação do nível de contaminação por bioaerossóis no ambiente clínico da Policlínica Odontológica da Universidade

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 6, p. 37397-37410 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Avaliação do nível de contaminação por bioaerossóis no ambiente clínico da

Policlínica Odontológica da Universidade do Estado do Amazonas

Contamination level evaluation of bioaerosols in the clinical environment of

dental polyclinic in the University of Amazonas State

DOI:10.34117/ bjdv6n6-318

Recebimento dos originais: 08/05/2020 Aceitação para publicação: 14/06/2020

Thais Moreira Gama

Mestranda em Saúde Pública

Instituição: Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) Endereço: Rua Teresina, 476, Adrianópolis - Manaus/AM, CEP: 69027-070

E-mail: thaismoreira.odo@gmail.com

Ani Beatriz Jackisch Matsuura

Doutora em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Instituição: Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia)

Endereço: Rua Teresina, 476, Adrianópolis - Manaus/AM, CEP: 69027-070 E-mail: ani.matsuura@fiocruz.br

Odirlei Arruda Malaspina

Doutor em Dentística Restauradora pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. Instituição: Escola Superior de Ciências da Saúde – ESA/UEA

Endereço: Av. Carvalho Leal, 1777 - Cachoeirinha, Manaus - AM, 69065-001 E-mail: odirleimalaspina@hotmail.com

RESUMO

Estudos que se concentraram em analisar o ar do ambiente clínico odontológico constataram a existência de inúmeros patógenos circulantes. Desta forma, a temática sobre controle de infecção no ambiente de saúde tornou-se uma preocupação frequente entre os profissionais da odontologia. Este artigo tem como objetivo avaliar o nível de contaminação por bioaerossóis em algumas clínicas da Policlínica Odontológica da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) por meio de uma análise descritiva e laboratorial. Tratou-se de uma pesquisa experimental, executada no segundo semestre de 2017, na qual foram coletados bioaerossóis em clínicas pré-definidas e em horários específicos, onde foi utilizado o meio de cultura Brain Hear Infusion (BHI) em placas de Petri, para subsequente verificação das unidades formadoras de colônias (UFC) coletadas por decaimento passivo. Observou-se a frequência e contabilizou-se as colônias, bem como, descreveu-se a macromorfologia das mesmas e para análise estatística, optou-se pelos programas Stata versão 15 e método ANOVA. Paralelamente a essa avaliação, utilizou-se a coloração de Gram para análise morfológica microscópica das respectivas colônias. Com um quantitativo definido de 48 amostras, os resultados evidenciaram a presença de microrganismos – bactérias Gram positivas e negativas, fungos filamentosos e leveduras – em todas as clínicas. Na análise descritiva, os ambientes apresentaram um aumento significativo na quantidade de colônias, conforme a complexidade dos procedimentos que foram sendo realizados, dentre os microrganismos, as espécies bacterianas apresentaram maior predomínio em comparação aos fungos e, em relação aos horários estudados, todos apresentaram mesmo nível, estatístico, de contaminação. Portanto, neste trabalho,

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comprovou-se a existência de microrganismos em todos os ambientes pesquisados da Policlínica Odontológica da UEA. Este estudo inicial reforça a importância de novas pesquisas voltadas a esta problemática e com base nos dados coletados, ressaltamos a importância de se aplicar e potencializar medidas de biossegurança a comunidade acadêmica e na prática clínica em geral.

Palavras-chave: Aerossóis, biossegurança, contaminação, microrganismos, odontologia. ABSTRACT

Studies that have focused on analyzing the air in the dental clinic environment have found the existence of numerous circulating pathogens. Thus, the theme of infection control in the healthcare environment has become a frequent concern among dentistry professionals. This article aims to evaluate the level of contamination by bioaerosols in some clinics of the Dental Polyclinic of the University of the State of Amazonas (UEA) through a descriptive and laboratory analysis. This was an experimental research, carried out in the second half of 2017, in which bioaerosols were collected in pre-defined clinics and at specific times, where the Brain Hear Infusion (BHI) culture medium was used in Petri dishes, for subsequent verification of colony forming units (CFU) collected by passive decay. The frequency was observed and the colonies were counted, as well as their macromorphology was described and for statistical analysis, the Stata version 15 programs and the ANOVA method were chosen. In parallel to this evaluation, Gram stain was used for microscopic morphological analysis of the respective colonies. With a defined quantity of 48 samples, the results showed the presence of microorganisms - Gram positive and negative bacteria, filamentous fungi and yeasts - in all clinics. In the descriptive analysis, the environments showed a significant increase in the number of colonies, according to the complexity of the procedures that were performed, among the microorganisms, the bacterial species presented a greater predominance in comparison to the fungi and, in relation to the studied times, all presented same statistical level of contamination. Therefore, in this work, the existence of microorganisms in all the researched environments of the Dental Polyclinic of the UEA was proven. This initial study reinforces the importance of new research aimed at this issue and based on the data collected, we emphasize the importance of applying and enhancing biosafety measures to the academic community and clinical practice in general.

Keywords: Aerosols, biosafety, contamination, microorganisms, dentistry.

1 INTRODUÇÃO

Profissionais da saúde estão diretamente susceptíveis ao acometimento por infecções e/ou condições clínicas devido à exposição diária a fluídos, ao ar do ambiente, bem como, demais fatores inerentes ao local de trabalho e que, de maneira prolongada, podem ocasionar doenças. Portanto, a temática sobre controle de infecção no ambiente de saúde tornou-se uma preocupação frequente entre os profissionais da área odontológica, uma vez que a prevenção no consultório tem sido um grande desafio para os cirurgiões-dentistas. (BEZERRA et al., 2014)

Alguns trabalhos, citam que há indicadores para determinar o grau de contaminação do ambiente, a saber: matéria particulada (poeira), taxa de ventilação e ocupação, natureza e grau da atividade exercida pelas pessoas que ocupam um espaço físico. Sobretudo, pesquisas voltadas ao

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estudo do ar, em ambientes clínicos, constataram a existência de microrganismos suspensos, conhecidos como bioaerossóis, e a contribuição dos mesmos para o adoecimento. (MOTA et al., 2014)

Bioaerossóis ou contaminantes biológicos, são micropartículas suspensas no ar, compostas por microrganismos heterogêneos, como bactérias, fungos, vírus, algas e ácaros. Dentre estes, os agentes patogênicos mais isolados são, Staphylococcus aureus, Streptococcus spp, Mycobacterium

tuberculosis, Penicillium spp., Aspergillus spp., Cladosporium spp., vírus influenza, rinovírus

Varicella Zoster Vírus. Tratando-se do ambiente odontológico, as espécies podem advir da cavidade oral que é composta por uma microbiota diversificada, procedimentos mecanizados e equipamentos odontológicos, além da tosse, fala e respiração. (SOUSA; FORTUNA, 2011; KUHN et al., 2018)

Estes encontram-se dispersos no ar por alguns minutos ou horas, cuja umidade, temperatura e fluxo de ar são fatores associados reconhecidos, visto que tal problemática é reconhecida há décadas pela comunidade científica. Todavia, recentemente, as preocupações recaíram sobre os efeitos deletérios e riscos à saúde, principalmente no âmbito da odontologia, onde o cirurgião-dentista, equipe e pacientes estão vulneráveis à infecção cruzada, devido aos procedimentos e por conseguinte, a contaminação do ar por gotículas contendo agentes patogênicos. (BARRETO et al., 2011)

De fato, há uma carência de estudos que abordem a interação do ambiente odontológico, associados aos bioaerossóis. Certos trabalhos concluíram que microrganismos dispersos, podem sedimentar e colonizar superfícies inanimadas ou entrar diretamente em contato com as vias oculares e aéreas dos profissionais. Logo, a conscientização e educação continuada, juntamente coma biossegurança que envolve manobras de desinfecção e uso de EPI, é primordial a fim de evitar possíveis focos de contaminação. (CARDOSO; REIS, 2016)

Biossegurança é definida como um conjunto de práticas instituídas e aplicadas em âmbito clínico e no meio hospitalar que objetiva a prevenção, controle e eliminação de riscos que comprometam à saúde humana. Prevenir e controlar à infecção cruzada no consultório odontológico são hoje exigências e direitos do cliente e, sobretudo, uma declaração de respeito à equipe de trabalho. (BRASIL, 2010)

Diante disso, o artigo tem como objetivo avaliar o nível de contaminação por bioaerossóis em algumas clínicas da Policlínica Odontológica da UEA por meio de uma análise descritiva e laboratorial. Além disso, tem como finalidade mensurar, identificar e caracterizar os microrganismos mais encontrados nas respectivas clínicas, definir em quais períodos são mais evidenciados a existência de contaminação.

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Baseado no que foi acima descrito, reafirma-se a importância de se avaliar por meio de estudo preliminar, o nível de contaminação do ambiente clínico por bioaerossóis na policlínica odontológica da UEA em função da diversidade de procedimentos e diferentes níveis de contaminação que cada um gera, do elevado grau de rotatividade de pacientes e profissionais/estudantes e da taxa de utilização das instalações clínicas.

2 MÉTODO

Trata-se de um estudo inicial experimental, cuja análise foi laboratorial e de abordagem descritiva. Realizado na Policlínica Odontológica da UEA, uma clínica escola, localizada em Manaus, executado no segundo semestre de 2017.

Para este estudo utilizou-se as seguintes clínicas odontológicas: Diagnóstico Bucal (Térreo), Clínica Integrada 1 (2º andar) e Estágio em Urgência Odontológica (4º andar). Uma vez que, diagnóstico bucal foi escolhida como clínica controle, pois nesse ambiente, não havia execução de procedimentos, somente tomadas radiográficas e nas demais, eram realizados tratamentos odontológicos de rotina, tais como: raspagens periodontais com o uso de curetas ou ultrassom, cirurgias orais, endodontias e dentísticas, ou seja, produção constante de aerossóis.

Tais andares clínicos passaram por coleta de material nos seguintes horários: 8h, 10h30min, 12h e 13h30min. A escolha destes horários, respectivamente, deve-se ao fato de serem os tempos em que se realizam o início prévio dos atendimentos, a troca de pacientes para atendimento em segundo horário, encerramento da clínica e após a desinfecção do ambiente, na qual a equipe de limpeza da Policlínica utiliza agentes antimicrobianos nos equipos e em superfícies. A frequência das coletas aconteceu sempre no mesmo dia, da semana, durante 04 (quatro) semanas consecutivas. O material analisado foi coletado por meio de uma placa de petri colocada sempre no mesmo equipo, independente do uso deste, especificamente no braço articulado do raio-x ou na cadeira odontológica – próximos a saída de água e ar (Figuras 01 e 02). Tais placas, já com o meio de cultura previamente preparado, foram abertas e expostas no ambiente clínico pelo tempo de 20 minutos para o decaimento de microrganismos que por acaso estiveram em suspensão. E logo após o decorrer do tempo, as mesmas foram novamente fechadas e adequadamente lacradas, então levadas para estufa incubadora a temperatura de 37ºC, por um período de 24 horas e 48 horas.

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Foi utilizado o meio de cultura Brain Hear Infusion (BHI) em placas de Petri para posterior análise das unidades formadoras de colônias, por decaimento passivo. Definiu-se um quantitativo de 48 (quarenta e oito) amostras coletadas (Figura 03).

Quando se julgou necessário as (UFC/placa) encontradas nas placas foram individualizadas em novos meios de cultura para melhor observação de seus aspectos morfológicos.

A princípio foi realizada uma análise a olho nu com o objetivo de identificar e enumerar as unidades formadoras de colônias (UFC/placa) existentes (Figura 04). Obteve-se a mensuração da contaminação das clínicas efetuando uma contagem de UFC nas placas e repassando os números a uma planilha no Excel, e foi observado as colônias mais frequentes nas placas e fizemos a descrição macroscópica das mesmas. Posterior a essa avaliação, foi utilizado a coloração de Gram (Figura05) para uma análise morfológica microscópica (Figura 06) descritiva dos tipos de colônias encontradas – não se identificou os microrganismos a nível de espécie - procurando correlacionar sua morfologia aos grupos de microrganismos.

Fig. 01. Coleta de amostras no Raio x – Diagnóstico Bucal.

Fig. 02. Coleta de amostras – Integrada 1 e Estágio em Urgência Odontológica.

Fig. 03. Amostras coletadas.

Fig. 04. Unidades Formadoras de Colônias.

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Os resultados obtidos foram submetidos à análise microbiológica e posterior análise estatística por meio do programa STATA versão15, Cary Institute, NC, EUA e Análise de Variância (ANOVA), com intervalo de confiança de 95%.

3 RESULTADOS

Os resultados obtidos revelaram a presença de agentes biológicos suspensos no ar em todas as referidas clínicas e na maioria das placas (após o período de 48h de incubação). A fim de mensurar o nível de contaminação por bioaerossóis das clínicas avaliadas, quantificou-se o número de microrganismos que sedimentaram e formaram colônias sobre o meio, ou seja, contabilizou-se a olho nu as unidades formadoras de colônias (UFC/placa) (Tabela 01), utilizou-se análise descritiva para apreciação dos dados (Tabela 02). Além disso, identificou-se os microrganismos em cada ambiente (Tabela 03).

Tabela 01. Unidades de colônias por clínica, dia e horário.

Local Horário Número de Colônias (UFC/PLACA) Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4

Térreo 08:00 2 4 7 18 10:30 6 13 6 1 12:00 5 3 9 3 13:30 3 3 7 38 2º andar 08:00 2 2 33 35 10:30 5 4 5 2 12:00 0 1 22 2 13:30 1 1 9 40

Fig. 05. Lâminas coradas com a coloração de Gram.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 6, p. 37397-37410 jun. 2020. ISSN 2525-8761 4º andar 08:00 0 2 1 40 10:30 1 2 6 6 12:00 0 0 122 1 13:30 2 6 8 31

Tabela 02. Análise descritiva.

Análise descritiva Número de Colônias

Média Mínimo Máximo

Por clínica

Diagnóstico Bucal 8 1 38

Integrada 1 10,25 0 40

Estágio em Urgência 14,25 0 122

Por dia de coleta

Sexta 1 2,25 0 6 Sexta 2 3,41 0 13 Sexta 3 19,58 1 122 Sexta 4 18,08 1 40 Por horários 08:00 12,1 0 40 10:30 4,74 1 13 12:00 13,8 0 122 13:30 12,58 1 40

Tabela 03. Análise descritiva.

Análise descritiva Colônias por ambiente ≅ Bactérias Fungos

Por clínica

Diagnóstico Bucal 58,59% 41,41%

Integrada 1 53,04% 46,96%

Estágio em Urgência 74,56% 25,44%

Ao interpretar os dados descritivos, verifica-se que a clínica de Estágio em Urgência (4º andar) apresentou maior número de colônias quando comparado aos demais locais pesquisados, dado que os dois últimos dias de coletas expuseram um aumento das (UFC/placa) e no tocante aos horários, constatou-se que às 8h o nível de contaminação é equivalente aos turnos de 12h e 13:30h, e o período que apresentou menor número de colônias foi às 10:30h. Ademais, nota-se que colônias bacterianas apresentaram predomínio sobre os fungos em todas as clínicas.

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Após avaliação dos dados, constatou-se que não houve significância estatística em relação as coletas realizadas nas clínicas e nos respectivos horários pelos programas Stata versão 15 e critério ANOVA, pois, o “n” amostral, possivelmente, foi aquém do necessário para se confirmar os achados sugerido pelas análises descritivas, visto que as informações obtidas foram similares. Com base no estudo, é factível uma inferência de possível existência de correlação entre a complexidades dos procedimentos realizados nas clínicas e o nível de contaminação – representado pelo número de UFC- encontrado, entretanto, para elucidar esta hipótese, seria necessário um maior número de amostras.

No que se refere a identificação das UFC/placa nas respectivas clínicas, selecionou-se as colônias mais frequentemente encontradas no meio de cultura e elas foram caracterizadas segundo formato, elevação, cor e consistência (Figura 07 e 08). Quando coradas com a coloração de Gram, as lâminas mostraram os seguintes microrganismos: bactérias Gram positivas e negativas, leveduras e fungos filamentosos. Segue algumas micromorfologias. (Figura 09).

Fig. 07. (A) Colônia com formato rizoide, elevação convexa, margem filamentosa, cor de aspecto amarronzado. (B) Colônia com formato circular, elevação convexa, margem inteira, cor de aspecto esbranquiçado, consistência cremosa. (C) Colônia com formato circular, com elevação convexa, margem inteira, cor de aspecto leitoso, consistência cremosa.

A B C

D E F

Figura 08. (D) Colônia com formato circular, elevação convexa, margem inteira, cor de aspecto esbranquiçado, consistência cremosa. (E) Colônia com formato circular, elevação convexa, margem uniforme, cor de aspecto amarronzado e branco na periferia e cinza no centro. (F) Colônia com formato irregular, elevação plana, margens onduladas, cor de aspecto leitoso.

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4 DISCUSSÃO

A partir do que foi pesquisado, denota-se a necessidade de fortalecer métodos de ensino-aprendizado no que tange acadêmicos e profissionais da área da saúde sobre protocolos de biossegurança e atividades diárias de atendimento, pois, foi comprovada presença de contaminação por bioaerossóis nos ambientes clínicos da Policlínica da UEA. Sobretudo, este estudo apresenta-se como concordante ao que se vislumbra na literatura. Logo, a discussão adiante, será embasada nos dados descritivos discorridos anteriormente.

Confirmou-se a existência de material particulado em suspensão em todas as clínicas avaliadas, (tendo a produção de aerossóis ativos ou não), na qual colônias de bactérias Gram positivas/negativas, leveduras e fungos filamentosos, foram isolados. Ademais, observou-se uma preponderância de espécies bacterianas nas placas de petri, em relação aos fungos. Importante ressaltar que nenhuma amostra coletada estava livre de contaminação por UFC, na Clínica de Diagnóstico bucal, a qual não gera aerossóis de forma ativa, fato que, por si só, mitiga a crença de que possa existir um ambiente livre de contaminação dentro da pratica clínica odontológica e/ou que dispense ou abrande todo o aparato de proteção individual e medidas de controle biológico.

Fato que se assemelha ao estudo realizado por Li e Hou (2003), no que diz respeito à presença de microrganismos no ambiente, onde constatou-se que independente do uso clínico, alguns setores apresentaram contaminação ou presença de microrganismos tendo atividade clínica ou não, além do elevado nível de bactérias circulantes. Contudo, Pantoja, Couto e Paixão (2007) citam que a presença de fungos filamentosos suspensos pode representar um risco à saúde, e ocasionar o desenvolvimento de inúmeras doenças respiratórias, além de aspergilose, pneumonite por hipersensibilidade, rinite, reações tóxicas e micoses.

Importante também explanar sobre os vírus, pois são microrganismos bastante decorrentes no cenário odontológico. A pandemia decretada em 11 de março de 2020, ocasionada pelo coronavírus SARS-CoV-2, doença nomeada Covid-19, apresenta-se como infecções assintomáticas

G H

Fig. 9. (G) Micromorfologia de colônia bacteriana: Bacilos. Coloração Gram-positiva, 1600x. (H) Micromorfologia de colônia bacteriana: Cocos. Gram negativa, 1600x. (I) Micromorfologia de estrutura fungica. Coloração de Gram, 1600x. I

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a quadros respiratórios graves, e configura um ótimo exemplo de como infecções virais podem ser letais e geram graves problemas de saúde pública. Na qual, compromete diretamente na rotina clínica e protocolos de biossegurança nos consultórios, uma vez que a transmissão se dá por gotículas respiratórias, contato com superfícies contaminadas pelo vírus e principalmente fluidos e saliva. (ALHARBI; SAAD; ALGAIDI et al., 2020)

Para Doremalen et al. (2020) o cirurgião-dentista é o profissional que apresenta maior propensão a contaminação pelo Covid-19. E tal fato, justifica-se pelo contato próximo com os pacientes, geração de aerossóis advindos da seringa tríplice, turbina de alta rotação, ultrassom, visto que a dispersão dos respingos no ambiente, fornecem ao SARS-CoV-2 três horas no ar e até 72 horas, em superfície. Franco et al. (2020, p.2) afirma que “um correto manejo do paciente; uma exímia limpeza do consultório, uma impecável esterilização do instrumental odontológico e uso de todos os equipamentos de proteção individual” são condutas efetivas contra a propagação do vírus em âmbito odontológico e hospitalar. Portanto, boas práticas de biossegurança e adições de dispositivos, como o uso de viseiras ou protetores de face, são primordiais para um atendimento seguro, e o profissional tem a responsabilidade de ser referência na adoção de medidas preventivas e na disseminação de orientações confiáveis aos seus pacientes.

A clínica controle (Diagnóstico Bucal) localizada no térreo, apresentou um número baixo e constante de UFC/placa, em comparação as demais clínicas. As atividades realizadas neste ambiente envolvem apenas tomadas radiográficas, isto é, não há produção ativa de aerossóis, porém, o fato de receber pacientes e a ventilação interna ser fechada, propicia uma contaminação neste espaço. Esse achado, corrobora com um estudo de Almeida et al. (2013) que constatou que as áreas de uso dos aparelhos de raio-X, em grandes centros hospitalares, estavam relacionadas à uma menor ocorrência de espécies microbianas.

Em contrapartida, nas clínicas do 2º andar (disciplina de Clínica Integrada I) e 4º andar (disciplina de Estágio em Urgência Odontológica), mensurou-se um quantitativo maior de UFC/placa, principalmente nos dois últimos dias de coleta. Pois, há um crescente número de atividades realizadas no fim do mês e nestes locais há execução de procedimentos odontológicos de rotina e que utilizam dispositivos disseminadores de aerossóis, todavia, não foi constatada, estatisticamente, uma maior presença de contaminantes do que na clínica do andar Térreo, no caso a já mencionada da disciplina de Diagnóstico Bucal.

Dentre os dias de coleta, é importante destacar o terceiro dia de pesquisa, na clínica de Estágio em Urgência Odontológica (4° andar), pois ao fim das atividades (12h), registrou-se um quantitativo de 122 UFC, um número significativamente elevado em comparação as demais placas.

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Especificamente neste dia, houve intensa circulação de pacientes, associados a procedimentos de exodontia, acesso endodôntico e funcionamento de todos os equipos ao redor da placa, assim justificou-se uma maior suspensão de microrganismos no ambiente.

Cunha e Zollner (2002), salientam que o spray lançado da cavidade oral do paciente para o meio, é um potencial fator de contaminação cruzada, além de, carregar consigo saliva, sangue, microrganismos, que se perpetuam em superfícies próximas, tais como, roupas, rosto, cabelo, óculos, cadeira.

Observou-se uma fraca correlação entre a baixa contabilização de UFC, em decorrência dos procedimentos de baixa complexidade, realizados no início do período letivo e um aumento de sua contabilização conforme ocorre o aumento da complexidade das atividades desenvolvidas nas clínicas (com o decorrer do tempo). Pois, notou-se uma elevação do número de microrganismos no ambiente, em consequência do acréscimo de aerossóis ativos (uso da caneta de alta rotação, ultrassom) principalmente nas clínicas Integrada 1 e Estágio em Urgência Odontológica.

Em concordância, Bustamante et al. (2014) afirma que o nível de complexidade do procedimento realizado é notório ao aumento de aerossóis no ambiente, o que também foi comprovado neste estudo a nível de observação macroscópica na placa de petri.

Relacionado ao fator horário, não foi identificada neste estudo uma janela de tempo com uma menor carga microbiana em suspenção. Os primeiros horários não foram menos contaminados dos que os demais, pois o fator contaminação existente no ambiente clínico, foi invariante, independentemente do horário de atendimento, este fato é comprovado por estudos de Medeiros et al. (2012). Fato que abala o mito de que os primeiros horários de atendimento clínico seriam mais adequados para o atendimento de pacientes portadores de doenças preexistentes ou comorbidades. Jorge et al. (2004), em seu trabalho, discorre sobre a disponibilidade de ferramentas de prevenção contra a infecção cruzada que enquadram os processos de esterilização que tem por intuito manter a cadeia asséptica íntegra e, quando executados se destinam a profissionais e materiais de uso médico-odontológico. E segundo Silva et al. (2013), alguns fatores e/ou equipamentos corroboram com a propagação de microrganismos no ambiente clínico, dentre os quais, o condicionador de ar que a priori é visto como ferramenta de comodidade. Mas, do ponto de vista microbiológico é propagador e colabora na difusão de agentes patogênicos.

Além disso, Pereira et al. (2005) observaram que uma baixa renovação do ar interior, também justifica o aumento da concentração de microrganismos encontrados em ambientes climatizados. Em consonância, Cellini et al. (2001), afirmam que o uso de medidas eficientes contra

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infecção cruzada, combinado ao uso sistema de infiltração de ar, demonstram ser eficazes na diminuição da contaminação no ambiente clínico odontológico.

Pantoja, Couto e Paixão (2007), afirmam que é necessário a realização de estudos mais diretos que se levantem a importância do conhecimento dos fatores que podem contribuir no processo de transmissão e contaminação de ambientes clínicos no âmbito da saúde no contexto geral, uma vez que, na literatura foi observado a escassez de trabalhos que vislumbrem tal assunto. Assim de acordo com Gonçalves, Ramos e Gasparetto (2006) é de suma importância que se estabeleçam protocolos relacionados à diminuição dos índices de transmissão e contaminação de microrganismos através de aerossóis presentes nas áreas internas e externas de ambiente clínicos, principalmente em âmbito odontológico.

Salienta-se que estudos voltados a inovação e desenvolvimento de materiais e equipamentos que reforcem proteção aos sujeitos envolvidos no consultório odontológico, são essenciais para fornecer um melhor cuidado de saúde. Uma vez que, pesquisas de caráter microbiológico e laboratorial, corroboram em melhorias significativas para o desenvolvimento de estratégias e ações voltados aos processos de biossegurança e diminuição dos riscos à infecção, quando destinados a saúde pública.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi um estudo inicial, a fim de conhecer preliminarmente o nível de contaminação propagado no ar em uma policlínica odontológica universitária no Amazonas. Diante disso, os achados microbiológicos desta pesquisa são informações relevantes e elucidam os potenciais riscos inerentes a tais ambientes. Logo, preconiza-se uma atenção adequada à qualidade do ar circulante e o fortalecimento das metodologias de biossegurança aplicadas à limpeza, ambientes clínicos e, sobretudo as normativas de atendimento por parte dos discentes de maneira mais segura, ademais, o estudo disponibiliza tais dados, com o intuito de auxiliar na elaboração de futuros trabalhos, com maior robustez, para um melhor entendimento acerca dos bioaerossóis gerados neste tipo de ambiente e possíveis patógenos carregados por estes.

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REFERÊNCIAS

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Almeida CL; Júnior WDM; Nascimento GC; Presotti CV; Sousa CP. Material particulado, microbiota aérea e resistência antimicrobiana de staphylococcus aureus em cirurgia ortopédica. Rev. SOBECC, São Paulo, v.18, n.2, p. 45-56, abr./jun., 2013.

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Fig. 02. Coleta de amostras – Integrada 1 e  Estágio em Urgência Odontológica.
Tabela 01. Unidades de colônias por clínica, dia e horário.
Tabela 02. Análise descritiva.
Figura  08.  (D)  Colônia  com  formato  circular,  elevação  convexa,  margem  inteira,  cor  de  aspecto  esbranquiçado,  consistência  cremosa
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