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A floresta em Portugal. Causas e consequências da expansão do Eucalipto. Caso de estudo: O concelho de Torres Vedras

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Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão do Território, Especialização em Ambiente e Recursos Naturais, realizada sob a orientação científica do Professor Doutor José Eduardo Ventura

(2)

“You never change things by fighting the existing reality. To change something, build a new model that makes the existing model obsolete.”

Buckminster Fuller.

“Everyone thinks of changing the world, but no one thinks of changing himself.”

Leo Tolstoy.

“By changing nothing, nothing changes.” Tony Robbins. “Change before you have to.”

Jack Welch.

“The world as we have created it is a process of our thinking. It cannot be changed without changing our thinking.”

Albert Einstein.

“Never believe that a few caring people can't change the world. For, indeed, that's all who ever have”

Margaret Mead.

“É muito mais fácil fazer uma afirmação sem base do que demonstrar com fundamento que não é verdadeira.”

(3)

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares, que de uma forma ou de outra, foram essenciais para a minha educação e formação como pessoa, o meu reconhecimento.

Ao Professor José Eduardo Ventura, pela sua dedicação a este trabalho e apoio constante.

Um agradecimento especial a todos aqueles que, embora não estejam diretamente ligados a este projeto, contribuíram para que outras etapas da minha vida fossem atingidas.

Pela grande amizade, agradeço cada contributo, conselho e apoio dados pelo meu amigo, Álvaro Duarte.

A todos aqueles que contribuíram e apoiaram para que o desenvolvimento desta investigação fosse conseguido.

(4)

A FLORESTA EM PORTUGAL

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA EXPANSÃO DO

EUCALIPTO

CASO DE ESTUDO: O CONCELHO DE TORRES VEDRAS

THE FOREST IN PORTUGAL

CAUSES AND CONSEQUENCES OF EUCALYPTUS´S EXPANSION CASE STUDY: TORRES VEDRAS MUNICIPALITY

(5)

RESUMO

PALAVRAS-CHAVE: Floresta, eucalipto, árvores geneticamente modificadas, gestão florestal, cadastro.

A floresta deve ser planeada e estruturada de acordo com os interesses ambientais e económicos do país, sem legitimar eventuais impactes ambientais criados. O potencial estratégico deste setor é fundamental para o equilíbrio da balança comercial portuguesa.

Os dados atuais mostram que o eucalipto tem visto a sua área de plantação aumentar, em relação a outras espécies, sobretudo por se constituir no principal abastecedor de matéria-prima das indústrias celulósicas e proporcionar aos proprietários não profissionais, um retorno do investimento rápido e apetecível.

A adequada gestão florestal das plantações de eucalipto destinadas às indústrias celulósicas tem contribuído, eficazmente, para a proteção e contenção de fogos florestais, assim como para o aumento da produtividade da espécie por hectare. Os proprietários, por vezes menos informados, apostam na plantação de eucalipto como forma de rentabilizar a sua propriedade, esquecendo que o rendimento está dependente da gestão realizada ao longo do ciclo de vida da plantação. O aumento da produtividade da espécie, através da modificação genética, pode vir a ser um importante fator de melhoria do rendimento

Embora o Decreto-Lei n.º 96/2013 constitua um instrumento legal que veio simplificar os processos de licenciamento de povoamentos com recurso a espécies florestais e centralizar a informação referente às novas plantações, sem outras medidas complementares, mostra-se insuficiente para acautelar as questões ambientais.

O facto da quase totalidade das áreas florestais pertencer a proprietários privados e a inexistência de cadastro predial, constituem fatores que continuam a dificultar a melhoria da gestão da floresta portuguesa.

Também o desenvolvimento dos planos regionais para a floresta pressupõe que os proprietários estejam dispostos a trabalhar conjuntamente, através das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), para que a floresta seja composta por diferentes espécies e que, em simultâneo, seja possível ajustar os interesses ambientais com os interesses económicos. As normas previstas pela Forest Stewardship Council (FSC) constituem, de igual modo, importantes ferramentas de reconhecimento e respeito pelas boas práticas e a garantia da preservação dos recursos e biodiversidade.

(6)

ABSTRACT

KEYWORDS: Forest, eucalytpus, forest management, genetically engineered tree, land registry.

Forests should be planned and organised based on the country’s environmental and economic interests, without legitimising ecological impacts. The strategic potential of this sector is crucial to the equilibrium of the Portuguese trade balance. Current data shows that eucalyptus plantation area has been growing when compared to other species, mainly due to its importance as raw material to cellulosic industries. Moreover, it also provides retail owners a fast and desirable return on investment. Forest management, most commonly found in cellulosic industries plantings, has effectively contributed to the protection and containment of forest fires, as well as to the increase in productivity per hectare of the species. Sometimes, less-informed owners bet on eucalyptus plantations as a way to monetise their properties, forgetting that the yield is dependent on the management carried out over the plantation life cycle. The increased performance of the species through genetic modification can become an important factor in improving productivity.

Although the Decree-Law No 96/2013 constitutes a legal instrument that simplifies plantation licensing processes with forest species and centralizes information related to new plantings without other complementary measures, it is insufficient to safeguard environmental issues. Furthermore, the fact remains that most of the forest areas belong to private owners. Moreover, the lack of land registers constitute factors that continue to hamper the global management of the Portuguese forest.

The development of regional plans for the forest assumes that the owners are prone to working together through the Forest Intervention Zones (ZIF) so that the forest can be composed of different species and, at the same time, to align environmental interests with economic interests. The rules of the Forest Stewardship Council (FSC) are important recognition that respect for good practice is a guarantee for the preservation of resources and biodiversity.

(7)

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE TABELAS ... xi

LISTA DE ABREVIATURAS ... xii

INTRODUÇÃO ... 1

1. Escolha do tema (Hipótese) ... 1

2. Questão de partida e objetivos ... 1

3. Metodologia e estrutura da dissertação ... 2

I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 3

1. Síntese da evolução recente da floresta em Portugal ... 3

1.1. Caraterização do setor ... 4

1.2. Potencial de rentabilização versus cadastro dos prédios rústicos ... 5

1.3. Classificação das espécies ... 8

1.4. Potencial estratégico ... 9

2. Políticas florestais ... 11

2.1. Estratégias para a floresta em Portugal ... 11

2.2. Evolução da legislação portuguesa relativa ao eucalipto ... 12

2.3. Regime Jurídico aplicável às ações de arborização e rearborização ... 17

3. Que futuro para a floresta em Portugal... 17

3.1. Árvores geneticamente modificadas ... 19

3.2. As alterações climáticas... 21

3.3. Fogos florestais ... 26

II. A PRODUÇÃO FLORESTAL DE EUCALIPTOS ... 30

1. O género eucalytpus ... 30

1.1. Evolução e crescimento ... 35

1.2. Pragas e proteção das plantações ... 39

1.3. Os críticos versus os estudos científicos ... 42

2. Certificação ... 44

III. OS ATORES ENVOLVIDOS ... 48

1. Objetivos ... 48

2. O juízo dos atores ... 48

IV. CASO DE ESTUDO: A PLANTAÇÃO DE EUCALIPTOS NO CONCELHO DE TORRES VEDRAS ... 66

1. Caraterização do concelho ... 66

(8)

3. Evolução da área florestada ... 69

4. As alterações recentes do uso do solo: causas e consequências ... 73

5. Relevância do eucalipto para o concelho ... 75

CONCLUSÃO ... 83

(9)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de parcelas do Cadastro Geométrico de Torres Vedras (área

da Serra da Cabreira). ... 7

Figura 2 - Destino final (Mercado Interno e Exportação) da pasta, de papel, cartão e seus artigos, (2013) ... 9

Figura 3 - Comércio internacional de bens: saldo da balança comercial por grupo de produtos em 2011/2012/2013 ... 10

Figura 4 - Saldo da Balança Comercial para a madeira e cortiça e pastas celulósicas e papel, em 2011/2012/2013. ... 11

Figura 5 - Crescimento de um eucalipto “convencional”. ... 20

Figura 6- Crescimento de um eucalipto “transgénico”. ... 20

Figura 7 - Interferências antropogénicas e seus efeitos cumulativos ... 23

Figura 8 - Gráfico com número de ocorrências e área ardida no período de 2001 a 2010 em Portugal ... 28

Figura 9 - Mapa da área ardida em Portugal Continental em 1975-2006 ... 28

Figura 10 - Mapa da distribuição espacial de eucaliptos em 2006. ... 33

Figura 11 – Mapa com a distribuição do eucalipto em Portugal Continental em 2013. ... 36

Figura 12 - Mapa da aptidão/potencial de produção do eucalipto em Portugal Continental. ... 36

Figura 13 - Ilustração com os diferentes ataques a que o eucalipto está sujeito. ... 40

Figura 14 - Perda de volume utilizável de madeira vs. desfolha da árvore em (%). ... 41

Figura 15 – Concelhos com maior número de ataques de gorgulho do eucalipto. ... 42

Figura 16 - Mapa da área de floresta certificada pela Global FSC: por região em 2014. ... 45

(10)

Figura 17 – Gráfico com proporção de área certificada (FSC) por direito de

propriedade: no mundo em 2014. ... 47

Figura 18 – Gráfico com proporção de área certificada (FSC) por entidade que a gere: no mundo em 2014. ... 47

Figura 19 - Mapa do concelho de Torres Vedras e respetivas freguesias. ... 66

Figura 20 - Mapa com a localização das fábricas de papel e o concelho de Torres Vedras. ... 68

Figura 21 - Mapa de usos do solo no concelho de Torres Vedras em 2007. ... 74

Figura 22 - Mapa dos povoamentos florestais do concelho de Torres Vedras em 2007. ... 78

Figura 23 – Mapa das mutações registadas de 1995 para 2012. ... 80

Figura 24 - Mapa com as mutações registadas de 1995 para 2012. ... 81

(11)

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação taxonómica para o eucalipto ... 30 Tabela 2 - Evolução da área de eucalipto em Portugal Continental. ... 34 Tabela 3 - Técnicas de mobilização do solo. ... 44 Tabela 4 – Áreas de ocupação por espécie, das empresas associadas da CELPA (ha) ... 54 Tabela 5 - Situação dos maciços florestais e ordem de importância em Torres Vedras em 1952 ... 70 Tabela 6 - Volumes de produção de eucalipto em 1952. ... 76 Tabela 7 - Distribuição de espécies florestais, concelho de Torres Vedras (2013). ... 77 Tabela 8 - Evolução da ocupação no concelho em 1995 e 2012. ... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS

AGFR - Associação para uma Gestão Florestal Responsável (FSC Portugal) APAS Floresta - Associação de Produtores Florestais

CELPA- Associação da Indústria Papeleira CMTV – Camara Municipal de Torres Vedras

CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

DGADR – Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural DL – Decreto-Lei

ENEI - Estratégia Nacional de Especialização Inteligente 2014-2020 ENF - Estratégia Nacional para as Florestas

FAO- Food and Agriculture Organization FSC - Forest Stewardship Council ® GEE- Gases com Efeitos de Estufa GET - Genetically Engineered Tree IAeF - Inquérito Agrícola e Florestal

ICNF – Instituto Conservação Natureza e Florestas IFN – Inventário Florestal Nacional

IOPI - International Organization for Plant Information IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change ISA - Instituto Superior de Agronomia

LPN – Liga para a Proteção da Natureza

OGM - Organismos Geneticamente Modificados ONG – Organização Não Governamental

OPF - Organização de Produtores Florestais PIB – Produto Interno Bruto

(13)

RAN – Reserva Agrícola Nacional

RJAAR – Regime Jurídico Aplicável às Ações de Arborização e Rearborização SIMPLOT - Regional Forest SIMulator Based on Forest Inventory PLOTS SIP – Sistema Nacional de Identificação de Parcelas

WHO - World Health Organization ZIF - Zonas de Intervenção Florestal

(14)

INTRODUÇÃO

1. Escolha do tema (Hipótese)

A floresta em Portugal, constitui, desde o final do século passado, o uso do solo como maior expressividade. As recentes mutações encontram-se associadas ao abandono das terras e, sobretudo, aos incêndios que, ao longo das últimas décadas, têm assolado o território Português. Importa, por isso, perceber que tipo de espécies sofreram perdas e as que registam um maior aumento.

Dos dados atualmente conhecidos, relativos à floresta, Portugal apresenta um aumento da área de eucalipto comparativamente com décadas anteriores. Esta evolução da área de eucalipto terá repercussões ao nível económico vs. ambiental?

2. Questão de partida e objetivos

Que tipo de conclusões se pode retirar da evolução e das políticas tomadas ao longo dos últimos anos? Qual a importância da floresta em Portugal, em particular o género eucalipto? Quais as repercussões das políticas florestais no concelho de Torres Vedras?

O trabalho tem como principais objetivos:

 Fazer uma síntese da evolução da floresta ao longo do século XX, em Portugal, com especial foco para o eucalipto;

 Compreender as diferentes posições dos vários atores intervenientes na floresta relativamente às plantações de eucalipto, nomeadamente a do legislador, ao longo dos anos, e as várias transformações que foram surgindo;

 Conhecer a importância do setor da floresta, em especial do eucalipto, para a economia portuguesa, identificando as principais repercussões a nível local e a utilidade desta espécie, destacando os produtos que têm como matéria-prima o eucalipto;

 Inventariar os principais aspetos ecológicos associados à monocultura do eucalipto;

 Compreender as dinâmicas de uso do solo no concelho de Torres Vedras, com especial relevância para o eucalipto;

(15)

 Aferir qual a relevância de existir informação cadastral atualizada, sobre cada prédio florestado, no contexto da gestão e planeamento do setor.

3. Metodologia e estrutura da dissertação

O processo de estudo e desenvolvimento deste trabalho científico assenta em três grandes premissas: i) recolha de informação através da consulta e pesquisa de fontes primárias e secundárias; ii) seleção e tratamento de dados estatísticos relevantes para o tema; iii) entrevistas aos principais atores do setor e respetivo tratamento dos resultados (COUTINHO, 2011).

Neste trabalho pretende-se realizar uma pesquisa de obras publicadas sobre esta temática, através de uma exaustiva consulta bibliográfica, análise documental e consulta de legislação, bem como, o lançamento de questionários aos atores envolvidos.

Para o estudo de caso foi utilizada cartografia existente e ortofotomapas que, apoiados por ferramentas de Informação Geográfica em conjunto com os dados estatísticos, permitirão avaliar a evolução dos territórios e das espécies florestais ao longo da última década.

A dissertação encontra-se estruturada em três partes: I. Enquadramento teórico;

II. A produção florestal de eucaliptos;

(16)

I.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. Síntese da evolução recente da floresta em Portugal

A floresta em Portugal continental tem visto a sua área de ocupação aumentar ao longo das últimas décadas. Segundo MENDES (2001), entre 1867 e 1995 a área de floresta, cresceu 14% para 38% de ocupação do território, sendo 1995 o ano em que a área de Floresta passou a ser superior à área Agrícola.

Os dados relativos à evolução da área de floresta em Portugal são sobretudo conseguidos com recursos aos inventários florestais disponibilizados pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

De acordo com o 6º Inventário Florestal Nacional (ICNF, 2013) a floresta é o uso do solo, com maior área de cultivo (35%), repartida por 746 mil hectares de eucalipto, 672 mil hectares de pinheiro bravo, 717 mil hectares de sobreiro e 326 mil hectares de azinheira. Os restantes usos do solo repartem-se por Matos e Pastagens (32%), a Agricultura (24%), as Áreas Urbanas (5%), Águas Interiores (2%) e Improdutivos (2%). Porém, esta distribuição tem vindo a alterar-se ao longo dos anos. Registou-se uma perda de área de Floresta e um aumento das áreas de Matos e Pastagens e do Solo Urbano. A dimensão da área florestal em relação aos restantes usos e o seu interesse económico evidencia a sua importância e a necessidade da existência de políticas sólidas que permitam gerir eficazmente este recurso.

No conjunto da área florestada, entre 1995 e 2010, o eucalipto apresenta um aumento de 13%, tendo sido o Pinheiro-Bravo a espécie com a maior perda, cerca de 70 mil ha (1995), contribuindo assim para o crescimento da área de eucalipto. Com a aplicação do novo regime jurídico (D.L. n.º96/2013) foram autorizados ou comunicados para florestação cerca de 25 mil hectares, dos quais 44% relativos a plantações de eucalipto e 31% de sobreiros (6º Inventário Florestal Nacional – ICNF, 2013).

A floresta tem sido utilizada, à escala global, principalmente como uma fonte de matéria‐prima para a indústria transformadora e também para usos energéticos (biomassa para aquecimento e produção de eletricidade). A Conferência das Nações Unidas RIO’92 marcou uma mudança do paradigma na perceção pelos Governos e pela Sociedade, sobretudo nos países desenvolvidos, do papel da floresta no contributo para a solução de importantes questões ambientais e sociais (alterações climáticas, biodiversidade, conservação do solo e da água, emprego e distribuição mais equitativa

(17)

dos rendimentos da floresta). Em Portugal, esta nova visão começou a ganhar expressão através da elaboração do Relatório Síntese Estudo de Avaliação da Implementação da Estratégia Nacional para as Florestas (ENF) de 15 de Setembro de 2006 (Resolução do Conselho de Ministros n.º 114/2006 com atualização dada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 6-B/2015 - Diário da República n.º 24/2015, 1º Suplemento, Série I de 2015-02-04).

Segundo dados da FAO, Portugal foi o único país da Europa com uma redução da área de floresta nas últimas décadas, e onde a tendência foi para o abandono do espaço rural, como é referido no Global Forest Resources Assessment 2015: How are the

world’s forests changing da FAO.

Os dados preliminares do 6º Inventário Florestal Nacional, da responsabilidade do ICNF, indicam que entre 1995 e 2010, se perdeu 12% de área agrícola, o equivalente a 293 mil hectares, e 5% de área floresta, cerca 150 mil hectares, favorecendo a área de matos/improdutivos que aumentou 11%, representando 302 mil hectares e de 35% da área humanizada, com 110 mil hectares.

1.1. Caraterização do setor

O setor florestal em Portugal tem um papel estratégico no desenvolvimento da economia portuguesa. A Estratégia Nacional de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente 2014-2020 (ENEI)1 aponta cinco grandes áreas em relação à floresta:

 Enquanto espaço multifuncional, de elevado valor económico, quer na sua dimensão comercial quer nos serviços ambientais que presta, ou ainda através da valorização da paisagem e das atividades de recreio;

 A importância que tem no Produto Interno Bruto (PIB) português;

 O volume de exportações é sobretudo apoiado na venda de produtos de valor acrescentado como o papel e cartão, rolhas de cortiça, revestimentos, painéis de madeira, castanha, pinhão, alfarroba, etc.;

1Consultado em 17 Setembro de 2015, disponível em:

(18)

 A contribuição para Estratégia Europa 2020, no que respeita a redução dos gases de efeito de estufa, aumento de recurso às energias renováveis, aumento da eficiência energética, contribuindo para a fixação do CO2 e para a produção de oxigénio, sendo uma fonte de biomassa e um recurso energético alternativo;  A criação de emprego e de polos dinamizadores da economia local e regional. O ENEI indica, ainda, que existe um grande fator de dinamismo e empreendedorismo no setor, com investimentos diversificados, modernos, inovadores, e capazes de responder aos novos desafios que o mercado global impõe. Porém, tem sido registado um desinvestimento ao nível da produção silvícola, nomeadamente na produção de matérias-primas (madeira, cortiça, resina, castanha, pinhões, alfarroba, etc.) para as indústrias da transformação.

O setor necessita de mecanismos que mitiguem a degradação do espaço florestal e promovam o crescimento dos produtos silvícolas, apostando em métodos de melhoramento de produtividade dos povoamentos florestais (atualmente muito degradados), com iniciativas de projetos de investigação e desenvolvimento que devem ser apoiados e promovidos.

1.2. Potencial de rentabilização versus cadastro dos prédios rústicos

A atual conjuntura económica e as políticas dos sucessivos governos raramente têm incidido sobre questões ligadas ao levantamento dos limites das propriedades, nomeadamente a um cadastro da propriedade rústica atualizado. Este constrangimento tem contribuído para o atual estado da floresta, em que muitos dos proprietários dos prédios rústicos não conhecem os verdadeiros limites das suas propriedades e, em muitos casos, nem a sua localização aproximada. A dificuldade de gerir uma floresta nestas condições é enorme, isto porque nem sempre é fácil a obtenção de dados sobre os verdadeiros proprietários dos prédios.

A agravar estes fatores acresce a frequente pouca vontade dos proprietários em realizar uma gestão ativa da sua propriedade florestal devido à dimensão dos investimentos que têm de ser feitos ou ainda às dificuldades de obtenção de crédito. As condições do crédito, com taxas de juro incomportáveis para os investidores, são na maioria dos casos, fatores que desincentivam o investimento.

(19)

Estes fatores condicionam a capacidade de investimento na arborização, na gestão ativa e profissional da floresta que é maioritariamente privada. Cerca de 89% da floresta portuguesa encontra-se sob domínio dos privados, o que representa cerca de 400 mil proprietários (EAIENF2, 2012).

Em 2005, foram tomadas medidas que de alguma forma tentaram incentivar os proprietários de prédios florestais (com área superior 7,5 ha), a realizarem ou atualizarem os seus registos com uma redução dos emolumentos por um período de dois anos (Decreto-Lei n.º 136/2005, de 17 de Agosto, prorrogado através do Decreto-Lei n.º 364/2007, de 2 de Novembro).

A produção do cadastro florestal é a maior necessidade sentida pela autoridade que gere a floresta em Portugal. Este facto possibilitará a adoção de medidas para a melhoria da gestão florestal do território.

Em inúmeros momentos da história foram elaboradas estratégias para a execução do cadastro, a nível nacional. Quando da aprovação do SINERGIC3, em 2006, pensou-se que este poderia ser o início da existência de informação cadastral para os prédios florestais, no entanto, foram perdidas todas as expetativas devido aos obstáculos que foram surgindo. Posteriormente, foram tomadas medidas de participação e dinamização do processo que tinha o envolvimento das entidades gestoras de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e das Organizações de Produtores Florestais (OPF).

O Decreto‐Lei n.º 265/2011, de 16 de Maio, previa a elaboração de um projeto-piloto de cadastro florestal, com a participação de três ZIF (Ponte de Lima, Alcofra e Penedos) e que seria realizado no SINERGIC ao abrigo de um regime experimental (nos termos da Portaria n.º 234/2011, de 15 de Junho). (EAIENF, 2012)

A totalidade do concelho de Torres Vedras encontra-se coberto por cadastro, como demonstra a Figura 1.

2 Estudo de Avaliação da Implementação da Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), 2012.

3 Sistema Nacional de Exploração e Gestão de Informação Cadastral (SINERGIC) – Resolução de

(20)

Figura 1 – Exemplo de parcelas do Cadastro Geométrico de Torres Vedras (área da Serra da Cabreira).

Fonte: Câmara Municipal de Torres Vedras, 2013.

Parcelário Agrícola

O Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural possui um sistema de base de dados georreferenciados, apelidado de parcelário agrícola ou Sistema de Identificação de Parcelas (SIP). Esta base de dados permite guardar toda a informação relativa a parcelas exploradas em agricultura ou floresta, tais como, o nome do explorador (proprietário, arrendatário, ou outro), o número de identificação fiscal e atividade desenvolvida na parcela. O SIP foi criado para que cada elemento da parcela (s) agrícola (s) possua um número único de identificação, por forma a facilitar a gestão ao nível das atribuições de ajudas comunitárias. A razão para a existência de uma base de dados geográfica deste tipo prende-se sobretudo com exigências europeias ao nível da atribuição de subsídios. (DGADR4, 2015)

4 Guia de Explorações Agrícolas DGADR 2015 disponível em

(21)

1.3. Classificação das espécies

De acordo com Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF)5, as espécies arbóreas florestais são classificadas, de acordo com a legislação portuguesa, da seguinte forma:

• Espécies indígenas: utilização sem restrições legais, com exceção das decorrentes de planos de gestão florestal, de planos de ordenamento de áreas protegidas e de outros planos especiais;

• Espécies não indígenas já introduzidas:

 Naturalizadas não invasoras: utilização sem restrições legais, com exceção das decorrentes de planos de gestão florestal, de planos de ordenamento de áreas protegidas e de outros planos especiais;

 Naturalizadas invasoras: utilização proibida em ações de arborização ou rearborização;

 Com interesse para a arborização: utilização sem restrições legais, para além das já referidas relativamente às espécies “naturalizadas”;  Outras espécies: utilização proibida, com exceção de casos despachados

favoravelmente pelo Governo da República;

• Espécies não indígenas não introduzidas: utilização proibida, com exceção de casos despachados favoravelmente pelo Governo da República.

Segundo o artigo 1º e Anexo I do Decreto-Lei nº 565/99 de 12 Dezembro, o eucalipto globulus é classificado com sendo uma espécie indígena introduzida, do tipo folhosa. Em espaços silvestres, parques florestais, grandes parques urbanos e arborizações especiais, esta espécie é considerada do tipo predominantes, ou seja, é uma espécie que forma extensos povoamentos distribuídos ao longo do país.

5 http://www.icnf.pt/portal/florestas/gf/prdflo/resource/doc/sp-arb-flor-PT-cont, consultado em

(22)

1.4. Potencial estratégico

A floresta em Portugal é um dos setores da economia que apresenta um desenvolvimento crescente ao longo da última década. A sua importância ultrapassa as necessidades de consumo nacional, contribuindo para o aumento das exportações e equilíbrio da balança comercial portuguesa (Figura 2).

Figura 2 - Destino final (Mercado Interno e Exportação) da pasta, de papel, cartão e seus artigos, (2013)

Fonte: INE, Estatísticas da Produção Industrial, 2013

O gráfico da Figura 2 revela que apesar de ser expressivo o valor das exportações, o setor nacional continua a ser o maior consumidor deste tipo de produtos.

Economia e emprego

Em 2013, as indústrias ligadas ao eucalipto tiveram um papel de destaque ao nível económico, social e ambiental. Segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), este setor económico é responsável pela manutenção de cerca de 3000 empregos e gestão de 208 mil hectares de floresta certificada, e pela transformação de 7,5 milhões de m³ de madeira, representando 5% do valor total das exportações nacionais. Portugal é o terceiro maior produtor europeu de pastas químicas e o maior produtor europeu de papel fino não revestido de impressão e escrita (Grupo de trabalho ICNF, 2013) 6.

O gráfico da Figura 3 reflete a relevância global do setor na balança comercial portuguesa. Os grupos de produtos das Madeiras e Cortiças e Pastas Celulósicas e Papel apresentam valores positivos que evidenciam a importância das exportações que este setor tem e o seu contributo para a balança comercial.

6 Consultado em 17 Setembro de 2015, disponível em:

http://www.icnf.pt/portal/florestas/prag- doe/resource/doc/gorgulho-eucalipto/apresentacao-16abr2015/01-Gorgulho-eucalipto-para-distribuicao-exterior-20jan2015.pdf

(23)

A manter-se o ritmo de consumo deste tipo de matérias-primas, a aposta neste setor é seguramente positiva do ponto vista económico. Os recentes desenvolvimentos tecnológicos com a alteração dos hábitos relativos às impressões de documentos em papel tornam “o digital” numa potencial ameaça ao crescimento deste setor. Este é um desafio que deve ser entendido tendo em consideração a necessidade de reduzir consumos e proteger o ambiente.

Contudo, segundo o Relatório da Food and Agriculture Organization (FAO) “State

of the World Forests”, prevê-se um o aumento da procura de madeira como fonte de

energia renovável, originado pelas medidas lançadas por alguns governos de promoção deste tipo de energias. Apesar de ser uma fonte de energia renovável não é ambientalmente sustentável, porque obriga ao corte intensivo de árvores e contribuiu para o aumento de gases com efeitos de estufa (GEE) na atmosfera.

Agrícolas Alimentares Combustíveis minerais Químicos Plásticos e borrachas Peles e couros Madeira e cortiça Pastas celulósicas e papel Matérias têxteis Vestuário Calçado Minerais e minérios Metais comuns Máquinas e aparelhos

Veículos e outro material de transporte

Ótica e precisão Outros produtos

2011 2012 2013

Figura 3 - Comércio internacional de bens: saldo da balança comercial por grupo de produtos em 2011/2012/2013

(24)

No caso das Pastas Celulósicas e Papel e das Madeiras e Cortiça, a tendência crescente de saldo positivo da balança comercial, demonstra que esta é uma área de negócios com potencial de crescimento (Figura 4).

Figura 4 - Saldo da Balança Comercial para a madeira e cortiça e pastas celulósicas e papel, em 2011/2012/2013.

Fonte dos dados: INE, Estatísticas do Comércio Internacional, 2013

No geral, destacamos o ano de 2011 comparativamente com 2012 e 2013 onde o aumento expressivo dos valores de pasta celulósicas e papel na balança comercial foi considerável. No setor das madeiras e cortiça, merce apenas destaque os anos de 2011 e 2012, comparativamente, onde o aumento foi mais acentuado.

2. Políticas florestais

2.1. Estratégias para a floresta em Portugal

As políticas florestais são essenciais para a definição e estruturação de medidas capazes de gerar riqueza para os territórios bem como para as suas populações. Em 2006 foi definido, o documento estratégico de orientação e de planos de ação públicos e privados para o setor florestal em Portugal, a Estratégia Nacional para as Florestas (ENF) aprovada pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 114/2006, de 15 Setembro.

(25)

Em 2010, após a avaliação realizada a este documento foram indicados um conjunto de alterações de contexto que justificaram a sua atualização, nas quais sobressaem a definição de uma nova Estratégia Florestal para a União Europeia, o conhecimento de novos dados sobre o estado dos recursos florestais (resultados dos 5.º e 6.º IFN do ICNF), e ainda as modificações de caráter económico-financeiro, causados pelo esforço de ajustamento da economia nacional no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal em 2011.

A ENF tem uma abordagem global, o que permite a criação de medidas para o território nacional, contrariamente aos planos regionais de ordenamento florestal (PROF), que, em atual fase de revisão poderão concretizar estas medidas a uma escala regional.

A estratégia foi pensada para dois grandes cenários possíveis, o primeiro com uma evolução mínima e o segundo com uma evolução máxima da área florestal no território continental português. O método de avaliação, de cada um destes cenários, é feito com base na correspondência de hipóteses de diferentes variáveis: i) área ardida; ii) regeneração pós fogo; iii) esforço de (re)arborização e iv) controle de pragas/declínio.

2.2. Evolução da legislação portuguesa relativa ao eucalipto

Durante a primeira metade do século XX, que coincidiu com a pouca procura de pasta de papel, a produção de legislação relativa ao eucalipto é exígua. A partir dos anos 60, essa procura aumentou, aumentando também a área associada ao cultivo do eucalipto, que conduziu ao aparecimento de novas unidades de produção de pasta de papel. Esta realidade criou a necessidade de um enquadramento legal que teve a sua maior expressão a partir dos anos 80, prolongando-se pelas primeira e segunda década do século XXI.

No caso específico das leis aplicadas ao eucalipto é possível perceber que ao longo das últimas décadas a legislação portuguesa mudou consideravelmente o seu paradigma. Passou-se de um momento de restrição e preocupação ambiental para um “período de aceitação” da espécie, geradora de controvérsia entre cientistas e investigadores.

Importa, por isso, ter em consideração a evolução da legislação portuguesa, relativa ao eucalipto de que destacamos os seguintes conteúdos das peças legislativas referentes a este tópico:

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 Lei n.º 1:951, 09.03.1937 (Ministério da Agricultura)

Em 1937 é estabelecido através desta Lei as bases para a proibição da plantação ou sementeira de eucaliptos ou de acácias a menos de 20m de distância de terrenos cultivados e a menos de 40m de nascentes, terras de cultura e regadio, muros e prédios urbanos.

Esta Lei não apresenta distinção entre os eucaliptos e acácias, o que merece grande destaque relativamente à Lei atual que considera a acácia com uma espécie invasora.

 Decreto-Lei n.º 28039, 14.09.1937

Este Decreto-Lei associado à Lei n.º 1:951, proíbe, ainda que com exceções, a plantação ou sementeira de eucaliptos, acácias (mimosas) e de ailantos a menos de 20 metros de terrenos cultivados e a menos de 30 metros de nascentes, terras de cultura de regadio, muros e prédios urbanos.

 Decreto n.º 28040, 14.09.1937

Regula o arrancamento das plantações ou sementeiras feitas contra as disposições da Lei n.º 1:951, alterada pelo Decreto-Lei n.º 28039.

 Portaria nº 614/84, de 18 de Agosto

Sujeita ao regime especial de preços das pastas celulósicas de eucalipto e de pinho vendidas no mercado interno.

 Portaria nº 831/85, de 2 de Novembro

Revoga a Portaria nº 614/84, de 18 de Agosto, que sujeita ao regime especial de preços das pastas celulósicas de eucalipto e de pinho vendidas no mercado interno.

 Decreto-Lei nº 170/88, de 14 de Maio

Impõe determinadas medidas provisórias de proteção fitossanitária a árvores (eucalipto) e madeiras, em obediência a diretivas comunitárias.

 Decreto-Lei n.º 173/88 de 17 de Maio

A subexploração7 dos recursos florestais levou a que em 1988 tivessem sido estabelecidas normativas que precaviam a sustentabilidade da floresta ao nível do corte

7 Decreto-Lei n.º173/88 de 17 de Maio.

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prematuro de árvores. O Decreto-Lei n.º 173/88 de 17 de Maio apontava em concreto os povoamentos de pinho e eucalipto como os mais sugestíveis a este fenómeno tão grave para a sustentabilidade da floresta portuguesa, na medida em que limita a produção, em especial os explorados em talhadia, onde as consequências de perda de produtividade nas rotações são visíveis logo após a 1ª rotação. Este documento impõe um pedido de autorização para os cortes finais de povoamentos florestais de pinheiro-bravo em que pelo menos 75% das suas árvores não tenham um diâmetro à altura do peito igual ou superior a 17 cm ou um perímetro à altura do peito igual ou superior a 53 cm. Este procedimento é também aplicável nos povoamentos florestais de eucalipto em que pelo menos 75% das suas árvores não tenham um diâmetro à altura do peito igual ou superior a 12 cm ou um perímetro à altura do peito igual ou superior a 37,5 cm. Estes procedimentos são válidos para áreas superiores a 2ha (pinheiro-bravo) e 1 ha (eucalipto).

 Decreto-Lei n.º 174/88 de 17 de Maio

Em 1988 já se preconizava a ideia de obtenção de dados reais relativos à exploração das áreas florestais em Portugal. Assim, e conforme o estabelecido anteriormente, no Decreto-Lei 174/88, os proprietários que pretendessem realizar o corte ou arranque de árvores florestais com objetivo de venda ou autoconsumo para transformação industrial estavam sujeitos a uma declaração obrigatória que demonstrava essa intensão. Esta declaração era válida para efeito de corte, desbaste ou corte extraordinário, sendo que não cumprimento envolvia o pagamento de coimas estabelecidas neste documento.

 Decreto-Lei n.º 175/88 de 17 de Maio

Estabelece o condicionamento da arborização com espécies florestais de rápido crescimento associado à Portaria n.º 513/89 de 06 de julho, que determina os concelhos onde se aplica o disposto no n.º 1 do artigo 5.º do DL acima indicado. Este artigo determina a necessidade de autorização prévia da entidade reguladora da floresta, nos casos em que se verifique um desenvolvimento espacial de povoamentos de espécies de rápido crescimento exploradas em revoluções curtas, que exceda 25% da superfície, de um município. Condiciona a autorização as ações de arborização com recurso a espécies florestais de rápido crescimento (Eucalyptus; Populus; Acácia) exploradas em revoluções curtas que envolvam áreas superiores a 50 ha.

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 Portaria nº 512/89, de 6 de Julho

Estabelece as condições a que ficam sujeitas as ajudas referidas no nº 10º da Portaria nº 570/88, de 20 de Agosto quando se trate de plantações de eucalipto explorado em revoluções curtas, inferiores a quinze anos.

 Portaria n.º 513/89 de 6 Junho

No final da década de 80 foram aprovadas leis que de alguma forma tentaram controlar o uso de espécies florestais de rápido crescimento em Portugal. A regulamentação aprovada para esta matéria foi em tal número, que apenas se poderá explicar pelo aumento significativo das áreas com espécies de rápido crescimento ao longo dos anos antecedentes. No enquadramento do Decreto-Lei n.º175/88 de 17 de Maio, que condiciona a autorização de com recurso a espécies florestais de rápido crescimento (áreas> 50ha), surge a Portaria n.º513/89 de 6 Junho. Esta estabelece e indica os concelhos em que a ocupação do solo com espécies florestais deste tipo, exploradas em revoluções curtas, abrange uma área superior a 25% da área total do concelho, ficando esses sujeitos a outro tipo de regulamentação. Foram identificados 27 concelhos, de todo o país, onde consta o município de Torres Vedras que mais adiante será alvo de desenvolvimento.

 Portaria n.º 528/89 de 11 Julho

Em 1989, a Portaria n.º528/89 de 1 Julho estabelece no artigo 2º algumas interdições para o eucalyptus globulus. Na alínea a), deste mesmo artigo, é dito que todas as ações de florestação, realizadas com recurso a subsídios, que usem esta espécie não podem ser utilizados em áreas previamente definidas como sendo de menor potencialidade para a espécie. Nestas áreas, onde os riscos de insucesso são maiores, a sua utilização encontra-se condicionada a 60% da área útil de arborização, devendo à restante área serem atribuídas espécies tradicionais da região. Este documento define ainda que os interessados em utilizar esta espécie em áreas com restrição definida devem provar junto da autoridade das florestas a viabilidade do seu projeto. Estabelece as condições a que ficam sujeitas as ações de florestação e reflorestação com recurso a espécies florestais de rápido crescimento, bem como a elaboração e análise dos respetivos projetos, no âmbito do estabelecido pelo Decreto-Lei nº 175/88, de 17 de Maio.

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 Portaria nº 977/95, de 12 de Agosto

Aprova o regulamento da admissão de material de base e da comercialização de material de reprodução de eucalipto (Eucalytus Globulus Labill).

 Portaria nº 80/98, de 19 de Fevereiro

Dá nova redação ao nº 5 da alínea A) da parte I do anexo ao regulamento da admissão de material de base e da comercialização de material de reprodução de eucalipto (Eucalyptus Globulus Labill).

 Decreto-Lei nº 306/2003, de 9 de Dezembro

Cria uma linha de crédito com bonificação de juros para financiamento de aquisição, armazenagem e preservação da madeira de pinho e eucalipto afetada pelos incêndios ocorridos em Julho, Agosto e Setembro de 2003, nos distritos abrangidos pela declaração da situação de calamidade pública.

 Despacho Normativo nº 13/2004, de 4 de Março

Cria uma linha de crédito bonificado destinado à aquisição, armazenagem e preservação da madeira de pinho e de eucalipto afetada pelos incêndios ocorridos em Julho, Agosto e Setembro de 2003.

 Decreto-Lei n.º 96/2013, de 19 de julho

Estabelece o regime jurídico aplicável às ações de arborização e rearborização, com recurso a espécies florestais, no território continental. Este Decreto-Lei aplica-se às ações de arborização e rearborização, independentemente da área intervencionada, das espécies envolvidas ou da qualidade e natureza do interessado na intervenção, sem prejuízo no disposto na Lei n.º 159/99, de 14 de setembro. Com exceções para as ações de arborização e rearborização: a)para fins exclusivamente agrícolas; b)enquadradas em operações urbanísticas sujeitas a controlo prévio e em infraestruturas rodoviárias; c)que por si só ou por contínuo com as plantações já existentes, não configurem povoamento florestal.

(30)

2.3. Regime Jurídico aplicável às ações de arborização e

rearborização

O Regime Jurídico Aplicável às Ações de Arborização e Rearborização8 (RJAAR) estabelece os trâmites legais sobre os quais as ações de arborização e rearborização, com recurso a espécies florestais, se regem, no território continental.

A introdução do RJAAR traduz-se numa importante forma de obtenção de dados sobre o tipo de espécies que estão a ser utilizadas nos povoamentos florestais, sendo essencial no futuro, para a adoção de medidas e tomada de decisões. Este regime jurídico carateriza-se por ser mais acessível para silvicultores e entidades públicas na obtenção e atribuição de pedidos de comunicação ou autorização para a realizar ações de arborização e rearborização com espécies florestais.

A informação florestal antes e depois da aplicação deste regime jurídico permite constatar tendências de escolhas das espécies plantadas, propondo políticas a adotar para garantir a sustentabilidade da floresta.

Segundo dados estatísticos do RJAAR, a percentagem de área ocupada por eucalipto e por sobreiro é semelhante. Esta tendência releva que a espécie a produzir depende, sobretudo, do modelo de financiamento utilizado. O eucalipto apresenta especial preferência pelos investidores privados, sem quaisquer programas de apoio, contrariamente ao sobreiro e ao pinheiro-manso que são espécies beneficiárias de programas de apoio comunitário.

Após a entrada em vigor do RJAAR, a percentagem de autorizações que envolve a alteração de espécie foi de 21%, sendo que destes, 17% correspondem a uma mudança para a espécie eucalipto. Este aspeto reflete uma perda da área de pinheiro-bravo de cerca de 1200 ha (ICNF, 2014).

3. Que futuro para a floresta em Portugal

A floresta é atualmente um dos usos do solo mais evidentes ao longo de todo o território português, contrariamente ao que se passou nos últimos cem anos, onde o fenómeno da desarborização era claramente um problema. De acordo com PEREIRA

8 Decreto-Lei n.º 96/2013, de 19 de julho.

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(2014), o processo de reflorestação desenvolveu-se em simultâneo com o abandono da agricultura e a industrialização.

Presentemente, a floresta tem sido vista como um espaço de potencial produtivo não só pelas caraterísticas edafoclimáticas, existentes no território português, mas também pela unicidade dos seus produtos, como é o caso da cortiça. Não obstante, este facto, a floresta apresenta-se como uma fonte importante de sustentabilidade para os ecossistemas naturais pois garante a manutenção e preservação da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos, a regulação do clima, fundamentais no combate à desertificação, e ainda o potencial cinegético e lúdico.

As políticas florestais assumem um papel determinante no ordenamento do território e apresentam-se como uma garantia, a título de futuro, de preservação do espaço florestal. As incertezas relativas ao futuro são imensas sobretudo pela existência de fatores, como o clima, que merece especial consideração e atenção. Segundo PEREIRA (2014) no contexto dos cenários atuais das alterações globais, a floresta encontra-se ameaçada por:

 Alterações do clima (Aquecimento da atmosfera extremos; eventos meteorológico extremos: tempestades; maior risco de incêndios);

 Maior pressão para intensificação da silvicultura (devido às necessidades criadas pelo aumento demográfico – previsto pela FAO até 2050);

 Maior suscetibilidade de ataques de organismos patogénicos e insetos exóticos. O número de diferentes espécies presentes na floresta portuguesa é atualmente um fator de fragilidade, dado que a diversidade de espécies é muito reduzida. Tal como é referido por PEREIRA (2014), a área florestal em Portugal continental encontra-se concentrada em apenas três espécies distintas (eucalipto, pinheiro-bravo e sobreiro) que ocupam, no seu conjunto, cerca de 70% de área florestal. Esta composição de espécies é um fator preocupante, pois numa situação adversa para uma destas espécies o impacto no território seria devastador.

PEREIRA (2014) aponta que “no futuro próximo a discussão e o impacto da legislação restritiva que limita a área de expansão do eucalipto vão predominar”.

(32)

3.1.

Árvores geneticamente modificadas

O uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) é um tópico que suscita sempre alguma discussão. Os OGM estão sobretudo ligados aos produtos agrícolas, onde o seu uso começa a ter agora alguma expressividade um pouco por todo o mundo.

Segundo DILNER et al. (1969), as primeiras atividades de melhoramento da espécie

eucalytus globulus, em Portugal, tiveram lugar muito cedo, em 1966, com empresas

como a celulose Billerud e a Celbi. Estes estudos e a busca contínua pela melhoria desta espécie surgem com a necessidade de garantir maiores volumes de matéria-prima essenciais para a produção de pasta de papel. Este objetivo é claramente assumido anos mais tarde, nas décadas de 1980 e 1990, pelas empresas Portucel, Soporcel e Caima, que continuam a dedicar boa parte do seu investimento em investigação genética.

Atualmente, a biotecnologia começa a dar resultados também na área da floresta, com o surgimento da primeira Genetically Engineered Tree (GET) da espécie de eucalipto. Esta espécie, desenvolvida pela FuturaGene/Suzano9, no Brasil, foi aprovada

em São Paulo a 9 de abril de 2015, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), para uso comercial por apresentar um aumento de produtividade. Os testes efetuados pela empresa desde 2006 indicam que em diversas regiões do Brasil este eucalipto apresenta um aumento de produtividade de cerca de 20%, comparativamente com o clone convencional.

Apesar do cultivo desta espécie estar agora autorizado pela CTNBio, existe ainda um conflito de interesses com a questão da certificação de conformidade, por parte da Forest Stewardship Council® (FSC), que diz respeito às condições ambientais. Acontece porém que o Grupo Suzano tem certificação emitida pela FSC, o que demonstra um claro conflito de interesses na medida em que a produção de espécies florestais, com recurso a Genetically Engineered Trees (GET), entra em choque com os pressupostos definidos pela FSC 10, que no ponto C6.8 indica que: “Use of biological

control agents shall be documented, minimized, monitored and strictly controlled in accordance with national laws and internationally accepted scientific protocols. Use of genetically modified organisms shall be prohibited.”

9 Grupo Suzano. Disponível em: http://www.suzano.com.br/portal/grupo-suzano.htm

10 FSC Principles & Criteria. Disponível em:

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Segundo o comunicado emitido a 09 Abril de 2015 11, pela empresa de

biotecnologia, esta apresenta-se como tendo sido a pioneira na criação do eucalipto geneticamente modificado, sendo o Brasil o primeiro país que completou o ciclo de desenvolvimento desta espécie que permite mais como menos recursos. As vantagens indicadas pela empresa são inúmeras, nomeadamente ao nível do ganho de produtividade e o consequente aumento da competitividade do setor florestal (Figura 5, Figura 6).

Figura 5 - Crescimento de um eucalipto “convencional”.

Figura 6- Crescimento de um eucalipto “transgénico”.

Fonte: Suzano, 2015

O cultivo de eucalipto “transgénico” é referido como sendo uma solução para a redução do tempo de plantação da árvore, sendo a nível económico (para a indústria do papel e celulose), igualmente interessante dado que é possível ter capacidades de produção de mais 20% de celulose devido ao tronco ser significativamente mais largo. As figuras anteriores apresentam uma diminuição do tempo de plantio e colheita realizados em cada um dos cenários, com destaque para a opção “transgénica” onde para uma mesma quantidade de m³/ha o tempo é mais reduzido.

A saúde florestal encontra-se atualmente ameaçada muito por culpa da facilidade existente na circulação global de espécimes florestais e dos seus produtos e subprodutos, devida ao comércio, e fluxos humanos. As manchas florestais são por isso uma preocupação permanente, dado que os danos causados por agentes bióticos nocivos

(34)

podem por em causa a gestão florestal e tudo o que se encontra em redor (ICNF12,

2013).

3.2.

As alterações climáticas

Os cenários climáticos existentes apontam uma alteração efetiva de prosperidade, nos territórios, o que causa stress ambiental e uma tendência para a substituição de espécies por outras mais tolerantes à secura, originando migração de espécies de Sul para Norte e do Interior para o Litoral.

As projeções dos modelos climáticos para o século XXII apontam um agravamento em relação aos valores atuais. Em 2100, a projeção indica que a temperatura média global vai aumentar, na Europa, entre 2,0 C e 6,3 C, e com um aumento de frequência de fenómenos climáticos extremos: episódios mais frequentes de precipitação intensa, com períodos de seca mais frequentes e severos. (Santos, 2006). De acordo com o autor referido a região mediterrânica da Europa apresenta-se mais vulnerável às alterações climáticas do que o Centro e Norte.

A floresta apresenta um cenário menos favorável para o futuro, com uma previsão de diminuição da produtividade florestal em Portugal Continental devido ao aumento e intensidade dos períodos de secura estival. Santos (2006), refere que este cenário trará alterações a Nordeste do país, onde é possível uma manutenção da produtividade potencial, ou até mesmo um aumento, causado pelas temperaturas mais altas durante o inverno, alargando o período de crescimento. O autor prevê ainda uma alteração na distribuição dos tipos florestais dominantes, fundamentalmente a substituição das espécies com maior necessidade de água por outras mais tolerantes aos períodos de

stress hídrico. Na região Sul, as atuais condições de secura, agravadas pelos cenários

previstos, irão provocar uma diminuição dos povoamentos florestais e aumento dos matos. Na região Norte, com espécies mais adaptadas a solos com maior teor de água, poderá gradualmente haver substituição de espécies por outras com maior resistência à secura.

As alterações de temperatura e precipitação têm especial influência no aparecimento de pragas e doenças. Estas alterações condicionam o modo como vivem, reproduzem e

12 DGACPPF/DPFVAP Relatório ICNF a 19/12/2013 disponível em

(35)

se distribuem os herbívoros e patogénicos (DALE et al., 2001). As alterações climáticas poderão influenciar os organismos existentes, de forma positiva ou negativa, no entanto aqueles que se encontram atualmente em condições climáticas menos favoráveis poderão surgir no território nacional nomeadamente as regiões subtropicais (Pereira et

al., 2006).

De acordo com CHARLES DARWIN em Origin of Species, “it is not the most

intellectual of the species that survives; it is not the strongest that survives; the species that survives is the one that is able best to adapt and adjust to the changing environment in which it finds itself.” Estas mudanças fazem parte da vida, no entanto

podem ter diferentes repercussões em distintas espécies.

De acordo com PEREIRA et al. (2006) a tolerância das espécies florestais a condições climáticas adversas depende do seu potencial genético de adaptação, variando esta de espécie para espécie. A maioria das espécies florestais apresenta-se mais vulnerável no período juvenil, quando o sistema radicular ainda se encontra em fase de desenvolvimento, limitando assim a captação eficiente de água e ainda na fase de reprodução, que necessita de condições favoráveis à produção massiva da semente, contrariamente às espécies florestais adultas que apresentam maior resistência a períodos desfavoráveis, pela capacidade de reserva de água e pela dimensão das suas raízes.

O clima encontra-se relacionado com o fogo pelo controlo que exerce sobre a extensão e severidade da época de fogos e pela quantidade de biomassa combustível presente (CHANDLER et al., 1983)

Segundo TILMAN et al. (2002), a necessidade de existirem cada vez mais habitats é fundamental para garantir o funcionamento de uma dada condição ambiental. No entanto a perda de biodiversidade surge devido à fragmentação dos habitats e em consequência da diminuição do número de espécies potenciais de uma região, tornando a capacidade de ajustamento do ecossistema às novas condições mais difíceis.

A Figura 7 apresenta os processos que mais contribuem, numa escala espácio-temporal, para a destruição ou degradação dos habitats.

(36)

Figura 7 - Interferências antropogénicas e seus efeitos cumulativos Fonte: adaptado de (PEREIRA et al., 2006).

O trabalho de PEREIRA et al. (2002) aponta dois grandes problemas relativos ao fenómeno das alterações climáticas no território de Portugal:

 Os cenários climáticos apontam para o aumento do stress hídrico devido à duplicação da concentração atual de CO2 atmosférico, afetando comunidades vegetais e animais. Prevê-se um declínio na produtividade, ao nível do território, com a já referida deslocação das comunidades vegetais para norte e oeste;

 O sumidouro de carbono poderá diminuir futuramente, com o declínio generalizado da produtividade e do stock de biomassa causado pelas secas, alterações de distribuição da vegetação e aumento da frequência do número de fogos florestais. A existência de invernos mais quentes que provoquem aumentos da respiração do solo pode ainda agravar mais esta diminuição da importância do sumidouro de carbono.

As consequências das alterações climáticas na produtividade do eucalipto variam de Norte para Sul do território continental português, com perdas que podem ir até 10% no Norte Litoral, de 15% a 30% no Centro (Litoral e Interior) e 25% e 50% na Região Sul (Litoral e Interior). Na globalidade, do território português, a diminuição de

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produtividade oscilará entre 10% a 15%. Assistir-se-á a uma diminuição da área de distribuição potencial do eucalipto e pinheiro bravo com especial incidência a Sul e aumento nas áreas de altitude mais elevada (FEIO, 1989).

Ações de mitigação e adaptação às alterações climáticas em Portugal

Em 1992 com a realização da conferência RIO’92 das Nações Unidas, foi lançada a mudança de paradigma na forma como a sociedade e os governos entendiam a floresta, nomeadamente na forma de solucionar os graves problemas relativos às questões ambientais, como a conservação do solo e água, alterações climáticas e biodiversidade, que veio anos mais tarde, a servir de base à elaboração do Estudo de Avaliação e Implementação das Estratégia Nacional para as Florestas.

Atualmente as alterações climáticas constituem uma ameaça ambiental, económica e social que as sociedades em todo o mundo enfrentam, não sendo Portugal alheio a esta questão. O nosso país tem feito a sua parte relativamente a adoção de medidas de prevenção e mitigação dos efeitos das alterações climáticas na sociedade. Os dados fatuais relativos a esta matéria demonstram que mesmo que fosse conseguida a estabilização da produção de gases com efeito de estufa, seria inevitável o aquecimento e a subida do nível médio do mar ao longo dos próximos séculos. (PEREIRA et al., 2006)

O Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) aponta, no relatório divulgado em 2007, que a forma como as alterações climáticas afetam um território encontra-se diretamente associada à sua localização.

Com base nos cenários e problemáticas previstas devido às questões ligadas às alterações climáticas, foi aprovada, em 2010, a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC, 2010) 13. Esta estratégia tem como base consciencializar a sociedade portuguesa, em geral, para o fenómeno das alterações climáticas, fornecendo conhecimento científico atualizado, bem como informação sobre os impactos esperados.

A ENAAC tem como principal foco dar resposta a quatro objetivos específicos: informação e conhecimento; reduzir a vulnerabilidade e aumentar a capacidade de resposta; participar, sensibilizar e divulgar; cooperar a nível internacional.

13 A Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC) foi aprovada em Resolução de

(38)

No que respeita à floresta este documento elenca os seguintes aspetos:

 Aumento das ondas de calor e o aumento da frequência dos fogos florestais leva a um aumento do risco de saúde;

 Alteração da atividade primária e o aumento da probabilidade de incêndios florestais terá forte impacto na produção, de energia renovável, a biomassa;  Impacto nas indústrias, potencialmente afetadas pelas alterações climáticas,

com repercussões no modo como irão operar os seus negócios. A indústria de base florestal enfrentará também dificuldades nomeadamente as que produzem pasta de papel, cortiça e madeira;

 Alterações de temperatura e precipitação terão consequências sérias no que toca ao desenvolvimento do sector agro-florestal. As alterações climáticas irão afetar o desenvolvimento das culturas e das populações animais, com consequências para várias áreas produtivas, nomeadamente a floresta;

 Mudança nas datas de sementeira, plantação e colheita nas principais culturas florestais;

 Aumento de pragas e doenças que deverão sofrer um agravamento substancial, que reduzirão a sustentabilidade de alguns sistemas naturais e florestais;

 Futuros condicionalismos naturais devido a alterações das condições edafoclimáticas e disponibilidade água nos solos. Necessidade de adoção de novas espécies de árvores com maior capacidade de resistência e resposta a fenómenos extremos de seca.

 Mudanças nos padrões de distribuição dos principais ecossistemas florestais, com a permutação, nas regiões setentrionais, de pinhais, eucaliptais e carvalhais, por espécies como o sobreiro e a azinheira e a diminuição a Sul, das áreas atualmente ocupadas por floresta de montados, que serão permutados por matos.

 O aumento previsto, no futuro, de acontecimentos meteorológicos extremos, como tempestades, ondas de calor, secas severas, cheias e o agravamento dos incêndios florestais levará à perda de recursos económicos e naturais associados às florestas.

(39)

3.3.

Fogos florestais

Os fogos têm impactos não só para os ecossistemas como para as comunidades locais que residem em espaço florestal, sendo este um recurso essencial para a obtenção do seu rendimento próprio.

De acordo com MOORE 14 é importante compreender qual o papel do fogo e a forma como este tem a sua importância para alguns tipos de floresta. Este autor afirma que em florestas tropicais secas, florestas boreais e alguns tipos de florestas de coníferas, o fogo pode ser entendido como um fator essencial para a manutenção da estrutura florestal, contrariamente à floresta tropical húmida onde o fogo tem consequências negativas nos ecossistemas. Todos os fogos são potencialmente prejudiciais para os ecossistemas florestais ou comunidades humanas, dependendo das condições da floresta nesse momento e a forma como esta é gerida após o incendio. (MOORE, 2003)

A ocorrência de fogos não depende apenas de fatores climáticos, mas também do relevo acidentado, associado a verões quentes e secos (PEREIRA et al., 2006) o que conjugado com o abandono das áreas rurais agrava a suscetibilidade ao fogo. Segundo PYNE (2007) as áreas de agricultura marginal, em toda a região mediterrânea, ou foram convertidas em espaços florestais ou abandonadas aos processos da sucessão ecológica, dando origem a matas descontroladas e matagais.

A Estratégia Nacional para a Floresta aponta o fogo como um dos fatores de risco para a floresta portuguesa, não só em relação à sustentabilidade da floresta mas também para garantir que o investidor tem retorno assegurado do investimento que fez na sua propriedade. Os grandes fogos que ocorreram nos últimos anos trouxeram, também, um significativo desequilíbrio estrutural, nomeadamente para a manutenção dos stocks de matérias-primas que abastecem as indústrias transformadoras.

Dados apresentados no relatório Fire Management – Global Assessment (2006) da FAO o fenómeno das alterações climáticas e a alteração dos usos do solo serão os principais fatores que irão condicionar o regime do fogo na bacia do Mediterrâneo durante este século.

(40)

Segundo o Relatório Final do Estudo de “Monitorização e Avaliação do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios 2009/2010” citado no estudo (EAIENF15

,

2012), o elevado número de ocorrências registadas anualmente e o volume de área ardida, acontece devido a três fatores críticos:

 Atrasos nas intervenções de prevenção estrutural;

 Persistência de elevada carga combustível (falta de limpeza da floresta, falta de cumprimento das normas de limpeza da floresta, desordenamento do espaço florestal factos que originam forte densidade no volume de combustível);

 Elevado número de ignições (localizadas sobretudo no Norte do País e nos períodos mais quentes).

Segundo dados do ICNF, de 2001 a 2010, o número de fogos florestais tem variações ao longo dos anos, com especial destaque para o ano de 2005 que apresenta o maior registo, com cerca 35 mil ocorrências registadas. Em termos de área ardida o pior ano foi 2003, com um total de cerca de 400 mil hectares afetados.

O gráfico da Figura 8 demonstra que ao longo da primeira década deste século o número de ocorrências manteve-se sempre muito elevado com exceção para o ano de 2008 em que o número de ocorrências foi menor. De 2003 a 2006 o número de ocorrências foi significativo tal como número de hectares de área ardida, contrariando os restantes anos onde é evidente uma menor área ardida, apesar do número de ocorrências ser igualmente elevado. No geral, o número de ocorrências mantém-se no território continental, o que constitui uma preocupação (Figura 9).

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A Figura 9 apresenta a área ardida durante o período de 1975 a 2006 em Portugal continental.

16 Sistema de Gestão de Incêndios Florestais (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas)

17 Autoridade Florestal Nacional - Organismo estatal gestor das florestas, atualmente tem o nome de

Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

Figura 8 - Gráfico com número de ocorrências e área ardida no período de 2001 a 2010 em Portugal

Fonte: SGIF16 (AFN), 2011

Figura 9 - Mapa da área ardida em Portugal Continental em 1975-2006 Fonte: AFN17/ISA, 2013

Referências

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