Estratégias para a prevenção e mediação
de conflitos fundiários urbanos
Daniel Todtmann Montandon
Disputa pela posse ou propriedade de imóvel
urbano, bem como impacto de
empreendimentos públicos e privados,
envolvendo famílias de baixa renda ou grupos
sociais vulneráveis que necessitem ou
demandem a proteção do Estado na garantia
do direito humano à moradia e à cidade.
Resolução Recomendada ConCidades 87/2009
Reintegração de posse de imóveis públicos e privados, em que o processo tenha ocorrido em desconformidade com a garantia de direitos sociais.
Obras públicas geralmente relacionadas à implantação ou
melhoria de infraestrutura, resultantes ou não de desapropriação, que resultem na expulsão de famílias de baixa renda.
Inexistência ou deficiência de políticas habitacionais municipais e
estaduais voltadas à provisão de habitação de interesse social e à
regularização fundiária que possam conferir solução habitacional adequada para garantir o direito à moradia.
Regulação do parcelamento, uso e ocupação do solo que não tenha destinado áreas na cidade para garantir a segurança da posse da população de baixa renda e a provisão de habitação de interesse social.
Concentração da propriedade da terra e tutela do direito à
propriedade de modo desproporcional à exigência do
cumprimento de sua função social.
Exposição da população de baixa renda a riscos (eventos extremos, incêndios, etc.).
Política nacional de prevenção e mediação
de conflitos fundiários urbanos
Processo de construção da proposta de política nacional
2005: Instituição do Grupo de Trabalho no âmbito do Conselho
Nacional das Cidades.
2006: Criação da Comissão Interministerial sobre prevenção e
mediação de conflitos fundiários urbanos (sem formalização).
2007: Elaboração de proposta preliminar da Política Nacional de
Prevenção e Mediação de Conflitos Fundiários Urbanos. Realização de Seminário Nacional na Bahia.
Debate do tema na 3ª Conferência Nacional das Cidades.
2008: Portaria nº 587: delega a responsabilidade de tratamento dos
conflitos fundiários urbanos encaminhados ao MCidades para a Secretaria Nacional de Programas Urbanos (SNPU)
recepcionar e adotar providências.
Realização de oficina em Manaus para sensibilização de gestores públicos, sociedade e judiciário.
Processo de construção da proposta de política nacional
2009: Realização de 5 Seminários Regionais para a construção
de proposta de política nacional: Belém, Goiânia, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba.
Aprovação da Resolução ConCidades nº 87/2009.
Estruturação da coordenação de prevenção e mediação de conflitos fundiários urbanos no Ministério das Cidades.
2010: Realização de Seminário Nacional em São Paulo: debate
da proposta de política nacional e sensibilização dos diversos atores envolvidos nos conflitos.
Grande aumento dos casos de conflitos encaminhados à SNPU: foco na mediação e nas diligências primárias.
Define princípios e diretrizes para a prevenção e mediação de conflitos fundiários urbanos.
Define papéis, ações e competências a todos os entes federados e envolvendo todos os poderes, conforme competências
constitucionais, voltados para o monitoramento dos conflitos fundiários urbanos.
Define papéis, ações e competências a todos os entes federados e envolvendo todos os poderes, conforme competências
constitucionais, voltados para a prevenção dos conflitos fundiários urbanos.
Define papéis, ações e competências a todos os entes federados e envolvendo todos os poderes, conforme competências
constitucionais, voltados para a mediação dos conflitos fundiários urbanos.
Conjunto de medidas voltadas à garantia do
direito à moradia digna e adequada e à
cidade, com gestão democrática das políticas
urbanas, por meio da provisão de habitação
de interesse social, de ações de regularização
fundiária e da regulação do parcelamento, uso
e ocupação do solo, que garanta o acesso à
terra urbanizada, bem localizada e a
segurança da posse para a população de baixa
renda ou grupos sociais vulneráveis.
Resolução Recomendada ConCidades 87/2009
Processo envolvendo as partes afetadas pelo
conflito, instituições e órgãos públicos e
entidades da sociedade civil vinculados ao
tema, que busca a garantia do direito à
moradia digna e adequada e impeça a
violação dos direitos humanos.
Resolução Recomendada ConCidades 87/2009
a garantia do direito à moradia digna e adequada e à cidade; o cumprimento da função social da propriedade e da cidade; a garantia do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa;
a garantia do acesso a terra urbanizada e bem localizada para a população de baixa renda e grupos sociais vulneráveis;
a garantia da segurança da posse para as famílias de baixa renda e grupos sociais vulneráveis;
a responsabilidade do Estado na estruturação e implementação da política de prevenção e mediação de conflitos fundiários urbanos nas esferas federal, estadual e municipal;
a prevalência da paz e soluções pacíficas para situações de conflitos fundiários urbanos;
a participação popular e gestão democrática das cidades;
a garantia do acesso às informações acerca dos conflitos fundiários urbanos.
Proposta de ouvidoria urbana
do direito à cidade
Ouvidoria Agrária: atuação em nível nacional e articulação com instâncias estaduais (Incra).
Ouvidoria de Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.
Experiência do Estado da Bahia na prevenção e mediação de conflitos fundiários urbanos:
o Institucionalização do tema na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano.
o Integração com o setor habitacional.
o Ampla articulação institucional e participação social. o Efetividade na resolução pacífica dos conflitos.
o Reconhecimento: Selo de Mérito na Categoria Nacional concedido no 58º Fórum Habitacional de Interesse Social (promovido pela FNSHDU e ABC em 1º de junho de 2011).
Missão: prevenir a violação dos direitos humanos nas ações de desenvolvimento urbano, especialmente nos conflitos
fundiários urbanos. Funções:
o monitorar os casos encaminhados ao governo federal; o apoiar a estruturação e ao funcionamento das instâncias
estaduais;
o coordenar a comissão interministerial;
o coordenar o grupo de trabalho do conselho das cidades; o propor normas e procedimentos para a conduta dos casos
de reassentamento de famílias envolvidas em intervenções urbanas;
o prevenir a violação de direitos humanos nas ações de desenvolvimento urbano.
Mediar os casos de conflitos fundiários urbanos de caráter local, por meio:
o do cumprimento de regulamentação nacional sobre a conduta dos casos de reassentamento de famílias atingidas por intervenções urbanas;
o pelo estabelecimento de canais de diálogo envolvendo todos os afetados;
o pela garantia da participação das comunidades locais afetadas durante o planejamento e a implementação dos projetos.
Desenvolver ações de prevenção da violação dos direitos humanos de modo coordenado com a instância nacional.
Representantes do Governo do Estado.
Representantes dos Municípios, incluindo a capital. Representantes do Ministério Público Estadual.
Representantes da Defensoria Pública Estadual. Representantes do Judiciário.
Representantes do Legislativo Estadual e Municipal, incluindo representação do legislativo da capital. Representantes do Conselho da Cidade Estadual. Representantes da CAIXA.
Outros.
Zelar pelo cumprimento do disposto no protocolo de cooperação federativa para a conduta a ser adotada no reassentamento de famílias atingidas por intervenções urbanas de modo a garantir os direitos humanos.
Mediar conflitos fundiários urbanos, por meio de vistas às comunidades, realização de reuniões e audiências, disponibilização de informações e proposição de
soluções e alternativas para garantir o direito à moradia adequada.
Facilitar o diálogo na busca de soluções e alternativas para garantir o direito à moradia adequada,
considerando as situações de risco e também as orientações da ONU sobre direito à moradia;
Monitorar as etapas de preparação e execução da
remoção e principalmente o cumprimento da solução de moradia acordada.
Deve se basear nas orientações da ONU sobre conduta de
remoções e demais leis e normas nacionais, estaduais e
municipais relacionadas, considerando pelo menos as
seguintes etapas na conduta dos reassentamentos de famílias atingidas por intervenções urbanas:
1. Avaliação de possíveis alternativas do projeto de
intervenção urbana de modo a diminuir o número de remoções.
2. Preparação da remoção, considerando:
Ampla disponibilização de informações aos atingidos. Contato permanente entre a comunidade atingida e a
comissão estadual de monitoramento e mediação dos conflitos fundiários urbanos.
Dimensionamento logístico para execução da remoção. Programação da realização do reassentamento,
considerando o calendário escolar, datas comemorativas, evitando condições climáticas adversas e definindo prazo adequado para a preparação do reassentamento.
Alternativas de soluções de moradia para as famílias atingidas, considerando a moradia provisória, a moradia definitiva e as formas de compensação/indenização, sempre buscando um acordo com a comunidade e documentando o compromisso firmado pelo Poder Público.
3. Execução da remoção, considerando:
Acompanhamento de servidores públicos e de observadores independentes.
Assistência logística às famílias removidas.
Assistência específica para grupos com necessidades especiais, como deficientes, crianças e adolescentes, idosos e gestantes, além de assistência médica e
psicológica.
Contato permanente entre a comunidade atingida e a comissão estadual de monitoramento e mediação dos conflitos fundiários urbanos.
4. Solução de moradia para as famílias atingidas:
Quando for necessária moradia provisória, garantir condições básicas de habitabilidade e
acompanhamento social até a solução definitiva de moradia.
Na restituição ao local de origem ou reassentamento em outro local, providenciar assistência logística e assistência para grupos com necessidades especiais. Quando se tratar de reassentamento, garantir
condições de habitabilidade da moradia definitiva. Quando se tratar de compensação, garantir justa
indenização financeira, reconhecendo o valor das benfeitorias e da posse do terreno.
Em todos os casos, documentar os compromissos firmados por todos os envolvidos, considerando o número de famílias, o tipo de solução habitacional e quando for o caso o tipo de compensação.
Campanha para a reversão dos
vazios urbanos em área centrais
Evolução da notificação de imóveis para fins de PEUC em São Paulo
Total de imóveis notificados 1.260 | out/2014 a nov/2016
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