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1 - Medico Veterinário Pós graduando - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal nos Trópicos - UFBA.

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ISOLAMENTO DE LEPTOSPIRA SP. EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS – RELATO DE CASO

ISOLATION OF LEPTOSPIRA SP. IN NATURALLY INFECTED DOGS - CASE REPORT

Lucas Nogueira PAZ¹, Bruna Lessa SILVA², Rosilane SANTOS³,Gabriela COVIZZI4;

Daniela Santos ALMEIDA1, e Melissa Hanzen PINNA5.

1 - Medico Veterinário – Pós graduando - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal nos Trópicos - UFBA.

2 - Graduanda em Medicina Veterinária, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia – UFBA, bruna.lessa@hotmail.com

3 – MV, Especialista em Clínica Médica de Carnívoros Domésticos HOSPMEV-UFBA 4 – MV, D.Sc. Docente da União Metropolitana de Educação e Cultura - UNIME

5 - Medica Veterinária – PhD. Docente Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos - UFBA.

Resumo:

A leptospirose destaca-se mundialmente como uma das zoonose de maior importante problema na saúde pública. O diagnóstico clínico da leptospirose é complexo devido à variedade de sinais apresentados pelo animal.. Dentre os métodos diagnósticos, o isolamento, apesar de laborioso é tido como padrão ouro uma vez que o reconhecimento das cepas autóctones é de fundamental importância. O objetivo do trabalho foi relatar o isolamento de Leptospira sp. a partir de urina e sangue de um cão com suspeita clínica de leptospirose. Foram obtidas amostras de um cão atendido na rotina do setor de clínica médica de Carnívoros do Hospital de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esta amostra foi inoculada nos meios específicos para cultivo, Ellinghausen-McCullough-Johnson-Harris (EMJH), EMJH-5FU acrescido de antimicrobiano (5-fluorouracil 100mg/mL) e Fletcher e incubadas em estufas do tipo B.O.D. a uma temperatura de 28ºC e avaliados semanalmente por, no mínimo, 16 semanas. Foi obtido isolado bacteriano a partir da amostra de sangue. O isolamento de cepas é de fundamental importância para a revisão dos sorovares empregados nos testes sorológicos e na formulação de bacterinas comerciais.

Palavras-chave: Leptospirose; Isolado; Leptospira interrogans Keywords: Dogs, Leptospirosis; Isolated; Leptospira interrogans

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Introdução:

A leptospirose é uma zoonose cosmopolita e de ampla distribuição. Essa enfermidade destaca-se como importante problema de saúde pública (COSTA et al., 2015; XIAO et al., 2015), Em ambiente urbano, os roedores são os principais reservatórios da Leptospira sp., com destaque para as espécies Rattus norvergicus (Ratazana de esgoto), (FAINE, 1999). As infecções variaram de formas leves até a mais agressiva, podendo evoluir ao óbito. A transmissão da leptospirose ocorre através do contato com animais infectados ou sua urina, ou quando um animal sadio é exposto ao agente através de solo ou água contaminada. Os cães também desempenham um papel importante na epidemiologia da enfermidade, principalmente por apresentar uma estreita relação de proximidade com os humanos (LEVETT, 2001; SCHULLER et al., 2015). O diagnóstico clínico da leptospirose é complexo devido variedade de sinais apresentados por essa enfermidade, necessitando de técnicas de diagnóstico para confirmar a infecção por Leptospira sp. O teste de soroaglutinação microscópica (MAT) é considerado padrão ouro para testes sorológicos e recomendado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, 2014) como método indireto de diagnóstico. Já o isolamento é considerado o padrão ouro como método direto de diagnóstico. Porém, sua utilização é dificultada por necessitar de uma técnica laboriosa, lenta e exigir amostras com pouca contaminação. Como benefício principal, o isolamento da Leptospira no organismo do animal permite a identificação definitiva do sorovar infectante, sendo um método eficaz de diagnóstico. Tendo em vista a gravidade da doença em cães e a importância em se conhecer as cepas circulantes, o objetivo do trabalho foi o isolamento de Leptospira sp a partir de amostras de sangue e urina de cães com suspeita de leptospirose.

Descrição do caso:

Foi atendido, no setor de clínica médica de carnívoros do Hospital de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA), um cão, fêmea, de cinco anos, da raça American Staffordshire Terrier, com evolução clínica de sete dias e queixa de apatia, emagrecimento, anorexia, polidipsia, urina concentrada, alteração na Consistência das fezes e icterícia. Através do questionário de caracterização do ambiente, foi relatado que o animal era domiciliado, não tinha acesso a rua, não era

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físico constatou-se que o animal apresentava temperatura de 39,5ºC, frequência cardíaca de 110 batimentos por minuto, a frequência respiratória de 30 movimentos por minuto e mucosas ocular, oral, vaginal e pele ictéricas. Após exames clinico e físico, suspeitou-se de leptospirose. Foram coletadas amostras de sangue para hemograma, analise bioquímica e sorologia e amostra de urina para urinálise. Não foram observadas alterações sugestivas no hemograma e na avaliação da urina. No entanto, a análise bioquímica demonstrou aumento considerável de Fosfatase alcalina (FA) 500UI/L e de Alanina aminotransferase (ALT) 350,5UI/L. A sorologia acusou reatividade com título de 200 para o Sorogrupo Icterohaemorrhagie. A obtenção das amostras de urina e sangue para isolamento ocorreu no momento da consulta clínica juntamente com a coleta para os exames de patologia clínica. Tais amostras foram obtidas através de cistocentese e venopunção respectivamente e posteriormente inoculadas em tubos contendo cinco mL de meio líquido EMJH (Difco, BD, Franklin Lakes, NJ, USA), meio semissólido Fletcher (Difco, BD, Franklin Lakes, NJ, USA) e meio líquido (EMJH) acrescido com 5-fluorouracil 100mg/mL. As culturas foram mantidas a 28º C em estufas tipo B.O.D e avaliadas em microscópio de campo escuro semanalmente por, no mínimo, 16 semanas (CAMERON, 2015).

Discussão:

No presente estudo realizamos o isolamento de leptospiras proveniente de amostra de sangue de um cão com doença aguda. O isolamento bacteriológico é considerado padrão-ouro dentre os métodos diagnósticos por comprovar a presença da bactéria, atestar sua viabilidade e permitir estudos de caracterização sorológica e genômica. No entanto, a recuperação de leptospiras a partir de animais naturalmente infectados não é fácil. Dentre os principais fatores limitantes destaca-se a dificuldade das leptospiras oriundas de infecções naturais crescerem in vitro. Há baixa taxa de crescimento, com necessidade de longos períodos para detectar sua presença, crescimento de bactérias contaminantes, além da necessidade de meios de cultivo enriquecidos e específicos que devem suprir as exigências nutricionais das leptospiras (CAMERON, 2015).

Pouco se conhece sobre os dados epidemiológicos da leptospirose humana e animais, sobretudo sobre a circulação de cepas nas mais variadas regiões. Tais informações são cruciais para um adequado conhecimento da epidemiologia, bem

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como para avaliar os testes diagnósticos e desenvolvimento de novas vacinas (PICARDEAU, 2013).

O uso de isolados autóctones na realização do MAT tem demonstrado aumento na sensibilidade da técnica. Tal fator pode determinar alteração no perfil epidemiológico da enfermidade ligado principalmente ao aumento do número de animais classificados como reatores, além da mudança na frequência e distribuição dos sorovares circulantes (SARMENTO et al., 2012).

Hamond e colaboradores (2015) sugerem que em regiões tropicais há uma maior circulação do sorogrupo Icterohaemorrhagiae. Adicionalmente os roedores sinantrópicos são descritos como carreadores crônicos, e, portanto, adaptado ao sorovar Icterohaemorrhagiae tornando-os responsáveis pela manutenção do sorogrupo na região e responsáveis pela infecção de novos animais (ATHANAZIO et al., 2008; LOAN et al., 2015).Esse fato nos permite inferir que a infecção pode ter ocorrido pelo contato direto ou indireto entre o animal e ratos na região peridoméstica.

Em relação às alterações hematológicas, Langoni e colaboradores (2013) observaram somente uma diminuição da taxa de hemoglobina. Acreditamos que apesar dos resultados não serem característicos de tal infecção é sempre importante a realização do hemograma completo para uma correta avaliação do paciente, sem descartar outras possíveis etiologias para justificar o quadro.

Pôde-se constatar nos animais estudados uma severa lesão hepática, uma vez que houve aumento acentuado da enzima ALT. Este aumento pode sugerir que a icterícia presente em alguns animais possa estar relacionada com a injúria hepática. O aumento da fosfatase alcalina estava pressente na amostra do paciente. Contudo, esta enzima sofrer influência de fatores extra-hepáticos, deve-se ter cautela em interpretar seus resultados, portanto, devem-se levar em consideração os fatores que podem influenciá-la além da análise dos exames laboratoriais em conjunto para que se possa determinar o real estado de saúde do animal.

Conclusões:

Obtivemos o isolamento de Leptospira sp em amostra de sangue de um cão com doença aguda. Ressaltamos a importância da obtenção de isolados a fim de realizar

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Referências:

ATHANAZIO, D. A. et al. Rattus norvegicus as a model for persistent renal

colonization by pathogenic Leptospira interrogans. Acta Tropica, v. 105, p. 176–180, 2008.

CAMERON.C.E. Leptospiral Structure, Physiology, and Metabolism. In ADLER, B (Ed). Leptospira and Leptospirosis. Berlin, Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg, 2015. p. 21-41

COSTA, F. et al. Global Morbidity and Mortality of Leptospirosis: A Systematic Review. PLOS Neglected Tropical Diseases, v. 9, n. 9, p. 1 – 19, 17 set. 2015. FAINE, S. Leptospira and Leptospirosis. 2o edição ed. Melbourne, Australia: 272, 1999.

HAMOND, C. et al. Molecular Characterization and Serology of Leptospira kirschneri (Serogroup Grippotyphosa) Isolated from Urine of a Mare Post-Abortion in Brazil.

Zoonoses and public health, p. 1 – 5, 10 set. 2015.

LANGONI, H. et al. Variáveis epidemiológicas e alterações clínicas, hematológicas e urinárias em cães sororreagentes para Leptospira spp.Ciências Agrárias. v. 34, n.2, p.765-776, 2013.

LEVETT, P. N. Leptospirosis. Clinical Microbiology, v. 14, n. 2, p. 296–326, abr. 2001.

LOAN, H. K. et al. How Important Are Rats As Vectors of Leptospirosis in the Mekong Delta of Vietnam? Vector-Borne and Zoonotic Diseases, v. 15, n. 1, p. 56–64, 2015.

OIE. Manual of diagnostic tests and vacines for terrestrial animals. World Organization for Animal Health, Paris, 2014. Disponível em: http://www.oie.int/fileadmin/Home/fr/Health_standards/tahm/2.01.09_LEPTO.pdf. Acesso em: 10 de novembro de 2015.

PICARDEAU, M. Diagnosis and epidemiology of leptospirosis. Médecine et

maladies infectieuses, v. 43, p. 1–9, jan. 2013.

SARMENTO, A. M. C. et al. Emprego de estirpes leptospira spp. isoladas no Brasil na microtécnica de soroaglutinação microscópica aplicada ao diagnóstico da

leptospirose em rebanhos bovinos de oito estados brasileiros. Pesquisa Veterinaria

Brasileira, v. 32, n. 7, p. 601–606, jan. 2012.

SCHULLER, S. et al. European consensus statement on leptospirosis in dogs and cats. The Journal of small animal practice, v. 56, p. 159–79, mar. 2015a.

XIAO, D. et al. A novel approach for differentiating pathogenic and non-pathogenic Leptospira based on molecular fingerprinting. Journal of Proteomics, v. 119, p. 1–9, 2015.

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