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ESTÁGIO NA LICENCIATURA E POSSIBILIDADES PARA O DIÁLOGO ENTRE A UNIVERSIDADE E ESCOLA

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

ESTÁGIO NA LICENCIATURA E POSSIBILIDADES PARA O

DIÁLOGO ENTRE A UNIVERSIDADE E ESCOLA

Kalline Pereira Aroeira1 - UFES Grupo de Trabalho – . Práticas e Estágios nas Licenciaturas Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Analisa possibilidades de diálogo entre a universidade e escola, por meio de atividades desenvolvidas pela disciplina de estágio supervisionado curricular em curso de licenciatura. Estuda como a articulação de ações desenvolvidas entre a universidade e escola nos Estágios, pode contribuir para a construção de saberes. As questões organizadoras deste texto privilegiam discutir como a convivência com a escola pública, durante o Estágio Supervisionado, permite que alunos de licenciatura construam práticas pedagógicas por meio de um Estágio em que haja diálogo entre a universidade e escola, enfatizando nesse contexto a articulação entre o professor da escola e o professor da universidade e seus pares. Baseia-se em um quadro de referências teóricas preocupado com a teoria crítica, que tem contribuído para esclarecer os problemas relacionados à prática pedagógica, já que ressalta a importância da reflexão crítica e colaborativa como um procedimento de resolução dos conflitos que existem na ação. Constitui um estudo decorrente da reflexão em relação ao processo de supervisão de estudantes e da docência com essa disciplina. Recorre a pesquisa bibliográfica e documental, utilizando como fonte: portfólios produzidos por estagiários e bibliografias sobre o tema. Como principais resultados e conclusões, o estudo indica que além da necessidade de um projeto institucionalizado que interligue ações entre a universidade e escola, subsidiando o diálogo entre a escola e a universidade, essa perspectiva pode ser potencializada durante as atividades de Estágio, ao ocorrer a prática de parceria entre o supervisor e o professor da escola campo, enfatizando-se nessa parceria o processo coletivo de planejamento e intervenção, bem como, a articulação com os outros pares da escola nesse processo.

Palavras-chave: Estágio. Universidade. Escola.

Introdução

Nesta reflexão damos ênfase as possibilidades de diálogo construídas entre a universidade e escola, por meio de atividades desenvolvidas pela disciplina de Estágio

1 Doutora em Educação: Universidade de São Paulo- São Paulo. Professora Adjunta da Universidade Federal do

Espírito Santo (UFES). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação de Educadores – FEUSP (GEPEFE). E-mail: aroeiraka@hotmail.com.

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Supervisionado Curricular em curso de licenciatura. Estudamos como a articulação de ações desenvolvidas entre a universidade e escola nos Estágios, pode contribuir para a construção de saberes.

Consideramos que o Estágio é fundado na práxis, assume importante contribuição na produção de saberes por futuros professores, referenciando a reflexão como meio de redimensionar e ressignificar a prática. Compreendemos o Estágio na perspectiva de aproximação da realidade e atividade teórica (PIMENTA; LIMA, 2004). Nesse contexto, a pesquisa é uma estratégia para a produção de conhecimentos em que se faz necessária a análise, a problematização, a reflexão e a proposição de soluções às situações de ensinar e aprender.

Para tanto, nesta discussão, baseamo-nos em um quadro de referências teóricas preocupado com a teoria crítica, que tem contribuído para esclarecer os problemas relacionados à prática pedagógica, já que ressalta a importância da reflexão crítica e colaborativa como um procedimento de resolução dos conflitos que existem na ação. Refere-se a uma pesquisa qualitativa com ênfaRefere-se em reflexões decorrentes do contexto de um trabalho colaborativo da universidade com a escola-campo, que recorre a pesquisa bibliográfica e documental, utilizando como fonte: portfólios produzidos por estagiários no período de atuação como supervisora numa universidade pública, dos anos 2011 a 2014, e bibliografias sobre o tema.

Entendemos que no Estágio pode ocorrer um movimento dialético, de superação, para se chegar a um outro momento, a partir de um processo de construção e recriação coletiva da prática do futuro professor, o qual pode produzir um outro movimento, o de síntese, em relação a aprender a ser professor sendo professor, numa experiência de trabalho colaborativo e de estágio como um componente teórico e prático.

Vale ressaltar que não se trata de supervalorizar ou subvalorizar o potencial dos Estágios, mas de analisar como estes, quando valorizam a mediação do trabalho docente como fator determinante na mobilização de saberes, podem contribuir para a construção de saberes. No âmbito da formação do futuro professor, compreendemos que o Estágio não é um momento de aprendizagem solitária, nesse contexto, podem ser produzidos saberes pelos diversos atores envolvidos nesse processo formativo, alunos estagiários, professores orientadores, professores da escola e seus demais pares.

Em face a essas concepções, como questão organizadora deste texto privilegiamos discutir como a convivência com a escola pública, durante o Estágio Supervisionado, permite

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que alunos de licenciatura construam práticas pedagógicas por meio de um Estágio em que haja diálogo entre a universidade e escola, enfatizando nesse contexto a articulação entre o professor da escola e o professor da universidade e seus pares. Para tanto, o texto está organizado em duas seções de discussão, em que enfocamos os seguintes aspectos: reflexão sobre a interação entre universidade e escola no âmbito do estágio supervisionado; contextualização em relação à produção de possibilidades colaborativas nas atividades de estágio na escola.

Diálogo entre a Universidade e Escola, por meio de atividades desenvolvidas pela disciplina de Estágio Supervisionado Curricular em curso de Licenciatura

Quando é que começamos a ser professor? O Estágio é o primeiro momento em que podemos ser professor, assumir as primeiras experiências com a docência e aprender sobre a profissão, numa relação em que é preciso haver diálogo entre a universidade e a escola de ensino básico.

O estágio supervisionado não é um momento de aprendizagem solitária, nesse contexto, podem ser produzidos saberes pelos diversos atores envolvidos nesse processo formativo, alunos estagiários, professores orientadores, professores da escola e seus demais pares.

O conceito de colaboração (ou cooperação), destacados neste trabalho tem suporte nas teorias de estudos sócio-interacionistas de Vygotsky em que as trocas interpessoais são elementos necessários para o desenvolvimento dos indivíduos.

Para Vygotsky (1987, p. 17) “[...] a colaboração entre pares ajuda a desenvolver estratégias e habilidades gerais de solução de problemas pelo processo cognitivo implícito na interação e na comunicação”. Segundo o autor, a linguagem é fundamental na estruturação do pensamento, sendo necessária para comunicar o conhecimento, as ideias do indivíduo e para entender o pensamento do outro envolvido na discussão ou na conversação. O trabalho em colaboração com o outro, segundo essa teoria, enfatiza a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que é “algo coletivo” porque transcende os limites dos indivíduos. Desse modo, a aprendizagem aconteceria através do compartilhamento de diferentes perspectivas, pela necessidade de tornar explícito seu pensamento e pelo entendimento do pensamento do outro mediante interação oral ou escrita.

Nesse sentido reportar a esse conceito na formação de professores deve-se ao fato de que estes ao formarem-se, formam também a escola e produz a profissão docente (NÓVOA,

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1991). Além disso, não se pode ignorar nesse contexto que os conceitos a cooperação entre pares fundamentam o novo modelo de formação que pressupõe a prática reflexiva do ensino e a autonomia profissional. Segundo Giovanni (1998) tanto no Brasil como em outros paises, a ideia de que as instituições devem colaborar entre si não é nova, mas é crescente no País a participação e o envolvimento dos professores em experiências dessa natureza.

Cabe salientar nesse contexto, que o estágio supervisionado como componente curricular, como afirmam Pimenta e Lima (2004), pode não ser uma completa preparação para o magistério, mas é possível nesse espaço, professores, alunos e comunidade escolar e universidade trabalharem questões básicas de alicerce, como: o sentido de profissão, o que é ser professor na sociedade em que vivemos, como ser professor, a escola concreta, a realidade dos alunos nas escolas de ensino fundamental e médio, a realidade dos professores nessas escolas.

A necessidade aí evidenciada é que os projetos de estágio articulem escolas e universidades, tomando a realidade para a reflexão, em que o professor da universidade oriente o processo de formação do estagiário com a colaboração dos pares envolvidos (professores e pedagogos).

Confrontar as diferentes realidades da escola básica contribui para que ocorra uma integração formativa entre estagiário, instituição formadora e contexto educacional e para que ele perceba os sentidos da educação escolar nas suas múltiplas determinações, incluindo aprendizagens em relação à organização escolar, ao local em que a escola está situada, ao diagnóstico da escola, às crianças e à Educação Física escolar.

Nesse contexto formativo, para reinventar a escola de ensino básico é imprescindível que o projeto de Estágio seja assumido no Projeto Político-Pedagógico da instituição, porque o estagiário não pode reduzir-se à condição de um visitante do ambiente escolar. Ele deve ser co-partícipe da discussão e da compreensão dos processos que envolvem escola-campo e a escola formadora. Vivenciar conflitos e desafios numa aproximação com a instituição escolar, com os contextos reais da profissão faz com que as escolas se tornem para o futuro professor, espaços de aprendizagem e não só de mera aplicação de conhecimentos.

Algumas possibilidades de diálogo coletivo desenvolvidas na disciplina de Estágio Supervisionado Curricular em curso de licenciatura

Em decorrência da aproximação com o Estágio na condição de pesquisadora e professora de Estágio/Prática de Ensino enquanto componentes curriculares, aqui

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apresentamos possibilidades que temos investido na formação de futuros professores e na produção de práticas pedagógicas na formação inicial, considerando as relações que se estabelecem entre a universidade e escola na perspectiva da aprendizagem da profissão docente em diferentes espaços e linguagens.

Assim como Franco (2012), consideramos a prática pedagógica como palavra sinônima de prática educativa:

São práticas as que se organizam intencionalmente para atender determinadas expectativas educacionais solicitadas/requeridas por uma dada comunidade social. Nesse sentido, elas enfrentam, em sua construção, um dilema essencial: sua representatividade e seu valor advêm de pactos sociais, de negociações e deliberações com um coletivo. Ou seja, as práticas pedagógicas se organizam e se desenvolvem por adesão, por negociação, ou ainda, por imposição. (FRANCO, 2012, p. 3).

A prática pedagógica extrapola a sala de aula, pois convive com decisões que antecedem a prática de sala de aula, tais como o enfoque epistemológico a utilizar, a existência de recursos didáticos de suporte, a escolha de métodos e procedimentos (FRANCO, 2012). Elas enfrentam, em sua construção, conforme apresenta a autora, um dilema essencial: sua representatividade e seu valor advêm de pactos sociais, de negociações e deliberações com um coletivo.

Diante disso, ao pensarmos sobre a produção de práticas pedagógicas no âmbito dos Estágios/Práticas de Ensino, destacamos como possibilidade a abordagem colaborativa e dialógica em espaços coletivos de intervenção/reflexão no Estágio/Práticas de Ensino, uma vez que essa opção favorece um rico momento para começar a aprendizagem da profissão e para exercitar o diálogo coletivo sobre a práxis entre os pares da universidade e escola. Como registram um dos grupos de nossos estagiários em seus relatórios:

No que diz respeito à disciplina de Estágio Supervisionado, foram de suma importância as reflexões e recomendações ocorridas durante as aulas de segunda-feira, a visão e exposição das ideias, críticas e sugestões tanto dos colegas quanto das professoras acrescentam e de fato faz com que o grupo reflita e aprimore para próxima aula. E importante que este processo continue (PORTFÓLIOS DE ESTÁGIO, 2012, [s.p.]).

A compreensão de que nos valemos sobre a abordagem colaborativa no contexto da produção de práticas pedagógicas no Estágio/Prática de Ensino parte da ideia que o Estágio é o primeiro momento em que podemos ser professor, assumir as primeiras experiências com a docência e aprender sobre a profissão, numa relação em que é preciso haver diálogo entre a universidade e a escola de ensino básico.

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Nesse contexto, podem ser produzidos saberes pelos diversos atores envolvidos nesse processo formativo, alunos estagiários, professores orientadores, professores da escola e seus demais pares. Nos apropriamos com isso, do conceito de colaboração (ou cooperação), destacados nas teorias de estudos sócio-interacionistas de Vygotsky (1987) em que as trocas interpessoais são elementos necessários para o desenvolvimento dos indivíduos.

Com base nessa visão, sustentamos que de forma colaborativa, a problematização das práticas educativas pelos professores e estagiários favorece a criação de um modo de ser e estar na profissão durante as experiências do estágio. Essa construção favorece o entendimento da própria identidade profissional porque ela se constrói também

Pelo significado que cada professor [futuro professor], enquanto ator e autor, confere à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes e de suas angústias e anseios, no sentido que tem em sua vida o ser professor (PIMENTA, 2002, p. 19).

Acreditamos dessa maneira que o sucesso da aprendizagem dos futuros professores passa por ambientes de colaboração e cooperação e diálogo entre eles e os docentes, sendo necessário o permanente feedback dos supervisores para que o formando descubra e desenvolva competências pessoais e profissionais (através dos processos de autorreflexão, partilha e ações coletivas).

Por isso, ao assumirmos a abordagem dialógica, baseamo-nos na visão de que os futuros professores assumem a condição de autores e de coautores das práticas pedagógicas, o que tem a ver com o que Freire (1997) define por verdadeira aprendizagem, quando “[...] os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e de reconstrução do saber ensinando ao lado do educador, igualmente sujeito do processo” (FREIRE, 1997, p. 29).

Almejamos com isso a docência de melhor qualidade (RIOS, 2002), a valorização identitária e profissional do professor, a compreensão do trabalho docente como campo específico de intervenção na prática social.

Sobre isso, durante os processos de supervisão de futuros professores temos identificado que a articulação dialógica entre estagiários observadores, estagiários professores, professores regentes e professor supervisor é um fator importante para a construção de uma prática docente de qualidade pelo futuro professor; os alunos professores, ao assumirem o papel de colaboradores no processo da reflexão didática de sua atividade docente, adotam atitudes de interação e de coletividade pedagógica no contexto da Escola Básica.

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Entretanto, para essa ocorrência é necessário que o contexto da proposta de Estágio da instituição formadora evidencie um pensamento orientador no sentido de desenhar um processo de Estágio que possibilite uma interlocução entre a teoria e a prática. Nessa relação, é preciso valorizar uma preocupação intensa em instaurar oportunidades para a compreensão e a ressignificação da prática pedagógica produzida por futuros professores num processo institucionalizado entre universidade e escola.

As condições objetivas, os espaços em que esse projeto é implementado precisam contar com um acompanhamento efetivo dos professores supervisores e com o suporte da rede de ensino que acolhe esse projeto formativo, que, de forma colaborativa, necessita estar aberta a articular-se com a universidade em prol de atividades formativas de estagiários e professores nas escolas do município. É preciso, portanto, que nessa articulação seja delineado o papel da escola e da universidade nesse processo, bem como do professor supervisor, do professor regente e outros pares da escola.

Outro aspecto que destacamos é que a prática da supervisão necessita ser estruturada principalmente no próprio ambiente escolar, mediada pela reflexão coletiva. Essa característica nomeadamente reúne possibilidades não apenas para orientar um diálogo da universidade com a escola como também da escola com a universidade.

Diante desse contexto, ao vivenciarmos esse ambiente favorável a produção de saberes docentes, e ao pesquisarmos a potencialidade do estágio colaborativo (AROEIRA, 2009), identificamos que com essa abordagem é possível explorar diversas linguagens dentre elas a escrita, por meio da pesquisa e produção de portfólios, a linguagem plástica com a produção de materiais didáticos para as aulas de Estágio, a linguagem do vídeo e da fotografia, por meio da elaboração do acompanhamento e registro iconográficos das aulas produzidas pelos estagiários professores e escolares, e por que não a linguagem da informática, uma vez que temos experimentado a interação por meio de mídias de relacionamento na internet, como espaço de troca entre estagiários e escolares, assim como compartilhamento de conteúdos relacionados a aulas ministradas pelos estagiários professores.

Nessa visão temos perspectivado o desenvolvimento de práticas pedagógicas de futuros professores em espaços de instituições escolares do sistema municipal e estadual de ensino público, tendo a escola como importante lócus de formação docente. No espaço da escola, e da convivência com instituições públicas de ensino, a interação e a importância da pesquisa e do olhar observador do estagiário permitem as aprendizagens do trabalho educativo, assim como construir concepções que contribuam para a melhoria da formação,

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especialmente quando se considera o Estágio como atividade instrumentalizadora da práxis (PIMENTA, 1995; PIMENTA; LIMA, 2004).

Defendemos desse modo, que no espaço da sala de aula da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, o estagiário depara-se com a profissão e com a aprendizagem docente, vivenciando a regência compartilhada e a significativa participação no estabelecimento de redes coletivas de trabalho com a escola, podendo desse modo assumir uma conduta de negação ao dualismo “educadores e educandos”, o que, nas palavras de Vázquez (1977, p. 160), partindo da concepção da práxis em Marx ,“[...] implica na ideia de uma práxis incessante, contínua, na qual se transformam tanto o objeto como o sujeito”. ´Desse modo, como identificam os estudantes estagiários:

a práxis tão mencionada e buscada durante o estágio se efetiva com a realização da produção de novas práticas pedagógicas, que se faz tão importante na disciplina de estágio supervisionado, e na nossa formação (PORTFÓLIOS DE ESTÁGIO, 2011, [s.p.]).

No espaço da universidade investimos na ideia de se estabelecer o planejamento de redes coletivas de trabalhos com a escola, a formulação de práticas interdisciplinares, e na sistematização de Seminários de Estágios, os quais podem ser um dos exemplos das ações de parceria entre universidade e escola, visto que contemplam a produção, o olhar e as interrogações vividas no decorrer dessa trajetória.

No contexto de nossa experiência com a supervisão e orientação de estagiários-professores de, no âmbito da escola e universidades públicas no estado do Espírito Santo, temos construído nossas intervenções considerando o planejamento participativo, desenvolvido por meio da interação entre professor supervisor, professor regente da escola-campo, estagiários e escolares. Nessa realidade observamos que os alunos da universidade e da escola manifestam envolvimento e protagonismo nas atividades de ensino e aprendizagem nesse contexto. Como registra o depoimento a seguir, essa interlocução, marca sua contribuição no processo de construção de saberes docentes:

De fato, esse estágio supervisionado foi muito importante para a nossa formação, pois aprendemos a ser professor. Descobrimos e tentamos resolver, junto com os alunos, professores e colegas, os desafios que a turma tem. Só temos que agradecer (PORTFÓLIOS DE ESTÁGIO, 2013, [s.p.]).

Por fim, salientamos que para conduzir esses processos formativos, temos identificado, como professora supervisora nos últimos cinco anos numa universidade pública, a importância e a necessidade de atuar no chão das escolas campo, junto com os professores

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regentes, desenvolvendo o acompanhamento e a orientação as atividades de observação e regência compartilhada nesses espaços, assim como os momentos de socialização de reflexões relacionadas as práticas pedagógicas e do planejamento e pesquisa na universidade, valendo-nos da interlocução, diálogo e colaboração para o desenvolvimento e mobilização de saberes docentes.

Considerações Finais

O questionamento que se apresentou para nós no exercício da produção deste texto, e que tem nos acompanhado na atividade de professora supervisora, atuando nesse processo de Estágio, e de estudante do tema, privilegiam discutir a relação entre a escola pública, o Estágio Supervisionado/Práticas de Ensino em Educação Física, assim como indagar como a articulação de ações desenvolvidas entre a universidade e escola nos estágios, pode contribuir para a construção de saberes. Entendemos que é necessário investigar as práticas que ocorrem nos estágios em licenciatura, ampliando as suas potencialidades à luz das teorias.

É preciso mais uma vez ressaltar o futuro professor, como autor ou coautor das práticas pedagógicas no processo formativo de estágio, pois este vivencia modos de ser professor, mas, para vencer e compreender os desafios da aprendizagem docente, é necessário o suporte de um processo de reflexibilidade que medeie a significação e a ressignificação da atividade docente.

A necessidade aí evidenciada é de que os projetos de estágio nasçam da articulação entre escolas e universidades, tomando a realidade como objeto da reflexão, de modo que o professor da universidade oriente o processo de formação do estagiário com a colaboração dos pares envolvidos (professores e pedagogos), promovendo-se a formação contínua dos professores da escola e dos professores formadores.

Por outro lado, é necessário o desenvolvimento de projetos de formação profissional focando um processo de Estágio Supervisionado que supere um trabalho hierarquizado e solitário entre escola e universidade. Nesse contexto, o estágio pode contribuir para uma atitude questionadora e para a construção de saberes, na medida em que supere uma relação distanciada entre os estagiários, os professores universitários e os professores do ensino médio. Assim, o estágio supervisionado, que caracteriza a formação colaborativa entre universidade e escola, é pautado em relações de co-participação, parceria e colaboração, num diálogo constante entre essas instituições.

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Em síntese, as análises aqui empreendidas permitem identificar duas questões centrais quando nos remetemos aos processos de estágios na escola básica e a suas possibilidades de promover oportunidades de ações colaborativas.

A primeira é que, para que o estágio potencialize a construção de saberes não só dos professores-alunos como também dos demais professores, é necessário estar ancorado num projeto que promova a reflexão sobre a atividade docente não só no plano individual, mas também no coletivo, sendo essa reflexão amparada pela fundamentação teórica.

A segunda é que o estágio, no âmbito de formação de professores, pode apontar aprendizagens significativas, desde que tenha como referência a escola nas suas possibilidades e limitações, entretanto sem ignorar a troca de experiência e a participação de todos (pares da escola e universidade).

REFERÊNCIAS

AROEIRA, Kalline Pereira. O estágio como prática dialética e colaborativa: a produção de saberes por futuros professores. 2009. 253 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Práticas Pedagógicas nas múltiplas redes sociais. In: ALVES, Nilda e LIBÂNEO, J.C. (org.). Doze temas da pedagogia: as contribuições do pensamento em Currículo e em Didática. São Paulo: Cortez Editores, 2012, v. 1, p. 169-18. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

GIOVANNI, L. M. Do professor informante ao professor parceiro: reflexões sobre o papel da universidade para o desenvolvimento profissional de professores e as mudanças na escola.

Caderno CEDES, Campinas, v. 19, n. 44, Campinas, p. 46-58, abr. 1998.

NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto: Dom Quixote, 1991.

PIMENTA, S. G. O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática? 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.

______. Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2002. PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2004. PORTFÓLIOS DE ESTÁGIO. Material de avaliação final da disciplina de estágio

supervisionado da educação física no ensino médio ministrada no ano de 2011. Vitória:

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PORTFÓLIOS DE ESTÁGIO. Material de avaliação final da disciplina de estágio

supervisionado da educação física no ensino médio ministrada no ano de 2012. Vitória:

Universidade Federal do Espírito Santo, 2012.

PORTFÓLIOS DE ESTÁGIO. Material de avaliação final da disciplina de estágio

supervisionado da educação física no ensino médio ministrada no ano de 2013. Vitória:

Universidade Federal do Espírito Santo, 2013.

RIOS, T. A. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

VÁZQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. VYGOTSKY, L. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

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