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ACERCA DA OCORRENCIA DE SIGILARIAS DE TIPO CANELADO NO CARBONIFERO DE sao PEDRO DA COVA

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(1)

DE TIPO CANELADO NO CARBONIFERO

DE

sAo

PEDRO DA COVA

POR

NEFTALI DA COSTA FONSE.CA

ENG •• DE MINAS (u. P.)

ASSISTENTE DA FACULDADE DE ENGENHARIA DO PORTO

Na presente nota temos em vista, sobretudo, regis tar 0 aparecimento, nos trabalhos subtemlneos da l\'lina de Sao Pedro da Cova, de uma forma~ao com fosseis abundantes de Sigillaria

de tipo canelado.

E,

segundo cremos, m~is urn elemento importante, nao so do ponto de vista teorico, como pnitico, para 0 estudo do Carbonifero dos arredores do Porto.

*

*

*\

Foi Venceslau de Lima quem pela primeira vez citou 0 apare-cimento de fosseis de Sigillaria no Carbonico portugu~s ( 1 ). Tratava-se de urn exemplar de Sigillaria de tipo canelado,

prove-niente dos gres micaceos das camadas inferiores do CarbOnico da margem esquerda da Ribeira Grande, no Alentejo.

As referencias de Sharpe relativas

a

exist~ncia de restos de

Sigillaria no Antracolitico do Bu~aco, nao tiveram ate hoje con-firma~ao.

Num trabalho publicado em 19J8, 0 PROF. CARLOS TEIXEIRA noticiou, pela primeira vez, 0 aparecimento de fosseis de Sigillaria no Carbonifero nortenho - S. aff. mauricii - , encontrados em

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Sete Casais (Valongo). Mais tarde, 0 mesmo autor (3) reconheceu a existencia de Sigillaria brardi Brougn., em Valdeao, e,

conjunta-mente, de Sigillaria sp.

0).

Do Moinho da Ordem assinalou 0 PROF. CARLOS TEIXEIRA, na mesma publicacao, urn exemplar que julgou visinho de S. cortei.

Referiu, ao mesmo tempo, a grande abundancia, neste jazigo carbonifero, de Sigilarias de tipo canelado, embora de classifi-caCao especi£ica imposslvel, ou quase impossivel, por se tratar de caules descascados. Algumas formas, segundo 0 citado autor, aproximar-se-iam de S. renniformis Brongn. e de S. laevigata

Brongn.

Em 1940, 0 PROF. CARLOS TEIXEIRA volta a ocupar-se das Sigilarias do Moinho da Ordem, acentuando que sao todas de tipo canelado e que devem corresponder a varias especies. Em 1944, o mesmo autor (5), na lista de fosseis do CarbOnico alentejano (Santa Suzana), inclue S. d. elegans Sternb., S. d. sauveri

Zeiller, S. d. renniformis Brongn., Sigillaria sp. (numerosas

especies, todas de tipo canelado ).

Sigillaria brardi Brongn., citada pelo PROF. CARLOS

TEI-XEIRA nas camadas de Valdeao, foi por nos assinalada, em 1952, nos xistos micaceos do teto da 1. a cam ada de carvao da Mina de

Sao Pedro da Cova. Existem bons exemplares desta especie no Museu Geologico da M.ina.

*

*

*

Ate ha pouco eram estes, resumidamente, os conhecimentos respeitantes

a

presenca de fosseis de Sigillaria no Antracolitico

portugues.

Recentemente, porem, os trabalhos da Mina de Sao Pedro da Cova permitiram-nos localizar uma formacao caracterizada pela extraordinaria abundancia de fosseis de Sigillaria de tipo

canelado.

Esta formacao foi atingida por uma travessa, orientada de 0 para E, cuja abertura fora ordenada pelo Director Tecnico da Mina, PROF. ENG. FARINAS DE ALMEIDA, com 0 fim de se proceder

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LO reconhecimento definitivo da zona do tecto da bacia. em deter- . ninado perfil e a determinado nivel topogrruico (Trav. 11 ).

Partindo da brecha de base do Estefaniano, depois de ;ortar diversas forma~oes (conforme se observa no corte geol6gico ~nto - Fig. 1), a travessa atingiu a forma~ao das Sigilarias cane-adas, de que apresentamos urn corte pormenorizado passando )elo hasteal suI do referido trabalho (Fig. 2).

Dentro desta iorma~ao, sao duas as zonas principais onde se

~ncontram os f6sseis de Sigillaria: na zona de carvao levemente

:aiano - zona 4 - e na que imediatamente se sobrepoe a esta, nas em que existem leitos de xisto esteril relativamente espessos "':'-'zona 5-.

Nas zonas 2 e 3, mais ricas de antracite, nao se notaram senao restos insignificantes de Sigillaria.

Na zona 4, os f6sseis destas plantas, constituidos sobretudo por caules descascados, destacam-se eni grandes placas.

E

na zona 5 que aparece~ os melhores exemplares, por vezes de grandes dimensoes, alguns dos quais permitem classifi-::a~ao especffica.

Assim, entre os f6sseis recolhidos ate agora, podemos assi-nalar formas que se aproximam das especies :

Sigillaria schlotheimiana

Br~ngn.

» minima Brongn. (elegans? )

» davreuxi Brongn.

» renniformis Brongn.

» scutellata Brongn.

A zona 6 e constituida por urn xisto semi-gresoso, negro, muito duro, compacto, fortemente carbonoso, com superficies bri-lhantes de deslizamento. A fragmenta~ao do xisto referido faz-se segundo superficies curvas, distribuidas irregularmente, consti-tuindo como que disjun~o especial, proveniente, sem duvida, de ac~oes tect6nicas.

Aparecem, frequentemente, nas rochas desta zona, impressoes de folhas e estr6bilos de Sigillaria - Sigillariophyllum e

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Sigilla-122

. riostrobus - . Encontram-se, aMm disso, restos de ramos,

observando-se nao so as folhas como as suas respectivas in-sercoes.

Assinalam-se, tambem, fosseis de Stigmaria - talvez Stig-mar ia rugulosa Gothan (?) - , de Calamites - C. elsti Brongn . ...,. ,

de Sphenopteris sp., estes muitos raros, aMm de diversos outros

restos vegetais inclassificaveis.

A zona 7 e constituida por uma camada de antracito de optima qualidade.

Na zona 8 encontra-se um xisto gresoso, com aspecto seme-lhante ao da zona 6, mas mais duro, com vestigios de fosseis, entre os quais impressoes de Calamites, Pecopteris sp., caules

diversos, e, sobretudo, Pecopteridium jongmansi P. B. (?).

A zona 9 e formada por uma brecha quartzltica de fricCao e a zona 10 por um quartzito muito duro, cortado por numerosas fissuras, disposto em bancadas separadas por leitos argilo-xistosos. De onde a onde algumas fissuras mostram enchimento de aspecto talcoso. Noutros pontos observa-se, antes, uma densa rede de veiosinhos de quartzo branco, sacaroide.

A esta assentada quartzitica sucedem xistos cinzentos escuros, com facies claramente sihirica, mas onde ate agora se nao encontraram quaisquer restos fosseis.

As caracteristicas paleontologicas, em especial a abundancia de Sigilarias de tipo canelado, distinguem, imediatamente as assentadas descritas da formacao produtiva estefaniana eleva-nos a por a hipotese de pertencerem ao Vestefaliano D (ou ao Estefa-niano inferior).

As Sigilarias de tipo canelado, como acentuou 0 PROF. CARLOS TEIXEIRA (1, 4), sao tipicas do Vestefaliano e do Estefaniano inferior, enquanto que as Sigilarias sem jugas sao mais recentes, estefaniano-permicas.

o

Vestefaliano D e conhecido nas proximidades de Sao Pedro da Cova, entre Ervedosa e 0 Tanjarro.

Se se confirmar a hipotese acima apresentada, teremos pela primeira vez 0 Vestefaliano produtivo no norte de Portugal.

Em qualquer caso, na~ restam duvidas de que, sobrepostas n!in cilrp.r.tamente ao Estefaniano produtivo, existem formacoes

(5)

Fig. 1 - Corte geol6gico pela Travessa n.o 11 (1 •• piso-nivel 45 ) ~\;:, ,l~"~~"" ~C\-l,1 .... I.,\~r:/·\\'

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\-Fig. 2 - Corte transversal das camadas vestetalianas

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carboniferas mais antigas, atingidas pelos trabalhos mineiros da travessa 11 e com bom carvao.

Nao entraremos, deliberadamente, em consideracoes de ordem interpretativa, mas nao queremos deixar de acentuar que os factos registados constituem elemento muito importante para 0 conheci-mento da bacia carbonifera de Sao Pedro da Cova, permitindo fundamentar hipoteses de grande interesse teorico e pratico.

Minas de S. Pedro da Cova, 27 de Marco de 1954.

BIBLIOGRAFIA

1) TILIXEIRA, C. (1937) Lycopodiales do AntracolHico Portugues. Bol. do Mu-seu e Lab. de Miner. e Oeol. da Univ. de Lisboa, n.O 6, pp. 131-139, Lisboa.

2) TEIXEIRA, C. (1938) Subsidios para 0 conhecimento da flora fossil do

AntracoHtico nortenho. Publ. do Museu e Lab. Min. e Oeol. da Fac. de Ciencias do Porio, I ser., VII, Porto.

,3) TEIXEIRA, C. (1940) - Sobre a flora fossil do Carbonico Alentejano. Bol. do Museu e Lab. de Miner. e Oeol. da Univ. de Lisboa. N.O 7-8, pp. 83-100, Lisboa.

4) TEIXEIRA, C. (1940) Notas para 0 estudo da Flora Fossil do Carbonico

Alentejano, Porto.

5) TEIXEIRA, C. (1944) 0 Antracolitico Continental Portugues. - Tese - . Porto.

(7)

6) CARRiNGTON DA COSTA, J. (1951) Acerca da tect6nica da bacia carboni-fera de Sao Pedro da Cova. Bal. Soc. Geol. de Portugal, Vol. IX, pp. 169-174, Porto.

7) MORET, LEON (1949) Manuel de Paleontologie Vegetale Masson etc,ie, Paris.

8) RENIER, A., STOCKMANS, F., DEMANET, F., e STRAELEN, V. van (1938) Flore et jaune houilleres de la Belgique. Bruxelles.

9) SCHIMPER, W. PH~ (1874) Traite de Paleontologie vegetale (Atlas). P~ris.

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EXPLICACAO DAS ESTAMPAS

ESTAMPA I

Figs. 1 e 4 - Fragmentos caulinares de Sigillaria sp. (Tamanho

na-tural ).

Figs. 2 e 3 - Fragmentos caulinares de Sigllaria, mostrando a forma e

disposil;ao dos escudetes. (Tamanho natural).

Figs. 2 a e 3 a - Os mesmos exemplares das figs. 2 e 3 ampliados.

ESTAMPA II

Fig. 1 - Fragmento de um ramo de Sigillaria sp. com folhas

(Redu-zido a cerca de 1/2).

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3

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Referências

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