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INTERRUPÇÃO DO PROCESSO DE HIDRATAÇÃO DE UM CIMENTO DE ALUMINATO DE CÁLCIO

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INTERRUPÇÃO DO PROCESSO DE HIDRATAÇÃO DE UM CIMENTO DE ALUMINATO DE CÁLCIO

A. P. Luz*,N. Z. Borba, V. C. Pandolfelli

Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia de Materiais Rod. Washington Luiz, km 235, C. P. 676, 13565-905, S. Carlos, SP

e-mail: anapaula.light@gmail.com ou vicpando@power.ufscar.br

RESUMO

Reações entre cimentos de aluminato de cálcio e água levam a dissolução das fases anidras até a saturação da solução, seguida pela precipitação e crescimento dos cristais dos hidratos. Por este ser um processo dinâmico, torna-se necessário o emprego de métodos adequados para interromper a hidratação, permitindo o estudo da cinética das transformações de fases. Neste trabalho dois métodos foram avaliados: uso de acetona e secagem em forno microondas, visando a remoção da água livre e inibindo a continuidade das reações. Ensaios de difração de raios X e termogravimetria foram utilizados para quantificar as fases geradas nas amostras que foram mantidas a 37oC entre 1-15 dias. As vantagens e desvantagens destes procedimentos são apresentadas e discutidas. A interrupção da hidratação com o uso de microondas parece ser mais efetiva para remover a água livre dos cimentos, podendo posteriormente ser utilizada em pesquisas da área de concretos refratários, cimentos odontológicos, etc.

Palavras-chave: cimento de aluminato de cálcio (CAC), hidratação, microondas. INTRODUÇÃO

Embora a hidratação dos cimentos de aluminato de cálcio (CAC) apresente uma grande importância do ponto de vista comercial e industrial, as transformações químicas envolvidas neste processo ainda não são bem compreendidas. Reações entre o CAC e água levam a geração de diversas fases conhecidas como hidratos, sendo os principais deles: Ca3Al2O6.6H2O (C3AH6), Al2O3.3H2O (AH3), além dos

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Ca4Al2O7.xH2O (x = 7, 11, 13 e 19) e AH3 gel. O tipo e teor destas fases hidratadas

dependem da composição mineralógica do cimento, da razão água/cimento empregada na preparação das pastas cimentícias e principalmente da temperatura de cura (1 – 4).

No entanto, para definir adequadamente a composição de pastas cimentícias em determinados intervalos de tempo faz-se necessário a interrupção do processo de hidratação pela remoção da água livre contida no material. Alguns motivos que reforçam tal necessidade são(5): (1) a preparação das amostras para as análises subseqüentes pode levar alguns dias para serem concluídas e durante este período o cimento pode continuamente ser hidratado, alterando o teor de suas fases, e (2) muitas técnicas analíticas como microscopia eletrônica de varredura e porosimetria por intrusão de mercúrio não podem ser realizadas em amostras úmidas.

Diversos métodos podem ser empregados visando eliminar a água livre (também conhecida como água de capilaridade, pois esta se encontra nos poros do corpo de prova e livre de forças atrativas exercidas pela superfície sólida(6)), porém a maioria deles provoca efeitos deletérios à composição ou ao arranjo microestrutural das fases. Alguns destes procedimentos envolvem a remoção física da água pela secagem do material (secagem em estufa, a vácuo, etc.), enquanto outros substituem a mesma por um líquido orgânico de menor tensão superficial (como acetona, etanol, éter, metanol ou isopropanol) (5, 6). Embora o uso de solventes seja muito criticado por alguns autores (7, 8) devido a sua possível interação com alguns hidratos, este método ainda é muito utilizado antes da realização de análises térmicas ou outras técnicas experimentais empregadas no estudo de cimentos Portland.

Nos últimos anos o uso de microondas (que é um tipo de radiação eletromagnética com comprimento de onda da ordem de 1mm-1m e freqüência de radiação ultra elevada(9)) tem sido aplicado para a determinação da razão água/cimento em concretos(10), na investigação da hidratação de cimentos do tipo Portland(11), etc. Porém, nota-se a ausência de trabalhos sobre o uso de tal procedimento no estudo de cimentos de aluminato de cálcio.

Visando compreender e explorar as transformações sofridas por um CAC comercial (Secar 71) ao longo do processo de cura, neste trabalho foi empregado dois métodos de interrupção da hidratação: uso de acetona ou secagem em forno microondas. As amostras coletadas foram posteriormente analisadas pelas técnicas

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de difração de raios X (DRX) e termogravimetria (TG). Além disso, uma comparação entre estes procedimentos e as vantagens e desvantagens de cada método são discutidas.

MATERIAIS E MÉTODOS

O cimento Secar 71 (Kerneos, França – Tabela 1) foi escolhido para as avaliações neste trabalho. As pastas cimentícias foram preparadas utilizando-se razão água/cimento (A/C) igual a 0,3, 0,4 e 0,5. Corpos de prova cilíndricos (D = 11 mm x H = 22 mm) foram moldados sob leve vibração e mantidos em ambiente úmido (umidade relativa ~ 100%) durante 20 horas. Após este período, as amostras foram desmoldadas, mergulhadas em recipiente contendo H2O destilada e armazenadas

dentro de uma estufa (Nova Ética, modelo 403/D) a 37ºC. Ao completar 1, 3, 7 e 15 dias de cura, algumas amostras do cimento hidratado foram selecionadas e submetidas a secagem em forno microondas (Brastemp, modelo BMS25), usando a potência máxima deste equipamento durante o tempo de 6 minutos (foi verificado previamente que nesta condição houve a remoção da água livre do cimento, obtendo-se um valor constante para a massa do material analisado). Além disso, algumas amostras também foram mantidas mergulhadas em acetona (Labsynth, acetona PA) pelo período de 6 horas e posteriormente submetidas a secagem a aproximadamente 30ºC por mais 6 horas.

Tabela 1 – Composição química do cimento Secar 71.

Composição Química Teor (%-peso) CaAl2O4 (ou CA) 56,35

CaAl4O7 (ou CA2) 39,62

Al2O3 1,94

Ca12Al14O33 (ou C12A7) 2,09

Os corpos de prova recolhidos após os dois procedimentos de interrupção da hidratação foram macerados, moídos e analisados por meio das técnicas de DRX (em equipamento Bruker, modelo D8 focus, com radiação CuKα [λ = 1,5418 Å] e filtro de níquel, empregando-se 40 mA, 40mV e passo = 0,02) e TG (equipamento NETZSCH STA 449, taxa de aquecimento de 10oC/min em fluxo de ar sintético (80%N2 - 20%O2) de 50 cm3/min e usando α-Al2O3 como padrão de correção). A

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partir das curvas de TG e DTG, os teores de alguns hidratos ainda foram estimados utilizando-se o procedimento descrito no trabalho de Dweck et al.(12), o qual considera as perdas de massa das curvas de TG entre as temperaturas inicial e final dos picos obtidos por DTG e compara tais informações com as reações de decomposição das fases e as perdas de massa teóricas previstas pela estequiometria. Os resultados de DRX também foram avaliados por meio do método de Rietveld (programa Topas 4.2), sendo estimada a quantidade dos hidratos contidos nas amostras coletadas nos diversos intervalos de tempo escolhidos. Devido a ausência de informações detalhadas sobre a estrutura e simetria das fases CAH10 e C2AH8 (onde C = CaO, A = Al2O3 e H = H2O), optou-se por efetuar uma

avaliação semi-quantitativa destes hidratos (programa EVA), baseando-se nos dados da área dos picos mais intensos dos mesmos.

Além disso, a porosidade aparente das amostras do CAC (antes da interrupção da hidratação) foi realizada usando o método de Archimedes (ASTM C380-00), sendo empregado querosene como meio líquido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O cimento Secar 71 é constituído majoritariamente pelas fases CA e CA2. As

diferenças no processo de hidratação destas fases anidras estão relacionadas a quantidade de Ca2+ e Al(OH)4- que eles podem liberar em solução, definindo quais

hidratos podem ser gerados(3). Na temperatura de 37ºC há o favorecimento da precipitação da fase C3AH6 e AH3, porém como as amostras avaliadas neste

trabalho foram armazenadas em contato com água, outros compostos ainda poderiam ser formados devido a grande disponibilidade deste líquido (Fig. 1).

Figura 1 – Equações que representam as reações de formação dos hidratos em cimentos de aluminato de cálcio(13).

6CA 6CAH10 3C2AH8 + 3AH3 2C3AH6 + 4AH3 -27H -9H +24H +33H +60H

6CA2 6CAH10 + 6AH3 3C2AH8 + 9AH3 2C3AH6 + 10AH3 -27H -9H +42H +51H +78H T em p er a tu ra e /o u t em p o

(5)

De acordo com os resultados de DRX (qualitativo - Fig. 2 e quantitativo - Fig. 3), os principais hidratos identificados foram C3AH6 e AH3, porém outros compostos

como CAH10, C2AH8 e AlO(OH) (bohemita) estavam presentes em menores

quantidades. Este último apenas foi identificado (com quantidades próximas a 5,6%-p a5,6%-pós 3 dias de cura) nas amostras 5,6%-pre5,6%-paradas com menor quantidade de água (A/C = 0,3). No entanto, sabe-se que a formação de bohemita pode ser favorecida quando a rápida secagem do material gera uma elevada pressão interna na estrutura úmida do mesmo(14). De acordo com os resultados de porosidade aparente (Fig. 4), as amostras preparadas com A/C = 0,3 foram aquelas que apresentavam menor quantidade de poros e possivelmente sua permeabilidade também deve ser baixa, ocasionando a condição necessária para haver o aumento da pressão local no interior das amostras durante a secagem com o uso de microondas. Diversas amostras apresentaram trincas após tal procedimento, sendo estas resultantes da liberação do vapor d’água acumulado no interior da peça.

(a) (b)

Figura 2 – Difratogramas das amostras do cimento Secar 71 preparadas com A/C = 0,3 (cura a 37ºC em água destilada) obtidas após interrupção da hidratação com o uso de (a) acetona e (b) secagem em forno microondas.

5 10 15 20 25 30 2θθθθ (graus) 5 10 15 2θθθθ (graus)20 25 30 1 3 7 15 dias C3AH6 AH3 CAH10 AlO(OH) C3AH6 AH3 C2AH8 CAH10

(6)

Figura 3 – Evolução das quantidades das fases hidratadas presentes nas amostras do cimento Secar 71 mantidas em água a 37ºC.

0 3 6 9 12 15 0 5 10 15 20 25 30 35 P o ro s id a d e A p a re n te ( % )

Tempo de cura (dias)

A/C 0,3 0,4 0,5

Figura 4 – Porosidade aparente das amostras do cimento Secar 71 mantidas mergulhadas em H2O destilada na temperatura de 37ºC.

0 3 6 9 12 15 0 5 10 15 20 C A H1 0 ( % -p )

Tempo de cura (dias) Acetona (A/C) 0,3 0,4 0,5 Microondas (A/C) 0,3 0,4 0,5 0 3 6 9 12 15 20 30 40 50 60 A l( O H ) 3 ( % -p ) Acetona (A/C) 0,3 0,4 0,5 Microondas (A/C) 0,3 0,4 0,5 0 3 6 9 12 15 0 5 10 15 20 25 C2 A H8 ( % -p )

Tempo de cura (dias) Acetona (A/C) 0,3 0,4 0,5 Microondas (A/C) 0,3 0,4 0,5 0 3 6 9 12 15 10 20 30 40 50 60 70 C3 A H6 ( % -p ) Acetona (A/C) 0,3 0,4 0,5 Microondas (A/C) 0,3 0,4 0,5

(7)

A presença de AlO(OH) é acompanhada pela diminuição da fase Al(OH)3 a

partir de 3 dias de cura (Fig. 3). Nas demais condições avaliadas (A/C = 0,4 e 0,5) há o contínuo aumento das fases C3AH6 e Al(OH)3 ao longo do tempo e isto ocorre

em virtude da hidratação das fases anidras ainda contidas nas amostras e/ou pela conversão dos hidratos menos estáveis (CAH10 e C2AH8), como esquematizado na

Fig. 1. Além disso, as amostras preparadas com maiores teores de água contêm de maneira mais expressiva os hidratos CAH10 e C2AH8 em sua estrutura,

principalmente quando os corpos de prova foram colocados em contato com acetona.

Para evitar o aumento da pressão interna nas amostras do Secar 71 e, conseqüentemente, inibir a geração de novas fases que possam alterar a seqüência de transformações ocorridas durante a hidratação, sugere-se que antes de submeter as amostras à etapa de secagem em microondas, estas devam ser maceradas ou moídas. A moagem dos corpos de prova também pode ser aplicada no caso do uso de acetona, pois assim o solvente orgânico terá um maior contato com o sólido, garantindo a eliminação da água livre de maneira mais efetiva.

A Tabela 2 mostra uma comparação entre os teores das principais fases identificadas em amostras do cimento Secar 71 preparadas com A/C = 0,3 e mantidas em água a 37ºC por 15 dias. Alguns dos corpos de prova selecionados foram macerados (até ser obtido um pó fino) e colocados em contato com acetona ou secos em forno microondas, seguindo o mesmo procedimento descrito na seção anterior.

Tabela 2 – Comparação entre os resultados de DRX quantitativo das amostras do cimento Secar 71 (A/C = 0,3) após 15 dias de cura.

Amostras submetidas a interrupção da hidratação por:

Fases (%-p)

CA CA2 CAH10 C3AH6 AlO(OH) Al(OH)3

Acetona 2,56 4,56 6,32 36,27 0 49,40

Microondas 5,08 4,90 0 57,64 5,16 27,24

Macerada – Acetona 1,75 2,72 2,90 36,67 0 54,93

Macerada – Microondas 2,41 2,21 3,03 39,29 0 52,79

A partir destes dados nota-se que não houve o aparecimento da fase AlO(OH) quando o cimento macerado foi submetido a secagem, comprovando que este hidróxido foi formado durante a desidratação das amostras (secagem das peças inteiras) e não durante a etapa de cura. Assim, a prática de moer as amostras antes

(8)

da secagem é de extrema importância para permitir a correta avaliação dos cimentos de aluminato de cálcio.

Algumas diferenças ainda foram verificadas entre as quantidades dos hidratos C3AH6 e Al(OH)3 encontrados nas amostras maceradas (acetona ou microondas),

por esta razão, a técnica de termogravimetria também foi escolhida para avaliar tais cimentos. Vários autores afirmam que devido a baixa cristalinidade dos produtos de hidratação formados logo ao início do processo de cura e a reduzida razão água/cimento utilizada na preparação dos cimentos, as análises térmicas (DTA/TG) são as mais promissoras na caracterização qualitativa e quantitativa das fases formadas nesta etapa do processamento destes materiais(6,12). No entanto, ao longo do aquecimento dos cimentos pode ser observado grandes mudanças nos valores do sinal de DTA, gerando uma certa dificuldade para a avaliação destes resultados. Desta forma, alguns trabalhos(6,12) citam que o uso das curvas de DTG (como as mostradas na Fig. 5) permite a obtenção de uma linha de base reta, facilitando a quantificação das fases de acordo com os seus picos de desidratação.

Temperatura (ºC)

Figura 5 – Curvas de DTG para as amostras do cimento Secar 71 preparadas com A/C = 0,3 e mantidas em contato com H2O destilada durante 15 dias a 37ºC.

Acetona Microondas Macerada - Acetona Macerada - Microondas H2O livre e AHx gel CAH10 C2AH8 C3AH6 e Al(OH)3 AlO(OH)

Faixas de temperatura onde predomina a desidratação das fases contidas no cimento

(9)

De acordo com a Fig. 5, verificou-se que as principais fases identificadas nas amostras avaliadas foram C3AH6 e Al(OH)3. O aumento da taxa de perda de massa

entre 180-240ºC para as amostras do cimento Secar 71 colocado em contato com acetona (peça inteira ou macerada) ou seca em microondas (peça macerada) indica que o hidrato C2AH8 pode estar presente nestes materiais (apesar de esta fase não

ter sido identificada no DRX). Por outro lado, nesta mesma faixa de temperatura pode ter ocorrido o início da decomposição das fases Al(OH)3 e C3AH6, cujos picos

se sobrepõem e encontram-se muito próximos da fase C2AH8. Assim como

observado nos difratogramas, o hidróxido AlO(OH) parece estar presente apenas nos corpos de prova submetidos diretamente a secagem em microondas (peças inteiras – curva vermelha Fig. 5), uma vez que na temperatura de ~450ºC há o aparecimento mais acentuado do pico de decomposição desta fase.

Baseando-se no procedimento descrito no trabalho de Dweck et al.(12) foram realizados alguns cálculos para estimar (de forma indireta, ou seja, pela perda de massa resultante da eliminação da água) as quantidades dos hidratos presentes nos cimentos, a partir das curvas de TG e DTG. A Tabela 3 apresenta tais resultados e, assim como nas análises dos difratogramas, há poucas diferenças nos valores coletados para as amostras maceradas.

Tabela 3 – Análise da decomposição dos hidratos do cimento Secar 71 (A/C = 0,3, após cura por 15 dias a 37ºC) obtida a partir das curvas de TG e DTG.

Método de interrupção da hidratação H2O do CAH10 (%-p) H2O do C2AH8 + Al(OH)3 + C3AH6 (%-p) H2O do AlO(OH) (%-p) H2O dos outros hidratos (%-p) Total perda de massa a 600ºC (%-p) Acetona 1,31 22,07 - 6,28 29,66 Microondas 0,31 16,10 3,45 3,26 23,12 Macerada – Acetona 0,84 23,26 - 6,00 30,10 Macerada – Microondas 0,96 22,72 - 5,41 29,09

Porém, quando acetona foi utilizada para interromper a hidratação, uma maior quantidade de água foi eliminada devido a decomposição de AHx gel e/ou liberação

de H2O livre (como indicado na coluna - H2O dos outros hidratos - Tabela 3). Este

resultado indica que o uso deste solvente orgânico parece ser menos efetivo para interromper o processo de hidratação e esta água livre contida no cimento poderia

(10)

ainda reagir com as fases anidras com o aumento do tempo de cura, provocando mudanças nos teores e na composição das fases deste material.

Portanto, a secagem das amostras do cimento de aluminato de cálcio em forno de microondas parece ser uma boa alternativa a ser empregada no estudo da evolução das fases hidratadas em função do tempo. Vale destacar que para evitar o surgimento de fases adicionais devido ao aumento da pressão interna nos corpos de prova, recomenda-se a moagem das amostras antes de efetuar o processo de secagem.

CONCLUSÕES

Cimentos de aluminato de cálcio passam por várias transformações após o seu primeiro contato com água e ao longo da etapa de cura. Devido a complexidade destas reações químicas e a importância deste material (que atualmente é amplamente aplicado em refratários, mas seu uso ainda pode ser expandido para outras áreas), há a necessidade de se encontrar uma metodologia eficaz para ser utilizada na análise da evolução destas transformações de fases (geração de C3AH6,

Al(OH)3, CAH10 e C2AH8) em função do tempo. De acordo com os resultados de

TG/DTG, foi verificado uma maior quantidade de água livre nos corpos de prova mantidos em contato de acetona. A secagem das amostras do cimento Secar 71 em forno microondas parece ser uma boa alternativa, quando comparado ao uso de acetona, para eliminar a água livre e interromper uma possível continuidade do processo de hidratação. Por outro lado, recomenda-se que antes da interrupção da hidratação seja realizada a maceração e/ou moagem das amostras para evitar efeitos como, por exemplo, aumento da pressão interna resultante da rápida secagem e reduzida permeabilidade do material (quando uma pequena quantidade de água é utilizada na preparação do cimento), podendo haver mudanças nas composições e aparecimento de novas fases como AlO(OH).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio a este trabalho.

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REFERÊNCIAS

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HALTING OF THE CALCIUM ALUMINATE CEMENT HYDRATION PROCESS

ABSTRACT

The calcium aluminate cement reactions with water lead to the anhydrous phases dissolution resulting a saturated solution, followed by nucleation and crystal growth of the hydrate compounds. This is a dynamic process, therefore, it is necessary to use suitable methods to halt the hydration in order to study the phase transformations kinetics of such materials. In this work two methods are evaluated: use of acetone and microwave drying, aiming to withdraw the free water and inhibit further reactions. X ray diffraction and thermogravimetric tests were used to quantify the phases generated in the cement samples which were kept at 37ºC for 1 to 15 days. The advantages and disadvantages of those procedures are presented and discussed. The use of microwave to halt the hydration process seems to be effective to withdraw the cement free water, and it can further be used in researches of the refractory castables area, endodontic cements, etc.

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