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saúde Oral séniOr

sorriso sem idade

Se nos primórdios da vida o Homem era um

ser pequeno, com os membros encurvados

e os dentes cariados, com a vida a terminar

precocemente por volta dos vinte e poucos

anos, em pleno século XXI o cenário é muito

mais risonho. Com a esperança de vida a rondar,

em muitos países, os 75 anos, já é possível

chegar à Terceira Idade e ostentar um belo

sorriso, embora os números no nosso país ainda

apontem para uma realidade de «mais de 35%

de desdentados totais acima dos 65 anos».

ana albeRnaz

A preocupação da população com a saúde tem aumentado proporcionalmente ao alargamento da esperança média de vida, daí que não seja de estranhar que também a saúde oral dos portugueses tenha vindo a sofrer melhorias.

Tal como revela o médico dentista Ricardo Faria Almeida, a sua experiência clínica leva-o a concluir que «tanto idosos como demais população têm hoje em dia uma preocupação crescente com a saúde oral». A que a igualmente médica dentista Marta Ferro acrescenta a preocupação com as repercussões que esta possa ter na sua saúde em geral

Também Sandra Guerreiro e Armando Seabra, da Clínica Nova Moita, revelam que essa crescente preocupação se prende «não tanto pelos tratamentos dentá-rios em si, mas antes pela ausência das suas peças dentárias e na sua reposição (próteses removíveis em geral)».

Próteses reMOVíVeis

COntinUaM a dOMinar

Daí que não seja de estranhar que os principais motivos que levam a popula-ção sénior à cadeira do dentista sejam «as extracções e a colocapopula-ção de próteses removíveis», conta o casal de médicos dentistas da Moita.

Já Jorge André Cardoso destaca o facto de estes doentes procurarem essen-cialmente «saúde e conforto funcional», sendo a procura de tratamentos pura-mente estéticos secundários para a maioria dos seus pacientes.

Contudo o mestrando em Prostodontia pelo King´s College, da Universidade de Londres, ressalva que, «dependendo da realidade económica e social de cada

segundo estudos da Organização Mundial da saúde, em breve poderemos chegar aos 120 anos com a dentição quase completa

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um, não é raro encontrarmos preocupação neste aspecto», dado que o idoso tem uma vida social cada vez mais prolongada e activa. Como explica, «existe a vontade de estar presente e ser aceite no círculo familiar e isso passa, muitas vezes por haver uma apresentação e aparência adequadas».

Por seu turno, Ana Pais conta que no seu consultório aparece «de tudo um pouco», desde doentes que querem colocar implantes, «às vezes influenciados pelos filhos, aos que não têm condições monetárias para tais tratamentos e re-correm às próteses removíveis, e ainda alguns que vão simplesmente extraindo os dentes à medida que eles doem e vão vivendo assim».

núMerO de desdentadOs a deCresCer

Descrição que encaixa nos dois grupos de população idosa que Paulo Melo, membro da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), classifica: «os que têm fa-cilidade de acesso ao médico dentista e que apresentam uma boa saúde oral

patologias mais frequentes

A população dos países desenvolvidos tem vindo a ver a sua espe-rança de vida a aumentar exponencialmente. Se tivermos em conta a população idosa, com mais de 60 anos, verificamos que este é o seg-mento populacional que mais cresce em termos proporcionais.

Portugal não é excepção e tem também vindo a tentar fazer altera-ções nas suas políticas de saúde, de forma a atender às necessidades desta população específica.

Dado que um dos principais critérios utilizados para se identificar um idoso bem sucedido é pela manutenção da sua dentição natural, saudável e funcional, ao olharmos para a dentição da grande maioria dos portugueses com mais de 60 anos os dados não são animadores. Com mais de 35% de desdentados totais, há algumas patologias consi-deradas frequentes nesta faixa da população.

Um dos problemas mais comuns é a doença periodontal, mais severa na população idosa e que pode levar à degeneração das fibras perio-dontais ou até ao desaparecimento da camada de queratina gengival, o que a torna mais susceptível a traumas. Observa-se, ainda, recessão fisiológica caracterizada pela exposição radicular.

Além disso, com a idade, a diminuição ou ausência de habilidade torna o idoso um alvo de acumulação de placa bacteriana, o que leva os poucos dentes remanescentes ao comprometimento por problemas periodontais.

Segundo vários estudos, a doença periodontal é a primeira respon-sável pela elevada taxa de mortalidade dentária nos adultos idosos, seguida da cárie dentária, que nos idosos surge mais frequentemente na sua forma radicular. O agravamento destas situações associa-se a uma deficiente higiene oral, ausência de cuidados médico-dentários, falta de controlo de algumas patologias sistémicas e, ainda, à presença de outros factores de risco, como tabaco, stress e certos fármacos de utilização crónica, que levam geralmente à perda dentária.

Outro problema comum entre os idosos é a xerostomia, que surge devido às alterações da saliva nesta fase da vida, assumindo um papel relevante na maior susceptibilidade à cárie dentária. Há ainda que con-tar com o facto de muitos medicamentos terem enorme potencial para afectar a função da glândula salivar.

O uso de determinados fármacos pode provocar problemas de xerostomia que, associada a uma fraca higiene oral e dos dispositivos protéticos, podem desencadear patologia oral grave

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e o grande grupo dos que têm dificuldade neste acesso

e que apresenta problemas graves com necessidade de tratamento urgente, alguns casos até de saúde pública».

Dados revelados por uma investigação levada a cabo, em 2001, pelo Observatório Nacional de Saúde revelavam mesmo que mais de um quarto da população idosa já não tem dentes e cerca de metade destes não usa sequer pró-tese dentária.

E se, aquando da sua divulgação, a OMD considerou os dados «absolutamente trágicos», Paulo Melo faz questão de salientar que, actualmente, «apesar continuar elevado, o número de desdentados totais tem vindo a decrescer». Mas é nos idosos institucionalizados que se encontram as situa-ções mais críticas, que podem ser explicadas pela «menor destreza e autonomia destes pacientes, bem como a sua capacidade de mobilidade reduzida», continuando a fazer diferença envelhecer no feminino ou no masculino, sozinho ou no seio da família, casado, solteiro, viúvo ou divorciado, com filhos ou sem filhos, no meio urbano ou no meio rural,

na faixa do mar ou na intelectualidade das profissões cul-turais, no seu país de origem ou no estrangeiro, bem como activo ou inactivo.

Material desadaPtadO

Conclui-se então que a facilidade de acesso ao médico dentista é um dos factores que mais influencia a saúde oral dos portugueses. E se, em alguns países, já é possível ter a visita do médico dentista no domicílio, em Portugal este cenário ainda está longe de se tornar realidade, apesar de Paulo Melo considerar que esta é «uma necessidade e uma premência».

Outro dos problemas prende-se com o facto de, ao con-trário dos restantes países da UE, em Portugal a presença de médicos dentistas nos hospitais e centros de saúde é «praticamente nula», como faz questão de salientar o bas-tonário da OMD em diversas das suas intervenções.

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Segundo estudos da Organização Mundial da Saúde, em breve, poderemos chegar aos 120 anos, e com uma vantagem: com quase todos os dentes. Porém, enquanto isto não acontece, é preciso que mesmo os desdentados tenham aces-so aos melhores cuidados dentários e que as próteses utilizadas não sejam vistas pelos pacientes como “definitivas“. É que, apesar de a medicina dentária dispor dos mais variados tipos de próteses para a reabilitação oral, no nosso país as próteses removíveis continuam a ser maioritárias.

Além de muitas das próteses utilizadas por estes pacientes serem «antigas e desadaptadas, não respondendo às suas reais necessidades», como sublinha Paulo Melo, não é também respeitada a sua revisão de dois em dois anos.

Assim, além desta dificuldade encontrada pelos clínicos consultados, há

ainda que lidar com a motivação destes pacientes para efectuar tratamentos dentários mais conservadores, agravado pelo facto de muitos terem fracos re-cursos económicos para a obtenção de um melhor plano de tratamento (ver caixa

“Cheques-dentista pouco utilizados”).

iMPlantes ganhaM adePtOs

Porém, entre o grupo que possui condições económicas para o fazer, o núme-ro de pacientes que recorre aos serviços da Implantologia tem vindo a aumentar. Dedicado em exclusivo a esta área, bem como à Periodontologia, Ricardo Faria Almeida considera que, actualmente, as pessoas chegam mais esclare-cidas ao consultório, «procurando tratamentos mais diferenciados e não só as extracções dentárias e as próteses convencionais».

O médico dentista Jorge João também revela que os tratamentos mais pro-curados no seu consultório são a «substituição dos dentes perdidos por próteses ou a substituição destas» e acrescenta que, com o aumento da longevidade é «maior o número de idosos que pretendem melhorar a sua qualidade de vida, quer no aspecto funcional quer no aspecto estético». Daí que considere que é cada vez mais frequente a solicitação de reabilitação com próteses fixas sobre implantes, «de modo a minorar a saturação do desconforto e das limitações das próteses removíveis». Este clínico conta ainda que «a tentativa de recuperar e

Cheques-dentista pouCo utilizados

Desde Maio do ano passado que o governo disponibiliza che-ques-dentista a idosos com menores rendimentos, acompanha-dos no Serviço Nacional de Saúde, no valor de 80 euros por ano. Contudo, contrariando as perspectivas iniciais o número de idosos que recorreu a este programa tem sido reduzido, com Paulo Melo, mem-bro da OMD, a declarar ainda que «dos 9.189 cheques emitidos, apenas 6.526 foram utilizados».

O responsável considera assim que o programa de apoio aos ido-sos «fica aquém das expectativas» e aponta as «dificuldades logísticas, nomeadamente na identificação do idoso beneficiário do Complemento Solidário», bem como o facto de haver pouca informação.

Além deste programa, os idosos contam ainda com uma compartici-pação para próteses dentárias em 75%, até um máximo de 250 euros de dois em dois anos.

Apesar de a maioria dos médicos dentistas entrevistados considerar que o programa dos cheques-dentista seja bastante utilizado no caso das grávidas e crianças, é quase unânime a adesão «praticamente nula» por parte dos idosos. Ana Pais acrescenta ainda que «não há muita di-vulgação da informação junto das pessoas» e que o «facto de só se-rem atribuídos a pessoas com o rendimento mínimo limita um pouco a população alvo», dado que pensa que, «mesmo só tendo direito a dois cheques, sempre seria uma ajuda para algumas pessoas». Já Marta Ferro espera que este «sirva de base para o alargamento do programa a grupos mais alargados e igualmente necessitados».

Por sua vez, Jorge João, menos entusiasta em relação ao programa, avalia o cheque-dentista para o idoso como «manifestamente insufi-ciente» e Miguel Meira e Cruz deseja que sejam «mantidos os esforços no sentido de inserir a medicina dentária no SNS, de forma integrada para que possa dar resposta efectiva».

em alguns casos, dada a reduzida destreza e mobilidade dos idosos, é aconselhável o uso de escovas eléctricas em detrimento das manuais

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manter todos os dentes naturais ainda existentes na sua boca será outra preo-cupação, até porque, no passado, foram violentados por extracções muitas vezes desnecessárias».

CUidadOs esPeCíFiCOs

Há ainda que ter em conta que esta faixa da população apresenta algumas especificidades, como o facto referido por Ricardo Faria Almeida de «muitas ve-zes serem doentes polimedicados, o que exige do médico dentista uma atenção especial». Opinião corroborada por Ana Pais, que salienta ainda a necessidade de «cuidados redobrados nos tratamentos mais invasivos, como extracções e colocação de implantes».

Marta Ferro acrescenta ainda a dificuldade em lidar com alguns traumas de infância, «que ficaram gravados, e, muitas vezes, com depressões “super medi-cadas”, (também com a falta de atenção em casa que leva a uma postura emo-cional diferente)». A médica dentista aponta ainda as já referidas condicionantes no tratamento dos pacientes polimedicados, associadas a «condição das suas mucosas mais friáveis, cicatrização mais prolongada, dentes mais quebradiços

e abrasionados ou articulações t. mandibulares de-sequilibradas».

Especialista em Medicina do Sono, Miguel Meira e Cruz fala no facto da privação de sono associa-da a diversas condições dificultar o controlo associa-da dor – «um grande problema em idades avança-das que só não adquire maior impacto, porque no conjunto de uma sintomatologia dolorosa múlti-pla, as dores causadas na nossa área são atenua-das (a maior parte atenua-das vezes só relativamente)». Já Jorge André Cardoso conta que, em muitos casos, são os familiares que «se preocupam em resolver os problemas e não o idoso propriamente». Além disso, o médico dentista considera que não pode ser descura-do o facto de o envelhecimento ser «frequentemente acompanhado por alterações psicológicas e emo-cionais que podem dificultar a comunicação eficaz», pelo que há que «saber comunicar, de forma digna, as possibilidades e, sobretudo, as limitações de cada tratamento que, muitas vezes, estão impostas por di-versos factores médicos, psicológicos e económicos». Cabe então ao clínico encontrar o equilíbrio entre comunicar eficazmente e compreender a realidade emocional de cada doente.

desaFiOs FUtUrOs

As consequências das mudanças na esperan-ça de vida das populações provocam impactos nos sistemas de saúde, que têm de se adaptar a esta nova realidade. Assim, além da necessidade de criar infra-estruturas e programas de apoio ao tratamento destes pacientes – de que é exemplo o Programa Nacional de Saúde Oral – é ainda necessário que os médicos dentistas tenham conhecimentos específicos para atender este tipo de problemas.

Embora não exista em Portugal especialização em Odontogeriatria, há médicos dentistas que assumem ter particular interesse por esta área e foi criado em 1990, em Amesterdão, o European College of Gerodontology, que pretende ser um fórum europeu em torno das questões da terceira idade, promovendo a aproximação mul-tidisciplinar, conforme se pode ler na página na Internet da instituição.

No campo da medicina dentária há mesmo profissionais dedicados a este ni-cho de mercado, que ganha cada vez maior relevância. Esses médicos dentistas acompanham o processo de envelhecimento e avaliam de que forma essas mu-danças afectam a saúde oral dos pacientes. Além disso, como sublinham alguns especialistas, na Odontogeriatria o médico dentista trata mais do que dentes, uma vez que tenta olhar também para outros problemas que possam afectar o paciente, pois é necessário ter conhecimentos sobre outras áreas da medicina e terapêuticas utilizadas para se perceber determinados sintomas apresentados na cavidade oral.

Paulo Melo considera que os cheques--dentista podem ser um importante contributo para a melhoria da saúde oral dos idosos, mas que é necessária uma maior divulgação do programa

Referências

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