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A IMPORTÂNCIA DO ABATE HUMANITÁRIO E BEM-ESTAR ANIMAL NA CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA

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A IMPORTÂNCIA DO ABATE HUMANITÁRIO E BEM-ESTAR

ANIMAL NA CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA

[The importance of humanitarian slaughter and animal welfare in the bovine meat

production chain]

Guilherme Arruda GONÇALVES

1

Bruna Maria SALOTTI-SOUZA

2

RESUMO

O Brasil é o segundo produtor mundial de carne bovina com 211,764 milhões de cabeças em 2013 e a exportação de 1.565.308 toneladas em 2014. O abate humanitário é o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico. O abate humanitário e o bem estar animal têm relação direta com a lucratividade pois, se não forem obedecidos tais requisitos, a carne não é considerada de qualidade não havendo mercado entre os consumidores, gerando um marketing negativo que produz uma rejeição do produto. Este estudo teve por objetivo analisar a importância do abate humanitário e bem estar animal na cadeia de produção da carne bovina.

Palavras-chave: qualidade; carne; insensibilização.

ABSTRACT

Brazil is the world's second largest beef of producer with 211.764 million heads in 2013 and the export of 1,565,308 tons in 2014. The humane slaughter is the set of technical and scientific procedures that ensure animal welfare from loading at the rural property until the bleeding operation the slaughter plant. The humane slaughter and animal welfare is directly related to profitability because if not complied with such requirements meat is not considered quality there is no market among consumers generating a negative marketing that produces a rejection of the product. This study aimed to analyze the importance of humane slaughter and animal welfare in the production beef of chain.

Keywords: Quality; Beef, Stunning.

1

Médico Veterinário Autônomo

2 Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário do Norte Paulista – UNORP *Autor para correspondência. brunasalotti@gmail.com

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41 INTRODUÇÃO

O sistema intensivo de produção de animais teve início após a Segunda Guerra Mundial, devido a grande escassez de alimentos na Europa e o modelo de produção industrial em larga escala e em série, atingiu todos os setores, inclusive o pecuário (LUDTKE et al., 2012). Houve um aumento no número de abatedouros de animais para o consumo humano.

Atualmente o Brasil apresenta aptidão, alta performance e grande potencial pecuário, se destacando, tanto no cenário nacional com o internacional, na produção de carne bovina, ocupando o segundo lugar mundial com um efetivo de 211,764 milhões de cabeças de bovinos em 2013. O país ocupa também a segunda posição mundial na produção de carne bovina, sendo os Estados Unidos o maior produtor

(INSTITUTO BRASILEIRO DE

GEOGRÁFIA E ESTATISTICA, 2013). No agronegócio brasileiro, a exportação de carne bovina é uma atividade bastante expressiva. De janeiro a dezembro de 2014 foram exportadas 1.565.308 toneladas com uma receita de US$ 7.242.131 (ABIEC, 2014).

Os números demonstram a dimensão do potencial de mercado brasileiro que mantém-se competitivo e para ampliar as exportações de carne necessita seguir as exigências dos consumidores cada vez mais atentos à qualidade e à origem do produto. Dentre as exigências, o abate humanitário e o bem estar animal são um dos pontos observados, pois impactam na qualidade final do produto exportado. Para o Brasil continuar a exportar, se mantendo competitivo no mercado, deve se adequar às normas exigidas pelos mercados exportadores que são rigorosos quanto à qualidade do abate da carne. Se o país não se adequar às leis

internacionais e exigências mínimas pode perder espaço no mercado (CHIAPPINI, 2014).

Este estudo tem por objetivo discutir, mediante a apresentação de algumas referências, a importância do abate humanitário e bem-estar animal na cadeia de produção da carne bovina.

DESENVOLVIMENTO Carne bovina no Brasil

O setor pecuário brasileiro é bastante privilegiado, pois detém largas extensões de terras onde se pode manter o gado a pasto, o clima favorável e um custo de produção baixo, tornando o preço da carne bovina brasileira atraente no mercado internacional, elevando a vantagens competitivas do país (CALEMAN; CUNHA, 2011).

Tais condições foram decisivas para o desenvolvimento dos sistemas agroindustrial da carne bovina brasileira, principalmente nas últimas décadas elevando o país ao patamar de maior exportador de carne, dando um salto nas exportações de carne brasileira (CALEMAN; CUNHA, 2011).

Existem vários fatores para tal desempenho das exportações de carne bovina nos últimos anos, sendo que os principais fatores são mudanças no setor produtivo, incidência de encefalopatia espongiforme bovina, redução do rebanho norte-americano, alto custo de produção de carne bovina na Europa, a seca australiana em 2008 (CALEMAN; CUNHA, 2011).

A abertura de capital e abertura do mercado brasileiro, internacionalização e diversificação das atividades brasileiras,

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42 postura empresarial da pecuária nacional,

preço competitivo e atraente da carne brasileira no mercado internacional e modernização das unidades industriais para abate e adoção de legislações e, padrões internacionais de higiene, sanidade e principalmente de abate humanitário e bem estar animal (CALEMAN; CUNHA, 2011).

Dentre todos os fatores, a adoção de legislações e padrões internacionais de higiene, sanidade e principalmente de abate humanitário e bem estar animal, modernização do setor das unidades industriais para abate foram os que mais possibilitaram ao Brasil alcançar o nível de excelência nas exportações de carne (ROÇA, 2011).

A evolução da indústria da carne no Brasil

Durante a década de 70 alguns fatores como a expansão da urbanização, saneamento básico, infraestrutura de transporte e estruturação sanitária do país surgir legislações especificas que possibilitaram a criação de um grande número de matadouros-frigoríficos, permitindo ao Brasil o crescimento das exportações de carne bovina nas décadas de 70, 80 e 90 (FELÍCIO, 2013).

A lei 5.760/71 delegou a União à responsabilidade da fiscalização industrial e sanitária e da produção e comércio, municipal ou intermunicipal, de produtos de origem animal, o que levou ao fechamento de inúmeros matadouros que não dispunham de um mínimo de condições higiênicas para proceder ao abate de animais para consumo (BRASIL, 1971). Foi o período em que o país ganhou projeção internacional e a fama de possuir alguns dos mais modernos matadouros-frigoríficos do mundo (FELÍCIO, 2013).

Para se adequar as exigências do mercado internacional o Brasil, além de adotar todas as legislações e preceitos internacionais como base, também atualizou suas legislações para atender toda a cadeia de produtiva de carne (LUDTKE et al., 2012; CHIAPPINI, 2014). Surge então uma indústria de carne especializada e moderna com grandes frigoríficos exportadores que respondem ao Serviço de Inspeção Federal (SIF), e são habilitadas pela Lista Geral 9, que corresponde os países importadores de carne brasileira a União Européia (Lista Geral mais países da UE) e Estados Unidos. A habilitação para atender a esses mercados consumidores implica em maiores exigências por parte das vistorias realizadas pelos órgãos de inspeção dos países em questão (CALEMAN; CUNHA, 2011).

Entre os principais frigoríficos exportadores, com valores exportados em faixa superior a US$ 50 milhões destacam-se: JBS S.A (JBS-Friboi), Bertin S.A, Marfrig Indústria e Comércio de Alimentos S.A, Minerva S.A, Frigorífico Mercosul S/A, Independência S.A, Quatro Marcos Ltda, Frigorífico Mataboi S.A, Frigorífico Margem Ltda e Frigol Comercial Ltda. Apenas 18 frigoríficos respondem por 98% das exportações brasileiras, sendo que os cinco maiores controlam 65% do mercado exportador (CALEMAN; CUNHA, 2011).

Abate humanitário

As primeiras preocupações com o bem-estar animal no manejo pré-abate iniciou-se na Europa no século XVI. De acordo com Ludtke et al., (2012), há relatos de que os animais deveriam ser alimentados, hidratados e estar em descansados antes do abate e que deveriam receber um golpe na cabeça que os deixaria

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43 inconscientes, antes que fosse efetuada a

sangria, evitando sofrimento. Entretanto, a primeira lei geral sobre bem-estar animal surgiu no ano de 1822, na Grã Bretanha. Os primeiros princípios sobre bem-estar em animais de produção começaram a ser estudados em 1965 por pesquisadores e profissionais da agricultura e pecuária do Reino Unido, denominado Comitê Brambell. Esse Comitê foi uma resposta à pressão da população, indignada com os maus tratos dados aos animais em sistemas de confinamento, denunciados no livro “Animal Machines” (Animais e Máquinas), publicado pela jornalista inglesa Ruth Harrison em 1964 (LUDTKE et al., 2012).

Também com a necessidade de harmonizar as normas internacionais de alimentos que englobassem o bem-estar animal, a qualidade dos produtos cárneos e a higiene durante todo o processo de produção da carne, iniciou-se a produção de documentos por diferentes entidades: a ONU representada pela FAO que implementou o CODEX; os EUA que utilizava Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, a Organização Mundial do Comércio (OMC) também adotou o Acordo Sanitário e Fitossanitário com sigla inglesas (SPS) (FAO, 1997; BROWN, 2000). Estas legislações foram as primeiras que evoluíram dando origem às modernas normas que embasa os preceitos internacionais sobre higiene, qualidade, e bem estar animal.

O país evoluiu, e no início do século XX, surge a primeira legislação brasileira com medidas de proteção aos animais, o Decreto Lei nº 24.645 de julho de 1934 que tratava do transporte de animais, acomodações e higiene dos locais de comercialização dos animais (BRASIL, 1934). Contudo, o decreto não tratava especificamente do abate de animais para consumo humano, o país tinha

matadouros e abatedouros, muitos deles clandestinos, sem qualquer fiscalização e em péssimas condições de higiene sanitária.

A regulamentação do transporte de bovinos em território nacional apenas com documentação da Inspeção Federal ocorreu por meio da Lei nº 1283 de 1951, que deu início a um rígido controle sanitário (FELÍCIO, 2013). Este foi afirmado por intermédio da aprovação do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal (RIISPOA), Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952.

O abate de animais era considerado uma operação tecnológica de baixo nível científico. Somente assumiu importância científica quando se observou que os eventos que envolvem todo o processo de abate do animal tinham grande influência na qualidade da carne (ROÇA, 2001). Atualmente o abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico (ROÇA, 2001).

Para nortear o abate humanitário o Ministério da Agricultura aprovou em 2000 a Instrução Normativa 3, com protocolos para garantir o abate humanitário e o bem-estar dos animais (BRASIL, 2000). As principais legislações sobre o bem-estar dos animais de produção em vigor no país são: Instrução Normativa Nº 3, de 17 de janeiro de 2000, que é um Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue; Ofício Circular N° 550 de 24 de agosto de 2011 e 562 de 29 de agosto de 2011, que estabelece adaptações da Circular N° 176/2005, na qual se atribui responsabilidade aos

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44 fiscais federais para a verificação no local

e documentar do bem-estar animal por meio de planilhas oficiais padronizadas, Normativa N° 56, de 06 de novembro de 2008, que estabelece os procedimentos gerais de Recomendações de Boas Práticas de Bem-estar para Animais de Produção e de Interesse Econômico – REBEM, que abrange os sistemas de produção e o transporte; a Instrução Normativa Nº 46, de 6 de outubro de 2011, que contempla os requisitos de bem-estar animal dentro das normas técnicas para instalações, manejo, nutrição, aspectos sanitários e ambiente de criação nos sistemas orgânicos de produção animal (LUDTKE et al., 2012). Em 2011 foi publicada a Portaria N° 524 que instituí a Comissão Técnica Permanente de bem-estar animal (CTBEA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para ações específicas sobre bem-estar animal nas diferentes cadeias pecuárias com o objetivo de fomentar o procedimento no Brasil, buscando estabelecer normas e legislações de acordo com as demandas. As diretrizes brasileiras de bem-estar animal são elaboradas com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) (LUDTKE et al., 2012).

Segundo Neves (2008), a produção e abate de animais no Brasil têm sido influenciados pela opinião dos

consumidores europeus e

consequentemente pelas legislações da União Europeia, uma vez que há interesse na exportação de carnes para esses países. Para tanto, é necessário adequar as práticas de manejo dos animais com relação às exigências desses países, de forma a mantê-los ou mesmo ampliar o mercado de exportação de carnes brasileiras.

Portanto, o abate humanitário e o bem estar animal são fatores preditivos de elevada qualidade e alto valor do produto final para o mercado importador do produto brasileiro, influenciando diretamente nos lucros da cadeia de produção da carne bovina (GOLDONI, 2011; ROÇA, 2001).

Recomendações quanto ao abate humanitário

As recomendações abordam que os animais de produção não sofram durante o período de pré-abate e abate, envolvendo os seguintes pontos (LUDTKE et al., 2012; CHIAPPINI, 2014):

 Os animais devem ser transportados apenas se estiverem em boas condições físicas;

 Os manejadores devem compreender o comportamento dos animais;

 Animais machucados ou sem condições de moverem-se devem ser abatidos de forma humanitária imediatamente;

 Os animais não devem ser forçados a andar além da sua capacidade natural, procurando-se evitar quedas e escorregões;

 Não é permitido o uso de objetos que possam causar dor ou injúrias aos animais;

 O uso de bastões elétricos só deve ser permitido em casos extremos e quando o animal tiver clareza do caminho a seguir;

 Animais conscientes não podem ser arrastados ou forçados a moverem-se caso não estejam em boas condições físicas;

 No transporte, os veículos deverão estar em bom estado de conservação e com adequação da densidade;

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 A contenção dos animais não deve provocar pressão e barulhos excessivos;

 O ambiente da área de descanso deve ser iluminado e apresentar piso bem drenado, respeitando o comportamento natural dos animais;

 No momento da espera no frigorífico, deve-se supri-los com suas necessidades básicas como fornecimento de água, espaço, condições favoráveis de conforto térmico;

 O abate deverá ser realizado de forma humanitária, com equipamentos adequados para cada espécie;

 Equipamento de emergência deve estar disponível, em caso de falha do primeiro método de insensibilização.

Além das diretrizes nacionais, há as exigências internacionais como o regulamento EC 1099/2009 que estabelece regras mínimas para a proteção dos animais durante o abate na União Europeia (UE), medida ampliada aos seus países fornecedores de carne. Dentre os requisitos dessa diretiva destacam-se (LUDTKE et al., 2012):

 Obrigatoriedade de todo o estabelecimento de abate ter o responsável pelo bem-estar dos animais.

 Esse profissional, além de fiscalizar, deve possuir autoridade direta, a fim de identificar as prioridades na rotina e determinar ações que supram as necessidades de bem-estar animal;

 Qualificar a mão de obra com treinamentos em bem-estar animal,

registrando os respectivos treinamentos de reciclagem;

 Manutenção dos equipamentos e registros contínuos de monitoramento.

Atualmente todos os países exportadores dentre eles o Brasil têm adotado o conceito “Cinco Liberdades desenvolvido pelo Comitê Brambell que avalia o bem-estar dos animais e que fora aprimorado pelo Farm Animal Welfare Council – FAWC (Conselho de Bem-estar em Animais de Produção) do Reino Unido (LUDTKE et al., 2012; CHIAPPINI, 2014). São eles:

 Livre de sede, fome e má nutrição;

 Livre de desconforto;

 Livre de dor, injúria e doença;

 Livre para expressar seu comportamento normal;

 Livre de medo e estresse.

Todas essas legislações e requisitos sobre bem-estar animal são para atender a crescente preocupação dos consumidores com a forma como os animais são criados, transportados e abatidos. Isto vem pressionando a indústria, obrigando-a a tratar com cuidado, respeitando a capacidade de sentir dos animais (consciência) e, com isso, melhorando não só a qualidade intrínseca dos produtos de origem animal, mas também a qualidade ética (LUDTKE et al., 2012).

Etapas importantes no bem estar animal No Brasil a idade média para o abate dos bovinos é de 2 ½ a 4 anos de idade, porém os estabelecimentos que visam exportar para a União Europeia devem atender a cota Hilton no qual são obrigados a abater animais mais jovens entre 24 a 30 meses. Esses animais

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46 apresentam um rendimento médio de

250-270 Kg (16-17 arrobas) por cabeça (PRATA; FUKUDA, 2001).

O pré-abate

O pré-abate compreende as principais etapas, como o embarque de animais, transporte, recepção, descanso, jejum alimentar. O manejo pré-abate acontece 24 horas antes do transporte dos animais, na fazenda onde estes devem ficar supridos somente com água (DUARTE; BIAZOLLI; HONORATO, 2014).

O transporte do animal no Brasil ocorre na maioria das vezes por via terrestre, para evitar a superlotação e o estresse do animal deve-se transportar em média 21 a 22 animais por veículo, o piso da carroceria do caminhão deve ser guarnecido de gradil antiderrapante articulado nas laterais revestido com fundo de palha para facilitar a limpeza e desinfecção (PRATA; FUKUDA, 2001). Os veículos de transporte com piso escorregadio ou quebrado ou com proteções laterais comprometidas podem conduzir a acidentes como contusões graves, luxações de articulações ou até fraturas dos membros (HERNANDES et al., 2009).

O transporte pode causar estresse psicológico e físico devido ao ambiente e manejo novos, cansaço, movimentação indesejável devido a péssimas condições das estradas, direção perigosa, machucados, temperaturas indesejáveis, alta umidade, alta velocidade do ar e densidade de carga, restrição alimentar e superlotação (FALCOCHIO, 2012; ROÇA, 2001).

Os percursos de curta duração (menos que 3 horas) causam tanto desgaste quanto um transporte com duração de 6 horas, em virtude da não adaptação dos

animais à nova situação, já em percursos com mais de 12 horas, deve haver descanso para os animais (VIDAL, 2010). De acordo com os preceitos de bem-estar animal, o transporte por tempo superior a 15 horas é inaceitável (ROÇA, 2001). Em percursos acima de 36 horas os animais devem ser alimentados para recuperação fisiológica, evitar a pernoite dos animais embarcados em decúbito o que se configura maus tratos (PRATA; FUKUDA, 2001).

No Brasil não existem legislações que estabelecem tempo máximo para o transporte de animais destinados ao abate e nem a obrigatoriedade de paradas para fornecimento de alimentos ou água durante o percurso. Na União Européia a duração de viagem dos animais não pode exceder 8 horas ininterruptas (FALCOCHIO, 2012).

Recomenda-se que os bovinos sejam transportados em “caminhões boiadeiros”, com capacidade média de 5 animais na parte anterior e posterior e 10 animais na parte intermediaria, totalizando 20 animais. O transporte não deve ser realizado em condições desfavoráveis ao animal, deve ser feito nas horas mais frescas do dia, para evitar estresse, contusão e até mesmo a morte dos animais. Altas temperaturas e diminuição do espaço também são problemas durante o transporte (BRASIL, 1952; ROÇA 2001; SARCINELLI; VENTURIM; SILVA, 2007).

Gregory (2008), relata que, devido a problemas no bem-estar animal durante o atual trânsito entre paises na Europa e a insensibilidade dos manejadores durante o transporte, uma parte da Europa pretende exigir a rastreabilidade de origem do bovino ao invés de restringir seu acesso ao mercado.

Hultgren et al., (2014), descreveram que as ações dos tratadores relacionado aos

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47 maus tratos aos animais influenciou no

comportamento do gado nas plantas de abate comerciais na Suécia. O manejo dos tratadores influenciou no comportamento de 64% dos animais abatido nos matadouros bovinos. Trinta e quatro por cento dos animais tiveram seu bem-estar animal severamente comprometido e prejudicado, demonstrando a necessidade de se treinar melhor os recursos humanos quanto às suas ações em relação ao bem-estar animal.

Um dos principais fatores que afeta o bem-estar dos animais durante o manejo pré-abate é o comportamento de quem dirige o veículo e maneja os animais durante o embarque e o desembarque. Ao desembarque os animais devem ser colocados em currais de maneira calma e controlada o que requer paciência, habilidade e um conhecimento claro do modo como os animais se comportam em um ambiente estranho (DUARTE; BIAZOLLI; HONORATO, 2014; HULTGREN et al., 2014).

Segundo o RIISPOA, a administração dos estabelecimentos frigoríficos é obrigada a tomar as medidas mais adequadas, no sentido de evitar maus tratos aos animais, sendo responsável desde o momento do seu desembarque. Desta forma se proíbe, no desembarque ou movimentação de animais, o uso de instrumentos pontiagudos ou de quaisquer outros que possam lesar o couro ou a musculatura do animal (BRASIL, 1952).

Recepção, descanso e jejum alimentar O período de descanso ou dieta hídrica no matadouro é o tempo necessário para que os animais se recuperem totalmente das perturbações sofridas pelo deslocamento desde o local de origem até ao estabelecimento de abate, reduzam o

conteúdo gástrico para facilitar a evisceração da carcaça e restabeleçam as reservas de glicogênio muscular tendo em vista que as condições de estresse reduzem as reservas de glicogênio antes do abate (ROÇA, 2001).

De acordo com o artigo 110 do RIISPOA, os animais devem permanecer em descanso, jejum e dieta hídrica por um período de 24 horas. Esse período pode ser reduzido quando o tempo de viagem não tenha sido superior a 2 horas, porém o repouso não pode ser inferior a 6 horas (PRATA; FUKUDA, 2001).

O estudo de Romero et al. (2013) indicaram que a densidade de carga do caminhão durante o transporte de gado e o tempo de espera de 18 a 24 h no abatedouro aumentou a incidência de contusões 2,1 vezes em comparação com períodos de estabulação de entre 12 e 18 h.

No momento em que o animal chega ao frigorífico e é descarregado se realiza a inspeção ante-mortem com a finalidade de se verificar: os certificados de vacinação e sanidade do gado, identificar o estado higiênico-sanitário dos animais, identificar e isolar os animais doentes ou suspeitos, antes do abate e verificar as condições higiênicas dos currais e anexos (PRATA; FUKUDA, 2001, RANKEN, 2003).

A organização mundial da saúde preconiza padrões de bem-estar para abate, transportes, e controle de doença mediante dos escores numéricos de pontuação para se quantificar o bem-estar animal durante o manuseio e nas plantas de abate com o intuito de oferecer uma maior coerência entre diferentes auditores e inspectores, além de ser prático e fácil de implementar. Estes escores constam apenas de cinco medidas numéricas que avaliam a eficácia do atordoamento, insensibilidade, vocalização, queda durante o manuseio e uso de aguilhão

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48 elétrico apesar de haver muitas condições

prejudiciais ao bem-estar animal devido a problemas durante o transporte ou as más condições na fazenda. Porém, na planta de abate, as condições que podem ser avaliadas são, má condição corporal, claudicação, perdas por morte, limpeza do animal, e problemas de saúde óbvios negligenciados (GRANDIN, 2010).

Métodos de Insensibilização

Segundo a Instrução Normativa nº 3, de 17 de Janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, todos os animais classificados como de açougue, devem ser abatidos de forma humanitária, devendo ser insensibilizados antes da sangria, com exceções apenas para os abates religiosos (DUARTE; BIAZOLLI; HONORATO, 2014).

A legislação acima referida também define o abate humanitário como o conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantem o bem-estar dos animais desde a recepção até a operação de sangria (BRASIL, 2000).

Na legislação da União Europeia há também a exigência de que todos os animais abatidos para fins de consumo da carne devam ser insensibilizados instantâneamente e permaneçam insensíveis à dor até que haja perda completa da atividade cerebral, decorrente da sangria (EEC, 1993).

A finalidade da insensibilização ou atordoamento é deixar os animais inconscientes, de modo que rapidamente se estabeleça um estado de insensibilidade, mantendo as funções vitais até a sangria que possam ser tirados e sangrados sem causar dor ou aflição (BRASIL, 2000; RANKEN, 2003). Esse estado de inconsciência deve perdurar até o final da sangria, devendo

essa ser a mais completa possível. Assim, o principal objetivo do atordoamento é diminuir o sofrimento dos animais na eminência da sua morte. O uso de marreta e o corte da medula ou choupeamento são proibidos no Brasil (DUARTE; BIAZOLLI; HONORATO, 2014).

No Brasil, o método de insensibilização mais utilizado para bovinos é a pistola de dardo percussivo penetrativo cativo e a pistola de dardo de percussão não penetrante que provoca uma concussão cerebral (TREVIÑO et al, 2010).

O método percussivo penetrativo é realizado com uma pistola com dardo cativo, acionado por ar comprimido (pneumáticas) ou cartucho de explosão. O método de atordoamento com pistola de dardo cativo percussivo penetrativo pode produzir uma grave laceração encefálica, fraturas ósseas, hemorragias e perfurações mediate e irreversível (PRATA; FUKUDA, 2001).

O método percussivo não penetrativo (martelo pneumático) é realizado por pistolas de dardo de percussão, que causa a concussão com o impacto, sem a penetração do dardo no crânio do animal. Este método pode ser imediato e reversível no qual o animal perde a consciência sem fratura óssea, hemorragias meningiais ou encefálicas e sem laceração craniana (PRATA; FUKUDA, 2001).

No atordoamento com qualquer um dos instrumentos o objetivo principal é manter a respiração e o batimento cardíaco do animal (PRATA; FUKUDA, 2001).

No atordoamento, realizado com dardo cativo com penetração, há imediata perda de consciência dos animais, portanto, possui melhor eficiência quando comparada com a pistola com dardo cativo sem penetração.

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49 Porém Lim, Erwanto, Lee (2007),

relataram que o método de atordoamento de dardo cativo penetrante resulta em um maior nível de contaminação do sistema nervoso central de bovinos do que pistola de dardo de percussão não-penetrante. Essa contaminação do sistema nervoso central pode provocar a disseminação da doença de encefalite espongiforme bovina (BSE).

Se a utilização da pistola pneumática for inadequada, resultando em mais de um disparo para levar o animal à inconsciência, há prejuízos ao bem-estar do animal, que sente dor e tem seu nível de estresse aumentado, o que pode causar queda na qualidade da carne. O tipo de Box de atordoamento também é um fator fundamental para que a eficácia pretendida seja alcançada, pois com uma correta imobilização do animal, o trabalho do atordoador é facilitado e consequentemente a eficácia do atordoamento é melhorada (CIOCCA et al., 2006).

O atordoamento resulta em uma importante prática que influencia de maneira substancial (TREVIÑO et al., 2010).

Após o atordoamento em ruminantes, procede-se a sangria, normalmente cortando as duas carótidas que deve ser realizada em 45 segundos (TREVIÑO et al, 2010).

Após a insensibilização, o animal desliza sobre a grade tubular da área de vômito e é suspenso ao trilho aéreo pelo membro posterior, com o auxílio de um gancho e uma roldana. Nesse local e também na canaleta de sangria deve ser observada a eficiência da insensibilização. Os sinais de uma insensibilização deficiente são: vocalizações, reflexos oculares presentes, movimentos oculares, contração dos membros dianteiros e respiração rítmica.

Em geral considera-se o seguinte critério para análise do processo de insensibilização em bovinos (GRANDIN, 2000; RANKEN, 2003):

- Excelente: menos que 1 por 1.000 de animais insensibilizados parcialmente. - Aceitável: menos que 1 por 500 de animais insensibilizados parcialmente.

Abates Religiosos: Kasher (Judaico) e Halal (Islâmico)

Todos os animais destinados ao abate devem passar pelos métodos de insensibilização exceto os animais destinados ao abate pelos rituais religiosos que são o abate judaico (Kasher) e o islâmico (Halal) conforme preconiza a Instrução Normativa nº 3/2000. Esta normativa permite o sacrifício de animais de acordo com preceitos religiosos, desde que sejam destinados ao consumo por comunidade religiosa que os requeiram ou ao comércio internacional com países que façam essa exigência, sempre atendidos os métodos de contenção dos animais (BRASIL, 2000).

Abate Kasher

O termo "kosher" ou "kasher" é utilizado para definir os alimentos preparados de acordo com as leis judaicas de alimentação. O abate Kasher é uma degola cruenta sem atordoamento prévio pela religião judaica tem sido muito criticado tanto pela crueldade como também pela falta de cuidados quanto aos aspectos higiênico-sanitários (ROÇA, 2001).

Este tipo específico de abate é permitido por lei para se atender à comunidade judaica brasileira ou ao mercado de exportação, não podendo ser a forma de eleição de abate dentro de um frigorífico (BRASIL, 2000).

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50 O ritual do abate religioso judaico é

denominado "schechita" e é realizado por um magarefe treinado pelas leis judaicas, denominado Shochet. Este ritual consiste em amarrar uma das patas traseiras do animal e puxá-lo por essa pata para fora do box de atordoamento, de maneira que fique suspensa, impedindo assim que o animal consiga se levantar; enquanto uma pessoa segura a cabeça do animal, outra fixa um gancho na narina dele para esticar o pescoço para que ele possa ser cortado sem movimentos bruscos, entre a cartilagem cricóide e a laringe cortando a pele, músculos, traquéia, esôfago, veias jugulares e artérias carótidas e às vezes chegando próximo às vértebras cervicais. A incisão deve ser executada sem interrupção, sem movimentos bruscos, sem perfuração, nem dilacerações. A faca, denominada Chalaf, deve possuir o dobro do comprimento do pescoço do animal abatido e ser própria para esse tipo de abate (ROÇA, 2001).

Essa operação tem como objetivo permitir a máxima remoção de sangue pois a religião judaica exige carnes que possuam pouco sangue residual retido nos músculos (NEVES, 2008).

Abate Halal

No caso da religião islâmica o alimento é considerado Halal quando obtido de acordo com os preceitos e as normas ditadas pelo Alcorão Sagrado e pela Jurisprudência Islâmica. A Sharia proíbe o consumo de todo e qualquer tipo de alimento modificado geneticamente, assim como produtos minerais e químicos tóxicos que causem danos à saúde (ROÇA, 2001).

Para os produtos cárneos, o abate deve seguir os procedimentos do ritual Halal. No abate Halal, a insensibilização geralmente não é usada, porque provoca

um decréscimo na perda de sangue pela carcaça, e o sangue é considerado um produto proibido, Haran, para o consumo pelo Islamismo (ANDREO et al., 2011). O abate Halal deve ser realizado em separado do não Halal, sendo executado por um mulçumano mentalmente sadio, conhecedor dos fundamentos do abate de animais no Islã (ROÇA, 2001; NEVES, 2008).

As normas básicas a serem seguidas para o abate Halal são:

- Serão abatidos somente animais saudáveis, aprovados pelas autoridades sanitárias e que estejam em perfeitas condições físicas;

- A frase “Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais Misericordioso” deve ser dita antes do abate;

- Os equipamentos e utensílios utilizados devem ser próprios para o Abate Halal. A faca utilizada deve ser bem afiada, para permitir uma sangria única que minimize o sofrimento do animal; - O corte deve atingir a traqueia, o esôfago, artérias e a veia jugular, para que todo o sangue do animal seja escoado e o animal morra sem sofrimento; - Inspetores mulçumanos acompanham todo o abate, uma vez que eles são os responsáveis pela verificação dos procedimentos determinados pela Sharia.

É importante ressaltar que o abate e processamento Halal vislumbra produzir produtos seguros e que tragam benefícios à saúde de quem os consome. Portanto, higiene e sanidade são requisitos imprescindíveis para os operadores e suas vestimentas, equipamentos e utensílios empregados no processo, evitando assim a contaminações por substâncias não-Halal (ROÇA, 2001).

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51 Falcochio (2012), examinou 3874

conjuntos cabeça e língua distribuídos entre abate tradicional dos quais 2574 correspondem ao abate religioso Halal. A contaminação do conjunto cabeça e língua foi observada de todos os lotes avaliados, independente do tipo de abate que os animais foram submetidos. Mas a contaminação do conjunto cabeça e língua tiveram maiores indicadores quando os animais foram abatidos pelo método Halal, quando comparados aos animais abatidos no método tradicional e concluiu que há uma forte correlação (8:100) destes eventos no abate Halal, ou seja, no conjunto de lotes abatidos por degola a correlação entre o tempo de jejum e o percentual de contaminação é alta, sendo assim possível estabelecer uma equação de predição destes parâmetros para esta categoria de abate. Esses dois métodos de abate religiosos enfrentam críticas e recusa por muitas organizações de proteção aos animais, a ponto da Câmara dos Deputados holandeses aprovarem em 2011 uma lei que proíbe esse tipo de abate porque é feito sem o atordoamento dos animais. O Parlamento da Holanda também concedeu aos líderes do judaísmo e do islamismo um ano para provar cientificamente que o abate religioso não causa sofrimento nos animais. Porém a medida não teve andamento no Senado em consequência das pressões de religiosos (PAULOPES, 2012).

As leis islâmicas permaneceam definida e inalteradas, no entanto, sua interpretação e aplicação pode mudar de acordo com um consenso de legal ou de opinião para se adequar ao tempo, lugar e circunstâncias isso significa que o atordoamento no abate bovino pode ser aceito no islã, no entanto, há três pré-requisitos que devem ser obedecidos:

 O equipamento de atordoamento deve ser utilizado sob o controle de um funcionário treinado sob a Supervisão de um inspetor muçulmano com certificado halal que deve realizar moniotramentos períodicos.

 O atordoamento deve ser reversivel, de efeito temporário e não pode matar nem causar danos permanentes ao animal;

 O equipamento utilizado para atordoar suínos nunca deve ser usado para os animais halal (NAKYINSIGE et al., 2013).

Outro país que também proibiu o abate religioso foi a Polônia onde o Tribunal Constitucional, a mais alta instância da Justiça da Polônia, o proibiu por considerá-lo cruel, desrespeitando, portanto, a lei de proteção aos animais. Para o tribunal polonês, contudo, a matança com dor de animais, sem atordoá-los, deixando-os sangrar, fere uma lei do país de 2009. A Polônia, nesse caso, não precisa se submeter à orientação da UNIÃO EUROPEIA (NATIONAL SECULAR SOCIETY, 2012). A decisão contrária à instrução da UE (União Europeia) que entrou em vigor em janeiro de 2013 permitindo tal ritual porque faz parte da liberdade de religião (PAULOPES, 2012).

No Reino Unido, também se discute a proibição do ritual, com o apoio de setores do governo. Sacerdotes do judaísmo e do

islamismo argumentam que

desenvolveram uma técnica de abate que minimiza o sofrimento dos animais, mas não há nenhum estudo científico que garante isso (PAULOPES, 2012).

Neves (2008), conduziu um estudo para avaliar os efeitos de três métodos de abate de bovinos no seu bem-estar e na qualidade da carne: pistola de dardo cativo com penetração, pistola de dardo

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52 cativo sem penetração e o método da

degola sem atordoamento. E obteve como resultado que o método da pistola de dardo cativo com penetração é um dos mais eficientes e com menor risco de comprometer o bem-estar animal durante o atordoamento e abate. O método da pistola de dardo cativo sem penetração mostrou-se ineficiente e o método de degola sem atordoamento foi inadequado do ponto de vista do bem-estar animal, necessitando rever os procedimentos na tentativa de melhorá-lo.

Segundo Nakyinsige et al., 2013 todos os métodos de abate são estressantes para os animais. Por isso é importante que todos os operadores envolvidos com atordoamento e abate sejam competentes, devidamente treinado. Devem ter uma atitude positiva em relação ao bem-estar dos animais. O melhor tratamento aos animais no momento do abate, melhorando o seu bem-esta e fazer com que os animais se comportem com mais calma, melhorando assim a segurança ocupacional dos colaboradores e, a fim de reduzir os ferimentos físicos nos mesmos.

CONCLUSÃO

Uma das principais consequências da não adoção do abate humanitário é a perda econômica com relação à competitividade e queda da exportação. Porém, a queda da qualidade faz com que o produto seja rejeitado pelo consumidor final. Há ainda o marketing negativo para cadeia da bovinocultura que produz um impacto silencioso, mas devastador pela rejeição do produto de forma velada o que pode demorar mais para ser detectado e se intervir.

Todos os envolvidos no processo de abate, os colaboradores que realizam o manejo na fazenda, o motorista do

caminhão e os colaboradores devem ser treinados corretamente, pois o fator humano tem grande peso e relação em todo o processo.

Um aspecto importante na adoção das medidas de abate humanitário com menos violência e agressividade muda aos poucos a mentalidade e o modo de agir das pessoas que passam a ter mais respeito pelos animais. Essa mudança de comportamento demonstra uma evolução da sociedade que caminha para um modo menos agressivo e violento.

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