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um dos salesianos mais beneméritos desta Nação.

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1 RESIDÊNCIA SALESIANA

Rua João Guilhermino, 145 São José dos Campos SÃO PAULO — BRASIL

São José dos Campos, 17 de maiio de 1957.

Caríssimos Irmãos,

com viva dor, vos comunico a notícia da morte do

um dos salesianos mais beneméritos desta Nação.

Nasceu em Thiene, província de Vicenza, diocese de Pádua, no dia 23 de novembro de 1873. Não conheceu sua mãe. Tinha apenas dez anos quando lhe morreu o pai. O Senhor, porém, colocou no caminho de sua vida um anjo que lhe

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2 devia guiar os passos: o pároco de Thiene que o acolheu num Instituto, onde Antonio pode frequentar a escola primária.

Terminada a terceira série no Colégio Diocesano de Thiene, escreveu para o Superior Geral dos Salesianos, pedindo para ser aceito entre os seus filhos. A resposta do santo Padre Rua chegou logo e favorável: “Eu o espero com os braços abertos”.

O nosso bravo Antonio se uniu, então, aos rapazes de Bragança, que o saudoso padre João Zolin devia levar para Turim.

Fez o aspirantado em S ao João Evangelista, em Turim. Lá pelo fim do ano ficou doente de tal modo que teve que retornar para Thiene. Antes de partir se confessou como padre Rua, ajudou sua missa e recebeu de suas mãos a Santa Comunhão.

Embora os superiores e os médicos não tivessem nenhuma esperança que o jovem aspirante pudesse retornar o padre Rua lhe disse: “até breve”. E foi profeta. Passado um mês na sua cidade natal, Antonio Dalla Via voltou para o Oratório e foi para Ivrea para fazer o noviciado. Recebeu a veste talar do mesmo padre Rua, e, terminado o noviciado, nas mãos do mesmo santo superior, fez a profissão perpétua no dia 3 de outubro de 1893. Passou depois um ano em Valsalice para a filosofia.

Para salvá-lo do serviço militar os superiores o mandaram para a França. Passou dois anos no Orfanato de São Gabriel de Lille, cinco em Tournai na Bélgica, onde a 5 de março de 1898 foi ordenado sacerdote. Passou ainda algum tempo em Lille na França, até que as leis “Combes” obrigaram os superiores chamá-lo para a Itália e enviá-lo para nós.

No seu diário encontramos escrito que preferia ter ido para a Bélgica ou a Inglaterra; chegou a falar com o padre Rua “que não tinha vocação pra as Missões na América”. Então o santo homem, abraçando-o e apertando-o junto de seu coração paterno lhe disse: “Veja, padre Dalla Via, eu te dou a vocação”. Fique tranquilo.

No mesmo diário se lê: “Recebi esta segunda vocação como se viesse diretamente do céu. Não estou arrependido”.

Foi para Barcelona embarcar num navio cargueiro direto para a Argentina. Chegando à casa de Almagro, em Buenos Aires, encontrou-se como padre Albera, catequista geral em visita a todas as casas da América que o cumprimentou com

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3 estas palavras: “Também você aqui?” – “O que quer?”, responde o padre Dalla Via, “o padre Rua me deu a vocação missionária. Vou para o Brasil”.

Depois de oito dias, o navio Frances “Os Alpes” o levava para o Rio de Janeiro, e – continua o diário – “e sozinho, corajoso fazia a minha entrada no Colégio Santa Rosa em Niterói no dia 8 de dezembro de 1901, às quatro horas da tarde, hora da bênção na capela do Colégio. Jesus Eucarístico foi o primeiro a me abençoar nesta terra que devia ser a minha pátria até o fim de minha vida”.

Nesta casa-mãe dos Salesianos no Brasil foi por dois anos catequista e por dois prefeito. Estava nos anos “terríveis” da febre amarela. O trabalho e o espírito de sacrifício do padre Dalla Via naquele espantoso 1903 foram realmente notáveis.

Tendo passado um ano como secretário do inspetor, padre Carlos Peretto, foi nomeado diretor da casa inspetorial, que naqueles tempos era o Colégio São Joaquim de Lorena. Aí permaneceu de 1906 a 1913 levando para aquele Instituto grande progresso e desenvolvimento. Costumava-se dizer que naqueles anos o Colégio São Joaquim era o melhor da Congregação no Brasil e um dos mais renomados de toda a Nação.

Em 1915 foi nomeado diretor do Colégio de Niterói. Neste ano, no dia 29 de outubro, a Divina Providência permitiu que houvesse o pavoroso desastre da “Barca Sétima”, no qual, durante uma excursão marítima na encantadora Baía do Rio de Janeiro, pereceram 27 meninos e uma salesiano Coadjutor, que havia salvado vários. O pobre padre Dalla Via, não só suportou resignado esta duríssima prova, mas saiu-se tão bem que a terrível desgraça resultasse numa propaganda e um motivo de prestígio em favor do Colégio Santa Rosa de Niterói, ao lado do qual estava surgindo o atual santuário basílica de Maria Auxiliadora.

Em 1922 o nosso zeloso padre Dalla Via foi nomeado pároco da Paróquia de Maria Auxiliadora em São Paulo e diretor da Escola Profissional anexa. Trabalhou febrilmente para o bem de seus paroquianos e em 1923 começou a construção do Santuário de Maria Auxiliadora que é a maior igreja de São Paulo depois da Catedral Metropolitana. A sacristia já estava pronta e as paredes laterais do templo já haviam chegado a uma altura conveniente, quando no final do sexênio, em 1928, o servo de Deus padre Felipe Rinaldi o nomeou inspetor das Casas e das Missões Salesianas do Mato Grosso, que ele soube governar “fortiter et suaviter” até o final de 1932 quando foi convidado para ser reitor do Seminário Arquidiocesano de Belém, capital do Pará, o estado mais setentrional do Brasil. Em 1940 passou a dirigir o noviciado e estudantado filosófico salesiano em

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4 Jaboatão, no estado de Pernambuco. Quando o estudantado foi transferido para Natal, acompanhou os clérigos e com eles ainda permaneceu dois anos. Em 1946 foi ser diretor do Colégio de Manaus, onde os alunos eram mais de dois mil. Mas o padre Dalla via já está cansado, a vista se enfraquece tanto e deve submeter-se aos cuidados de especialistas. Retorna para o Estado de São Paulo, para Lorena, onde dá aulas de Língua e Literatura Francesa para os clérigos do Liceu.

Em 1948, em São Paulo, no Santuário de Maria Auxiliadora, celebra solenemente, entre cânticos e festas, as sujas bodas de ouro sacerdotais. O cercam muitos irmãos salesianos no meio de uma numerosa turba de ex-alunos e amigos.

A saúde, porém, ia sempre mais declinando; prestou, todavia, bons serviços por mais dois anos, como capelão do Colégio do Carmo, dirigido pelas Filhas de Maria Auxiliadora, em Guaratinguetá. Depois, em 1952, se recolhe na paz tranquila do nosso noviciado em Pindamonhangaba. O nosso venerando Reitor Mor, com rescrito de 23 de setembro de 1953 lhe concedeu autorização de celebrar a missa votiva de Nossa Senhora com o missal próprio para os cegos e comutou a reza do breviário com a récita do Rosário inteiro. Como era bonito vê-lo de manhã e à tarde com o seu grande terço na mão. Somente Deus sabe quantas vezes aqueles benditos grãos passaram diariamente pelos seus dedos! Finalmente pediu para descansar nesta residência salesiana de São José dos Campos para preparar-se para bem morrer.

Providenciaram-lhe todos os cuidados possíveis e exigidos pela sua idade e condições de saúde, mas aos 11 de agosto de 1956 voou para o paraíso. Tenha 83 anos de idade, 63 de profissão religiosa, 58 de sacerdócio, dos quais 54 vividos laboriosamente aqui no Brasil. Foi inspetor por seis anos e diretor por 26 anos.

Estes números, por si mesmos, já tão expressivos, adquirem uma eloquência especial, se si pensa na atividade surpreendente e incansável do caro extinto, sua determinação, sem exagero, o seu caráter sempre alegre e imperturbável, e, sobretudo, à sua piedade profunda, que o sustém nos momentos mais difíceis, piedade que se tornou mais visível e quase palpável no inconsciente de seus últimos dias, durante os quais as suas palavras foram só e sempre jaculatórias afetuosas a Nossa Senhora e ao Coração de Jesus, pronunciadas sempre em língua italiana.

A santa morte e os sofrimentos da solidão e do repouso forçado certamente já lhe abriram as portas do Paraíso, mas, lembrando-se do justo rigor do Altíssimo, continuemos rezar pela eterna glória de sua grande alma.

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5 Rezem também por esta casa e pelo que se professa

vosso afeiçoadíssimo irmão em Dom Bosco,

P. Joaquim França Diretor

DADOS PARA O NECROLOGIO P. ANTONIO DALLA VIA

* Chiene (Itália), 23 novembre 1873

† S. José dos Campos, 11 de agosto 1956 com 83 anos de idade,

63 anos de vida religiosa salesiana e

Referências

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