Ementa e Acórdão
16/08/2016 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 30.718
DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) :FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA - RÁDIOE TV APARECIDA
ADV.(A/S) :IVES GANDRA DA SILVA MARTINS AGDO.(A/S) :UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERALDA UNIÃO
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO
EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO TRIBUTÁRIO. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CEBAS. RENOVAÇÃO. INDEFERIMENTO. EFEITOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DIREITO DE ANULAR SEUS ATOS. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. O prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 somente começa a correr a partir da data de sua entrada em vigor, relativamente aos atos praticados anteriormente ao seu advento.
2. In casu, o ato que a Administração pretende anular foi praticado em 1998, de modo que o prazo decadencial somente se iniciou em 1º/2/1999 (data da publicação da lei), o que fixa como termo final 1º/2/2004.
3. A Administração, em 1º/9/2003, deu início ao procedimento de revisão ex officio do ato administrativo em questão, o que está compreendido no conceito de medida que importe impugnação da validade do ato, circunstância que impede a consumação da decadência.
4. O Ministro de Estado da Previdência Social não possui competência para realizar o lançamento de contribuições sociais, tampouco para cobrá-las, atribuições da Secretaria da Receita Federal. Portanto, a alegada decadência do crédito tributário deve ser arguida perante a autoridade competente.
5. A verificação do preenchimento dos requisitos para a obtenção de
Supremo Tribunal Federal
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Ementa e Acórdão
RMS 30718 AGR / DF
imunidade tributária depende do exame dos fatos e provas da causa. É firme neste Tribunal a orientação de que na via estreita do mandado de segurança não se admite dilação probatória.
6. A competência do relator legitima decisão monocrática para julgar recurso ordinário em mandado de segurança, desde que a pretensão deduzida em sede recursal esteja em confronto com Súmula ou em desacordo com a jurisprudência predominante no Supremo Tribunal Federal. Precedente: RMS 23.691-AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Pleno, DJ 21/06/02.
7. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO. A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 16 de agosto de 2016. LUIZ FUX – RELATOR
Documento assinado digitalmente
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RMS 30718 AGR / DF
imunidade tributária depende do exame dos fatos e provas da causa. É firme neste Tribunal a orientação de que na via estreita do mandado de segurança não se admite dilação probatória.
6. A competência do relator legitima decisão monocrática para julgar recurso ordinário em mandado de segurança, desde que a pretensão deduzida em sede recursal esteja em confronto com Súmula ou em desacordo com a jurisprudência predominante no Supremo Tribunal Federal. Precedente: RMS 23.691-AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Pleno, DJ 21/06/02.
7. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO. A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 16 de agosto de 2016. LUIZ FUX – RELATOR
Documento assinado digitalmente
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 13Relatório
16/08/2016 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 30.718
DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) :FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA - RÁDIOE TV APARECIDA
ADV.(A/S) :IVES GANDRA DA SILVA MARTINS AGDO.(A/S) :UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERALDA UNIÃO R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de agravo
regimental em recurso ordinário em mandado de segurança, interposto por FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA RÁDIO E TV APARECIDA, contra decisão deste relator, assim ementada:
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. DIREITO TRIBUTÁRIO. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. RENOVAÇÃO. INDEFERIMENTO. EFEITOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DIREITO DE ANULAR SEUS ATOS. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.
1. O prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 somente começa a correr a partir da data de sua entrada em vigor, relativamente aos atos praticados anteriormente ao seu advento.
2. O Ministro de Estado da Previdência Social não detém competência para realizar o lançamento de contribuições sociais, tampouco para cobrá-las, atribuições da Secretaria da Receita Federal. Portanto, a alegada decadência do crédito tributário deve ser arguida perante a autoridade competente.
3. A verificação do preenchimento dos requisitos para a obtenção
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AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 30.718
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RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) :FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA - RÁDIOE TV APARECIDA
ADV.(A/S) :IVES GANDRA DA SILVA MARTINS AGDO.(A/S) :UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERALDA UNIÃO R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de agravo
regimental em recurso ordinário em mandado de segurança, interposto por FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA RÁDIO E TV APARECIDA, contra decisão deste relator, assim ementada:
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. DIREITO TRIBUTÁRIO. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. RENOVAÇÃO. INDEFERIMENTO. EFEITOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DIREITO DE ANULAR SEUS ATOS. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.
1. O prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 somente começa a correr a partir da data de sua entrada em vigor, relativamente aos atos praticados anteriormente ao seu advento.
2. O Ministro de Estado da Previdência Social não detém competência para realizar o lançamento de contribuições sociais, tampouco para cobrá-las, atribuições da Secretaria da Receita Federal. Portanto, a alegada decadência do crédito tributário deve ser arguida perante a autoridade competente.
3. A verificação do preenchimento dos requisitos para a obtenção
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Relatório
RMS 30718 AGR / DF
de imunidade tributária depende do exame dos fatos e provas da causa. É firme neste Tribunal a orientação de que na via estreita do mandado de segurança não se admite dilação probatória.
4. In casu , o acórdão recorrido assentou:
(...)
5. A competência do relator legitima decisão monocrática para julgar recurso ordinário em mandado de segurança, desde que a pretensão deduzida em sede recursal esteja em confronto com Súmula ou em desacordo com a jurisprudência predominante no Supremo Tribunal Federal. Precedente: RMS 23.691-AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Pleno, DJ 21/06/02.
6. Deveras, o recorrente não conseguiu demonstrar qualquer violação a direito líquido e certo.
7. Nego seguimento ao recurso ordinário”.
Inconformada com a referida decisão, a agravante aduz, preliminarmente, a inobservância do disposto no art. 21 do RISTF, asseverando a impossibilidade de o relator decidir monocraticamente no caso concreto.
Afirma, ainda, a necessidade de sobrestamento do recurso sub
examine até o julgamento dos seguintes processos: RE nº 566.622 e ADIN’s
nº 2028, 2621 e 2545, os quais versam sobre a imunidade do art. 195, § 7º, da Constituição Federal e sobre a obrigatoriedade de que a referida questão seja disciplinada por lei complementar, conforme dispõe o art. 146, I, da Carta Magna.
Quanto ao mérito, reafirma as alegações deduzidas no recurso ordinário, quais sejam:
a) a decadência do direito da Administração de rever seus atos, nos termos do art. 54 da Lei 9.784/1999, sob o argumento de que o ato coator foi praticado apenas em 1º/9/2006, mais de oito anos após a data em que foi praticado o ato que se pretendia anular (1º/4/1998);
b) a decadência do direito da Fazenda Pública constituir créditos tributários relativos ao período anterior ao ato anulado, ante o que dispõe 2
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RMS 30718 AGR / DF
de imunidade tributária depende do exame dos fatos e provas da causa. É firme neste Tribunal a orientação de que na via estreita do mandado de segurança não se admite dilação probatória.
4. In casu , o acórdão recorrido assentou:
(...)
5. A competência do relator legitima decisão monocrática para julgar recurso ordinário em mandado de segurança, desde que a pretensão deduzida em sede recursal esteja em confronto com Súmula ou em desacordo com a jurisprudência predominante no Supremo Tribunal Federal. Precedente: RMS 23.691-AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Pleno, DJ 21/06/02.
6. Deveras, o recorrente não conseguiu demonstrar qualquer violação a direito líquido e certo.
7. Nego seguimento ao recurso ordinário”.
Inconformada com a referida decisão, a agravante aduz, preliminarmente, a inobservância do disposto no art. 21 do RISTF, asseverando a impossibilidade de o relator decidir monocraticamente no caso concreto.
Afirma, ainda, a necessidade de sobrestamento do recurso sub
examine até o julgamento dos seguintes processos: RE nº 566.622 e ADIN’s
nº 2028, 2621 e 2545, os quais versam sobre a imunidade do art. 195, § 7º, da Constituição Federal e sobre a obrigatoriedade de que a referida questão seja disciplinada por lei complementar, conforme dispõe o art. 146, I, da Carta Magna.
Quanto ao mérito, reafirma as alegações deduzidas no recurso ordinário, quais sejam:
a) a decadência do direito da Administração de rever seus atos, nos termos do art. 54 da Lei 9.784/1999, sob o argumento de que o ato coator foi praticado apenas em 1º/9/2006, mais de oito anos após a data em que foi praticado o ato que se pretendia anular (1º/4/1998);
b) a decadência do direito da Fazenda Pública constituir créditos tributários relativos ao período anterior ao ato anulado, ante o que dispõe 2
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 13Relatório
RMS 30718 AGR / DF
o art. 150, §4º, do Código Tributário Nacional;
c) o direito à imunidade prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal, especialmente porque a Lei 8.742/1993, cujo teor define o que é filantropia, padece do vício de inconstitucionalidade formal, em razão de o conceito de beneficência não se confundir com o de filantropia, nos termos do art. 195, § 7º, CF, fato que impossibilitaria a sua definição por lei complementar e também por lei ordinária.
Ao final, postula o provimento do agravo regimental e, por conseguinte, o seguimento do recurso ordinário em mandado de segurança.
É o relatório.
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RMS 30718 AGR / DF
o art. 150, §4º, do Código Tributário Nacional;
c) o direito à imunidade prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal, especialmente porque a Lei 8.742/1993, cujo teor define o que é filantropia, padece do vício de inconstitucionalidade formal, em razão de o conceito de beneficência não se confundir com o de filantropia, nos termos do art. 195, § 7º, CF, fato que impossibilitaria a sua definição por lei complementar e também por lei ordinária.
Ao final, postula o provimento do agravo regimental e, por conseguinte, o seguimento do recurso ordinário em mandado de segurança.
É o relatório.
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Supremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 13Voto - MIN. LUIZ FUX
16/08/2016 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 30.718
DISTRITO FEDERAL
V O T O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): O presente agravo
regimental não merece ser provido.
A agravante não traz argumentação capaz de desconstituir os fundamentos da decisão agravada.
Inicialmente, conforme consignado na decisão agravada, não merece acolhida a alegação de decadência do direito de anular o ato administrativo praticado em 1998, que havia atribuído efeitos prospectivos à decisão que indeferiu a renovação do CEBAS.
Isso porque a Administração Pública possui o direito de anular seus próprios atos, quando ilegais, ou revogá-los por motivos de conveniência e oportunidade, consoante dispõem as Súmulas 346 e 473 do STF.
O art. 54 da Lei nº 9.784/1999 estabelece o prazo decadencial de cinco anos para que a Administração Pública possa anular seus atos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, a contar da data em que foram praticados.
Ainda sob esse aspecto, esta Corte assentou a orientação de que esse prazo decadencial somente se inicia, relativamente aos atos praticados anteriormente ao advento da lei em comento, após a sua publicação, o que ocorreu em 1º/2/1999, consoante se infere da seguinte ementa, in
verbis:
“DECADÊNCIA LEI Nº 9.784/99 PRAZO TERMO INICIAL.
O quinquênio versado no artigo 54 da Lei nº 9.784/99 teve como
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AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 30.718
DISTRITO FEDERAL
V O T O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): O presente agravo
regimental não merece ser provido.
A agravante não traz argumentação capaz de desconstituir os fundamentos da decisão agravada.
Inicialmente, conforme consignado na decisão agravada, não merece acolhida a alegação de decadência do direito de anular o ato administrativo praticado em 1998, que havia atribuído efeitos prospectivos à decisão que indeferiu a renovação do CEBAS.
Isso porque a Administração Pública possui o direito de anular seus próprios atos, quando ilegais, ou revogá-los por motivos de conveniência e oportunidade, consoante dispõem as Súmulas 346 e 473 do STF.
O art. 54 da Lei nº 9.784/1999 estabelece o prazo decadencial de cinco anos para que a Administração Pública possa anular seus atos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, a contar da data em que foram praticados.
Ainda sob esse aspecto, esta Corte assentou a orientação de que esse prazo decadencial somente se inicia, relativamente aos atos praticados anteriormente ao advento da lei em comento, após a sua publicação, o que ocorreu em 1º/2/1999, consoante se infere da seguinte ementa, in
verbis:
“DECADÊNCIA LEI Nº 9.784/99 PRAZO TERMO INICIAL.
O quinquênio versado no artigo 54 da Lei nº 9.784/99 teve como
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Voto - MIN. LUIZ FUX
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termo inicial não a data do ato revisto pela Administração Pública, mas a vigência da citada lei. Precedentes: Recurso Ordinário em Mandado de Segurança nº 25.856, relator ministro Eros Grau, e Agravo Regimental no Recurso Ordinário em Mandado de Segurança nº 27.022, relator ministro Ricardo Lewandowski, acórdãos publicados, respectivamente, no Diário da Justiça de 14 de maio de 2010 e 30 de maio de 2011. ANISTIA REVISÃO. Ante suspeitas de concessão de anistias à margem da lei de regência, cumpre à Administração Pública as providências visando elucidar a matéria. ANISTIA LEI DE REGÊNCIA DESCOMPASSO INSUBSISTÊNCIA. Uma vez constatado o descompasso da anistia com a lei de regência, é legítimo à Administração Pública declarar a insubsistência do ato formalizado” (RMS 28.854/DF, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, DJ 11/10/2012).
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. ANISTIA [LEI N. 8.878/94]. REVOGAÇÃO POR ATO DO MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA APÓS PROCESSO ADMINISTRATIVO QUE TEVE CURSO EM COMISSÃO INTERMINISTERIAL. POSSIBILIDADE. SÚMULAS 346 E 473 DO STF. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO QUINQUENAL A PARTIR DA VIGÊNCIA DO ARTIGO 54 DA LEI N. 9.784/99 [1º.2.99]. CERCEAMENTO DE DEFESA. VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. A Administração Pública tem o direito de anular seus próprios atos, quando ilegais, ou revogá-los por motivos de conveniência e oportunidade [Súmulas 346 e 473, STF]. 2. O prazo decadencial estabelecido no art. 54 da Lei 9.784/99 conta-se a partir da sua vigência [1º.2.99], vedada a aplicação retroativa do preceito para limitar a liberdade da Administração Pública. 3. Inexistência de violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Todos os recorrentes apresentaram defesa no processo administrativo e a decisão da Comissão Interministerial contém todos os elementos inerentes ao ato administrativo perfeito, inclusive fundamentação pormenorizada para
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termo inicial não a data do ato revisto pela Administração Pública, mas a vigência da citada lei. Precedentes: Recurso Ordinário em Mandado de Segurança nº 25.856, relator ministro Eros Grau, e Agravo Regimental no Recurso Ordinário em Mandado de Segurança nº 27.022, relator ministro Ricardo Lewandowski, acórdãos publicados, respectivamente, no Diário da Justiça de 14 de maio de 2010 e 30 de maio de 2011. ANISTIA REVISÃO. Ante suspeitas de concessão de anistias à margem da lei de regência, cumpre à Administração Pública as providências visando elucidar a matéria. ANISTIA LEI DE REGÊNCIA DESCOMPASSO INSUBSISTÊNCIA. Uma vez constatado o descompasso da anistia com a lei de regência, é legítimo à Administração Pública declarar a insubsistência do ato formalizado” (RMS 28.854/DF, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, DJ 11/10/2012).
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. ANISTIA [LEI N. 8.878/94]. REVOGAÇÃO POR ATO DO MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA APÓS PROCESSO ADMINISTRATIVO QUE TEVE CURSO EM COMISSÃO INTERMINISTERIAL. POSSIBILIDADE. SÚMULAS 346 E 473 DO STF. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO QUINQUENAL A PARTIR DA VIGÊNCIA DO ARTIGO 54 DA LEI N. 9.784/99 [1º.2.99]. CERCEAMENTO DE DEFESA. VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. A Administração Pública tem o direito de anular seus próprios atos, quando ilegais, ou revogá-los por motivos de conveniência e oportunidade [Súmulas 346 e 473, STF]. 2. O prazo decadencial estabelecido no art. 54 da Lei 9.784/99 conta-se a partir da sua vigência [1º.2.99], vedada a aplicação retroativa do preceito para limitar a liberdade da Administração Pública. 3. Inexistência de violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Todos os recorrentes apresentaram defesa no processo administrativo e a decisão da Comissão Interministerial contém todos os elementos inerentes ao ato administrativo perfeito, inclusive fundamentação pormenorizada para
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 13Voto - MIN. LUIZ FUX
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a revogação do benefício. Recurso ordinário a que se nega provimento”
(RMS 25.856/DF, Rel. Min. EROS GRAU, Segunda Turma, DJ 14/5/2010)
No caso concreto, o ato que a Administração pretende anular foi praticado em 1998, de modo que o prazo decadencial somente se iniciou em 1º/2/1999 (data da publicação da lei), o que fixa como termo final 1º/2/2004.
Consoante se colhe dos autos, a Administração, em 1º/9/2003, deu início ao procedimento de revisão ex officio do ato administrativo em questão, o que está compreendido no conceito de medida que importe impugnação da validade do ato, circunstância que impede a consumação da decadência.
Melhor sorte não assiste à recorrente no que pertine à suposta decadência do direito de constituição do crédito tributário relativamente às contribuições sociais não recolhidas no período anterior a março de 1998.
Isso porque o Ministro de Estado da Previdência Social não possui competência para realizar o lançamento das referidas contribuições sociais, tampouco para cobrá-las, atribuições da Secretaria da Receita Federal.
O ato questionado nesta impetração limitou-se a subtrair, da decisão que indeferiu a renovação do CEBAS, a parte em que fixava os efeitos prospectivos da referida decisão.
Os possíveis efeitos tributários desse ato, tais como o lançamento das contribuições sociais e sua cobrança, devem ser discutidos perante a autoridade competente, que, definitivamente, não é o Ministro de Estado da Previdência Social.
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RMS 30718 AGR / DF
a revogação do benefício. Recurso ordinário a que se nega provimento”
(RMS 25.856/DF, Rel. Min. EROS GRAU, Segunda Turma, DJ 14/5/2010)
No caso concreto, o ato que a Administração pretende anular foi praticado em 1998, de modo que o prazo decadencial somente se iniciou em 1º/2/1999 (data da publicação da lei), o que fixa como termo final 1º/2/2004.
Consoante se colhe dos autos, a Administração, em 1º/9/2003, deu início ao procedimento de revisão ex officio do ato administrativo em questão, o que está compreendido no conceito de medida que importe impugnação da validade do ato, circunstância que impede a consumação da decadência.
Melhor sorte não assiste à recorrente no que pertine à suposta decadência do direito de constituição do crédito tributário relativamente às contribuições sociais não recolhidas no período anterior a março de 1998.
Isso porque o Ministro de Estado da Previdência Social não possui competência para realizar o lançamento das referidas contribuições sociais, tampouco para cobrá-las, atribuições da Secretaria da Receita Federal.
O ato questionado nesta impetração limitou-se a subtrair, da decisão que indeferiu a renovação do CEBAS, a parte em que fixava os efeitos prospectivos da referida decisão.
Os possíveis efeitos tributários desse ato, tais como o lançamento das contribuições sociais e sua cobrança, devem ser discutidos perante a autoridade competente, que, definitivamente, não é o Ministro de Estado da Previdência Social.
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Sob esse aspecto já se manifestou a Primeira Turma desta Corte, nos autos do RMS 28.456/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, ocasião em que se entendeu que eventual decadência do crédito tributário cobrado não pode ser analisada neste recurso ordinário em mandado de segurança, interposto contra ato do Ministro de Estado da Previdência Social, autoridade que não detém competência para proceder ao lançamento e à cobrança de créditos tributários.
Nessa esteira, descabe confundir o procedimento de certificação de uma entidade como beneficente de assistência social, que tem seu trâmite perante o Conselho Nacional de Assistência Social (em primeira instância administrativa) e perante o Ministro de Estado da Previdência Social (em sede recursal) com o procedimento de isenção que tramita perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).
O equívoco pode ser claramente percebido quando se observa que a autoridade apontada como coatora, Ministro de Estado da Previdência Social, não possui competência para proceder ao lançamento de eventuais créditos tributários, o que, com o advento da Lei 11.457, de 2007, ficou a cargo da SRFB.
Igualmente não merece acolhida a assertiva de que a recorrente faz jus à imunidade prevista no art. 195, § 7º, da CRFB/88, porque se enquadraria no conceito de entidade beneficente de assistência social.
Assevera, para tanto, não possuir fins lucrativos, aplicar integralmente seus resultados no país, no desenvolvimento de suas atividades institucionais, sem distribuí-los a seus dirigentes, manter escrita contábil e fiscal regular, prestar serviços assistenciais à coletividade, dentre eles atividades de filantropia e de assistência social, as quais já beneficiaram 49 instituições que atendem necessidades básicas de pessoas carentes (fls. 294-295).
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Sob esse aspecto já se manifestou a Primeira Turma desta Corte, nos autos do RMS 28.456/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, ocasião em que se entendeu que eventual decadência do crédito tributário cobrado não pode ser analisada neste recurso ordinário em mandado de segurança, interposto contra ato do Ministro de Estado da Previdência Social, autoridade que não detém competência para proceder ao lançamento e à cobrança de créditos tributários.
Nessa esteira, descabe confundir o procedimento de certificação de uma entidade como beneficente de assistência social, que tem seu trâmite perante o Conselho Nacional de Assistência Social (em primeira instância administrativa) e perante o Ministro de Estado da Previdência Social (em sede recursal) com o procedimento de isenção que tramita perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).
O equívoco pode ser claramente percebido quando se observa que a autoridade apontada como coatora, Ministro de Estado da Previdência Social, não possui competência para proceder ao lançamento de eventuais créditos tributários, o que, com o advento da Lei 11.457, de 2007, ficou a cargo da SRFB.
Igualmente não merece acolhida a assertiva de que a recorrente faz jus à imunidade prevista no art. 195, § 7º, da CRFB/88, porque se enquadraria no conceito de entidade beneficente de assistência social.
Assevera, para tanto, não possuir fins lucrativos, aplicar integralmente seus resultados no país, no desenvolvimento de suas atividades institucionais, sem distribuí-los a seus dirigentes, manter escrita contábil e fiscal regular, prestar serviços assistenciais à coletividade, dentre eles atividades de filantropia e de assistência social, as quais já beneficiaram 49 instituições que atendem necessidades básicas de pessoas carentes (fls. 294-295).
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Ocorre que a verificação da procedência dessas afirmações depende da análise dos fatos e provas constantes dos autos, o que é inviável na via estreita do mandado de segurança, a qual não admite dilação probatória, senão vejamos:
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA CONTRA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUE DENEGOU A SEGURANÇA. ATO DO MINISTRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL QUE INDEFERIU A RENOVAÇÃO DO CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS DA IMPETRANTE. 1. Mandado de segurança não admite dilação probatória, não podendo, por isso mesmo, ser discutida a aplicação de 20% (vinte por cento) da receita bruta da requerente em gratuidade (Decretos ns. 2.536/98 e 752/93). Precedentes. 2. Recurso em mandado de segurança não provido” (RMS 27.369/DF, Rel. Min.
CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, DJe 15-03-2013 ).
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA. ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. DIREITO ADQUIRIDO. COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. AGRAVO DESPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte é no sentido de que não existe direito adquirido à manutenção de regime jurídico de imunidade tributária. Precedentes. II - A Constituição Federal de 1988, no seu art. 195, § 7º, conferiu imunidade às entidades beneficentes de assistência social em relação às contribuições para a Seguridade Social, desde que atendidos os requisitos definidos por lei. III - A decisão judicial invocada pela agravante somente garantiu que a renovação do CEBAS fosse apreciada à luz da legislação então vigente e o Ministro de Estado da Previdência Social, ao efetuar essa análise, entendeu que os requisitos não foram preenchidos. Afastar essa conclusão demandaria o reexame do conjunto probatório, que se mostra inviável nesta via. IV Agravo regimental desprovido” (RMS
27.977 AgR/DF, Rel.Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira 5
Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal
RMS 30718 AGR / DF
Ocorre que a verificação da procedência dessas afirmações depende da análise dos fatos e provas constantes dos autos, o que é inviável na via estreita do mandado de segurança, a qual não admite dilação probatória, senão vejamos:
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA CONTRA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUE DENEGOU A SEGURANÇA. ATO DO MINISTRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL QUE INDEFERIU A RENOVAÇÃO DO CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS DA IMPETRANTE. 1. Mandado de segurança não admite dilação probatória, não podendo, por isso mesmo, ser discutida a aplicação de 20% (vinte por cento) da receita bruta da requerente em gratuidade (Decretos ns. 2.536/98 e 752/93). Precedentes. 2. Recurso em mandado de segurança não provido” (RMS 27.369/DF, Rel. Min.
CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, DJe 15-03-2013 ).
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA. ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. DIREITO ADQUIRIDO. COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. AGRAVO DESPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte é no sentido de que não existe direito adquirido à manutenção de regime jurídico de imunidade tributária. Precedentes. II - A Constituição Federal de 1988, no seu art. 195, § 7º, conferiu imunidade às entidades beneficentes de assistência social em relação às contribuições para a Seguridade Social, desde que atendidos os requisitos definidos por lei. III - A decisão judicial invocada pela agravante somente garantiu que a renovação do CEBAS fosse apreciada à luz da legislação então vigente e o Ministro de Estado da Previdência Social, ao efetuar essa análise, entendeu que os requisitos não foram preenchidos. Afastar essa conclusão demandaria o reexame do conjunto probatório, que se mostra inviável nesta via. IV Agravo regimental desprovido” (RMS
27.977 AgR/DF, Rel.Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira 5
Supremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 13Voto - MIN. LUIZ FUX
RMS 30718 AGR / DF
Turma, DJ 26-05-2011 )
Por fim, passo ao exame da alegação de que a atribuição de efeitos retroativos à decisão que indefere a renovação do certificado de filantropia, além de violar o disposto no art. 146 do CTN, ofende, ainda, o art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, por alcançar atos jurídicos perfeitos. Anoto que a invocação do art. 146 do CTN não tem pertinência com o caso sob exame, uma vez que essa disposição refere-se às hipóteses de modificação de critério jurídico da atividade de lançamento de tributo. O ato questionado neste writ, por sua vez, trata da definição dos efeitos de decisão que indefere a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social.
No que se refere à pretensão de sobrestamento do feito para se aguardar o julgamento do RE 566.622 e das ADI’s 2.028, 2.621 e 2.545, melhor sorte não assiste à agravante, tendo em vista, primeiramente, que constitui inovação das razões recursais, o que não se admite em agravo regimental, e, ainda, diante do entendimento sedimentado no STF no sentido de que não há necessidade de sobrestamento dos recursos não submetidos à sistemática da repercussão geral, como é o caso do recurso ordinário em mandado de segurança. A corroborar essa assertiva, cito o RMS 27.369 ED, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe 28.11.2014:
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA: DESPROVIMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO SOBRE PRETENSO DIREITO ADQUIRIDO DA RECORRENTE AO CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CEBAS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. (...) A exigência de emissão e renovação periódica do certificado de entidade de fins filantrópicos, prevista no inc. II do art. 55 da Lei n. 8.212/91 (revogado pela Lei n. 12.101/2009), não ofendia os arts. 146, II, e 195, § 7º, da Constituição da República. Precedentes. A inclusão dessa
matéria no procedimento da repercussão geral (Recurso
6
Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal
RMS 30718 AGR / DF
Turma, DJ 26-05-2011 )
Por fim, passo ao exame da alegação de que a atribuição de efeitos retroativos à decisão que indefere a renovação do certificado de filantropia, além de violar o disposto no art. 146 do CTN, ofende, ainda, o art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, por alcançar atos jurídicos perfeitos. Anoto que a invocação do art. 146 do CTN não tem pertinência com o caso sob exame, uma vez que essa disposição refere-se às hipóteses de modificação de critério jurídico da atividade de lançamento de tributo. O ato questionado neste writ, por sua vez, trata da definição dos efeitos de decisão que indefere a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social.
No que se refere à pretensão de sobrestamento do feito para se aguardar o julgamento do RE 566.622 e das ADI’s 2.028, 2.621 e 2.545, melhor sorte não assiste à agravante, tendo em vista, primeiramente, que constitui inovação das razões recursais, o que não se admite em agravo regimental, e, ainda, diante do entendimento sedimentado no STF no sentido de que não há necessidade de sobrestamento dos recursos não submetidos à sistemática da repercussão geral, como é o caso do recurso ordinário em mandado de segurança. A corroborar essa assertiva, cito o RMS 27.369 ED, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe 28.11.2014:
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA: DESPROVIMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO SOBRE PRETENSO DIREITO ADQUIRIDO DA RECORRENTE AO CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CEBAS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. (...) A exigência de emissão e renovação periódica do certificado de entidade de fins filantrópicos, prevista no inc. II do art. 55 da Lei n. 8.212/91 (revogado pela Lei n. 12.101/2009), não ofendia os arts. 146, II, e 195, § 7º, da Constituição da República. Precedentes. A inclusão dessa
matéria no procedimento da repercussão geral (Recurso
6
Supremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 13Voto - MIN. LUIZ FUX
RMS 30718 AGR / DF
Extraordinário n. 566.622, Relator o Ministro Marco Aurélio) não serve como óbice à apreciação de recursos não abrangidos pelo art. 543-A do Código de Processo Civil, como sucede com o recurso ordinário em mandado de segurança. 3. Embargos de
declaração acolhidos para prestar esclarecimentos, sem modificação do julgado” (grifos meus).
Por fim, não assiste razão à recorrente quando alega que a decisão agravada violou o art. 21, § 1º, do RISTF, que confere ao Relator competência para, monocraticamente, negar seguimento a pedido ou recurso manifestamente inadmissíveis, intempestivos, ou que veiculem pretensão contrária à jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, uma vez que a pretensão ora veiculada diverge do entendimento assentado neste Tribunal, como se depreende do aresto colacionado abaixo:
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ANULAÇÃO DE PORTARIAS CONCESSIVAS DE ANISTIA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (...) 5. A competência do relator legitima decisão monocrática para julgar recurso ordinário em mandado de segurança, desde que a pretensão deduzida em sede recursal esteja em confronto com Súmula ou em desacordo com a jurisprudência predominante no Supremo Tribunal Federal. Precedente: RMS 23.691-AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Pleno, DJ 21/06/02. 6. Deveras, o agravante não conseguiu demonstrar qualquer violação a direito líquido e certo. 7. Agravo regimental a que se nega provimento” (RMS 31.045 AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira
Turma, DJe – 22/10/2013).
Ex positis, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto.
7
Supremo Tribunal Federal
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RMS 30718 AGR / DF
Extraordinário n. 566.622, Relator o Ministro Marco Aurélio) não serve como óbice à apreciação de recursos não abrangidos pelo art. 543-A do Código de Processo Civil, como sucede com o recurso ordinário em mandado de segurança. 3. Embargos de
declaração acolhidos para prestar esclarecimentos, sem modificação do julgado” (grifos meus).
Por fim, não assiste razão à recorrente quando alega que a decisão agravada violou o art. 21, § 1º, do RISTF, que confere ao Relator competência para, monocraticamente, negar seguimento a pedido ou recurso manifestamente inadmissíveis, intempestivos, ou que veiculem pretensão contrária à jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, uma vez que a pretensão ora veiculada diverge do entendimento assentado neste Tribunal, como se depreende do aresto colacionado abaixo:
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ANULAÇÃO DE PORTARIAS CONCESSIVAS DE ANISTIA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (...) 5. A competência do relator legitima decisão monocrática para julgar recurso ordinário em mandado de segurança, desde que a pretensão deduzida em sede recursal esteja em confronto com Súmula ou em desacordo com a jurisprudência predominante no Supremo Tribunal Federal. Precedente: RMS 23.691-AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Pleno, DJ 21/06/02. 6. Deveras, o agravante não conseguiu demonstrar qualquer violação a direito líquido e certo. 7. Agravo regimental a que se nega provimento” (RMS 31.045 AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira
Turma, DJe – 22/10/2013).
Ex positis, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto.
7
Supremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 13Extrato de Ata - 16/08/2016
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 30.718
PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) : FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA - RÁDIO E TV APARECIDA ADV.(A/S) : IVES GANDRA DA SILVA MARTINS (11178/SP)
AGDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. 1ª Turma, 16.8.2016.
Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo Gustavo Gonet Branco.
Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma
Supremo Tribunal Federal
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 30.718
PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) : FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA - RÁDIO E TV APARECIDA ADV.(A/S) : IVES GANDRA DA SILVA MARTINS (11178/SP)
AGDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. 1ª Turma, 16.8.2016.
Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo Gustavo Gonet Branco.
Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma