ECONOMIA ECOLÓGICA
Uma visão conceitual e prática no setor empresarialKaroline dos Santos 1 Paulo Cesar dos Santos 2
Resumo
Considerando que toda atividade humana reflete no ecossistema seja pela extração dos recursos, seja pelo lançamento de dejetos de resíduos ou energia degradada, o crescimento e desenvolvimento econômico precisa respeitar limites. Assim a importância da economia ecológica e a noção de desenvolvimento sustentável. Quando aplicada a sustentabilidade o que importa no desenvolvimento do processo econômico é aquele que produz bens e serviços que considerem todos os custos que a ele são associados. É uma tarefa para um exemplo de desenvolvimento novo e para uma ciência da economia de embasamentos ecológicos a que se ensarta uma mudança importante dos problemas de alocação de recursos e como deverão ser tratados assim como uma revisão na sistemática do crescimento econômico. Buscase por meio dos empreendimentos o equilíbrio entre os sistemas ecológicos e econômicos de modo interdependente e coevolutivo. Uma responsabilidade que precisa de ações concretas de promoção e desenvolvimento de uma realidade a fim de tirar lições para análise e política com o objetivo de alcançar uma economia ecológica verdadeira. Não obstante, economia ecológica está intimamente relacionada à sustentabilidade por tratarse dos esforços necessários para a perpetuação da empresa e este artigo tem o objetivo de estudar e demonstrar a conceituação e prática no setor empresarial de economia ecológica, além de sua importância e viabilidade em uma organização, por meio de pesquisa bibliográfica, a fim identificar como a economia ecológica é conceituada e como se apresenta na prática das organizações.
Palavr aschave: Economia ecológica. Sustentabilidade. Viabilidade econômica. 1 INTRODUÇÃO
A humanidade vem passando por grandes e profundas mudanças, às mais imprevisíveis de toda a sua história. Mudanças essas, em seus próprios fundamentos na relação homem e planeta a qual habita. Os bens naturais estão se esgotando e nossa postura predadora persiste. O poder consumista ocidental, que se apresenta muito mais expressivo ao oriental, vem extraindo intensamente da natureza recursos de modo nada sustentável para o comodismo de poucos. Dos 6,9 bilhões de pessoas que habitam o planeta Terra, segundo a Population Refecence Bureau (PRB, 2011) e para atender as necessidades atuais humanas são necessários em média 2,5 planetas Terra.
Cavalcanti (2010), a fim de compreender melhor a sociedade atual, afirma que se pode comparála a um veículo em alta velocidade, considerando todos os seus confortos que leva como parte integrante uma pequena parte da humanidade, deixando 70% às margens dos trilhos sem saber o que pode existir mais a frente, se uma estação, uma paisagem ou um abismo. A população mundial está como a definição de Cavalcanti, sem saber o que virá pela frente e assim não se preparando para o retorno destas ações. 1 Bacharel em Administração: karol.stos@gmail.com 2 Professor . Email: pcesarsantos@hotmail.com
Malvezzi (2010 apud Cavalcanti, 2010) questiona essas ações não planejadas ressaltando que:
Os grandes sistemas que orientaram a humanidade o sonho da "ordem e progresso" dos positivistas, o "paraíso terrestre" dos socialistas e comunistas, o "consumismo capitalista", além da cristandade na Idade Média já não respondem aos desafios contemporâneos. Restou o consumo imediatista de uma parcela restrita da humanidade. "Um outro Mundo é Possível", mas não sabemos mais que mundo possível queremos.
Diante de tais afirmações percebese a dificuldade em se definir aonde a humanidade quer chegar assumindo essa postura imediatista, ou melhor dizendo, consumindo aceleradamente e compulsivamente motivada pelo apelo capitalista inseridos pelo modelo econômico a que se submetem atualmente sem considerar seus conseqüentes impactos. E considerando que há a possibilidade de amenizar esses impactos, mudanças tecnológicas por meio da ciência, sociedade, pessoas e natureza podem ser dosadas igualitariamente adotando uma política de consumo veloz sobre a sustentabilidade, de um para todos. Mas enquanto este modelo econômico não é adotado a humanidade fica incapaz de se precaver ou mudar o futuro incerto. As mudanças acontecem minuto a minuto e a qualidade de nosso ecossistema está cada vez mais comprometida o que vários autores, como Malvezzi (2010 apud Cavalcanti, 2010) cita como “crise de paradigmas” ou “crise de sustentabilidade”. A gestão ambiental ganha espaço no cenário empreendedor em razão dos impactos que podem causar prejuízos ambientais, mas também quanto ao ônus de seu passivo ambiental associado ou ao simples atendimento dos requisitos legais. Sabemos que a preocupação ambiental estará presente quando em situações como as supracitadas, pressão do mercado ou quando por estratégia de marketing. No entanto a sua aplicação entra em conflito com o retorno do investimento de médio em longo prazo, por razões como indisponibilidade tecnológica, falta de acesso às informações, custo elevado no desenvolvimento do projeto, entre outras dificuldades.
Analisando os conceitos e a prática realizada no setor empresarial o tema economia ecológica será desenvolvido a fim de verificar as possibilidades e viabilidades para prover a gestão ambiental equilibrando os sistemas social, econômico e ecológico com base na sustentabilidade. A sustentabilidade segundo a World Wide Fund for Nature (WWF Brasil) é “[...] o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.” (SUSTENTABILIDADE, 2010).
O desenvolvimento de uma economia é imprescindível, no entanto os lucros extrapolam qualquer interesse e a sustentabilidade fica em um segundo plano, se não houver retorno do investimento não é considerada a atenção paralela ao crescimento do negócio. Para a empresa produtiva o que conta são os lucros e as taxas financeiras de retorno. Para os executivos governamentais conta o emprego e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para demonstrar a riqueza econômica.
O retorno do investimento entendese pelo pagamento de seu investimento e posterior lucro proveniente do investimento, essa é a maior dificuldade dentro deste tema, porque em grande parte o retorno vem em longo prazo. Segundo May (1995, p.4),
Para os economistas neoclássicos, esses indicadores e seus objetivos de maximização são mutuamente consistentes: a maximização do lucro individual favorece o crescimento da renda nacional e o emprego pleno dos recursos produtivos, incluindo a força de trabalho.
E assim, considerando a latente crise no sistema ambiental, econômica e social pretendese estudar, por meio de um estudo bibliográfico a conceituação e as práticas no setor empresarial.
2 ECONOMIA ECOLÓGICA
Para contextualizar o tema deste estudo será analisada a visão da sustentabilidade, a economia ecológica e a viabilidade econômica a fim de conceituar a economia ecológica no meio empresarial e as manifestações práticas de sua aplicação nos itens a seguir.
2.1 SUSTENTABILIDADE
Segundo a WWF Brasil “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.” (SUSTENTABILIDADE, 2010). Desde a colonização do Brasil as terras brasileiras e seus habitantes sabem o que é extrair, mas com raras exceções a reposição da extração. É a partir desse período que podemos identificar atividades insustentáveis como a extinção do pau Brasil. A sustentabilidade não mais é que garantir a existência, a continuidade do que se está explorando, a sobrevivência.
Pearce e Atknson (1992 apud MAY. p.11, 1995) dividem a sustentabilidade em duas escalas e vale destacar uma delas chamada de sustentabilidade forte que sugere que,
[...]as expectativas de substituição não são infinitas, e que uma regra aceitável para avaliar se o desenvolvimento é ou não sustentável seria uma situação na qual não haveria modificações em algum tipo de ecossistemas que incluem aqueles vitais como a manutenção da balança de carbono, os ciclos hidrológicos e o fluxo de nutrientes.
Igualmente, percebemse os limitantes de um modelo sustentável, pois mesmo em um modelo rigoroso apresentase distante de um modelo utópico que proporcione a eliminação dos impactos em sua totalidade alcançando um desempenho de tal desempenho onde o ecossistema não seja alterado.
Mas há de se considerar a importância acerca da consciência sustentável revelada em meados da década de setenta, quando os primeiros movimentos significativos chamavam a atenção para a mudança no cenário ecológico e já apresentava as primeiras evidências.
Cavalcanti (2010) comenta a respeito do caso no estado de Ohio nos Estados Unidos da América, em que o rio Cuyahoga, poluído, pegou fogo em 1970 porque uma indústria química lançava seus efluentes sem qualquer tratamento.
Em reflexo da vida moderna e a degradação ambiental estudos, hoje conduzidos pela NASA (2011), tornaram visíveis fenômenos acentuados como o buraco na camada de ozônio. A primavera de 2008 registrou a maior extensão e ausência de ozônio no pólo sul equivalente a 27 milhões de km 2 aproximadamente, maior que a América do Norte. O excesso de CO 2 lançado na atmosfera, causador do efeitoestufa, é outro exemplo que neste caso demonstra a mudança de um fenômeno natural para o aquecimento da terra. A terra utiliza da camada natural de CO 2 para manter a terra aquecida, mas principalmente com a queima de combustível a quantidade de CO 2 aumentou de maneira tão expressiva que os raios
ultravioletas acabam “presos” entre a espessa camada e a terra causando assim o efeitoestufa. (UMA VERDADE INCONVENIENTE, 2006).
A destruição da biodiversidade é resultante, também, das mudanças nos fenômenos atmosféricos que lentamente atinge o Brasil e de modo licencioso os recifes de coral são poluídos, florestas tropicais e lençóis freáticos ocasionados a escassez da água que há pouco tempo atrás se pensava como uma situação distante considerando nosso grande manancial.
Segundo Torras (2003 apud Cavalcanti, 2010),
Se o país, apesar de tudo, tivesse tido nas últimas décadas uma trajetória econômica de êxito admirável, tivesse de fato se desenvolvido, com redução da pobreza absoluta, criação de emprego, aumento do salário, promoção do bemestar social e melhoria indiscutível da qualidade de vida, poderseia tratar o custo ambiental do processo como um preço razoável a ser pago. Entretanto, existe considerável evidência de que os padrões de vida brasileiros pioraram de 1965 a 2003, pelo menos quanto aos membros mais pobres da sociedade.
2.1 ECONOMIA ECOLÓGICA
Economia é definida como a ciência que estuda escassez de recursos (SANTOS, 2011). No entanto, essa definição, deve ser complementada, para o alcance de uma economia sustentável, pois a escassez não está ligada unicamente aos recursos financeiros sendo necessária a conceituação de economia ecológica que explora a totalidade das partes interessadas. A economia ecológica busca associar todos os interesses a fim de que todas as partes importantes que promovam a formação da economia sejam eficientes e eficazes tanto para a ecologia quanto para a economia.
A dificuldade em considerar a ecologia em uma economia também se deve a sua valoração, em como medir os bens ambientais que como May, Lustosa e Vinha (2003, p. 7, 2003) afirmam que “O valor econômico total de um recurso ambiental compreende a soma dos valores de uso e do valor de existência do recurso ambiental.” Compreendese valor de uso, a exemplo de uma floresta, a extração de madeira ou o consumo de seus frutos, a qualidade do ar, da água e a beleza e ao se tratar de valor de existência referese à satisfação pessoal de pagar para que esteja lá, no caso da Amazônia, mesmo que o interessado não vá à Amazônia ou não a conheça.
O desenvolvimento sustentável é o limitante para a atividade humana que anseia pelo processo econômico em meio à extração de recursos e efluente não tratado promovendo exclusivamente a degradação do ecossistema em uma perspectiva de que o importante é produzir bens e serviços sem medir os impactos positivos e, principalmente, os negativos relacionados a toda atividade produtiva. Missão para um modelo de sistema econômico que considere a sobrevivência de todas as partes relacionadas ao empreendimento denominada economia ecológica. Esta tem como objetivo considerar todos os aspectos relacionados a cada parte do sistema que se relaciona com o negócio, avaliando suas relações desde a extração até a destinação conciliando o interesse de cada interessado.
O objetivo desse modelo econômico é promover o desenvolvimento que vá ao encontro do entendimento da realidade humana. (Cavalcanti, 2010).
Observase que não há a menção, para os economistas, da importância quanto à questão ecológica em suas políticas, não é objetivo da economia humana.
A economia neoclássica, versão moderna e mais estreita da teoria clássica, acredita que o livre jogo das forças de mercado, em situação de livre competição (o que significa perfeita informação dos agentes econômicos), será capaz de promover a mais eficiente alocação de recursos, a mais elevada produção, a mais justa distribuição da renda, o mais rápido progresso tecnológico, a mais apropriada utilização da natureza.[...] A economia neoclássica, versão moderna e mais estreita da teoria clássica, acredita que o livre jogo das forças de mercado, em situação de livre competição (o que significa perfeita informação dos agentes econômicos), será capaz de promover a mais eficiente alocação de recursos, a mais levada produção, a mais justa distribuição da renda, o mais rápido progresso tecnológico, a mais apropriada utilização da natureza. [...]
O cenário demonstra a preocupação quanto aos problemas ambientais globais, cuja manifestação, sem poupar ninguém, atinge de fato a todos, interferindo no bemestar alcançado nas próprias sociedades prósperas. Tornase, nesse momento, perceptível a compreensão de que a realidade toma corpo quanto aos perigos de danos irreversíveis ao meio ambiente, quanto ao inevitável esgotamento de recursos finitos, quanto à necessidade de enfrentamento da questão da tecnologia e do seu livre uso pelas empresas, quanto à avaliação dos padrões de consumo e conseqüente desperdício insustentáveis apoiados no conceito da soberania do consumidor. Para atender este modelo a ciência não dispunha de competência para disponibilizar esses recursos a fim de alcançar o desenvolvimento ambientalmente correto. Esperase que macroeconomia um crescimento visando sempre os melhores desempenhos.
Políticas econômicas são conveniente aos países desenvolvidos, entretanto os caminhos sustentáveis não fazem parte desta economia. Esses países, destacando alguns europeus tomaram iniciativas que vão além do básico para garantir a sobrevivência e outras sobre a pressão da própria sociedade que com o passar do tempo ou ao perceber os danos irreparáveis ao meio ambiente cobrou condutas que extrapolam o neoliberalismo. Este cenário já não está só no papel, o Japão possui um bairro, Odaiba, na capital, Tóquio onde a seleção dos resíduos são bem mais criteriosa permitindo o melhor aproveitamento, aqueles não recicláveis viram energia para o abastecimento energético do próprio bairro e as cinzas são aproveitadas para a pavimentação, cuidado que reflete as expectativas futuras dos japoneses: eficiente e limpo segundo o programa Bom dia Brasil da Rede Globo (2010).
No Brasil, ao passo que demonstra preocupação com a preservação da Amazônia, cortamse as verbas para a fiscalização ambiental e abrese espaço para a ação de empresas madeireiras asiáticas atuarem livremente na extração em território amazônico (GREENPEACE, 2011).
Tarefa difícil é acompanhar desmatamentos, inundações de grandes áreas, deslocamento de um vilarejo ou até uma cidade inteira além de toda a fauna para atender a necessidade energética de todo o país. Entidades como WWF incentivam investimento no desenvolvimento na geração de novas alternativas energéticas que reduzam significativamente esses impactos irrecuperáveis. A intolerância e reprovação ao desenvolvimento não sustentável tornase cada vez mais latente na população quando manchetes de jornais e revistas ou até mesmo na vizinhança.
Caso o país tivesse se desenvolvido preocupado com a redução da pobreza, geração de emprego, salários justos, promoção do bemestar social e melhoria da qualidade de vida, tratar o custo ambiental seria uma tarefa muito mais simples a um preço razoável, porém há evidências de que houve uma queda no padrão de vida dos brasileiros bastante significativa entre 1965 a 2003, no mínimo quanto aos membros mais pobres da sociedade (TORRAS,
(impactos ambientais) teve resultado negativo para a classe mais pobre, ou seja, trouxe miséria. O que significa avaliar o desenvolvimento sustentável nacional deixa dúvidas quanto ao desempenho da economia brasileira intitulada de bem sucedida.
A esses processos destruidores os custos associados raramente são estimados não aparecendo nas estimativas das contas nacionais, exceto como fatores positivos e até como nova adição aos valores do PIB quando se consideram as despesas para consertar erros ecológicos cometidos, a exemplo de uma vazão tóxica como a de Cataguases em março de 2003.(GONÇALVES et al, 2007).
Transformar em valor de recursos naturais esgotados como meio de verificar se o desenvolvimento tem sido sustentável representa uma iniciativa para, pelo menos, se ter uma idéia econômica dos passivos gerados. Assim se apresenta a economia ecológica com uma necessidade que agregará valor econômico ambiental aos interessados: clientes, consumidores, fornecedores, acionistas, público interno, comunidade, governos federais, municipais e estaduais e entre outros. E aceitar a aplicação desse modelo não é nada fácil porque ainda há muitas dificuldades em conseguir demonstrar resultados tangíveis quanto aos impactos locais e problemas mundiais.
Quanto aos problemas ambientais mundiais, a preocupação na verdade, pede mais do que a economia do meio ambiente pode oferecer. Precisase, concretamente, de indicadores ecológicoeconômicos que envolvam estimativas de degradação ambiental e humana e depleção de recursos. Indicadores de desenvolvimento sustentável, em que os valores sejam obtidos por dedução do Produto Interno Bruto PIB do valor estimado dos recursos naturais esgotados e degradados, como por exemplo, a erosão do solo, desmatamento para a pastagem do gado, etc.
O Banco central acompanha a depreciação do capital pelo homem como um item do balanço negativo na determinação da renda nacional, porém não considerar a depreciação ou depleção do capital natural (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011). O consumo desses recursos é considerado renda, acima da estimada, a verdadeira renda nacional, pondo em cheque a veracidade desse indicador.
Os danos ambientais irreparáveis e freqüentes traduz um crescimento econômico a desperdícios de benefícios potenciais para futuras gerações como, por exemplo, no Amapá em que a jazida de manganês se esgotou em dez anos. Não há como justificar os ganhos do desmatamento da Amazônia ao longo dos últimos trinta anos que, além de tudo, têm fluído primariamente para os ricos, enquanto os correspondentes custos sociais se distribuem amplamente, como um benefício inquestionável promovido pela economia.
Backer (1995 apud Cavalcanti, 2010) avalia que:
O Brasil, com sua multiplicidade de projetos de carcinocultura, turismo, resorts, loteamentos, expansão urbana, estradas costeiras e muitos outros, servem de triste ilustração de um desenvolvimento desordenado das zonas de praia que tem efeitos destrutivos sérios inteiramente ignorados, ao passo que só os bônus dos projetos e lavouras são apresentados na mídia.
A questão é que as preferências econômicas derrubam constantemente considerações ecológicas que são sobreestimados quando quantificado o seu preço no mercado, como acontece com o petróleo e os minérios. Difícil é encontrar um valor que represente a vida em geral ou como uma espécie ameaçada de extinção pode impactar em tal valor. Essa realidade imposta pelo mercado nos conduz a questionar o valor da floresta amazônica, fonte
insubstituível de benefícios ecológicos que vão desde a regulação do clima e da água até os benefícios de opção e existência (CAVALCANTI, 2010 apud FEARNSIDE, 1997).
Outrossim, a economia ecológica é uma ciência que pode apresentar falhas e muitas dúvidas relacionadas a decisão de investir ou não pois os próprios autores aqui estudados levantam tais limitações principalmente ao que tange ao valor da degradação e outros impactos.É um tema que embora já difundido em outros países como os europeus, no Brasil ainda não dispõe de informações prática suficientes que demonstrem a adoção bem sucedida deste modelo econômico.
2.3 VIABILIDADE ECONOMICA
A viabilidade econômica de um investimento pode ser observada por meio do seu retorno do capital investido. O retorno do investimento em qualquer negócio deve ser observado porque pode interferir diretamente na sobrevivência de uma empresa no mercado e é o interesse de toda economia. Também chamado depayback é “o período de recuperação do investimento e consiste na identificação do prazo em que o montante do dispêndio de capital efetuado seja recuperado por meio dos fluxos líquidos de caixa gerados pelo investimento.” (KASSAI, 2000, p.84). Esse retorno esperado ou exigido deve remunerar os investimentos efetuados para assim ser viável.
Optado pela mudança de um modelo econômico o empreendedor vislumbra reaver seu investimento em curto prazo, mas quando tratado de economia ecológica o retorno se dá, sobretudo a médio e longo prazo. Investir e reflorestamento, recuperação, e remanejo, por exemplo, significa uma espera longa, mas a partir do momento em que essa postura é internalizada as rotinas da organização sendo aplicada a abrangência a outros recursos extraídos e explorados deixa de ser um ponto negativo para ser positivo ao exemplo de várias empresas que há alguns anos exploram a atividade florestal que na hipótese de para seu processo de reflorestamento possui estoque de mais de três anos,
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, este estudo permite concluir que a economia ecológica é definida por um modelo econômico que permite gerenciar os recursos totais, assemelhando em parte a teoria ortodoxa, onde se busca o equilíbrio de todas as partes interessadas do negócio sem comprometer os recursos naturais necessários para a sobrevivência do empreendimento assim como a saúde financeira. Podese também concluir que há viabilidade em sua adoção desde que respeitados os limitantes e o equilibro econômico ecológico bem como de grande importância no cenário mercadológico e econômico. Como todo sistema de gestão, quando bem planejado tem maior chance de alcançar o sucesso. A degradação pode se tornar um processo irreversível, onde não há alternativa diferente ao desenvolvimento sustentável, caso os impactos continuem acelerados e a escassez de recursos naturais cada vez mais latentes no cenário nacional. Hoje em virtude do acelerado crescimento que alcança a marca de sete bilhões de habitantes na terra, segundo a PRB (2011), encontrar meios de reduzir os impactos ambientais, promover o aumento nos lucros e garantir a sustentabilidade transforma o desafio da economia ecológica cada vez maior.
Ademais, devese fomentar a educação e incentivar o mercado em adotar uma economia ecológica, que atualmente é voluntária, no entanto, permanecendo a negligência às mudanças climáticas e outros fatos intrigantes de total descaso com a sobrevivência da fauna, flora e consequentemente das empresas.
Sendo assim, recomendase um estudo mais aprofundado à organização que almeje a sustentabilidade apoiada por uma política econômica ecológica, pois cada organização possuirá cenários distintos e conseqüentemente oportunidades diferentes para o alcance de uma economia ecológica. 4 REFERÊNCIAS BACKER, Paul de. Gestão ambiental: a administração verde. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em < http://www.bcb.gov.br/?INDECO>. Acesso em 09. de fev. 2011. CAVALCANTI, Clovis. Uma tentativa de caracterização da economia ecológica. Ambiente & sociedade. Disponível em: < http://www.scielo.br>. Acesso em: 17 de novembro de 2010. GONÇALVES, Juliana Bosi; ALMEIDA, Josimar Ribeiro; LINS, Gustavo Aveiro. Uma análise crítica do acidente de Cataguases (MG) (2003). Ciência do Ambiente Online, Rio de Janeiro, v.3, n. 2, Agosto de 2007.
KASSAI, José Roberto. Retor no de investimento: abordagem matemática e contábil do lucro empresarial. São Paulo: Atlas, 2000. LIXO. Bom dia Brasil, Rio de Janeiro: Rede Globo, 09 de abril de 2010. Programa de TV. GREENPEACE. Disponível em < http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Oque fazemos/Amazonia/>. Acesso em 31 de jan. 2011. MAY, Peter H. Maria custódia Lustosa, Valéria da Vinha. Economia ecológica: aplicações no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1995. MAY, Peter H; Maria custódia Lustosa, Valéria da Vinha. Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier 2003, 4º reimpressão. NASA. Disponível em < http://www.nasa.gov/topics/earth/features/ozonemax_2008.html>. Acesso em 21 de fev. 2011. SUSTENTABILIDADE. Disponível em <http://www.wwf.org.br/empresas_meio_ambiente/porque_participar/sustentabilidade/>. Acesso em 21 set. 2010. SANTOS, Dilson J. Economia. Palestra DTKS, Florianópolis /SC, 13 de fevereiro de 2011. UMA VERDADE Inconveniente. Direção: Davis Guggenheim. EUA. Produção: Participant Produtions. Distribuidora: Paramount Classics, United International Pictures (UIP), 1 Filme (100min). Son. leg., color.