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ECONOMIA ECOLÓGICA Uma visão conceitual e prática no setor empresarial

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Academic year: 2021

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ECONOMIA ECOLÓGICA 

Uma visão conceitual e prática no setor empresarial 

Karoline dos Santos 1  Paulo Cesar  dos Santos 2 

Resumo 

Considerando  que  toda  atividade  humana  reflete  no  ecossistema  seja  pela  extração  dos  recursos, seja pelo lançamento de dejetos de resíduos ou energia degradada, o crescimento e  desenvolvimento  econômico  precisa  respeitar  limites.  Assim  a  importância  da  economia  ecológica e a noção de desenvolvimento sustentável.  Quando aplicada a sustentabilidade o  que importa no desenvolvimento do processo econômico é aquele que produz bens e serviços  que considerem todos os custos que a ele são associados. É uma tarefa para um exemplo de  desenvolvimento novo e para uma ciência da economia de embasamentos ecológicos a que se  ensarta uma mudança importante dos problemas de alocação de recursos e como deverão ser  tratados  assim  como  uma  revisão  na  sistemática  do  crescimento  econômico.  Busca­se  por  meio dos empreendimentos o equilíbrio entre os sistemas ecológicos e econômicos de modo  interdependente  e  co­evolutivo.  Uma  responsabilidade  que  precisa  de  ações  concretas  de  promoção  e desenvolvimento de uma  realidade a  fim de  tirar lições para análise  e política  com  o  objetivo  de  alcançar  uma  economia  ecológica  verdadeira.  Não  obstante,  economia  ecológica  está  intimamente  relacionada  à  sustentabilidade  por  tratar­se  dos  esforços  necessários  para  a  perpetuação  da  empresa  e  este  artigo  tem  o  objetivo  de  estudar  e  demonstrar  a  conceituação  e prática no  setor  empresarial de  economia  ecológica, além de  sua importância e viabilidade em uma organização, por meio de pesquisa bibliográfica, a fim  identificar  como  a  economia  ecológica  é  conceituada  e  como  se  apresenta  na  prática  das  organizações. 

Palavr as­chave: Economia ecológica. Sustentabilidade. Viabilidade econômica.  1 INTRODUÇÃO 

A  humanidade  vem  passando  por  grandes  e  profundas  mudanças,  às  mais  imprevisíveis  de  toda  a  sua  história.  Mudanças  essas,  em  seus  próprios  fundamentos  na  relação homem e  planeta a  qual habita.  Os bens  naturais estão se esgotando e  nossa postura  predadora persiste. O poder consumista ocidental, que se apresenta muito mais expressivo ao  oriental,  vem  extraindo  intensamente  da  natureza  recursos de  modo  nada  sustentável  para  o  comodismo  de  poucos.  Dos  6,9  bilhões  de  pessoas  que  habitam  o  planeta  Terra,  segundo  a  Population Refecence Bureau (PRB, 2011) e para atender as necessidades atuais humanas são  necessários em média 2,5 planetas Terra. 

Cavalcanti (2010), a fim de compreender melhor a sociedade atual, afirma que se pode  compará­la a  um veículo em alta velocidade,  considerando todos os seus confortos que leva  como  parte  integrante  uma  pequena  parte  da  humanidade,  deixando  70%  às  margens  dos  trilhos  sem  saber  o  que  pode  existir  mais  a  frente,  se  uma  estação,  uma  paisagem  ou  um  abismo.  A população mundial está como a definição de Cavalcanti, sem saber o que virá pela  frente e assim não se preparando para o retorno destas ações.  1  Bacharel em Administração: karol.stos@gmail.com  2  Professor . E­mail: pcesarsantos@hotmail.com

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Malvezzi  (2010  apud  Cavalcanti,  2010)  questiona  essas  ações  não  planejadas  ressaltando que: 

Os grandes sistemas que orientaram a humanidade ­ o sonho da "ordem e progresso"  dos  positivistas,  o  "paraíso  terrestre"  dos  socialistas  e  comunistas,  o  "consumismo  capitalista",  além  da  cristandade  na  Idade  Média  ­  já  não  respondem  aos  desafios  contemporâneos.  Restou  o  consumo  imediatista  de  uma  parcela  restrita  da  humanidade.  "Um  outro  Mundo  é  Possível",  mas  não  sabemos  mais  que  mundo  possível queremos. 

Diante de tais afirmações percebe­se a dificuldade em se definir aonde a humanidade  quer  chegar  assumindo  essa  postura  imediatista,  ou  melhor  dizendo,  consumindo  aceleradamente  e  compulsivamente  motivada  pelo  apelo  capitalista  inseridos  pelo  modelo  econômico  a  que  se  submetem  atualmente  sem  considerar  seus  conseqüentes  impactos.  E  considerando que há a possibilidade de amenizar esses impactos, mudanças tecnológicas por  meio da ciência, sociedade, pessoas e natureza podem ser dosadas igualitariamente adotando  uma política de consumo veloz sobre a sustentabilidade, de um para todos.  Mas enquanto este modelo econômico não é adotado a humanidade fica incapaz de se  precaver ou mudar o futuro incerto. As mudanças acontecem minuto a minuto e a qualidade  de nosso ecossistema está cada vez mais comprometida o que vários autores, como Malvezzi  (2010 apud Cavalcanti, 2010) cita como “crise de paradigmas” ou “crise de sustentabilidade”.  A gestão ambiental ganha espaço no cenário empreendedor em razão dos impactos que  podem  causar  prejuízos  ambientais,  mas  também  quanto  ao  ônus  de  seu  passivo  ambiental  associado  ou  ao  simples  atendimento  dos  requisitos  legais.  Sabemos  que  a  preocupação  ambiental estará presente quando em situações como as supracitadas, pressão do mercado ou  quando  por  estratégia  de  marketing.  No  entanto  a  sua  aplicação  entra  em  conflito  com  o  retorno  do  investimento  de  médio  em  longo  prazo,  por  razões  como  indisponibilidade  tecnológica,  falta  de  acesso  às  informações,  custo  elevado  no  desenvolvimento  do  projeto,  entre outras dificuldades. 

Analisando os  conceitos  e  a  prática  realizada  no  setor  empresarial  o  tema  economia  ecológica será desenvolvido a  fim de  verificar as possibilidades e viabilidades para prover a  gestão  ambiental  equilibrando  os  sistemas  social,  econômico  e  ecológico  com  base  na  sustentabilidade. A sustentabilidade segundo a World Wide Fund for Nature (WWF Brasil) é  “[...]  o  desenvolvimento  capaz  de  suprir  as  necessidades  da  geração  atual,  garantindo  a  capacidade  de  atender  as  necessidades  das  futuras  gerações.  É  o  desenvolvimento  que  não  esgota os recursos para o futuro.” (SUSTENTABILIDADE, 2010). 

O  desenvolvimento  de  uma  economia  é  imprescindível,  no  entanto  os  lucros  extrapolam qualquer interesse e a  sustentabilidade fica em um segundo plano, se não houver  retorno do investimento não é considerada a atenção paralela ao crescimento do negócio. Para  a  empresa  produtiva  o  que  conta  são  os  lucros  e  as  taxas  financeiras  de  retorno.  Para  os  executivos governamentais conta o emprego e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)  para demonstrar a riqueza econômica. 

O retorno do investimento entende­se pelo pagamento de seu investimento e posterior  lucro proveniente do investimento,  essa é  a maior dificuldade dentro deste  tema, porque  em  grande parte o retorno vem em longo prazo. Segundo May (1995, p.4), 

Para  os  economistas  neoclássicos,  esses  indicadores  e  seus  objetivos  de  maximização  são  mutuamente  consistentes:  a  maximização  do  lucro  individual  favorece  o  crescimento  da  renda  nacional  e  o  emprego  pleno  dos  recursos  produtivos, incluindo a força de trabalho.

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E  assim,  considerando  a  latente  crise  no  sistema  ambiental,  econômica  e  social  pretende­se estudar, por meio de um estudo bibliográfico a conceituação e as práticas no setor  empresarial. 

2 ECONOMIA ECOLÓGICA 

Para  contextualizar  o  tema  deste  estudo  será  analisada  a  visão  da  sustentabilidade,  a  economia  ecológica  e a  viabilidade  econômica  a fim de conceituar a  economia  ecológica no  meio empresarial e as manifestações práticas de sua aplicação nos itens a seguir. 

2.1 SUSTENTABILIDADE 

Segundo a WWF Brasil “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de  suprir as  necessidades da  geração atual,  garantindo a  capacidade de atender as  necessidades  das  futuras  gerações.  É  o  desenvolvimento  que  não  esgota  os  recursos  para  o  futuro.”  (SUSTENTABILIDADE,  2010).  Desde  a  colonização  do  Brasil  as  terras  brasileiras  e  seus  habitantes sabem o que é extrair, mas com raras exceções a reposição da extração. É a partir  desse  período  que  podemos  identificar  atividades  insustentáveis  como  a  extinção  do  pau  Brasil. A sustentabilidade não mais é que garantir a existência, a continuidade do que se está  explorando, a sobrevivência. 

Pearce e Atknson (1992 apud MAY. p.11, 1995) dividem a sustentabilidade em duas  escalas e vale destacar uma delas chamada de sustentabilidade forte que sugere que, 

[...]as expectativas de substituição não são  infinitas, e que uma regra aceitável para  avaliar  se  o  desenvolvimento  é  ou  não  sustentável  seria  uma  situação  na  qual  não  haveria  modificações  em  algum  tipo  de  ecossistemas  que  incluem  aqueles  vitais  como  a  manutenção  da  balança  de  carbono,  os  ciclos  hidrológicos  e  o  fluxo  de  nutrientes. 

Igualmente, percebem­se os limitantes de um modelo sustentável, pois mesmo em um  modelo  rigoroso  apresenta­se  distante  de  um  modelo  utópico  que  proporcione  a  eliminação  dos  impactos  em  sua  totalidade  alcançando  um  desempenho  de  tal  desempenho  onde  o  ecossistema não seja alterado. 

Mas há de se considerar a importância acerca da consciência sustentável revelada em  meados  da  década  de  setenta,  quando  os  primeiros  movimentos  significativos  chamavam  a  atenção para a mudança no cenário ecológico e já apresentava as primeiras evidências. 

Cavalcanti (2010) comenta a respeito do caso no estado de Ohio nos Estados Unidos  da  América,  em  que  o  rio  Cuyahoga,  poluído,  pegou  fogo  em  1970  porque  uma  indústria  química lançava seus efluentes sem qualquer tratamento. 

Em reflexo da vida moderna e a degradação ambiental estudos, hoje conduzidos pela  NASA (2011), tornaram visíveis fenômenos acentuados como o buraco na camada de ozônio.  A primavera de 2008 registrou a maior extensão e ausência de ozônio no pólo sul equivalente  a  27  milhões  de  km 2 aproximadamente, maior  que  a  América  do  Norte.  O  excesso  de  CO 2  lançado na atmosfera, causador do efeito­estufa, é outro exemplo que neste caso demonstra a  mudança  de  um  fenômeno  natural  para  o  aquecimento  da  terra.  A  terra  utiliza  da  camada  natural  de  CO 2  para  manter  a  terra  aquecida,  mas  principalmente  com  a  queima  de  combustível  a  quantidade  de  CO 2  aumentou  de  maneira  tão  expressiva  que  os  raios

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ultravioletas acabam “presos” entre a espessa camada e a terra causando assim o efeito­estufa.  (UMA VERDADE INCONVENIENTE, 2006). 

A  destruição  da  biodiversidade  é  resultante,  também,  das  mudanças  nos  fenômenos  atmosféricos  que  lentamente  atinge  o  Brasil  e  de  modo  licencioso  os  recifes  de  coral  são  poluídos, florestas tropicais e lençóis freáticos ocasionados a escassez da água que há pouco  tempo atrás se pensava como uma situação distante considerando nosso grande manancial. 

Segundo Torras (2003 apud Cavalcanti, 2010), 

Se o país, apesar de tudo, tivesse tido nas últimas décadas uma trajetória econômica  de  êxito  admirável,  tivesse  de  fato  se  desenvolvido,  com  redução  da  pobreza  absoluta,  criação  de  emprego,  aumento  do  salário,  promoção  do  bem­estar  social  e  melhoria  indiscutível  da  qualidade  de  vida,  poder­se­ia  tratar  o  custo  ambiental  do  processo  como  um  preço  razoável  a  ser  pago.  Entretanto,  existe  considerável  evidência  de  que  os  padrões  de  vida  brasileiros  pioraram  de  1965  a  2003,  pelo  menos quanto aos membros mais pobres da sociedade. 

2.1 ECONOMIA ECOLÓGICA 

Economia  é  definida  como  a  ciência  que  estuda  escassez  de  recursos  (SANTOS,  2011). No entanto, essa definição, deve ser complementada, para o alcance de uma economia  sustentável,  pois  a  escassez  não  está  ligada  unicamente  aos  recursos  financeiros  sendo  necessária  a  conceituação  de  economia  ecológica  que  explora  a  totalidade  das  partes  interessadas. A economia  ecológica busca associar todos os interesses a  fim de que todas as  partes importantes que promovam a  formação da economia  sejam eficientes e  eficazes tanto  para a ecologia quanto para a economia. 

A  dificuldade  em  considerar  a  ecologia  em  uma  economia  também  se  deve  a  sua  valoração, em como medir os bens ambientais que  como May, Lustosa e  Vinha  (2003, p. 7,  2003)  afirmam  que  “O  valor  econômico  total  de  um  recurso  ambiental  compreende  a  soma  dos valores de  uso e do valor de existência  do recurso ambiental.” Compreende­se valor de  uso,  a  exemplo  de  uma  floresta,  a  extração  de  madeira  ou  o  consumo  de  seus  frutos,  a  qualidade do ar, da água e a beleza e ao se tratar de valor de existência refere­se à satisfação  pessoal de pagar para que esteja lá, no caso da Amazônia, mesmo que o interessado não vá à  Amazônia ou não a conheça. 

O desenvolvimento sustentável é o limitante para a atividade humana que anseia pelo  processo  econômico  em  meio  à  extração  de  recursos  e  efluente  não  tratado  promovendo  exclusivamente  a  degradação  do  ecossistema  em  uma  perspectiva  de  que  o  importante  é  produzir  bens  e  serviços  sem  medir  os  impactos  positivos  e,  principalmente,  os  negativos  relacionados a toda  atividade  produtiva. Missão para  um modelo de  sistema  econômico que  considere  a  sobrevivência  de  todas  as  partes  relacionadas  ao  empreendimento  denominada  economia ecológica. Esta tem como objetivo considerar todos os aspectos relacionados a cada  parte do sistema que se relaciona com o negócio, avaliando suas relações desde a extração até  a destinação conciliando o interesse de cada interessado. 

O  objetivo  desse  modelo  econômico  é  promover  o  desenvolvimento  que  vá  ao  encontro do entendimento da realidade humana.  (Cavalcanti, 2010). 

Observa­se  que  não  há  a  menção,  para  os  economistas,  da  importância  quanto  à  questão ecológica em suas políticas, não é objetivo da economia humana. 

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A economia  neoclássica,  versão  moderna e  mais estreita da teoria  clássica, acredita  que  o  livre  jogo  das  forças  de  mercado,  em  situação  de  livre  competição  (o  que  significa  perfeita  informação  dos  agentes  econômicos),  será  capaz  de  promover  a  mais  eficiente  alocação  de  recursos,  a  mais  elevada  produção,  a  mais  justa  distribuição  da  renda,  o  mais  rápido  progresso  tecnológico,  a  mais  apropriada  utilização  da  natureza.[...]  A  economia  neoclássica,  versão  moderna  e  mais  estreita  da  teoria  clássica,  acredita  que  o  livre  jogo  das  forças  de  mercado,  em  situação  de  livre competição (o que significa perfeita informação dos agentes econômicos), será  capaz de promover a mais eficiente alocação de recursos, a mais levada produção, a  mais  justa  distribuição  da  renda,  o  mais  rápido  progresso  tecnológico,  a  mais  apropriada utilização da natureza. [...] 

O  cenário  demonstra  a  preocupação  quanto  aos  problemas  ambientais  globais,  cuja  manifestação,  sem  poupar  ninguém,  atinge  de  fato  a  todos,  interferindo  no  bem­estar  alcançado  nas  próprias  sociedades  prósperas.  Torna­se,  nesse  momento,  perceptível  a  compreensão de que a realidade toma corpo quanto aos perigos de danos irreversíveis ao meio  ambiente,  quanto  ao  inevitável  esgotamento  de  recursos  finitos,  quanto  à  necessidade  de  enfrentamento da questão da tecnologia e do seu livre uso pelas empresas, quanto à avaliação  dos  padrões  de  consumo  e  conseqüente  desperdício  insustentáveis  apoiados  no  conceito  da  soberania  do  consumidor.  Para  atender  este  modelo  a  ciência  não  dispunha  de  competência  para  disponibilizar  esses  recursos  a  fim  de  alcançar  o  desenvolvimento  ambientalmente  correto.  Espera­se  que  macroeconomia  um  crescimento  visando  sempre  os  melhores  desempenhos. 

Políticas  econômicas  são  conveniente  aos  países  desenvolvidos,  entretanto  os  caminhos  sustentáveis  não  fazem  parte  desta  economia.    Esses  países,  destacando  alguns  europeus tomaram iniciativas que vão além do básico para garantir a  sobrevivência e  outras  sobre  a  pressão  da  própria  sociedade  que  com  o  passar  do  tempo  ou  ao  perceber  os  danos  irreparáveis ao meio ambiente cobrou condutas que extrapolam o neoliberalismo. Este cenário  já  não está só no papel, o Japão possui um bairro, Odaiba, na capital, Tóquio onde a seleção  dos  resíduos  são  bem  mais  criteriosa  permitindo  o  melhor  aproveitamento,  aqueles  não  recicláveis  viram  energia  para  o  abastecimento  energético  do próprio bairro  e  as  cinzas são  aproveitadas para a pavimentação, cuidado que reflete as expectativas futuras dos japoneses:  eficiente e limpo segundo o programa Bom dia Brasil da Rede Globo (2010). 

No  Brasil,  ao  passo  que  demonstra  preocupação  com  a    preservação  da  Amazônia,  cortam­se as verbas para a fiscalização ambiental e abre­se espaço para  a ação de empresas  madeireiras  asiáticas  atuarem  livremente  na  extração  em  território  amazônico  (GREENPEACE, 2011). 

Tarefa  difícil  é  acompanhar  desmatamentos,  inundações  de  grandes  áreas,  deslocamento de um vilarejo ou até  uma cidade  inteira  além de toda  a  fauna  para  atender a  necessidade  energética  de  todo  o  país.    Entidades  como  WWF  incentivam  investimento  no  desenvolvimento na geração de novas alternativas energéticas que reduzam significativamente  esses  impactos  irrecuperáveis.  A  intolerância  e  reprovação  ao  desenvolvimento  não  sustentável  torna­se  cada  vez  mais  latente  na  população  quando  manchetes  de  jornais  e  revistas ou até mesmo na vizinhança. 

Caso o país tivesse se desenvolvido preocupado com a redução da pobreza, geração de  emprego, salários justos, promoção do bem­estar social e melhoria da qualidade de vida, tratar  o  custo  ambiental  seria  uma  tarefa  muito  mais  simples  a  um  preço  razoável,  porém  há  evidências de que  houve  uma queda  no padrão de  vida  dos brasileiros bastante significativa  entre  1965  a  2003,  no  mínimo  quanto  aos  membros  mais  pobres  da  sociedade  (TORRAS, 

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(impactos  ambientais)  teve  resultado  negativo  para  a  classe  mais  pobre,  ou  seja,  trouxe  miséria. O que significa avaliar o desenvolvimento sustentável nacional deixa dúvidas quanto  ao desempenho da economia brasileira intitulada de bem sucedida. 

A  esses  processos  destruidores  os  custos  associados  raramente  são  estimados  não  aparecendo  nas  estimativas  das  contas  nacionais,  exceto  como  fatores  positivos  e  até  como  nova  adição  aos  valores  do  PIB  quando  se  consideram  as  despesas  para  consertar  erros  ecológicos  cometidos,  a  exemplo de  uma  vazão  tóxica  como a  de  Cataguases  em  março  de  2003.(GONÇALVES et al, 2007). 

Transformar  em  valor  de  recursos  naturais  esgotados  como  meio  de  verificar  se  o  desenvolvimento tem sido sustentável representa uma iniciativa para, pelo menos, se ter uma  idéia  econômica  dos  passivos  gerados.  Assim  se  apresenta  a  economia  ecológica  com  uma  necessidade  que  agregará  valor  econômico  ambiental  aos  interessados:  clientes,  consumidores,  fornecedores,  acionistas,  público  interno,  comunidade,  governos  federais,  municipais  e  estaduais  e  entre  outros.  E  aceitar  a  aplicação  desse  modelo  não  é  nada  fácil  porque ainda há muitas dificuldades em conseguir demonstrar resultados tangíveis quanto aos  impactos locais e problemas mundiais. 

Quanto aos problemas ambientais mundiais, a preocupação na verdade, pede mais do  que  a  economia  do meio  ambiente  pode  oferecer.  Precisa­se,  concretamente,  de  indicadores  ecológico­econômicos  que  envolvam  estimativas  de  degradação  ambiental  e  humana  e  depleção de recursos.  Indicadores de  desenvolvimento sustentável,  em que os valores sejam  obtidos por dedução do Produto Interno Bruto ­ PIB do valor estimado dos recursos naturais  esgotados e degradados, como por exemplo, a erosão do solo, desmatamento para a pastagem  do gado, etc. 

O  Banco central acompanha  a  depreciação do capital pelo homem como um item do  balanço negativo na determinação da renda nacional, porém não considerar a depreciação ou  depleção  do  capital  natural  (BANCO  CENTRAL  DO  BRASIL,  2011).  O  consumo  desses  recursos  é  considerado  renda,  acima  da  estimada,  a  verdadeira  renda  nacional,  pondo  em  cheque a veracidade desse indicador. 

Os  danos  ambientais  irreparáveis  e  freqüentes  traduz  um  crescimento  econômico  a  desperdícios de benefícios potenciais para futuras gerações como, por exemplo, no Amapá em  que  a  jazida  de  manganês  se  esgotou  em  dez  anos.  Não  há  como  justificar  os  ganhos  do  desmatamento da Amazônia ao longo dos últimos trinta anos ­ que, além de tudo, têm fluído  primariamente  para  os  ricos,  enquanto  os  correspondentes  custos  sociais  se  distribuem  amplamente, como um benefício inquestionável promovido pela economia. 

Backer (1995 apud Cavalcanti, 2010) avalia que: 

O  Brasil,  com  sua  multiplicidade  de  projetos  de  carcinocultura,  turismo,  resorts,  loteamentos,  expansão  urbana,  estradas  costeiras  e  muitos  outros,  servem  de  triste  ilustração  de  um  desenvolvimento  desordenado  das  zonas  de  praia  que  tem  efeitos  destrutivos  sérios  inteiramente  ignorados,  ao  passo  que  só  os  bônus  dos  projetos  e  lavouras são apresentados na mídia. 

A  questão  é que  as preferências econômicas derrubam constantemente considerações  ecológicas  que  são  sobreestimados  quando  quantificado  o  seu  preço  no  mercado,  como  acontece com o petróleo e os minérios. Difícil é encontrar um valor que represente a vida em  geral ou como uma espécie ameaçada de extinção pode impactar em tal valor. Essa realidade  imposta  pelo  mercado  nos  conduz  a  questionar  o  valor  da  floresta  amazônica,  fonte

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insubstituível de  benefícios ecológicos que vão desde  a  regulação do clima  e da água  até  os  benefícios de opção e existência (CAVALCANTI, 2010 apud FEARNSIDE, 1997). 

Outrossim,  a economia ecológica é uma ciência que pode apresentar falhas e muitas  dúvidas  relacionadas  a  decisão  de  investir  ou  não  pois  os  próprios  autores  aqui  estudados  levantam  tais  limitações  principalmente  ao  que  tange  ao  valor  da  degradação  e  outros  impactos.É um tema que embora já difundido em outros países como os europeus, no Brasil  ainda não dispõe de informações prática suficientes que demonstrem a adoção bem sucedida  deste modelo econômico. 

2.3 VIABILIDADE ECONOMICA 

A  viabilidade  econômica  de  um  investimento  pode  ser  observada  por  meio  do  seu  retorno  do  capital  investido.  O  retorno  do  investimento  em  qualquer  negócio  deve  ser  observado porque pode interferir diretamente na sobrevivência de uma empresa no mercado e  é o interesse de toda economia. Também chamado depayback é “o período de recuperação do  investimento e consiste na identificação do prazo em que o montante do dispêndio de capital  efetuado seja recuperado por meio dos fluxos líquidos de  caixa  gerados pelo investimento.”  (KASSAI,  2000,  p.84).   Esse  retorno  esperado ou  exigido deve  remunerar os  investimentos  efetuados para assim ser viável. 

Optado pela mudança de um modelo econômico o empreendedor vislumbra reaver seu  investimento  em  curto  prazo,  mas  quando  tratado  de  economia  ecológica  o  retorno  se  dá,  sobretudo  a  médio  e  longo  prazo.  Investir  e  reflorestamento,  recuperação,  e  remanejo,  por  exemplo,  significa  uma  espera  longa,  mas  a  partir  do  momento  em  que  essa  postura  é  internalizada  as  rotinas  da  organização  sendo  aplicada  a  abrangência  a  outros  recursos  extraídos e explorados deixa de ser um ponto negativo para ser positivo ao exemplo de várias  empresas  que  há  alguns  anos  exploram  a  atividade  florestal  que  na  hipótese  de  para  seu  processo de reflorestamento possui estoque de mais de três anos, 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Portanto,  este  estudo  permite  concluir  que  a  economia  ecológica  é  definida  por  um  modelo econômico que permite  gerenciar os recursos totais, assemelhando em parte  a teoria  ortodoxa,  onde  se  busca  o  equilíbrio  de  todas  as  partes  interessadas  do  negócio  sem  comprometer os recursos naturais necessários para a sobrevivência do empreendimento assim  como a  saúde  financeira. Pode­se também concluir que  há  viabilidade em sua adoção desde  que  respeitados  os  limitantes  e  o  equilibro  econômico  ecológico  bem  como  de  grande  importância  no  cenário  mercadológico  e  econômico.  Como  todo  sistema  de  gestão,  quando  bem  planejado  tem  maior  chance  de  alcançar  o  sucesso.  A  degradação  pode  se  tornar  um  processo irreversível, onde não há alternativa diferente ao desenvolvimento sustentável,  caso  os impactos continuem acelerados e a escassez de recursos naturais cada vez mais latentes no  cenário  nacional.  Hoje  em  virtude  do  acelerado  crescimento  que  alcança  a  marca  de  sete  bilhões de habitantes na terra, segundo a PRB (2011), encontrar meios de reduzir os impactos  ambientais, promover o aumento nos lucros e garantir a sustentabilidade transforma o desafio  da economia ecológica cada vez maior. 

Ademais,  deve­se  fomentar  a  educação  e  incentivar  o  mercado  em  adotar  uma  economia ecológica, que atualmente é voluntária, no entanto, permanecendo a negligência às  mudanças climáticas e outros fatos intrigantes de total descaso com a sobrevivência da fauna,  flora e consequentemente das empresas.

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Sendo assim, recomenda­se um estudo mais aprofundado à organização que almeje  a  sustentabilidade  apoiada  por  uma  política  econômica  ecológica,  pois  cada  organização  possuirá  cenários  distintos  e  conseqüentemente  oportunidades  diferentes  para  o  alcance  de  uma economia ecológica.  4 REFERÊNCIAS  BACKER, Paul de. Gestão ambiental: a administração verde. Rio de Janeiro: Qualitymark,  1995.  BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em < http://www.bcb.gov.br/?INDECO>.  Acesso em 09. de fev. 2011.  CAVALCANTI, Clovis. Uma tentativa de caracterização da economia ecológica. Ambiente  & sociedade. Disponível em: < http://www.scielo.br>. Acesso em: 17 de novembro de 2010.  GONÇALVES, Juliana Bosi; ALMEIDA, Josimar Ribeiro; LINS, Gustavo Aveiro. Uma  análise crítica do acidente de Cataguases (MG) (2003). Ciência do Ambiente On­line, Rio de  Janeiro, v.3, n. 2, Agosto de 2007. 

KASSAI, José Roberto. Retor no de investimento: abordagem matemática e contábil do  lucro empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.  LIXO. Bom dia Brasil, Rio de Janeiro: Rede Globo, 09 de abril de 2010. Programa de TV.  GREENPEACE. Disponível em < http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O­que­  fazemos/Amazonia/>. Acesso em 31 de jan. 2011.  MAY, Peter H. Maria custódia Lustosa, Valéria da Vinha. Economia ecológica: aplicações  no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1995.  MAY, Peter H; Maria custódia Lustosa, Valéria da Vinha. Economia do meio ambiente:  teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier 2003, 4º reimpressão.  NASA. Disponível em < http://www.nasa.gov/topics/earth/features/ozonemax_2008.html>.  Acesso em 21 de fev. 2011.  SUSTENTABILIDADE. Disponível em  <http://www.wwf.org.br/empresas_meio_ambiente/porque_participar/sustentabilidade/>.  Acesso em 21 set. 2010.  SANTOS, Dilson J. Economia. Palestra DTKS, Florianópolis /SC, 13 de fevereiro de 2011.  UMA VERDADE Inconveniente. Direção: Davis Guggenheim. EUA. Produção: Participant  Produtions. Distribuidora: Paramount Classics, United International Pictures (UIP), 1 Filme  (100min). Son. leg., color.

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