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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS CATALÃO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA JANÃINE DANIELA PIMENTEL LINO CARNEIRO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS CATALÃO

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA JANÃINE DANIELA PIMENTEL LINO CARNEIRO

UM OLHAR GEOGRÁFICO EM CORUMBAÍBA (GO): a territorialização do capital agroindustrial lácteo, as mudanças espaciais e os novos sujeitos da relação

capital/trabalho

CATALÃO (GO) 2013

(2)

JANÃINE DANIELA PIMENTEL LINO CARNEIRO

UM OLHAR GEOGRÁFICO EM CORUMBAÍBA (GO): a territorialização do capital agroindustrial lácteo, as mudanças espaciais e os novos sujeitos da relação

capital/trabalho

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Geografia, da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Geografia.

Área de concentração: Geografia e Ordenamento do Território.

Linha de Pesquisa: Trabalho e Movimentos Sociais. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Rodrigues Mendonça.

CATALÃO (GO) 2013

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TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E

DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor (a): Janãine Daniela Pimentel Lino Carneiro E-mail: janaine_nana@h

otmail.com

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [X]Sim [ ] Não

Vínculo empregatício do autor Prefeitura Municipal de Caldas Novas (GO)- SME

Agência de fomento: Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Sigla: CAPES

País: Brasil UF: G

O CNPJ: Título:

Um olhar geográfico em Corumbaíba (GO): a territorialização do capital agroindustrial lácteo, as mudanças espaciais e os novos sujeitos da relação capital/trabalho

Palavras-chave: Capital agroindustrial lácteo. Territorialização. Mudanças espaciais. Relação capital/trabalho.

Título em outra língua:

A look geographic Corumbaíba (GO): the territorial capital agro dairy, spatial changes and new subjects of capital / labor

Palavras-chave em outra língua:

Capital dairy agribusiness. Territorialisation. Spatial changes. Relationship capital/labor. Área de concentração: Geografia e Ordenamento do Território

Data defesa: (dd/mm/aaaa) 16/05/2013

Programa de Pós-Graduação: em Geografia (PPGGC) UFG/CAC Orientador (a): Marcelo Rodrigues Mendonça

E-mail: ufgmendonca@gmail.com

Co-orientador (a):*

E-mail:

*Necessita do CPF quando não constar no SisPG

(5)

Concorda com a liberação total do documento [ X ] SIM [ ] NÃO1

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação.

O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat.

______________________________________ Data:16 / 05 / 2013 Assinatura do (a) autor (a)

1

Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo.

(6)

FOLHA DE APROVAÇÃO

JANÃINE DANIELA PIMENTEL LINO CARNEIRO

UM OLHAR GEOGRÁFICO EM CORUMBAÍBA (GO): a territorialização do capital agroindustrial lácteo, as mudanças espaciais e os novos sujeitos da relação

capital/trabalho

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Geografia.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Profº. Dr. Marcelo Rodrigues Mendonça

Orientador e Presidente da Banca Universidade Federal de Goiás

_________________________________________________ Profº. Dr. Adriano Rodrigues de Oliveira

Membro Externo

Universidade Federal de Goiás – Instituto de Estudos Socioambientais

_________________________________________________ Profª. Dra. Helena Angélica de Mesquita

Membro Interno

Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão

(7)

À família Pimentel, camponeses, operários, professores, trabalhadores, que com amor me ensinaram os sentidos da vida,

do trabalho e da educação.

Aos meus pais, Nivaldo e Tereza, camponeses que trabalham e vivem com amor, dedicação e honestidade, pelo incentivo, pelos ensinamentos e pelo amor incondicional.

Ao Messias, companheiro de todas as horas, pelo apoio, parceria e paciência, sem as quais a conclusão desta pesquisa jamais se realizaria.

Ao João Daniel e à Stella, amores da minha vida.

Aos camponeses que cotidianamente se (re)constroem pelo trabalho, lutando pela terra e pela permanência na terra.

(8)

AGRADECIMENTOS

Toda pesquisa resulta de uma trajetória construída a partir de um esforço coletivo. Durante a sua realização, nas mais diversas fases, muitos são os sujeitos e instituições que contribuem de alguma forma para a sua realização. Nesse sentido, agradeço a todos os familiares, colegas, amigos, professores, instituições, trabalhadores, camponeses e demais sujeitos entrevistados. Em especial, agradeço:

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de estudos concedida por 18 meses.

A Prefeitura Municipal de Corumbaíba (GO) pela licença para aprimoramento, concedida por 06 meses.

A Prefeitura Municipal de Caldas Novas (GO) pela licença para aprimoramento concedida por 12 meses.

A Universidade Federal de Goiás uma instituição pública de ensino gratuito que tem contribuído para nossa formação com seriedade, compromisso e qualidade.

A AGB Seção Catalão atuante na construção de uma ciência geográfica reconhecida, consolidada acadêmica e socialmente.

A coordenação, secretaria e professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão, que muito contribuíram para minha formação, em especial, a professora Carmem Lúcia Costa.

Aos professores do Curso de Geografia da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão, que me apresentaram os caminhos da Geografia, sobretudo, ao professor Laurindo Pedrosa, João Donizete, Estevane Mendes, Manoel Chaves, José Henrique, Paulo Henrique, Idelvone Mendes, Odelfa Rosa, Valdivino Borges e Ronaldo Silva.

Aos professores Adriano Rodrigues de Oliveira e Helena Angélica de Mesquita pelas observações e contribuições feitas no exame de qualificação, com destaque, a professora Helena Angélica pelo contínuo incentivo.

Aos colegas do CEGeT pelas reflexões e discussões realizadas, sobretudo, nas “Jornadas do Trabalho”.

Aos companheiros do GETeM, parceiros de estudos, aprendizagens e luta, fundamentais para a construção da pesquisa, em especial Gisele Rodrigues, Marina Pires, Edson Santana, Willer Cândido, Gotardo Dezutte, Liliana Assunção, Sheila Cristino, Waldivino Gomes, Ricardo Assis, Helen Reinaldo, Aline Nascimento, Alexandre Marques e Gilmar Avelar.

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Ao professor Marcelo Rodrigues Mendonça pela oportunidade, por ter acreditado neste projeto, por ter orientado e conduzido a pesquisa com seriedade e compromisso.

Aos companheiros da turma de mestrado 2011, Carlos Pedretti, Narcisa Chumbinho, Siza Bete, Rafael Monteiro, Robson Alves, Ana Paula Novaes, Juliana Santos, Lívia Pires, Waldivino Gomes, Sheila Braz e Marília Christina que compartilharam diversos momentos de aprendizado e descontrações, assim como, pelo apoio nos momentos mais difíceis, tornando-se verdadeiros amigos.

Aos colegas de trabalho da EJA e da Escola Municipal Edith Ala, em Caldas Novas, pelo companheirismo e incentivo. Aos alunos, trabalhadores migrantes e filhos de trabalhadores, por me mostrarem em suas trajetórias e lutas cotidianas que os estudos são partes da vida e, mesmo com dificuldades, valem à pena.

Aos familiares e amigos que apesar das ausências ocasionadas pelo trabalho, estiveram presentes contribuindo cada um a sua maneira, em especial a Vó Divina, Laísse, Nice, Doni, Sheyla Cristina, Lísias, Lascínia, Moacir Júnior, Itas e Marlene.

A amiga, companheira de sonhos, lutas e realizações, Dalva Araújo.

Ao Messias pela ajuda fundamental nos trabalhos de campo e durante a escrita da dissertação.

Ao Renato Martins pelo apoio com os mapas.

Ao professor Jhonatas Machado pela revisão da Língua Portuguesa. A todos, muito obrigada.

(10)

Pequeno Gigante

Não tenho vergonha de dizer Que sou um pequeno agricultor

Os grandes precisam saber Que o pequeno também tem valor

E agente tem que aprender A encarar de frente o “doutor” Olhar firme em seus olhos e dizer Me orgulho em ser colono sim senhor

Pequeno em Movimento Gigante na produção Unidos na Agricultura Para alimentar esta nação

Com luta e organização Abrimos caminhos para seguir Ao doutor aprendemos dizer não

E da terra não vamos sair Agora é essa a condição Lutar contra o sistema e resistir Vergonha é importar milho e feijão Se no Brasil nós podemos produzir

Levante a cabeça meu parceiro Não deixe o granfino te pisar Exija o respeito companheiro Daqueles que vêm pra te enganar

O agricultor é um brasileiro Que esta pátria sempre soube honrar

Trabalha e produz o ano inteiro E o que lhe sobra é conta pra pagar

É hora de seguir adiante E pôr os nossos pés na estrada

Unidos somos um gigante Sozinhos nós somos nada Trabalho não é o bastante Depois temos outra jornada

A luta é quase incessante E é longa a nossa caminhada.

(11)

RESUMO

O contexto atual é marcado pelos novos conteúdos da relação capital/trabalho, que resultam em diferentes territorialidades e constantemente (re)constroem o espaço geográfico. Nesse sentido, identifica-se uma nova fase de expansão e acumulação capitalista, marcada pela mobilidade geográfica do capital e do trabalho. O Cerrado brasileiro é ocupado pelo capital agroindustrial de maneira intensa, a partir dos anos 1970, principalmente, com a modernização conservadora da agricultura. A partir dos anos 1990, com a reestruturação produtiva do capital, a agroindústria leiteira também se desloca para o Centro-Oeste brasileiro. Nesse período, o setor lácteo passa por reformulações, no qual a chamada fase de regulação estatal é substituída pela autorregulação do setor, em que prevalecem os imperativos do capital transnacional. Com base nesta nova dinâmica, o capital agroindustrial lácteo se territorializa em Corumbaíba (GO), representado pelo laticínio Italac Alimentos, e promove uma série de mudanças espaciais, nas relações de trabalho e na relação cidade-campo. A pesquisa objetiva compreender a territorialização da agroindústria leiteira no Município e seus efeitos nas mudanças espaciais e na relação campo-cidade. Para isso, a metodologia utilizada compõe-se de três etapas: pesquisa teórica, pesquisa documental e pesquisa de campo, articuladas entre si pelo referencial teórico que as norteiam. Realizou-se a revisão teórica, associada à pesquisa documental em órgãos como a COOPAC, o IBGE e a SEGPLAN/SEPIN. Realizaram-se também trabalhos de campo no espaço urbano _ para reconhecer as mudanças espaciais na cidade _, e nas propriedades rurais onde foram entrevistados os produtores e os trabalhadores rurais que atuam na pecuária leiteira. Em suma, são apresentados: os aspectos que contribuíram para a instalação da empresa em Corumbaíba _

dinâmica socioespacial do Sudeste Goiano; mobilidade geográfica do capital e do trabalho; políticas estatais de desenvolvimento local; infraestrutura, mão de obra e matéria prima, disponíveis; e posição geográfica do Município _, os rearranjos espaciais a partir da Italac Alimentos _ crescimento populacional, efeitos espaciais na cidade, crescimento do espaço urbano, novos conteúdos da relação campo-cidade _ , e ainda, a reestruturação do setor lácteo e os efeitos na produção leiteira, sobretudo, em Corumbaíba, onde o capital agroindustrial promove a sujeição da renda da terra em diferentes níveis de subordinação, nas empresas rurais, na pecuária tradicional e nas unidades camponesas, gerando um contexto marcado por diferentes territorialidades em disputa.

Palavras-chave: Capital agroindustrial lácteo. Territorialização. Mudanças espaciais. Relação capital/trabalho.

(12)

ABSTRACT

The current context is marked by the new contents of the capital/labour relation, resulting in different territorialities and constantly (re) build the geographical space. In this sense, identifies a new capitalist accumulation and expansion phase, marked by the geographical mobility of labour and capital. The Brazilian Cerrado is occupied by the industrial capital of intense way, from the years 1970, mainly, with the conservative modernization of agriculture. From 1990, with the productive capital, restructuring the lacteal industry also moves to the Midwest. During this period, the dairy sector also passes by reformulations, in which the call State control phase is replaced by industry self-regulation, in which transnational capital requirements prevail. Based on this new dynamic, the agribusiness lacteal territorial capital in Corumbaíba, represented by the Italac lacteal foods, and promotes a series of spatial changes in labor relations and in the city. Thus, the research aims to understand the territorialization of the lacteal industry in the municipality and its effects on spatial changes and field-city. To this end, the methodology consists of three steps: theoretical research, desk research and field research, linked to each other by the theoretical reference guide. The theoretical review, associated with documentary research in bodies such as COOPAC, IBGE and SEGPLAN/SEPIN. There were also works of urban space in the field _ to recognize spatial changes in the city _ and in farms where they were interviewed producers and rural workers engaged in lacteal farming. In short, are presented: the aspects that contributed to the company's facility in Southeastern sociospatial Dynamics _ Corumbaíba; geographical mobility of labour and capital; State policies of local development; infrastructure, labor and raw materials, available; and geographical position of the Municipality -,the spatial rearrangements from the Food Italac _ population growth, spatial effects in the city, urban space growth, new content field-city relationship _ and the restructuring of the lacteal sector and the effects on milk production, in particular, in the capital, where agribusiness Corumbaíba promotes the entry of income in different levels of subordination, in rural enterprises, in traditional livestock and rural units, generating a context marked by different territorialities in dispute.

Keywords: Capital dairy agribusiness. Territorialisation. Spatial changes. Relationship capital/labor.

(13)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Produtos Italac Alimentos fabricados em Corumbaíba(GO)... 94 Figura 2 – Destino do leite in natura produzido na bacia leiteira de Corumbaíba

(GO)... 160 Figura 3 – Tabelas de bonificação/penalização aos produtores/fornecedores de

(14)

LISTA DE FOTOS

Foto 1 _ Vista aérea de Corumbaíba (GO): a cidade, o campo e a Italac Alimentos...

39 Foto 2 _ Moradia típica do Povoado do Areião em Corumbaíba (GO) com

destaque para a rua asfaltada, rede de energia elétrica e pomar...

51 Foto 3 _ Ponto de venda de peixes da Colônia de Pescadores no Povoado Quinca

Mariano às margens da Rodovia GO 139...

52 Foto 4 _ Área de pastagem destinada à pecuária extensiva com gado bovino de

corte e de leite em Corumbaíba (GO)...

55 Foto 5 _ Territorialização da monocultura da soja em Corumbaíba (GO): no

primeiro plano o cultivo de soja, no segundo plano, as áreas destinadas às

pastagens... 56 Foto 6 _ Lavoura de sorgo em Corumbaíba (GO)... 57 Foto 7 _ Lavoura de eucalipto em Corumbaíba (GO)... 57 Foto 8 _ Plantação de mandioca, guariroba e milho numa unidade camponesa em

Corumbaíba (GO)...

58 Foto 9 _ Rua Dr. Pedro Ludovico, Setor Central de Corumbaíba (GO): localização

da maior parte dos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços

na cidade... 61 Foto 10 _ Trabalhadores no lixão em Corumbaíba (GO): o trabalho informal no

Município...

73 Foto 11 _ Trabalhadores da construção civil no Setor Serra da Galga II em

Corumbaíba (GO)...

74 Foto 12 _ Caminhões em frente à Italac Alimentos aguardando carregamento de

mercadorias...

75 Foto 13 _ Bar e restaurante nas imediações da Italac Alimentos em Corumbaíba

(GO) ...

76 Foto 14 _ Transportadora AGT-LOG: prestadora de serviços à Italac Alimentos em

Corumbaíba (GO)...

76 Foto 15 _ Setor Serra da Galga II em Corumbaíba (GO): casas construídas com

recursos federais no ano de 2008 ainda sem pavimentação nas ruas...

81 Foto 16 _ Rua na Vila da Prata em Corumbaíba (GO): casas construídas com

recursos próprios...

(15)

Foto 17 _ Rua Setor Simon Bolívar em Corumbaíba (GO): residencial onde vive a classe média do Município, com lotes e casas planejadas...

82 Foto 18 _ Moradia de trabalhadores na Vila da Prata em Corumbaíba (GO)... 87 Foto 19 _ Trabalhador rural em Corumbaíba (GO)... 88 Foto 20 _ Vacas leiteiras em piquetes na Fazenda Bocaina I em Corumbaíba (GO). 89 Foto 21 _ Entrada principal da Italac Alimentos em Corumbaíba (GO), na Rodovia

GO 139...

96 Foto 22 _ Fábrica de Queijos: propriedade rural camponesa em Corumbaíba (GO).. 163 Foto 23 _ Vacas sendo ordenhadas na Fazenda Bocaina I em Corumbaíba (GO)... 165 Foto 24 _ Vaca leiteira sendo ordenhada na empresa rural Fazenda Toca do Leite

em Corumbaíba (GO)...

177 Foto 25 _ Ordenha manual realizada na propriedade camponesa Fazenda

Arrependidos em Corumbaíba...

178 Foto 26 _ Caminhão tanque da Italac Alimentos na Fazenda São Jerônimo em

Corumbaíba (GO)...

181 Foto 27 _ Pastagem rotacional com capim mombaça na Fazenda Toca do Leite em

Corumbaíba (GO)...

182 Foto 28 _ Lavoura de milho na Fazenda Bom Jardim em Corumbaíba (GO)... 183 Foto 29 _ Silagem na Fazenda Toca do Leite em Corumbaíba (GO)... 184 Foto 30 _ Misturadora de rações na Fazenda Santa Bárbara em Corumbaíba (GO).. 184 Foto 31 _ Trator na Fazenda São Jerônimo em Corumbaíba (GO)... 185 Foto 32 _ Vagão utilizado para alimentação do gado na Fazenda Santa Bárbara em

Corumbaíba(GO)...

186 Foto 33 _ Curral na Fazenda São Lourenço em Corumbaíba (GO)... 188 Foto 34 _ Ordenha manual na Fazenda Serra Negra em Corumbaíba (GO)... 189 Foto 35 _ Sede de propriedade camponesa em Corumbaíba (GO): moradia, pomar e

mandiocal...

194 Foto 36 - Plantação de milho numa propriedade camponesa em Corumbaíba (GO) 194 Foto 37 _ Silagem produzida e armazenada na Fazenda Moeda em Corumbaíba

(GO)...

197 Foto 38 _ Camponês trabalhando na ordenha manual na Fazenda Moeda em

Corumbaíba (GO)...

198 Foto 39 - Tanque de resfriamento instalado na Fazenda Ouro Verde em Corumbaíba

(16)

198

Foto 40 _ Moradia de família trabalhadora na Fazenda Bom Jardim em Corumbaíba (GO)...

207 Foto 41_ Moradia de trabalhadores rurais na Fazenda Salada em Corumbaíba

(GO)...

207 Foto 42 _ Trabalhadora rural na ordenha mecanizada na Fazenda São Jerônimo em

Corumbaíba (GO)...

211 Foto 43 _ Trabalhador rural na Fazenda São Jerônimo em Corumbaíba (GO)... 217 Foto 44 _ Trabalhador rural realiza manutenção de cercas na Fazenda Bocaina em

Corumbaíba (GO)...

217 Foto 45 _ Tanque de expansão para armazenagem do leite in natura na Fazenda

Toca do Leite em Corumbaíba (GO)...

230 Foto 46 _ Caminhão tanque da Cooperativa dos Produtores Agropecuários

(COOPAC) utilizado para transporte do leite in natura...

(17)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços em Corumbaíba (GO) (1990-2011) ...

60 Gráfico 2 – Produto Interno Bruto (PIB) – Agropecuária, Indústria e Serviços

(1999-2010) ... 63 Gráfico 3 – Evolução do crescimento populacional de Corumbaíba (GO)

(1980-2011) ... 70 Gráfico 4 – Finalidade dos financiamentos realizados pelos empresários, pecuaristas

e camponeses produtores de leite em Corumbaíba (GO) ... 172 Gráfico 5 – Faixa etária dos camponeses que atuam na produção leiteira em

Corumbaíba (GO) ... 201 Gráfico 6 – Local de moradia dos camponeses produtores/fornecedores de leite em

Corumbaíba (GO) ... 201 Gráfico 7 – Nível de escolaridade dos camponeses produtores/fornecedores de leite

em Corumbaíba (GO) ... 201 Gráfico 8 – Faixa etária dos trabalhadores rurais assalariados em Corumbaíba (GO)

... 205 Gráfico 9 – Estado civil dos trabalhadores na pecuária leiteira em Corumbaíba (GO) 205 Gráfico 10 – Local de residência dos trabalhadores na pecuária leiteira em

Corumbaíba (GO) ... 206 Gráfico 11 – Nível de escolaridade dos trabalhadores na pecuária leiteira em

Corumbaíba (GO) ... 209 Gráfico 12 – Renda média dos trabalhadores na pecuária leiteira em Corumbaíba

(GO) ... 210 Gráfico 13 – Tempo de trabalho dos trabalhadores nas empresas rurais em

Corumbaíba (GO) ...

212 Gráfico 14 – Tempo de trabalho dos trabalhadores nas propriedades de pecuária

leiteira tradicional em Corumbaíba (GO) ...

212 Gráfico 15 – Tempo de permanência dos trabalhadores nas propriedades camponesas

em Corumbaíba (GO)...

212 Gráfico 16 – Jornada de trabalho dos trabalhadores rurais assalariados em

Corumbaíba (GO) ... 213

(18)

Gráfico 17 – Acesso aos direitos trabalhistas por parte dos trabalhadores das empresas rurais e pecuária tradicional em Corumbaíba (GO) ...

214 Gráfico 18 - Principais problemas enfrentados pelos produtores de leite em

Corumbaíba (GO) ... 218 Gráfico 19 – Comercialização do leite produzido em Corumbaíba (GO) ... 224

(19)

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – O Município de Corumbaíba (GO): localização geográfica e as principais rodovias de acesso ...

50 Mapa 2 – Evolução da malha urbana de Corumbaíba (GO) ... 79 Mapa 3 – Espacialização da Italac Alimentos no Brasil: fábricas, postos de

captação e centros de distribuição...

93 Mapa 4 – Origem do leite in natura processado pela Italac Alimentos em

Corumbaíba (GO) (2012) ...

97 Mapa 5 – Estrada de ferro de Goiás (principais estações ferroviárias) – Sudeste

Goiano ...

101 Mapa 6 – Localização de Corumbaíba (GO) em relação aos principais mercados

consumidores do País ...

107 Mapa 7 – Localização das regiões consumidoras dos produtos Italac Alimentos e

dos fornecedores de leite in natura para a empresa em Corumbaíba (GO)

108 Mapa 8 – Espacialização da produção de leite em Goiás... 110 Mapa 9 – Localização das empresas rurais, pecuária tradicional e propriedades

camponesas pesquisadas ...

(20)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 _ Efetivo da pecuária em Corumbaíba (GO) (1998-2010) ... 53

Tabela 2 _ Número de estabelecimentos, área ocupada e atividades praticadas em Corumbaíba (GO) (2006) ... 54

Tabela 3 _ Principais produtos agrícola de Corumbaíba (GO) (2000-2011) ... 55

Tabela 4 _ População/homens-mulheres- Corumbaíba (GO) (1991-2010) ... 68

Tabela 5 _ População/habitante da Microrregião de Catalão (GO) (1991-2010) ... 70

Tabela 6 _ População/habitante de Corumbaíba (GO) e municípios goianos limítrofes (1991-2010) ... . 71 Tabela 7 _ Evolução da arrecadação do ICMS em Corumbaíba (GO), segundo setores da economia (1998-2011) (R$ mil) ... 85

Tabela 8 _ Taxa de urbanização - Corumbaíba (GO) (1991-2010) ... 86

Tabela 9 _ Dados da produção de leite em Goiás, no Sul Goiano e no Sudeste Goiano de 1990-2010 (Mil litros) ... 109

Tabela 10 _ Produção de leite no Brasil por região (1990-2011) ... 132

Tabela 11 _ Estado de Goiás: rebanho bovino e produção de leite (1995-2010) ... 152

Tabela 12 _ Produção e produtividade da bacia leiteira de Corumbaíba (GO) ... 157

(21)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 _ Expansão urbana em Corumbaíba (GO) ... 77 Quadro 2 _ Ranking das maiores empresas de laticínios do Brasil (2011) ... 95 Quadro 3 _ Os sistemas de produção de leite no Brasil ... 131 Quadro 4 _ Aspectos gerais das propriedades rurais que produzem leite em

Corumbaíba (GO) ...

176 Quadro 5 _ Força de trabalho familiar nas propriedades camponesas para produção

leiteira em Corumbaíba (GO) ...

200 Quadro 6 _ Força de trabalho assalariada para a produção leiteira em Corumbaíba

(GO) ...

204 Quadro 7 _ Preço livre recebido pela COOPAC pelo leite in natura em 2012 ... 225

(22)

LISTA DE ABREVIATUTURAS E SIGLAS

BB Banco do Brasil

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAC Campus Catalão/UFG

CAI Complexo Agroindustrial

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBT Contagem Bacteriana Total

CCS Contagem de Células Somáticas

CEGeT Centro de estudos de Geografia e Trabalho CELG Centrais Elétricas de Goiás

CNA Confederação da Pecuária e Agricultura do Brasil

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COACAL Cooperativa Agropecuária de Catalão

COEP Comitê de Ética e Pesquisa

COMPLEM Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Morrinhos COOPAC Cooperativa dos Produtores Agropecuários de Corumbaíba

DPA Dairy Partiners Americas

EJA Educação de Jovens e Adultos

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAEG Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás FCO Fundo Constitucional do Centro-Oeste

FEICOM Fundo de Expansão da Indústria e Comércio do Estado de Goiás

FOMENTAR Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás GETeM Núcleo de estudos Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais

GO Goiás

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IMB Instituto Mauro Borges

IN 51 Instrução Normativa 51

IN 62 Instrução Normativa 62

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MCP Movimento Camponês Popular

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MG Minas Gerais

MPA Movimento dos Pequenos Agricultores

NEPSA Núcleo de estudos Socioambientais

PAC Pesquisa Anual de Comércio

PE Pernambuco

PGPL Projeto Gestão da Pecuária Leiteira

PIB Produto Interno Bruto

PLANAM Programa de Melhoramento da Alimentação e Manejo do Gado Leiteiro PNAT Programa Nacional de Transporte Escolar

POLOCENTRO Programa de Desenvolvimento dos Cerrados PPGGC Programa de pós-graduação em Geografia

PRODUZIR Programa de Desenvolvimento Industrial de Goiás

(23)

PROTERRA Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agropecuária do Norte e do Nordeste

RIISPOA Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal

SEAGRO Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás SEAP Secretaria Especial de Abastecimento e Preços

SEGPLAN/GO Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SEPIN/GO Superintendência de Estatísticas, Pesquisa e Informação do Estado de Goiás

SR Sindicato dos Produtores Rurais

STTR Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais SUDAM Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia SUDENE Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFG Universidade Federal de Goiás

(24)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 22 OS CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA...

29

1 A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DE CORUMBAÍBA (GO): O LUGAR

DA PESQUISA ... 39 1.1 Corumbaíba (GO): um olhar geográfico... 41 1.2 Corumbaíba (GO): o lugar da pesquisa ... 48 1.3 Os rearranjos espaciais em Corumbaíba (GO) a partir da Italac Alimentos . 65 1.3.1 O crescimento populacional e a produção de espaço urbano... 67 1.3.2 A relação cidade-campo: novos conteúdos... 82

2 A TERRITORIALIZAÇÃO DA ITALAC ALIMENTOS EM

CORUMBAÍBA (GO): AS POLÍTICAS DO ESTADO, MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E MUDANÇAS NO TRABALHO ... 89 2.1 A Italac Alimentos em Corumbaíba (GO) ... 91 2.1.1 A dinâmica socioespacial do Sudeste Goiano e a territorialização da

agroindústria leiteira ... 98 2.1.2 A mobilidade geográfica do capital e do trabalho e as políticas de incentivo

à industrialização ... 111 2.2 Do complexo agroindustrial (CAI) ao sistema agroindustrial lácteo

brasileiro: o papel do Estado... 117 2.2.1 O Estado e a expansão do capital agroindustrial lácteo ... 133 2.2.2 A reestruturação produtiva do capital e as mudanças no setor lácteo ... 143 2.2.3 A pecuária leiteira em Goiás... 149 2.2.4 A pecuária leiteira em Corumbaíba (GO) ... 156

3 O CAPITAL AGROINDUSTRIAL EM CORUMBAÍBA (GO): AS

DISPUTAS TERRITORIAIS E OS NOVOS SUJEITOS DA RELAÇÃO CAPITAL/TRABALHO ... 165 3.1 Apropriação da renda da terra pelo capital agroindustrial ... 168 3.2 As diferentes categorias de produtores de leite em Corumbaíba (GO) ... 173 3.2.1 As empresas rurais ... 179 3.2.2 A pecuária leiteira tradicional... 187

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3.2.3 As unidades de produção camponesas... 189 3.3 As relações sociais de trabalho na produção leiteira em Corumbaíba (GO) .. 202 3.4 O capital agroindustrial lácteo: os desafios para os produtores... 218 3.5 O capital agroindustrial lácteo em Corumbaíba (GO): empresas rurais,

pecuaristas e camponeses disputam territórios...

234

CONSIDERAÇÕES... 237 REFERÊNCIAS... 242 ANEXOS... 249

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INTRODUÇÃO

Uma resposta se faz necessária para a seguinte pergunta: o que motiva uma pessoa a investigar determinado tema? Nossas escolhas não são aleatórias, elas fazem parte de um processo muito mais amplo, carregado de subjetividades, curiosidades e busca de novos desafios. A terra e o campo, a lavoura e a pecuária, a campanha e a cidade, o ficar e o partir, são elementos constituintes de uma geografia subjetiva e como pesquisador, não tenho como desvincular minha prática profissional de meu entendimento de mundo.

(CHELOTTI, 2009)

As reflexões ora apresentadas são resultados da pesquisa desenvolvida no Curso de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão (PPGGC/UFG/CAC). O ponto de partida para este estudo foi a monografia desenvolvida em 2006, intitulada “O Laticínio Italac Alimentos e as Transformações Espaciais em Corumbaíba (GO)”. A pesquisa foi realizada durante o Curso de Bacharelado em Geografia/UFG/CAC e o objetivo foi compreender as mudanças espaciais (sociais, econômicas e territoriais) em Corumbaíba, no período de 1980-2005 com a instalação do Laticínio Italac Alimentos.

A partir da pesquisa desenvolvida, das observações e do interesse pessoal pelo tema, bem como, das leituras no Núcleo de Estudos Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais – GETeM/UFG/CNPq e nas disciplinas cursadas no Curso de Mestrado, surgiram uma série de questionamentos que superam a leitura realizada anteriormente e, por conseguinte, sugeriam a necessidade de uma pesquisa mais aprofundada, que dê conta de desvelar as tramas que compõem a complexa realidade no Município, assim como, os sujeitos e as inter-relações que configuram o espaço, o trabalho e os territórios.

É instigante reconhecer e compreender os mecanismos que representam os imperativos do capital, a reorganização do trabalho e os elementos que compõem as especificidades locais/regionais, sobretudo, desvendar os conteúdos da relação capital/ trabalho. Tais resultantes se territorializam compondo os diferentes elementos que configuram a realidade que constantemente (re)constroem o espaço geográfico. Isso, para a Geografia e para os geógrafos, constitui um importante desafio no sentido de compreender a realidade complexa e contraditória formada por tramas, teias e redes que constantemente (re)constroem os espaços, os territórios e os sujeitos que neles atuam.

O conflito capital/trabalho gera um contexto de diferentes territorialidades em disputas que merecem ser investigadas. Essas diferentes territorialidades conferem ao espaço novas formas de organização que lhe são específicas e locais, ao mesmo tempo, em que são

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gerais e universais. “A territorialização é, em última análise, resultado de lutas políticas e decisões políticas tomadas no contexto de condições tecnológicas e político-econômicas determinadas.” (HARVEY, 2000, p. 108).

Reconhece-se que o processo de acumulação e expansão do capital iniciado na Inglaterra no final do século XVIII ainda apresenta sinais de vitalidade e uma capacidade de se reinventar impressionante. A lógica societal hegemônica é a da reprodução do capital. Isso porque as forças hegemônicas demandam lógicas de produção e consumo próprias que visam manter as condições de produção e reprodução do lucro, com base na exploração da força de trabalho e na apropriação de mais-valia e, consequentemente, ocasiona a expropriação de milhões de pessoas do acesso às condições mínimas de existência, sobretudo, da terra. Esse movimento de acumulação e expansão geográfica, reorganização espacial e desenvolvimento geográfico desigual podem ser entendidos como fundamentais para o capitalismo se manter, enquanto sistema econômico-político na contemporaneidade. Sob a lógica da necessidade extrema da produção de mercadorias e do lucro, o capital se territorializa nos mais diversos espaços, reinventando a organização política, social e econômica, as relações socioambientais e o trabalho (HARVEY, 2000).

O caráter inconstante e expansionista do capital evidenciados por Marx; Engels (2007) faz-se presente no atual contexto de reestruturação produtiva, marcada pelas novas formas de acumulação flexível, consideradas por David Harvey (2009). Este autor afirma que as mudanças presentes na sociedade atual são oriundas da própria natureza do capital, ao se reinventar para garantir a sua acumulação e expansão.

Nota-se que as necessidades da expansão capitalista nas últimas décadas promoveram um constante processo de reestruturação espacial em diferentes intensidades e por meio de diferentes estratégias. Entretanto, a expansão geográfica capitalista não deve ser entendida como homogênea, uma vez que, as diversas faces do espaço mundial não se apresentam dessa forma. Isso porque “[...] o mundo não se apresenta como um tabuleiro sobre o qual a acumulação do capital jogou o seu destino.” (HARVEY, 2000, p. 45). Mas, as suas faces são compostas por especificidades que expressam características particulares e diferenciadas. Estas diferenças exigem diversas estratégias do capital para garantir a sua lógica de reprodução do lucro, ao mesmo tempo em que exigem uma reestruturação do trabalho e dos sujeitos sociais para a sua reprodução social.

As formas de expansão capitalista promovem um constante processo de reordenamento espacial. Esse processo se acelera a partir da década de 1970, com intensos desdobramentos espaciais. No Brasil, segundo Moreira (2005), evidencia-se um

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reordenamento espacial pautado na modernização conservadora, ou melhor, na “[...] modernização da agricultura, a redistribuição territorial da indústria e a despatrimonialização-desestatização que privatiza a gestão do espaço [...]”. (MOREIRA, 2005, p. 20). Nesse contexto a formação espacial brasileira ganha uma nova dinâmica cujos imperativos são implantados em diferentes intensidades, por meio de distintas estratégias que, em contrapartida, encontram um terreno repleto de heterogeneidades, que também configuram persistências.

Em Goiás, nota-se um constante reordenamento espacial incentivado pela presença marcante de ações privadas e estatais no sentido de promover o desenvolvimento econômico regional, ou seja, ampliar os índices de produção/produtividade, as projeções da balança comercial, as exportações, o Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e outros índices capazes de inserir o estado no mercado globalizado. Dentre as ações podem-se se citar: a política de integração de Vargas, em 1930; a construção de Goiânia, em 1937; o Plano de Metas de Juscelino Kubistchek, de 1956 a 1961, tais como, a construção de Brasília, em 1960; a modernização conservadora da agricultura; a industrialização; as migrações; e também, a chegada da agroindústria. No entanto, ao tentar compreender esse processo, a partir de uma leitura sobre o Cerrado e os Povos Cerradeiros2 é preciso considerar as suas práticas materiais, imateriais e socioculturais como fundantes no processo de apropriação do espaço e, portanto, na construção de territórios. É preciso considerar as (Re)Existências, ou seja, a permanência, modificada por uma ação política, firmada nos elementos socioculturais que se firmam ao mesmo tempo em que são modificadas, ou seja, criam “[...] novas raízes e mesclá-las com as já existentes, formando espacialidades como condição para continuar (Re)Existindo.” (PELÁ; MENDONÇA, 2010, p. 34).

Para Pelá; Mendonça (2010) o Cerrado goiano se encontra numa encruzilhada de tempos, constituindo-se num mosaico de territórios em disputa, onde estão as estratégias hegemônicas do capital e as (Re)Existências. Diante disso, é preciso reconhecer que a territorialização da relação capital/trabalho e a espacialização dessa relação se apresenta de diversas formas, ao mesmo tempo em que as forças hegemônicas do capital encontram resistências. Além disso, é preciso considerar que o capitalismo para sua existência, desenvolvimento e expansão necessita estar cercado por formas não capitalistas de produção

2 Povos Cerradeiros se referem aos sujeitos sociais trabalhadores/produtores que historicamente viveram nas

áreas de Cerrado e constituíram formas de uso da terra a partir das diferenciações naturais-sociais experienciando formas materiais e imateriais de trabalho, que denotam relações sociais de produção muito próprias e em acordo com as condições ambientais, resultando em múltiplas práticas socioculturais (MENDONÇA, 2004).

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(LUXEMBURGO, 1983). Enquanto pesquisadores é preciso fazer com que estas experiências sejam trazidas à tona para o discurso científico e que não permaneçam ignoradas pelo discurso hegemônico da modernidade.

Em Corumbaíba (GO) identifica-se a presença efetiva da lógica capitalista de produção ao mesmo tempo em que existem relações não capitalistas que são (re)significadas e incorporadas pelo processo de reprodução do lucro e acumulação do capital.

As questões que nortearam a pesquisa partem de algumas evidências empíricas que merecem ser destacadas. As primeiras impressões sobre as transformações socioespaciais em Corumbaíba (GO) estão presentes nos discursos das lideranças políticas locais que concebem a instalação da Italac Alimentos como sinônimo de desenvolvimento e fonte de riquezas para o Município. Essas ideias, difundidas cotidianamente e fortalecidas pelos meios de comunicação locais, foram incorporadas pelos moradores. Com o tempo, a empresa assumiu, no senso comum, a “identidade” do Município, que passou a ser lembrado e reconhecido por meio desta agroindústria. É comum ouvir das pessoas, moradores do Município, ou não, que Corumbaíba é a cidade da Italac! Ou mesmo que se sentem orgulhosos de serem corumbaibenses, a cidade fortalecida pela Italac.

A concepção do desenvolvimento econômico de Corumbaíba, oriunda da territorialização da Italac Alimentos pode ser identificada no pensamento dos escritores locais, tais como no seguinte parágrafo:

Vi Corumbaíba amargar no esquecimento da década de 70 e 80, ficamos quase à mercê da sorte, crise econômica, crise do petróleo, depois hiperinflação, desemprego, crise de abastecimento, cobrou-se até ágio em bens duráveis. Corumbaíba e seu povo insistente sobreviveram a essas crises. Eu me lembro de tudo. Claro que tudo isso tem no máximo 30 anos... A realidade atual é outra, não há crise no meio rural e industrial e de prestadores de serviços (COSTA, 2011, p. 25)

Mesmo o olhar empírico, um pouco mais atento, consegue apreender a contradição e os conflitos inerentes ao processo de territorialização do capital. Com a instalação do Laticínio assistiu-se à chegada de pessoas na cidade. Algumas vieram contratadas pela empresa para os cargos que exigiam qualificações específicas, como engenheiro de alimentos, gerente de política leiteira, dentre outros cargos. A maioria das pessoas chegaram em busca de trabalho, com a esperança de serem contratadas e terem um emprego com carteira assinada. Com isso, os empresários locais investiram em loteamentos e construção de casas para venda ou aluguel. Os comerciantes investiram capital na ampliação, diversificação dos estabelecimentos comerciais e prestação de serviços. Chegaram as transportadoras. Os jovens buscavam qualificação profissional para serem contratados e “não precisarem mais sair” da

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cidade para trabalhar. Os trabalhadores do campo, influenciados e iludidos pela possibilidade de uma vida melhor, mudaram-se para a cidade para ganhar melhor e terem um dia de folga. A empresa ampliou-se e se consolidou como a maior empregadora do Município. Exerceu e continua exercendo influência nas relações sociais de trabalho, na vida cotidiana e na organização política local, pois fez parte da administração pública, ao eleger prefeitos e vereadores. Os produtores de leite3 viram na chegada do Laticínio a esperança de preços melhores para o leite, pois não teriam mais que pagar frete para outras localidades como sempre fizeram. Contudo, esse movimento foi/é acompanhado por contradições.

Para sua instalação e ampliação na cidade, a empresa recebeu a doação de terrenos com infraestrutura por parte da Prefeitura Municipal, além de concessões fiscais por parte do estado de Goiás. Nota-se o investimento público no setor privado, ou seja, na reprodução do capital. O acesso à moradia ficou restrito aqueles que tinham renda suficiente para pagar aluguel ou adquirir sua moradia, mesmo financiada. A maioria dos bairros foi formada por programas de moradia do governo, sendo carentes de infraestrutura e de áreas de lazer. As famílias são beneficiárias de programas governamentais assistencialistas como forma de complementar a baixa renda. Os trabalhadores contratados conseguem atuar no mercado formal de trabalho, com carteira assinada, no entanto, sofrem com a intensa e extensa jornada de trabalho na empresa, com as dificuldades de promoção, a falta de organização sindical e reivindicatória consolidada, e com as exigências cada vez maiores dos patrões, que comprometem, sobretudo, a saúde do trabalhador. Como maior empregadora do Município direciona o mercado de trabalho local, inclusive com a determinação do preço dos salários pagos aos trabalhadores. Quanto aos produtores, monopoliza o preço pago pelo leite, uma vez que é a compradora, mesmo indireta, de todo o leite comercializado na bacia leiteira. E ainda impõe, por meio da política de preços por quantidade e qualidade, a necessidade de modernização e especialização da atividade leiteira, responsabilizando os produtores pelas inovações necessárias. Muitos produtores deixaram de comercializar o leite produzido, outros endividaram para manterem-se no mercado. Os trabalhadores do campo foram desterritorializados, pois a modernização da produção leiteira elimina postos de trabalho. A pobreza continua presente no município, tanto na cidade, quanto no campo, pois a renda produzida pela empresa é apropriada pela família proprietária.

3

Na pesquisa, foram considerados produtores os proprietários de terras que se dedicam à atividade leiteira. São consideradas três categorias, sendo: os empresários rurais, os pecuaristas e os camponeses. Sobre a relação entre o tamanho da propriedade, a produção e a produtividade é preciso atentar-se ao fato de que, na pecuária leiteira, não se deve cair no equívoco de considerar que os pequenos produtores são, por consequência, proprietários de pequenas extensões de terra. Isso porque a pecuária leiteira pode ser desenvolvida de forma intensiva e extensiva, dependendo do tipo de manejo (CLEMENTE, 2006).

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Esse olhar empírico permite o contato inicial com a realidade, contudo, é necessária uma investigação científica para desvelar as tramas que compõem o espaço geográfico em Corumbaíba (GO), a partir da relação capital x trabalho. Diante desse contexto contraditório e conflituoso, as questões que nortearam a pesquisa referem-se a compreensão da territorialização da dinâmica capital/trabalho em Corumbaíba, a partir do Laticínio Italac Alimentos, reconhecendo a participação do Estado e dos diferentes sujeitos nesse processo. Ou melhor, as questões referem-se à realidade de Corumbaíba em relação à mobilidade geográfica do capital e do trabalho que marcam o contexto atual da acumulação flexível do capital e do trabalho, evidenciadas por Harvey (2009) e Thomaz Júnior (2009), dentre outros autores. As principais questões são: Quais as estratégias utilizadas pelo capital para a sua territorialização em Corumbaíba (GO)?; Como essas estratégias se relacionam com os elementos pré-existentes?; Como os conteúdos dessa relação se espacializam?; O que isso significa para os produtores rurais?; E para os trabalhadores rurais?; Existe uma lógica de acumulação diferenciada para o campo e a cidade?; Como essas dimensões espaciais se articulam?

Com o intuito de sanar estas questões, a pesquisa desenvolvida tem como objetivo geral compreender o processo de territorialização do Laticínio Italac Alimentos, o capital agroindustrial e financeiro, que culmina nas mudanças espaciais em Corumbaíba (GO), que se estende ao campo e se evidencia, sobretudo, na dinâmica das propriedades rurais e nas relações de trabalho. Em específico, pretende-se: apontar as estratégias de territorialização da agroindústria laticinista em Corumbaíba; compreender o papel do Estado no processo de territorialização da agroindústria neste Município; identificar as mudanças espaciais ocasionadas na cidade e no campo; reconhecer os efeitos na dinâmica territorial das empresas rurais e das unidades camponesas produtoras/fornecedoras de leite, ou seja, as disputas territoriais entre os novos sujeitos da relação capital/trabalho, em Corumbaíba: o capital agroindustrial, os camponeses e as empresas rurais.

Assim, foram investigados os imperativos da lógica capitalista e suas diferentes estratégias utilizadas para a manutenção das condições de reprodução do capital, no referido Município, tais como: a instalação do Laticínio; a participação do Estado; e as mudanças socioespaciais em Corumbaíba (GO). Além disso, foram analisadas as diferentes territorialidades que configuram o campo, no qual se tem uma disputa territorial entre agroindústria, camponeses, pecuaristas tradicionais e empresas rurais. Isso porque, campo e cidade são espaços construídos por meio de múltiplas relações sociais, específicas de cada um, mas que se complementam, exatamente por suas diferenças. São coesionados pelo

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processo de acumulação que se apropria das diferentes formas geográficas e dos conteúdos, aperfeiçoando-os ou recriando-os para garantir as condições de produção do lucro, seja nas fábricas com a extração da mais-valia, seja no campo, através da apropriação renda da terra e, até mesmo, da combinação de ambas, mediante as cadeias agroindustriais produtivas e a sujeição da renda da terra.

A dissertação está estruturada em três capítulos, além da introdução e das considerações finais. No primeiro capítulo, intitulado A formação socioespacial de Corumbaíba (GO): o lugar da pesquisa são apresentadas, a abordagem teórico-metodológica, as características socioespaciais de Corumbaíba (GO) e as principais mudanças oriundas desse processo na cidade e no campo.

O segundo capítulo, intitulado A territorialização da Italac Alimentos em Corumbaíba (GO): as políticas do Estado, modernização da agricultura e mudanças no trabalho discute o processo de territorialização da empresa no Município, no que tange aos elementos que influenciaram nesse processo. Além disso, apresenta o histórico da constituição do setor agroindustrial lácteo brasileiro, na fase de regulação estatal do setor e na fase de autorregulação, com ênfase para a participação do Estado.

Já o terceiro capítulo, intitulado O capital agroindustrial lácteo em Corumbaíba (GO): as disputas territoriais e os novos sujeitos da relação capital/trabalho aborda as diferentes formas de apropriação da renda da terra pelo capital agroindustrial, apresenta as diferentes categorias de produtores de leite no Município e os desafios lançados para esses produtores a partir da territorialização do capital agroindustrial lácteo.

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OS CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

[...] Temos que pensar numa “Geografia” que nos faça agir com maior liberdade, passar por um repensar de questões práticas de ordem metodológicas. Não se trata de uma discussão profunda deste caráter. Tampouco de um novo método de pesquisa. Mas diríamos que desarmamento destas ferramentas para que possamos “enxergar”, o objeto de pesquisa em sua pluridimensionalidade. O instrumental metodológico, assim concebido é um processo que construímos também durante a pesquisa, no confronto sujeito & objeto e não algo que já se trás preestabelecido. Desta forma, primamos por uma visão plurimetodológica, contra a visão individualista. Na prática, isto nos permite entender que quando se vai a campo, precisamos ter olhares aguçados para observar, apreender, interpretar o objeto estudado em sua integridade, em seu movimento, na sua contradição e confirmação. Nisto por exemplo, o olhar de um estudioso da geografia irá se diferenciar de outros olhares sobre uma paisagem.

(SILVA, 2004)

A ciência geográfica é marcada por uma trajetória de diferentes “fases”, em consonância com o contexto histórico-social vigente. O novo paradigma surge à partir das pesquisas de vanguarda, que por sua vez seguem uma demanda histórico-social. No entanto, o novo paradigma não substitui completamente o velho, mas sim, estão em constante diálogo na constituição das pesquisas geográficas por meio de pontos de afinidade e desacordo. Daí a necessidade de o geógrafo compreender a formação teórico-metodológica e filosófica de cada uma delas e fazer a opção, clara, de qual/s abordagem/s utilizar nas pesquisas. Estas devem estar atentas à complexidade, às contradições e ao constante movimento da realidade dos fatos e fenômenos pesquisados.

A Geografia Agrária, no início do século XXI, influenciada pelas correntes filosóficas do pensamento que permitem diferentes interpretações, encontra-se envolvida com as questões complexas que formam o campo brasileiro, seja pela ótica do empirismo, da fenomenologia ou da dialética. Nesse sentido, a Geografia como um todo, bem como, a Geografia Agrária, passa por um momento fecundo, pois as pesquisas podem ser construídas a partir das concepções filosóficas de cada pesquisador, o que permite diversos olhares sobre o campo brasileiro, pautados em elementos econômicos, políticos, culturais e ambientais (CHELLOTI, 2009).

Para Oliveira (2004), a proposta teórica da Geografia, para compreender a realidade do campo no Brasil, deve estar vinculada ao entendimento da territorialização do capital e a monopolização do território. Isso porque o campo encontra-se predominantemente marcado pela lógica capitalista, por meio da industrialização da agricultura, ao passo que está também,

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contraditoriamente, marcado pela expansão da agricultura camponesa. Na primeira situação, o capital se territorializa e expulsa os trabalhadores para as cidades, e no segundo caso, monopoliza o território, recria e redefine as relações camponesas de produção familiar, por meio da sujeição da renda da terra. Daí as inúmeras transformações territoriais no campo, bem como, a contribuição da abordagem territorial para a Geografia Agrária.

Segundo Thomaz Júnior (2010), os desafios estão postos para a Geografia do Trabalho, para a compreensão da realidade territorial do trabalho a partir do conflito das classes sociais, pois se identificam constantes mudanças nas formas de expressão do trabalho. Dentre elas têm-se a heterogeneização, a flexibilização e a fragmentação do trabalho, relacionadas à destrutividade, regressividade e irracionalidade sistêmica que promove novos sentidos, magnitudes, conteúdos e significados do trabalho. Daí a necessidade de repensar os pilares teóricos da Geografia do Trabalho, para que comtemplem as fissuras, as tramas, ou melhor, as contradições societais. Isso porque se encontra diante de limitações explicativas de um arcabouço teórico que precisa considerar todo esse complexo contexto. Cabe à Geografia do Trabalho repensar os conceitos de acordo com os novos sentidos do trabalho e do ser que trabalha, ao mesmo tempo em que deve abranger os conceitos para as diferentes formas e modalidades de trabalhadores, ou seja, que vendem a sua força de trabalho (THOMAZ JÚNIOR, 2010). Em suma, cabe à Geografia do Trabalho, contemplar os:

[...] significados e registros da identidade do trabalho, [...] a eles devemos vincular nosso interesses em (re)pensar os aprendizados teóricos dessa realidade do trabalho no século XXI, que ao se apresentar de pernas para o ar, nesse ambiente de (des)realização, pode transparecer intransponível, incompreensível, etc. (THOMAZ JÚNIOR, 2010, p. 166).

Nessa perspectiva, a Geografia do Trabalho4 vem sendo (re)construída pelos geógrafos na tentativa de compreender as fissuras do mundo do trabalho, contemplando as diversas tramas societais e as múltiplas faces da classe trabalhadora. A esse respeito, Thomaz Júnior enfatiza que seus objetivos devem:

Reconhecer as marcas territoriais do trabalho e seus significados topológicos, na sociedade em que vivemos; apreender os significados e os sentidos do trabalho, no seio da classe trabalhadora. [...] fazendo um exercício constante para o redimensionamento teórico-conceitual-metodológico, com vistas a identificar, internamente à dinâmica geográfica do trabalho, sua constante (des)realização, [...] (THOMAZ JÚNIOR, 2011, p. 04).

4

O Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT) tem apresentado avanços nessa reflexão teórica. O núcleo de pesquisa está vinculado ao departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Presidente Prudente (SP). Desde a sua fundação, em 1996, o CEGeT, coordenado pelo Professor Antônio Thomaz Júnior, construiu uma rede de estudos de Geografia do Trabalho formada pelo CEGeT Paraíba, pelo CEGeT Curitiba e outros núcleos de pesquisa, dentre eles o Núcleo de Estudos Geografia, Trabalho e Movimentos Socais (GETeM), do Curso de Geografia da UFG/Campus Catalão.

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As pesquisas desenvolvidas na rede CEGeT tem como objetivo central compreender o mundo do trabalho e dos trabalhadores, na cidade e no campo, a partir das contradições e do conflito capital x trabalho. Nessa perspectiva, as abordagens teórico-metodológicas das pesquisas partem dos conflitos territoriais na sociedade, ocasionados pela luta de classes, com ênfase às formas concretas do trabalho no campo e na cidade. Com isso, segundo Thomaz Junior5, busca compreender o tecido social a partir do conflito. Ademais, de acordo com Thomaz Júnior, existe um compromisso político, nas pesquisas e pesquisadores, em revelar os conflitos sociais, identificando o conteúdo complexo do trabalho e as contradições do movimento territorial da classe trabalhadora no Brasil. Além disso, é objetivo dos pesquisadores, construir uma Geografia do Trabalho que auxilie na identificação e denúncia qualificada da invisibilidade das forças de exploração, dominação, controle do trabalho e da natureza pelo capital, dentre elas, as doenças ocupacionais, situações de risco, mutilações e contaminação, relacionadas à questão ambiental.

Como integrante da rede CEGeT, o Grupo de Estudos Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais (GETeM/UFG/CNPq) está vinculado ao departamento de Geografia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Campus Catalão (CAC). Foi criado em 2006 como um desmembramento do Núcleo de Estudos Socioambientais (NEPSA). É formado por estudantes, professores e pesquisadores da Geografia e de diversas áreas do conhecimento e, ainda dialoga com a comunidade, sindicatos e movimentos sociais. Segundo Marcelo Rodrigues Mendonça6, coordenador, as leituras e discussões realizadas pelo grupo abordam as temáticas da relação capital x trabalho, relação campo-cidade, movimentos sociais, questões socioambientais e agrárias. Especificamente, as pesquisas realizadas objetivam compreender as transformações oriundas da territorialização do capital nas áreas de Cerrado, ou seja, esse processo, em constante (re)construção é contraditório, formado por camadas, tramas, teias e redes, com diferentes tempos históricos que se materializam no espaço. Nesse sentido, tem como centralidade apreender como ocorre a subordinação da renda da terra, os efeitos disso para a relação campo-cidade, para os empresários rurais, os pecuaristas, os camponeses, os trabalhadores rurais, nas suas diferentes modalidades, bem como, para os trabalhadores de um modo geral e para os movimentos sociais que culminam em territórios em disputa. O conceito de território em disputa envolve o território hegemonizado pela lógica capitalista e o território

5 Conferência com o Professor Antônio Thomaz Júnior na XII Jornada do Trabalho realizada em Presidente

Prudente (SP) em 2012. A Jornada do Trabalho é um Simpósio anual realizado pela rede CEGeT para fortalecer o debate sobre as temáticas da Geografia do Trabalho, para os integrantes do grupo, estudantes, professores, pesquisadores e comunidade em geral que se interessem pela temática.

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hegemonizado pela lógica camponesa, ambos hibridizados. Assim, analisam a sociedade a partir das transformações espaciais e temporais, produzidas pela relação capital x trabalho. Daí a necessidade de se pensar as mudanças espaciais e suas particularidades, como nesta pesquisa, dedicada ao entendimento da territorialização da agroindústria leiteira em Corumbaíba (GO).

Reconhece-se que não existe apenas uma maneira de pensar o “[...] o complexo mundo das investigações científicas. O ideal seria empregar métodos de acordo com as possibilidades de análise e obtenção de respostas para o problema proposto na pesquisa.” (SILVA; MENEZES, 2001, p. 28). Para Minayo (2003) a metodologia deve ser entendida como uma articulação entre conteúdos, pensamentos e existência, já que as concepções teóricas de abordagens, a teoria e a metodologia caminham juntas. Ela deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o desafio da prática. Com isso, a metodologia ou os procedimentos metodológicos assumem um papel de destaque, pois norteiam o trabalho do pesquisador rumo aos objetivos propostos nesta pesquisa. “A metodologia constitui todo um referencial ontológico, epistemológico do pesquisador.” (BARROS, 2008, p. 72).

É válido ressaltar que a Geografia trabalha com fenômenos sociais em constante construção, por isso, a atenção em relação à escolha e restrição do método e a metodologia a serem utilizados nas pesquisas. As questões sociais são fluidas, dinâmicas e com consciência histórica, daí a necessidade de se apreender, ao menos, em partes, as complexidades da realidade e dos fenômenos investigados.

Na tentativa de compreender a territorialização do capital agroindustrial lácteo em Corumbaíba (GO) e reconhecer as mudanças espaciais oriundas desse processo buscou-se um conjunto de procedimentos metodológicos que permitissem, mesmo parcialmente, desvelar as tramas da relação capital-trabalho no Município, que significaram novas relações sociais, novas intencionalidades, novos territórios.

Entende-se que a escolha dos procedimentos metodológicos, concomitante à abordagem teórico-metodológica, conduz a pesquisa e interfere nos resultados alcançados. A própria seleção dos instrumentos e a forma como serão trabalhados, está intimamente relacionada à formação histórica, política e ideológica do pesquisador. O sucesso na utilização destes irá depender também da sua habilidade. Isso porque, a partir da empiria o pesquisador recorre a uma variedade de procedimentos metodológicos que sejam capazes de auxiliar na realização do estudo, a partir do seu compromisso e envolvimento com a pesquisa, e ainda, pelo respeito e valorização dos sujeitos e fenômenos pesquisados. Assim, não interessa aos

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geógrafos somente os resultados da pesquisa, organizados numa dissertação, mas também, a trajetória e os processos de construção da pesquisa.

Nesta pesquisa, o método e a metodologia estão articulados, fazendo parte de um instrumental teórico e metodológico que configuram a forma de abordagem. No que se refere ao método de abordagem foi utilizado como centralidade o referencial teórico pautado no materialismo histórico dialético. Isso porque as interpretações da realidade, à luz deste método são as que conseguem avançar na compreensão dos fenômenos e sujeitos que a compõem, a partir da contradição. O método dialético é pautado na ação recíproca, na mudança dialética e na interpretação dos contrários, ou seja, parte do princípio de que o mundo não é formado por coisas prontas e acabadas, mas por um constante processo em que as relações estão sendo construídas e reconstruídas, a partir da contradição e dos contrários que configuram uma unidade (MARCONI; LAKATOS, 2007).

Os procedimentos metodológicos foram agrupados em três etapas principais: a pesquisa teórica; pesquisa documental; e pesquisa de campo, realizadas concomitantemente e de acordo com as ações inerentes a cada uma das etapas.

A pesquisa teórica, ou revisão de literatura foi relevante para a construção desta pesquisa, pois constituiu o momento de conhecer o que já foi publicado sobre o tema. Luna (1996) esclarece que a revisão de literatura permite mostrar através de obras já publicadas, o que já se sabe sobre o tema e quais as lacunas e entraves teóricos e metodológicos existentes; permite também a inserção do tema do problema da pesquisa num quadro teórico, ou em vários, para explicá-lo; conhecer quais procedimentos metodológicos vem sendo aplicados nas investigações desta temática, tanto para a coleta de dados, quanto para a sua interpretação; recuperar a evolução de um conceito que explique as suas evoluções e implicações. Com isso, construiu-se um referencial teórico básico que auxiliou na compreensão do objeto de estudo e dos sujeitos pesquisados.

Dentre as obras e textos consultados referentes à metodologia de pesquisa em Geografia e nas demais ciências humanas e sociais, estão: Thompson (1992), Bosi (1994), Luna (1996), Marconi; Lakatos (2007), Ramires; Pessôa (Org.) (2009), Alentejano; Rocha-Leão (2006) e Demo (2009). No que se refere às categorias espaço, território e ao processo de formação do espaço brasileiro, estão: Santos (1985; 1999; 2001; 2002), Haesbaert (2007), Raffestin (1993), Fernandes (2009), dentre outros. Sobre trabalho e reestruturação produtiva do capital, estão: Harvey (2000; 2005; 2009), Thomaz Júnior (2000; 2002; 2009) e Mendonça (2004; 2010). Sobre a relação campo-cidade, tem-se: Willians (1989) e Marques (2006). As

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