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SELEÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL MASCULINO: HISTÓRIA E MEMÓRIA 1

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Academic year: 2021

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HISTÓRIA E MEMÓRIA

Renata Cristian Cordeiro Pires UNESP/Bauru – LESCHEF, Bolsista PIBIC/UNESP – CNPq Orientadora: Dagmar Hunger

INTRODUÇÃO

O Basquetebol foi criado pelo professor James Naismith, em dezembro de 1891, na cidade de Springfield, Estado de Massachussets, nos Estados Unidos. O referido jogo foi criado em decorrência de um inverno rigoroso que não permitia a prática esportiva ao ar livre. As poucas opções que se tinha eram de atividades em locais fechados, limitando-se a prática de ginásticas que não eram muito empolgantes para os homens (DAIUTO, 1991).

No Brasil, o basquetebol foi trazido em 1896, pelo missionário norte-americano Augusto F. Shaw. Mas, no início não teve muita divulgação, e, portanto, não muita aceitação. Hoje, o basquetebol já possui grande popularidade no Brasil, principalmente entre os jovens estudantes, que na maioria das vezes estão associados aos clubes esportivos.

O esporte espetáculo já faz parte do cenário basquetebol há algumas décadas. O número de pessoas envolvidas com o esporte, hoje, é muito grande e vem crescendo mais a cada dia. Tem-se além de comissão técnica e os jogadores; médicos, fisioterapeutas, fisiologistas, psicólogos, nutricionistas, preparadores físicos e é claro, a mídia que além de ajudar na “divulgação” do esporte, incentiva a sua comercialização.

A modalidade basquetebol atualmente constitui-se em um importante “subcampo” do esporte brasileiro. Não obstante, literatura acadêmica - científica referente à sua história é escassa e limitada. O que se tem são livros, enciclopédias, revistas e manuais técnicos de basquetebol que apresentam majoritariamente dados superficiais, ou seja, não contextualizados de acordo com uma abordagem histórica. Localizaram-se apenas dois trabalhos de natureza histórica e científica preocupados com o Basquetebol. Sendo que a tese de Medalha (1989) delimita seu estudo de 1896 a 1988 e a dissertação de Souza (1991) de 1896 a 1970.

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Portanto, nessa pesquisa apresenta-se uma breve revisão da literatura e análise dos depoimentos coletados com dois ex-técnicos e um técnico de basquetebol. Anterior à história propriamente dita da Seleção Brasileira Masculina de Basquetebol, referente ao período de 1950 a 2002, entendeu-se necessário inicialmente abordar o referencial teórico. Nesse sentido, essa pesquisa busca melhor compreensão na teoria dos “campos das práticas esportivas” com os estudos de Pierre Bourdieu (1983), evidenciando no esporte na Era Moderna, os valores sociais dados as práticas esportivas, neste caso, a modalidade basquetebol, bem como o seu espaço no cenário dos esportes. Em seguida, a história do esporte (abordando desde o seu surgimento

na Inglaterra, no período da Revolução Industrial, as suas próprias características, o

mundo social, até os dias de hoje, em que o esporte distancia de suas características de amadorismo, sendo cada vez mais caracterizado como espetáculo), a fim de melhor compreensão do objeto de estudo pesquisado. Pois, de acordo com Bourdieu (1983), as modalidades esportivas (“subcampos”) possuem suas próprias características, com isso, o estudo das “origens”, dos “agentes sociais” engajados, são importantes para a constituição de cada “subcampo” e, portanto, para a compreensão do basquetebol. Na seqüência, apresenta-se breve história do basquetebol, primeiramente no cenário mundial com o seu surgimento, seguido então pelo

basquetebol no Brasil. E, finaliza-se com análise dos depoimentos coletados, sendo

que os entrevistados autorizaram a publicação. REFERENCIAL TEÓRICO

Para se ter uma melhor compreensão do esporte moderno tem-se os estudos relativos ao modelo de análise sociológica desenvolvido por Pierre Bourdieu (1983), um dos sociólogos mais estudados dos séculos XX e XXI, sendo que dentro deste arcabouço teórico dois aspectos são importantes para se analisar o fenômeno esporte e a modalidade basquetebol: o estudo dos “campos” e a noção de “habitus”.

A teoria de Bourdieu (1983) aborda tanto o estudo de um “campo das práticas esportivas” como a noção de “habitus”, que é condição de funcionamento deste espaço e algumas vezes produto deste mesmo, como “um sistema de esquemas de produção de práticas e um sistema de esquemas de percepção e apreciação das práticas” (p. 158). Tais conceitos permitem entender o desenvolvimento da Seleção Brasileira Masculina de Basquetebol.

1 Pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq-UNESP), sob orientação da Profa. Dra. Dagmar Hunger,

da Universidade Estadual Paulista (UNESP/BAURU) – LESCHEF e Universidade Estadual Paulista (UNESP/RC) – NEPEF, dag@fc.unesp.br

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Para o autor em referência, é importante relacionar o espaço esportivo com o espaço social das suas representações para compreender melhor o “fenômeno esportivo”, pois, nesse sentido, é que são definidas as propriedades de cada esporte. Os esportes, agentes sociais, são conjuntos de práticas e de consumos esportivos oferecidos como uma oferta, que vão a busca de uma certa demanda. Mas, como se produz essa demanda dos produtos esportivos? “Como as pessoas passam a ter o “gosto” pelo esporte e justamente por um determinado esporte mais do que por outro, enquanto prática ou enquanto espetáculo?” Para entender melhor essas questões, Bourdieu (1983, p. 136) diz que deve-se perguntar antes sobre as condições históricas e sociais “da possibilidade deste fenômeno social que aceitamos muito facilmente como algo óbvio, o “esporte moderno”.

Bourdieu (1983, p.210) afirma que para compreender um determinado esporte, é necessário saber qual posição ele ocupa dentro do próprio espaço dos esportes. Espaço esse que de acordo com ele “não está fechado sobre si mesmo. Ele está inserido num universo de práticas e consumos, eles próprios estruturados e constituídos como sistema”. Por exemplo, um dos motivos pelo qual o basquetebol foi criado, foi para motivar e levar alguns homens (que não gostavam da prática dos movimentos ginásticos) à prática de exercícios físicos.

“O esporte traz consigo até os dias de hoje, uma ideologia aristocrática que o via como uma atividade gratuita, mas que na verdade tenta esconder os verdadeiros interesses pelos lucros” (BOURDIEU, 1983, p. 143). Por exemplo, hoje, têm-se diversas pessoas que vivem do esporte (direta ou indiretamente) além de atletas e treinadores.

Para o autor, as diferentes classes sociais dão significados diferentes aos esportes, portanto, há variações relacionadas aos fatores que tornam possíveis ou impossíveis assumir seus custos econômicos, culturais, e também a fatores de percepção e da apreciação dos lucros.

Por exemplo, no basquetebol, de acordo com Bourdieu (1983), pode-se caracterizar as diferentes categorias (mini, mirim, infantil, juvenil que são as categorias de base) como as transformações da oferta, ou até mesmo o interesse dos jogadores em se destacar na modalidade para conseguir chegar à seleção brasileira principal. E, as transformações da demanda, é o estilo que cada jogador possui dentro e fora das quadras, desde o seu cabelo, vestimenta, ao modo de falar, se expressar.

Bourdieu (1983, p.152) reafirma que o habitus é um estilo de vida e que distingue as classes populares das classes burguesas porque cada uma delas tem um estilo próprio de vida e exprimem “uma determinada posição no campo dos especialistas e também no espaço social”. Antes mesmo do estilo que cada jogador

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busca, a modalidade basquetebol já possui o seu próprio estilo. Ou seja, já está inserida em um determinado espaço social.

O ESPORTE NA ERA MODERNA

De acordo com Hobsbawn (1988), o esporte originou-se na Inglaterra (por volta do século XVIII e XIX) durante a Revolução Industrial que foi um período de grandes transformações. Nessa época, com as mudanças ocorridas, observam-se duas classes sociais distintas: a burguesia e o proletariado. E, o esporte surge nesse período de mudanças sociais e econômicas, tornando-se também um diferenciador de classes.

Por conseqüência disso, grandes mudanças ocorreram na sociedade inglesa e que mais tarde passou a ocorrer no cenário mundial. Constata-se nesse período histórico, que o esporte foi difundido rapidamente pelo mundo como um fenômeno da cultura. “Formalizado em torno desta época na Inglaterra, que lhe ofereceu o modelo e o vocabulário, alastrou-se como um incêndio aos demais países” (HOBSBAWM, 1988, p. 255).

O esporte passa a ampliar o pequeno círculo de famílias e conhecidos da classe média, e a permitir o encontro entre homens e mulheres (que antes aconteciam somente em casas) em lugares diferentes como, por exemplo, os clubes. Conseqüentemente, essas diferenças entre as classes entram no rumo dos esportes. Ou seja, cada classe passa a ter um estilo (habitus) de prática esportiva (BOURDIEU, 1983).

Desde os I Jogos Olímpicos de 1896, em Atenas, na Grécia, esse evento esportivo vem crescendo e muito em número e em importância. Hoje, além de ser um evento esportivo, também é econômico e político. A televisão teve grande influência nesse crescimento dos jogos, pois foi através dela que o evento atingiu rapidamente todas as partes do mundo, e conseqüentemente, elevou o interesse dos patrocinadores e ampliou a geração de capital (BETTI, 1991).

Betti (1984) citado por Betti (1991, p.50), diz que o profissionalismo dos atletas, o doping e outros fatores, só vêm a contribuir com o fim do fair-play. Diz ainda que “o esporte é a consagração objetiva da hierarquia, o esportista é imediatamente classificado pelo seu valor, estabelecendo ao resultado esportivo uma hierarquia visível e indiscutível”.

Hoje, os atletas não possuem vontades próprias, a sua vida é ditada e regrada pelo seu treinador, pelo seu clube e pelo seu patrocinador. Os dias de treino e o horário, a alimentação, o descanso, portanto, o seu corpo, já não é mais de sua autoridade, mas daqueles que têm “poder” sobre o atleta.

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Por isso, a figura do atleta vitorioso, com recordes, é importante e sempre deve ser exaltada, para que a sociedade se espelhe nele como um exemplo. Buscando assim, sempre maiores lucros.

Cavalcanti (1984) nota que o esporte moderno, hoje transformado em esporte espetáculo, é peça fundamental de uma industria esportiva voltada para o consumo de bens esportivos. Pode-se notar que tanto os jogadores como os telespectadores e a mídia, estão interessados em resultados, classificações e performance, distanciando-se das principais características que originaram os esportes. É “deixada de lado” sua história, os seus fundadores e idealizadores que tiveram e têm papel fundamental para a história do esporte.

HISTÓRIA DO ESPORTE MUNDIAL E NO BRASIL

A modalidade basquetebol foi inventada numa época em que os Estados Unidos buscavam sua identidade nacional, com a formação de um povo americano homogêneo. Estavam preocupados com a organização das cidades; da formação do sistema escolar e da existência de tempo livre. Por isso, algumas políticas foram implementadas, como por exemplo, a utilização dos esportes na construção dessa imagem. São estas características que contextualizam o basquetebol como uma prática do mundo moderno (SOUZA, 1991).

De acordo com Medalha (1989), devido o rigoroso inverno norte-americano, o professor Naismith foi convocado pelo diretor da Associação Cristã de Moços (ACM), a criar um jogo que pudesse ser praticado em local fechado.

O Naismith tinha como objetivo, a utilização de caixas como forma de alvo para obter os pontos da partida. Entretanto, as caixas não foram encontradas, apenas se encontraram cestas que eram utilizadas para a colheita de pêssegos que foram colocadas duas delas nas extremidades da quadra a 3.05 metros do chão (MEDALHA, 1989).

A difusão deste esporte é atrelada num primeiro momento a ACM e a imprensa escrita. Como também, a literatura registra que as tropas americanas na primeira guerra mundial divulgaram o jogo para o continente europeu, quando os soldados praticavam o basquetebol nos momentos de lazer (MEDALHA, 1989).

A profissionalização (1896) e a criação da Federação Internacional de Basquetebol Amador (FIBA) garantem expressividade à modalidade que por volta de 1926 somava-se 15 milhões de praticantes (SOUZA, 1991).

A parceria (esporte e televisão) faz com que na década de cinqüenta a dinâmica do jogo sofra significativas alterações devido à demanda do telespectador. O basquetebol, a partir da década de cinqüenta, se configura como um esporte diferente

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da sua primeira concepção, apresentando características de esporte – espetáculo (gestos técnicos) e esporte – rendimento (equipe técnica profissional, patrocínios, marketing, remuneração de atletas etc.).

No Brasil, o basquetebol foi trazido cinco anos após sua invenção (nos EUA), por Augusto F. Shaw que era bacharel em Artes pela Universidade de Yale, onde conheceu e teve contato com o basquete pela primeira vez. Dois anos após formar-se (1892), recebe o convite para lecionar no Mackenzie College, na cidade de São Paulo (MEDALHA, 1989).

Daiuto (1991) relata que o Brasil foi o primeiro país da América do Sul e o quinto do mundo a conhecer o basquetebol. Os primeiros jogos aconteceram entre as alunas do colégio Mackenzie. Os homens demoraram um pouco mais para aceitar esse esporte, já que era muito praticado entre mulheres. Para tanto, Shaw teve o trabalho de convencer os alunos de que “bola ao cesto” era uma atividade que poderia ser praticada tanto por homens quanto por mulheres. As primeiras regras em português só foram conhecidas quase vinte anos mais tarde, neste mesmo ano a ACM realizou o primeiro torneio da América do Sul ainda não oficializado (MEDALHA).

Medalha (1989) descreve que até a década de 40, o basquetebol brasileiro continuou de forma muito lenta, estando distante da popularidade e aceitação, pois era muito elitista. Na segunda metade do século XX é que o basquetebol reconheceria sua concretização, definindo um posicionamento hierárquico das entidades. O basquetebol brasileiro firma-se internacionalmente, principalmente depois do terceiro lugar obtido na Olimpíada de Londres em 1948 e do título do Pan-americano de Indianápolis, em 1987.

ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS

De acordo com os relatos obtidos pelos ex-técnicos: José Medalha e Edson Bispo dos Santos e o técnico Lula Ferreira da Seleção Brasileira, pode-se notar que o basquetebol passou por muitas mudanças desde a década de 50 com as primeiras equipes até os dias de hoje. O que ficou mais claro nesses depoimentos é a passagem do basquetebol amador para o profissional. No início os jogadores treinavam apenas algumas vezes por semana e em meio período. Como a prática do basquetebol não era remunerada, era necessário que eles desenvolvessem outras atividades remuneradas para ter o próprio sustento financeiro. Hoje, não é mais assim, o jogador treina período integral, portanto, recebe para isso. Ou seja, o esporte é uma profissão. Medalha diz que: “O nosso atleta de hoje é melhor preparado que os das seleções anteriores. Eles têm hoje, treinamento “full time””. Edson Bispo também fala sobre o esporte profissional: “hoje ele (jogador) recebe uma remuneração,

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dependendo do clube, uma boa remuneração que dá para ele se manter. No nosso tempo não existia. Tinha uma ajuda de custo da passagem. Eu jogava e comprava os meus tênis”.

A profissionalização do esporte levou as modalidades esportivas, em especial o basquetebol, a evoluírem. O jogo hoje deve ser mais atraente, mais dinâmico, para que o espectador possa apreciar uma plástica mais bonita. O que resulta principalmente, em maiores interesses da mídia, e, conseqüentemente, maiores investimentos financeiros pelos patrocinadores. Investimentos esses, que levam os clubes a aprimorarem os seus treinamentos técnicos e táticos, e também a um aprimoramento das estruturas físicas dos locais de treinamento.

Hoje, os jogadores são mais altos, mais fortes, com uma estrutura muscular mais desenvolvida para poder suportar o jogo que é de maior contato. Para que isso ocorra, é necessário um bom trabalho dos outros profissionais que passaram ser importantes no decorrer dos anos, como por exemplo, preparador físico, fisioterapeuta, nutricionista. O material esportivo usado pelos jogadores melhorou, Lula cita vários exemplos: “o tênis que o jogador usa, é altamente protetor para os pés do jogador, joelho do jogador...”, as camisetas e calções continuam parecidos, mas o material é diferente, os tecidos não absorvem o suor. Já as mudanças nas estruturas físicas também são muitas: “... por exemplo, o aro do basquete que recentemente passou a ser o aro retrátil (que a gente fala que agüenta o peso do jogador) que tem uma mola e que antigamente, era duro, rígido, se o jogador pendurasse ali quebrava o vidro na hora. Hoje não, o aro desce e propicia uma plástica mais bonita. Jogadores de 2,10m com 140Kg penduram no aro e ele desce e depois sobe. É uma mudança. O piso da quadra que é flexível, piso flutuante como é chamado. Nas boas quadras, o piso não é duro e isso aumenta a possibilidade do jogador jogar muito mais tempo do que no piso duro. A bola do jogo é desenvolvida de um material sintético de alta tecnologia que permite o jogador segurar a bola de uma maneira fácil, encaixa na mão do jogador, como agente fala. Então tudo isso acabou tendo uma interferência. A parte de cronometragem do jogo também mudou. Hoje os árbitros têm um equipamento que eles apitam e que é comandado por célula, então quando o árbitro apita e a célula automaticamente ouvindo o apito pára o cronômetro. As luzes que se acendem na tabela pra anunciar (na NBA é assim) que o jogo terminou, porque o árbitro está olhando para a tabela (e a bola está indo em direção também da tabela), e ele vê a luz e sabe exatamente o momento em que se encerrou o jogo”

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Tudo isso, é resultado de um avanço na tecnologia. O problema é que aqui no Brasil não existe ainda nenhum ginásio que seja completo. O que existe é um ginásio com tabela retrátil, o outro com o piso flutuante. A bola utilizada que é a nacional, já melhorou bastante, mas ainda, não

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é tão boa quanto a internacional. A capacidade de acomodar os espectadores não é boa, o que deixa muito a desejar nos locais dos jogos.

O basquetebol é um dos esportes que mais tem modificado suas regras, permitindo assim, sempre uma partida muito dinâmica. Assim como os jogadores evoluíram, os treinamentos e os materiais, as regras acompanham essas mudanças, para isso, o basquetebol criou uma comissão que sempre reavalia as regras dessa modalidade. Regras essas, que segundo Lula Ferreira: “... privilegia quem joga bem. Ela não dá oportunidade ao jogador que queira fazer alguma coisa desleal a jogar, e a regra contempla quem atingir o objetivo do jogo que é fazer cesta quando se está com a bola e evitar que se tome a cesta quando está sem a bola. A regra beneficia o jogador que queira atingir esse objetivo que o jogo tem”.

Foi realizada uma pergunta para os depoentes, buscando entender porque o basquetebol (que vinha muito bem) teve uma queda no rendimento por volta da década de 80. José Medalha diz: “Tivemos períodos de grande destaque da Seleção Brasileira, nas décadas de 60 e 70. Caímos um pouco no começo da década de 80...”. Eles disseram que não foi o basquetebol que teve uma queda, mas sim, os outros países que evoluíram e que permitiram uma maior competitividade. Para Lula Ferreira: “hoje, o cenário mundial mudou, porque com a divisão política da Europa, a Iugoslávia e a Rússia (que eram duas forças isoladas) se dividiram, mas não perderam a força. Ao contrário, surgiu a Croácia, surgiu a Lituânia da dissidência política que houve nessa divisão. Então outros países acabaram ficando bons também”. Ao invés de enfraquecer, que era o esperado, esses países se tornaram tão fortes quanto o antigo. Bourdieu (1983) explica que cada modalidade esportiva possui suas especificidades, suas leis próprias, interfaces com acontecimentos da história econômica e política, possuindo ainda uma certa autonomia histórica, eventuais crises e cronologia específica.

De acordo com os depoentes, ainda falta ao Brasil maior divulgação do basquetebol. Edson Bispo diz que “divulgado é pouco, porque como falamos você não tem um canal aberto (de televisão). A hora que tiver e apresentar os jogos dos campeonatos nacionais (que é um ótimo campeonato com equipes equilibradíssimas onde no interior lotam os ginásios, na capital já não lota tanto)..., então esses jogos precisariam passar ao vivo no canal aberto”. E Medalha também afirma dizendo que “o basquetebol é um esporte pouco divulgado, pouco aberto à população. Apesar disso tudo, o basquetebol tem bons resultados internacionais. Sempre tem sido um país de destaque.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O esporte surge na Inglaterra no período da Revolução Industrial, acentuando as diferenças entre a burguesia e o proletariado. Bourdieu (1983) afirma que os esportes que exigiam forças (como o rugby e o futebol) eram mais característicos das classes baixas, e os que necessitavam de um “refinamento” maior (como o golfe, o tiro) eram característicos das classes dominantes.

O Basquetebol surgiu em um período de inverno muito rigoroso nos Estados Unidos. O diretor da ACM, Dr. Gulick, convoca o professor Naismith, para criar um esporte que fosse praticado em lugar fechado durante o inverno, mas que no verão pudesse ser praticado também ao ar livre. Desde sua criação, o basquetebol vem conquistando significativo número de pessoas interessadas pela sua prática.

Na atualidade, pode-se notar que tanto os jogadores como os telespectadores e a mídia, estão interessados em resultados, classificações e performance, distanciando-se das principais características que originaram os esportes. É “deixada de lado” sua história, os seus fundadores e idealizadores que tiveram e têm papel fundamental para a história do esporte.

Na sociedade capitalista de hoje, o esporte tem um papel social e econômico de grande valor. É por conta dos esportes que muitos governos desenvolvem algumas das suas campanhas. E, hoje, o esporte também é responsável por novos mercados de trabalho que surgem cada vez mais. Enfim, o esporte espetáculo faz parte da nossa sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTI, M. A janela de vidro esporte, televisão e Educação Física.Campinas: Papirus, 1998.

________. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Editora Movimento, 1991. BOURDIEU, P. Como é possível ser esportivo? In: Questões de sociologia. Rio de Janeiro:

Marco Zero, 1983.

CADERNO TÉCNICO - DIDÁTICO BASQUETEBOL. Brasília: Secretária de Educação Física e Desporto, 1983.

CAVALCANTI, K. B. Esporte e Sociedade. Esporte para todos, 1996. DAIUTO, Moacyr. Basquetebol. São Paulo: Editora IGLU, 1973.

HOBSBAWM, E. A era dos impérios. 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. MEDALHA, José. Histórico e evolução do basquetebol masculino no Brasil: um estudo com base nos resultados da seleção brasileira - (1986 - 1988). São Paulo: Universidade de São Paulo, 1989. (Tese de Doutorado).

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REGRAS OFICIAIS DE BASQUETEBOL 1999-2000. Rio de Janeiro: Editora SPRINT, 1999.

SOUZA, A. M. Esporte espetáculo: a mercadorização do movimento corporal humano. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1991. (Dissertação de Mestrado).

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