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aspectos textuais da chamada oracao subordinada adverbial conformativa, segundo a classificacao de nossas gram~

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ASPECTOS SINTATICO-SEMAN'rICOS DAORAcAo CONFORMATIVA EM PORTUG~ - SUBSIDIOS PARA UMA GRAMATICA DE TEXTO

CILIA C. PEREIRA LEITE

REGINA CtLIA PAGLIUCHI DA SILVEIRA - PUC/SP

-aspectos textuais da chamada oracao subordinada adverbi-al conformativa, segundo a classificacao de nossas gram~ ticas, desde a N.G.B.

A problematica consiste no tratamento dado a nivel frasal, segundo urn criterio sintatico (a oracao conformativa e introduzida por conjuncoes subordinativas conformativas: como, conforme, segundo) que nos parece i~ suficiente para tratar da coerencia de textos com valor conformativo.

casos analisados, em que a modalidade tratada envolve vontade ativa, obediencia ativa e obediencia passiva.

Postulamos urna competencia textual e 0 tex-to sera vistex-to por nos como urna atividade de producao, i~ plicando assim a polifonia. Entendemos 0 textocomo urna dupla lateralidade: urna linearidade em que a relacao sin-tatica e responsavel pela coesao e urna alinearidade em que 0signo mais complexo e tecido pela coerencia.

(2)

Preocupados com a coerencia textual, exam!

naremos 0 tecido das modalidades em jogo.

Comecaremos por indagar: 0que e

conformi-Nossos dicionarios registram: qualidade do

que e conforme, qualidade de quem se conforma,

obedien-29 termo: conformado (em que "fazer" e mod~

lizado seja pela obediencia, seja pela concordancia)

Consideramos, para a analise, dois casos re

tirados de gramaticas portuguesas:

(1) "Fez 08 exeraiai08, aonforme 0

profe8-80r determinou" 1

(2) "Como diz

a

8abedoria popular, quem ae-do madruga, DeU8 ajuda." 2

1. A incompatibilidade: vontade/obediencia.

A incompatibilidade se descreve por

von-tade/obediencia, ja que ambas nao pertencem ao mesmo con

Em (1) alguem fazer exerclcios (deliber~

dor, vontade ativa) - alguem e quem, ao agir deliberad~

mente, produz os exerclcios. Na relacao actancial,temos:

(3)

vontade ativa) -- a1guem e quem, ao agir de1iberadamen-te, produz 0 dito.

Na re1acao actancia1, temos: Sujeit%£ jeto e moda1izacao pe10 "querer-fazer"

Ja

em: A1guem foi obrigado a fazer os e-xercicios (obediencia) -- a1guem

e

quem ao agir nao deli bera. Na re1acao actancia1 (S/O) ocorre a moda1izacao

-"dever-fazer".

Assim sendo, estao em jogo as moda1iza-coes do "fa~er" em que "querer" e incompative1 com "de-ver", resu1tando dai, para 0 actante sujeito: de1ibera-dor/nao de1iberador.

2. De1iberador nao de1iberador Incompatibi1idade

=

compatibi1idade 2.1 Re1acoes temporais tecidas por

cau-sa/conseqftencia.

(1) Fez os exercicios conforme 0 professor determinou Tempo anterior a determinacao do professor

(causa) quanto

a

feitura dos exercicios Tempo posterior ele fazer os exercicios seguindo

(conseqftencia) a determinacao do professor (con-comitancia temporal: fazer + de-terminacao do professor)

(2) Como diz a sabedoria popular, quem cedomadruga, Deus ajuda.

T~ anterior -- 0 dito da sabedoria popular (causa)

(4)

o meu dito segundo 0dito da sabedoria popular

(concomitancia temporal: fazer

+ 0 dito da sabedoria popular)

A causa/conseqUencia

e

tecida na r~ lacao com produtor/produto, ocorrendo 0valor resultati vo.

2.2 Modalizacoes do "faaer" resultantes

da compatibilidade conformativa.

Ao tornar compatlvel uma

incompati-bilidade, temos 0 encadeamento de modalidades, pela con

formidade.

Em (1) -- 0 professor determinar quanta

a

feitura dos ~ exercicios

(dever) + a feitura dos exerclcios segundo a determinacao do professor

(nao querer)

=

dever + nao querer + fazer

(0-bediencia passiva)

Conformante a determinacao quanta

a

feitura dos exerclcios

Conformado a feitura dos exercicios segui!!

do a determinacao do professor.

o

"faaer" conformado tem 0valor de madalizar 0 sujeito pela "obedienaia passiva". nao sen-do nem deliberasen-dor, nem criativo na relacao produtor/

(5)

vido

a

exigencia feita para a aprovacao escolar; contrario, ha sancao.

Em (2) -- 0 dito da sabedoria popular (dever) + 0 meu dito seguindo 0dito da sabedoria popular(qu~ rer)

dever + querer + fazer (obediencia ativa) Conformante 0dito da sabedoria popular

o meu dizer seguindo 0 dito da sabedoria popular .

.No "fa z e1'" conformado, ha 0valor de modalizacao do sujeito pela "obedienaia ativa",nao sen-do criasen-dor sen-do dito, mas deliberador por concordar: qu~ rer fazer.

Asmodalidades nos dois casos anali sados se processam pelas conformidades:

vontade

>

obediencia

Em (1) querer fazer (vontade ativa)

>

dev~ + nao que-rer + fazer (resignacao, obediencia passiva) Em (2) querer fazer (vontade ativa)

>

dever + querer +

fazer (acordo, obediencia ativa)

2.3 Associacoes/dissociacoes resultan-tes das modalizacoes do "faze1'" pela conformidade.

Tendo por principio que nenhum tex-to

e

ingenuo, mas que a coerencia

e

tecida pela condi-cao referencial, estabelecida pela intencao do locut~,

(6)

examinemos estes casos, buscando as relacoes

associati-vas e dissociatiassociati-vas com 0 valor argumentativo. Pelo pre~

suposto (pp) associa-se; dissocia-se pela informacao

no-va (in).

Em (1) -- ~ssociacao (pp) - 0 aluno fazer os exercIciosl

dissociac~o (in) - seu fazer nao

e

livre, mas "obedienaia passiva"

a

de-terminacao do professor.

Em (2) -- associacao (pp) - 0 povo

e

sabio ao dizer alga ,(avoz do povo

e

a voz de

Deus)

duo nao

e,

mas eu digo 0 que o povo di'z: pelo "aaordo",

eu, como indivIduo, sou tao

sabio quanto 0 povo.

Os mecanismos de associacao e

disso-ciacao tecem unidades dialogicas no texto pelo implIcito

e explIcito, dependendo do jogo de imagens que 0 locutor

faz, a fim de interagir com seu interlocutor. Assim,

pa-ra 0 turnol • consideramos 0 discurso atribuIdo pelo

lo-cutor ao interlolo-cutor; e no turn02, 0 discurso do

locu-tor que interage no anterior.

Em (1) -- turnol - 0 aluno fazer os exercIcios ("vontade

ativa" para 0 fazer)

turn02 - 0 aluno fazer os exercIcios

(7)

Em (2) -- turnol - 0 que voce diz nao

e

sabio; a sabedo ria

e

do povo ("vontade ativa" para 0

dizer)

turn02 - 0 que eu digo

e

sabio porque estou de acordo com a sabedoria popular (0 di-zer

e

modalizado pela "obedienaia ati

va". )

3.1 A coerencia textualdaconformativa, nos casos propostos, tem 0 valor de argumentar com 0 in-terlocutor, fazendo-o abandonar dados de sua experiencia, reformulando-os a partir de associacoes/dissociacoes.

3.2 0 signo textual mais complexo

e

te-cido por causas/conseq~encias que tem 0valor de tornar compatlvel e conformada, a incompatibilidade: vontade/o-bediencia.

3.3 0 spjeito deliberador (vontade ati-va), ao ser conformado, implica modalizacoe~ para 0 pro-ceder verbal (fazer), segundo a sintagmatica ou a nega~! va:

querer + fazer (vontade ativa)

dever + nao querer + fazer (obediencia passiva) dever + querer + fazer (obediencia ativa)

A compatibilidade cria, dependendo das modalizacoes, zonas de interseccao, decorrendo dal

(8)

graus de deliberacao de urn"fazer": vontade ativa,obedie!! cia ativa/obediencia passiva.

3.4 Estas zonas de interseccao persua-dem 0 interlocutor de que 0 "fazer" e conseqftencia (re-sultado) de urna causa ("dever"), cancelando-se assim, em graus diferentes a "vontade ativa".

Logo:

a) dever fazer "x" + "querer nao f~ zer "x" + "querer fazer "y" + "fazer "y" = vontade ati-va.

Ex: "Nao pago impostos aonforme a lei".

b) dever fazer "x" + "nao querer f~ zer "x" + "fazer "x" = obediencia passiva.

Ex: "Pago impostos aonforme a lei". (ha valor de confor-midade pela "resigna~ao", devido as sancoes impos~ tas. )

cia ativa.

Ex: "Goncordo em pagar impostos aonforme a lei". (ha va-lor de conf~rmidade palo "aaordo".J

3.5 Pelo exposto, parece-nos que urn cr! terio sintatico, a nlvel de frase, nao

e

capaz de dar CO!! ta das modalizacoes conformativas. Em "nao pago impostos aonforme a lei", ha 0 conformativo "aonforme" e nao ha valor de conformidade para 0 "pagar".

Acreditamos, portanto, ser necessa-rio buscar regras de organizacao textual,

(9)

diferenciando-COQUET, J.C. Prolegomenes

a

l'analyse modale - Ie sujet ennoncant. Paris, EHESS-CNRS, 1979 (Documents de

re-l'Institut de la Langue Francaise, 3)

FAVERO, L.L. e KOCH, I.G.V. Linguistica textual: intro-ducao. Sao Paulo, Cortez, 1983 (A Gramatica Portugu~

Globo, 1976.

SILVEIRA, R.C.P. da. Ensine de gramatica a partir do texto - subsi-dios

a

teoria da

redaQao.

sao Paulo, Cortez, 1980. (A Gramati-ca Portuguesa na Pesquisa e no Ensino, 2).

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