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A PERCEPÇÃO DOS FAMILIARES/RESPONSÁVEIS SOBRE A RELAÇÃO COM A ESCOLA. RESUMO

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A PERCEPÇÃO DOS FAMILIARES/RESPONSÁVEIS SOBRE A RELAÇÃO COM A ESCOLA.

Hellen da Rosa Schmitt1 Rosinete Costa Fernandes Cardoso 2

RESUMO

O presente artigo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa documental com abordagem quanti-qualitativa e análise descritiva de dados sobre a percepção dos familiares/responsáveis frente à relação com a escola, fornecidos pela 19ª GERED, do município de Tubarão-SC, a partir de um levantamento realizado no ano de 2011. O problema de pesquisa se constitui na interrogação “Qual a percepção de familiares/responsáveis sobre a relação estabelecida com a escola?”. Traçou-se como objetivo geral “Conhecer a percepção de familiares/responsáveis sobre a relação estabelecida com a escola”, e como específico “Verificar se os familiares se sentiam acolhidos e estavam a par do projeto pedagógico da escola, bem como, o que esperam da escola frente à formação de seus filhos ou dependentes." Optou-se por esta temática devido o interesse de conhecer como os familiares e responsáveis percebem o papel da escola, e se estão satisfeitos com o acolhimento por parte da instituição. É bastante comum profissionais da educação relatarem que nem todas as famílias costumam ser participativas na formação de seus filhos/dependentes, e que esta realidade pode impedir um desenvolvimento mais integral do aluno ou aluna. Considerando a importância da atuação familiar nos processos decisórios e de acompanhamento de seus dependentes, esta pesquisa possibilitou conhecer alguns olhares dos familiares/responsáveis sobre a relação com a escola. Conclui-se que estes, em sua maioria, percebem a escola como um espaço de educação, e possibilidade de um futuro melhor, vinculado ao mercado de trabalho e qualidade de vida, embora em menor número, associou-se também a um espaço de desenvolvimento do conhecimento e formação do cidadão, conforme relatos dos participantes desta pesquisa.

Palavras-chave: Escola. Participação. familiares/responsáveis.

1

Acadêmica(o) Hellen da Rosa Schmitt do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). E-mail: hellen.schmitt@hotmail.com

2

Professor(a) Rosinete Costa Fernandes Cardoso, Mestrado em Educação, da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). E-mail: rosinete.cardoso@unisul.br

(2)

2

1 Introdução

O presente artigo foi desenvolvido com base na pesquisa de Avaliação Institucional realizada pela 19ª GERED de Tubarão-SC, cujo objetivo geral foi “Refletir sobre o papel de cada um e da escola como um todo perante a sociedade considerando sua identidade, contexto no qual se insere e missão”. Identificada à importância desta temática, se propôs a verificar como a comunidade, em especial os familiares/responsáveis, envolvidos com as instituições de ensino da região percebem a relação com a escola e o papel desta na formação de seus filhos.

A família e a escola são parceiros fundamentais para o sucesso escolar e social da criança, formando uma equipe. Demonstrar o interesse pela vida escolar dos filhos é de suma importância para o desenvolvimento do aluno (SOUZA, 2002). A presença dos pais no ambiente de ensino reflete positivamente na sensação de segurança da criança em todo o seu processo de desenvolvimento educacional, pois ao perceber que os pais se interessam por seus estudos e por suas experiências escolares, podem desenvolver-se de forma segura e com uma boa auto estima.

Porém, é necessário conhecer os fatores históricos e culturais que contribuem para o distanciamento entre escola e familiares. Paro (2006) faz uma crítica no sentido de que, a própria escola pode favorecer tal distanciamento, quando não promove oportunidades de aproximação ou reforça a presença apenas passiva dos familiares, por exemplo, ao buscarem boletins escolares, sem maior envolvimento numa gestão democrática, e ou processos decisórios frente às ações pedagógicas.

Considerando que historicamente a escola também favoreceu uma espécie de “distanciamento” entre familiares e a instituição devido às relações de poder, por exemplo, da própria direção e estrutura hierárquica encontrada na escola, faz-se necessário pesquisar como os familiares percebem esta aproximação, vinculada ao papel da escola e também a maneira como são ou não acolhidos neste espaço.

Com base nas questões apontadas estabeleceu-se como objetivo geral “conhecer a percepção de familiares/responsáveis sobre a relação estabelecida com a escola”. E como específicos: analisar os dados coletados pela pesquisa sobre Avaliação Institucional aplicada nas escolas da 19ª GERED, em 2011 – 2012, a partir das questões, fechadas: os familiares/responsáveis consideram que a escola conhece sua família e acolhe-a? Os familiares/responsáveis conhecem a Proposta

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3 Pedagógica da escola? Como questão aberta foi proposta “Porque a escola é importante para o público alvo da pesquisa?”.

Utilizou-se como metodologia de pesquisa a documental, com abordagem quali-quantitativa, pois além da apresentação dos gráficos também foram feitas interpretações não numéricas sobre os resultados obtidos. Segundo Gil (2002) este tipo de pesquisa é realizada em documentos disponibilizados, e tem a finalidade de apresentar dados numéricos e qualitativos, como motivações e relatos de determinada realidade de acordo com as informações documentadas.

O processo de avaliação das escolas constituiu-se em uma parceria entre a Unisul e a 19ª GERED, materializada em um curso de extensão intitulado “Plano de avaliação institucional das escolas estaduais”. Os dados foram gentilmente cedidos pela Universidade e a 19ª GERED, de modo que subsidiassem a presente proposta de trabalho acadêmico. A população da avaliação institucional constituiu-se dos segmentos que compõem a comunidade escolar, quais sejam: Direção, Especialistas, Assistentes Técnicos Pedagógicos, Assistentes de Educação, Funcionários, Professores, Alunos e Pais, sendo que, para este trabalho, analisou-se as respostas do analisou-segmento Pais/responsáveis,a partir de uma amostra de 12 escolas pertencentes à 19ª GERED (Gerência de Educação) do município de Tubarão-SC.

Inicialmente serão apresentadas algumas sessões com embasamento teórico desta pesquisa, com textos que abordam o papel da escola e a relação desta junto aos familiares e responsáveis. Neste contexto foram utilizados autores como Paro (2001, 2005), Luck (2009), Vasconcellos (2006) e Zagury (2015), entre outros. Seguidamente foram destacados os procedimentos metodológicos, assim como a analise dos gráficos cedidos pela 19ª GERED de Tubarão-SC. Por fim, as considerações e referencial teórico deste artigo.

2 Familiares/responsáveis e escola: uma parceria necessária

A interação entre pais, alunos, comunidade e escola é culturalmente um desafio e pode influenciar no desempenho do aluno nos aspectos pessoais e estudantis.

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4 O espaço escolar é um dos únicos meios que possibilita o acesso aos saberes historicamente construídos, assim, é muito importante que a gestão escolar estimule e valorize a participação da comunidade, estando então melhor preparada para superar limites e avançar no esforço coletivo por uma escola qualificada socialmente.

Para Luck (2009, p. 54) “[...] a participação constitui uma forma significativa de, ao promover maior aproximação entre membros da escola, reduzir desigualdades entre eles”, ou seja, quando pais e responsáveis participam efetivamente da vida escolar do aluno, a chance de qualquer dificuldade não se tornar um problema é muito grande, pois, quando presentes, todos os acontecimentos da vida escolar, como a supervisão da qualidade de ensino, a escolha dos gestores, seleção de colaboradores, acompanhamento da troca de professores, rendimento dos alunos e frequência, são acompanhados de perto, em tempo real, evitando “dores de cabeça” futuras.

Paro (2005) acrescenta que é importante compreender o tipo de participação da comunidade na escola, pois deve-se incentivar a autonomia familiar neste processo, ou seja, “[...] não basta, entretanto, ter presente a necessidade de participação da população na escola. É preciso verificar em que condições essa participação pode tornar-se realidade” (PARO, 2005, p. 40).

O autor ainda acrescenta que:

A participação da população na escola só conseguirá alguma mudança a partir da participação de pais e responsáveis pelos alunos, oferecendo ocasiões de diálogo, de convivência verdadeiramente humana. E a direção deve estar consciente de que, para a abertura dos portões e muros, a escola deve estar predisposta a mudanças na gestão e na forma de participação da comunidade. É necessário entendê-la como participação política, que deve ser entendida como direito de cidadania. (PARO, 2001, p. 47)

A educação e a inteligência são aprimoradas na Escola e muito deste processo de ensino-aprendizagem depende da relação dos pais com os filhos e dos pais com a Escola. Para Zagury (2015), enganam-se os pais e responsáveis que acham que educar é fazer grandes gestos ou então “falar bonito”, o mais importante é criar raízes profundas na conduta dos filhos, mostrar a maneira correta de agir, a

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5 ética e a honestidade perante os seus sentimentos com o outro, e de como você vê o mundo e demonstra-o para o seu filho.

Desta maneira, é importante frisar que, “a democratização se faz na prática”. Assim, a comunidade escolar, os trabalhadores, tem que se envolver diretamente com os problemas de sua escola, se interessar com o desenvolvimento diário da escola, pois “[...] a democracia só se efetiva por atos e relações que se dão no nível da realidade concreta” (PARO, 2001, p. 18).

Assim como Paro (2001), Vasconcellos (2006), também destaca a importância da gestão democrática como meio de aproximação da escola e comunidade, fazendo-se necessário mudar algumas concepções “enraizadas historicamente” sobre o papel da escola e de seus gestores. Pois o cenário atual exige um olhar para a realidade concreta, sem tanto distanciamento entre o que acontece no cotidiano da escola com o que é proposto teoricamente.

Neste contexto “[...] ocorre que o papel da teoria deve ser exatamente este: tentar captar o movimento real para nele intervir” (VASCONCELLOS, 2006, p. 15).

Entretanto, se todos querem uma escola transformadora, precisa-se transformar a escola que se tem. E essa transformação não depende somente da escola, e sim do conjunto, familiares/responsáveis, alunos, escola e a sociedade.

Outro aspecto importantíssimo da dificuldade da participação da comunidade na escola refere-se ao provimento de condições para que os membros das camadas exploradas participem da vida escolar. Não basta permitir formalmente que os pais de alunos participem da administração da escola; é preciso que haja condições materiais propiciadoras dessa participação (PARO, 2006, p. 13).

Mesmo que os interesses entre os grupos que convivem no ambiente escolar sejam iguais, isto não implica na melhoria imediata das condições da unidade escolar ou mesmo num ambiente de profunda harmonia. É preciso a ação conjunta para buscar a concretização das metas e despir-se da concepção ingênua de que a escola é uma família exalando amor, e que bastando um pouco de vontade e sacrifício não haverá conflitos (PARO, 2006).

O que nós temos hoje na escola pública é um sistema hierárquico que coloca todo o poder nas mãos do diretor. Esse diretor é considerado a autoridade máxima no interior da escola, e isso lhe da grande poder e

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6

autonomia, sendo um preposto da autoridade do Estado. Esta regra de gestão, astutamente mantida pelo Estado, confere um caráter autoritário ao diretor, na medida em que estabelece uma hierarquia entre ele e a comunidade escolar, onde sua figura é de chefe, contribuindo para uma imagem negativa da pessoa do diretor, que é confundida com o próprio cargo. A função do diretor na escola é a mesma desempenhada pelos intelectuais da classe dominante (PARO, 2001, p. 11).

Segundo o mesmo autor, a falta de aproximação do ser humano, em ouvir o outro e receber suas opiniões, explica o possível fracasso de alguns gestores que pensam em agir em nome da comunidade sem antes escutar os grupos favorecidos e dar-lhes a devida atenção no processo de participação escolar (PARO, 2006).

A interação deve-se partir, preferencialmente, da escola para melhorar a relação com o educando e os pais. A instituição deve criar um ambiente receptivo à participação, de modo que as famílias e as crianças possam se sentir aceitas.

Para o autor Paro (2006), no desenvolvimento do ensino pautado numa gestão democrática é essencial que a avaliação do processo de aprendizagem ocorra de modo contínuo, sistemático e gradativo, vinculado ao processo de planejamento e desenvolvimento do ensino, ou seja, o autor afirma que a escola só será verdadeiramente pública quando a população “escolarizável” tiver acesso geral e indiferenciado a uma boa educação escolar.

De acordo com o autor, também é importante lembrar que em relação à participação da população na gestão da escola pública ou na sua falta, e que na maioria das vezes não é dito, é o fato dos pais ainda terem muito medo perante a Instituição escolar, ou em envolver-se nesta (PARO, 2006).

Diante disto, e sabendo que a participação democrática na escola não se dá espontaneamente, “[...] coloca-se a necessidade de se preverem mecanismos institucionais que não apenas viabilizem, mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública” (PARO, 2006, p. 46).

3 A percepção dos familiares/responsáveis sobre o papel da escola

Familiares responsáveis por alunos de escolas públicas da rede estadual do município de Tubarão, SC, manifestaram suas percepções sobre a relação com a escola. Na sequência, apresentam-se tais entendimentos.

(7)

7

. No gráfico 1 apresenta-se o julgamento dos pesquisados sobre a importância da escola. A pergunta, aberta, oportunizou aos respondentes, espaço para descreverem seus posicionamentos. A partir do conjunto de respostas foram criadas três categorias que melhor representam as respostas fornecidas.

GRÁFICO 1: IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA OS PESQUISADOS

Fonte: Fornecido pela 19ª GERED de Tubarão – SC (2017)

Percebe-se que a maioria, 42% dos entrevistados, associa a escola à possibilidade de um futuro melhor, o que pode estar vinculado, por exemplo, a inserção no mercado de trabalho, melhores condições financeiras e qualidade de vida. Para 32% a importância da escola se justificaria por representar a “Educação”. Cabe aqui um adendo, pois não é possível conhecer a concepção que os participantes da pesquisa possuem sobre o que é educação, tendo em vista que se trata de um conceito amplo e com várias vertentes. Dentre as colocações apresentadas pelos familiares nesta categoria “A escola é importante para dar educação ao meu filho”, não nos permite saber exatamente de que tipo de “educação” este familiar se refere, se a formal, a não formal ou a informal3

,

3

formal: os processos educativos que se desenvolvem nas escolas e são sistematizados, prevendo a certificação.

32%

42% 26%

PERGUNTA ABERTA:

PORQUE A ESCOLA É IMPORTANTE?

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8 entretanto, é possível depreender que estes familiares/responsáveis creditam à escola uma responsabilidade bastante abrangente. Isto pode ser uma consequência da omissão do Estado em outras frentes de cunho social, o que acaba por remeter ou desembocar na escola problemáticas as quais carecem da participação de outras instituições para sua resolução.

Muito embora não tenha sido o índice mais expressivo, a indicação dos familiares/responsáveis, 26% destes, de que a escola representa o conhecimento, nos lembra da função social da escola: socializar os conhecimentos produzidos pela humanidade.

Segundo (2008) o papel da escola vai além de fornecer um futuro melhor em aspectos individuais para o aluno, pois tem como foco o desenvolvimento social, portanto coletivo, cultivando conhecimentos da historia da humanidade, mas de maneira significativa e atuante diante das necessidades sociais.

A escola é uma organização social constituída pela sociedade para cultivar e transmitir valores sociais elevados e contribuir para a formação de seus alunos, mediante experiências de aprendizagem e ambiente educacional condizentes com os fundamentos, princípios e objetivos da educação. O seu ambiente é considerado de vital importância para o desenvolvimento de aprendizagens significativas que possibilitem aos alunos conhecerem o mundo e conhecerem-se no mundo, como condição para o desenvolvimento de sua capacidade de atuação cidadã. (LUCK, 2009, p.20)

No gráfico 2, consta a representação obtida com base nas respostas dadas à interrogação sobre o conhecimento da equipe escolar em relação aos familiares/responsáveis.

Não formal – processos educativos desenvolvidos em outros espaços educativos, além da escola, voltados a questões relacionadas à cidadania e sociabilidade, por exemplo, que não resultam em certificação formal.

Informal – processos educativos que ocorrem nos relacionamentos estabelecidos pelo indivíduo na família e em outros grupos ao qual pertence.

(9)

9

GRAFICO 2: FAMILIA CONHECIDA PELA EQUIPE DA ESCOLA

Fonte: Fornecido pela 19ª GERED de Tubarão – SC (2017)

Considerando a amostra de 625 participantes, é bastante significativo o índice de 12%, aproximadamente 75 familiares/responsáveis que afirmam não serem conhecidos pela quipe escolar, ou seja, professores, gestores e demais profissionais da instituição. E ainda, se somarmos aos 7% que optaram pelo conceito raramente e aqueles, 17%, que não souberam responder, constiui-se um número alarmante de familiares que parece ter uma relação bastante distanciada dos profissionais envolvidos na educação escolar de seus filhos ou dependentes. Sendo que, apenas a metade da amostra, 50%, afirma ser frequente no conhecimento de tal equipe.

Esta realidade dificulta o que Paro (2006) defente acerca de uma escola que se caracteriza como um espaço de participação comunitária e democrática. Reforçando assim a necessidade de se pensar em medidas para promover uma aproximação mais frequente dos familiares, ainda que, o cenário histórico e cultural contribua para tal distanciamento . Há de se destacar a iniciativa de muitas escolas que promovem assembléias, reuniões, festas, eventos culturais, e outros encontros, para estreitar os laços com a comunidade. Por outro lado, é preciso ressaltar que, a

50% 11% 7% 12% 17% 3%

A equipe da escola conhece minha

família

(10)

10 queixa de que os familiares/responsáveis não participam da vida escolar dos filhos é bastante frequente no meio escolar.

A pesquisa, já mencionada neste trabalho, indagou, também, sobre o atendimento dado aos familiares/responsáveis.

GRÁFICO 3 – ATENDIMENTO NA ESCOLA

Fonte: Fornecido pela 19ª GERED de Tubarão – SC (2017)

O gráfio 3 mostra que 76% dos participantes afirmam ser sempre bem atendidos, enquanto 15% aponta que quase sempre isso acontece. Portanto, a maioria está satisfeita com a recepção da escola.

O bom atendimento reflete o que Paro (2006) destaca sobre a importância de valorizar a aproximação da família nas instituições de ensino, pois há uma tendência a se tornar mais frequente tal participação quando a comunidade se sente acolhida pela escola. Destaca-se o índice de 7%, obtido pela soma dos conceitos

Raramente, Nunca e Não sei, que parecem denunciar a insatisfação de alguns

familiares/responsáveis quanto ao tratamento recebido na escola.

Para Melchior (2015) é possível perceber que o envolvimento familiar com a escola também esta vinculado a maneira que esta se sente ao ser recebida na

76% 15%

4% 2% 1% 2%

Sou bem atendido na escola

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11 instituição. Em situações por exemplo, que há desorganização tanto no espaço fisico de acolhimento quanto na maneira os profissionais da educação recebem os familiares em reuniões coletivas e ou individualmente, acaba desfavorecendo esta aproximação.

Dentre os questionamentos realizados pela pesquisa, no gráfico 4, observa-se o percentual sobre cohecimento da proposta pedagógica da escola por parte dos familiares. Os resultados foram bastante divididos.

GRÁFICO 4: CONHECIMENTO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA

Fonte: Fornecido pela 19ª GERED de Tubarão – SC (2017)

Percebe-se que 30% responderam, conhecer, 17% afirmaram que nunca, 13% raramente e 16% não souberam responder - talvez pelo fato de desconhecerem inclusive o que seria isto - totalizando, então, mais da metade da amostra, que desconhece ou possui raras informações sobre o que seria a “proposta pedagógica”.

Isto revela a distância que pode existir entre familiares/responsáveis e o conhecimento sobre o papel da escola, e inclusive, do papel da própria familia. Conforme Vasconcellos (2006) este cenário é bastante comum, tendo em vista o

30% 19% 13% 17% 16% 5%

Conheço a proposta pedagógica da

escola

(12)

12 papel histórico que a escola adquiriu se tornando uma instituição de caráter autoritário, elitista, uma espécie de detentora do conhecimento, com ideologias que na maioria das vezes não são conhecidas concientemente pela sociedade.

Segundo Vasconcellos (2006, p. 17), o projeto político pedagógico:

[...] é o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar, a partir de um posicionamento quanto à sua intencionalidade e de uma leitura da realidade. Trata-se de um importante caminho para a construção da identidade da instituição. É um instrumento teórico-metodológico para a transformação

O projeto político pedagógico (PPP), segundo o mesmo autor, constitui-se em um documento onde consta o embasamento teórico que a escola utiliza como fundamentação de suas práticas, ou seja, os métodos de ensino e aprendizagem, avaliação, visão, valores, dentre outras informações pertinentes inclusive aos aspectos históricos da instituição. Além destas informações também estão descritas as caracterísiticas sobre o patrimônio, estrutura física da escola, e quadro de profissionais da educação.

Vasconcellos (2006) ainda critica a maneira como os discursos acadêmicos, e teorias apresentadas em projetos políticos pedagógicos não são de domínio dos demais agentes da escola como familiares, e comunidade em geral. O grafico 4 demonstra o quanto estas colocações são reais, pois a maioria dos entrevistados, desconhecem a proposta pedagógica da escola de seus filhos e ou dependentes.

Considerando a distância entre a escola e a família assim como a urgente necessidade de aproximar a escola da realidade social em que está inserida, o projeto político-pedagógico se constitui no principal instrumento de interação entre família, escola e governo. As palavras que compõe o nome deste documento resumem a relevância do mesmo na orientação da vida escolar. É projeto porque determina aonde a escola quer chegar, que caminho pretende utilizar para isso e em que espaço de tempo. É político, pois assume o papel da educação de formar cidadãos atuantes e críticos. É pedagógico porque conecta as ações e atividades escolares ao processo ensino e aprendizagem para alcançar os objetivos, ou seja, une as aspirações aos meios de concretizá-las. (VASCONCELLOS, 2006)

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13 Sendo assim, a construção do PPP é a maneira objetiva de aproximar a família da escola tendo em vista uma gestão democrática e a efetiva participação da comunidade.

No projeto estão definidas metas, ações, formas de avaliar, sempre de maneira flexível, pois trata-se de uma realidade que vai se construindo ao caminhar na dinâmica das relações pessoais e históricas de todos os sujeitos envolvidos no cotidiano escolar. Não é, portanto, um documento pronto e restrito à administração da escola, mas sempre passível de revisão e consulta por qualquer membro da comunidade.

O projeto político pedagógico, precisa ter o caráter de um documento formal, quando bem elaborado, explicita que a escola é democrática e por assim ser valoriza as diferenças e estimula a participação dos pais e da comunidade escolar para garantir um ensino de qualidade e igualdade de oportunidades para todos.

Considerações finais

A realização desta pesquisa possibilitou conhecer um pouco do cenário atual do município de Tubarão-SC, sobre a aproximação dos familiares/responsáveis com a escola. A pesquisa foi com base em documentos registrados, fornecidos pela 19ª GERED, em levantamento realizado no ano de 2011, posteriormente dispostos em gráficos.

Conforme as leituras e análises dos resultados percebe-se que as famílias, muito embora reconheçam a importância da instituição escolar, desconhecem a proposta de trabalho em desenvolvimento, pois a grande maioria desconhece o projeto político pedagógica da escola. Entende-se que não há como atuar significativamente, enquanto família, sem ter ciência do embasamento teórico e prático, das ideologias adotadas pela escola. Não que se pretenda exigir dos familiares conhecimentos aprofundados, por exemplo, sobre as teorias da aprendizagem ou algo similar, mas os valores, objetivos, propostas de métodos de ensino em sala de aula, conteúdos, dentre outras informações, são perfeitamente possíveis de serem compreendidas por famílias participativas.

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14 A escola ainda é vista por diversos familiares como um espaço totalmente responsável pela “educação” (no sentido de valores, comportamentos, regras e limites) dos alunos, assumindo assim a responsabilidade dos pais e ou cuidadores, como interferentes nestas questões. Já outras famílias, visualizam a escola como a possibilidade de crescimento profissional de seus filhos e ou dependentes. Destaca-se, contudo, que 26% conforme o gráfico 1,dos pesquisados apontaram a relação entre escola e formação do cidadão, e ou transformação social por meio do conhecimento.

Aponta-se a necessidade de promover uma participação mais atuante dos familiares e da comunidade na escola, porém esta ação depende da gestão escolar, a qual precisa desenvolver uma administração democrática se desvinculado do modelo histórico, onde em especial a figura do diretor ou da diretora é vista como uma detentora de poder, autoritário e centralizado. Enquanto este modelo não for modificado, a aproximação familiar tende a não acontecer de maneira atuante.

O objetivo geral de conhecer a percepção de familiares/responsáveis sobre a relação estabelecida com a escola, foi alcançado, e constatou-se que a maioria associa a escola como um espaço para o desenvolvimento social, porém com enfoque na carreira profissional ou um futuro melhor, e, em menor número, como um espaço que fornece educação aos seus filhos e ou dependentes. Os pais/responsáveis afirmam, em sua maioria, que são bem recebidos e acolhidos na escola. Em relação ao projeto pedagógico, percebe-se que a maioria dos respondentes, não o conhece, o que aponta a necessidade inicial da escola de promover maior aproximação das famílias para que possam conhecer, por exemplo, o projeto político pedagógico, e se inteirar sobre o que a escola propõe na formação de seus filhos e dependentes.

Também, faz-se necessário desenvolver mais pesquisas, para conhecer as motivações apontadas por estes familiares, tanto aos que se fazem presentes no processo de formação de seus filhos, quanto aos que não participam. O que poderia contribuir futuramente, para ações da própria gestão escolar como meio de aproximação entre escola e família.

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Referências

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Lei Federal nº

9.394/96 e legislação congênere. Brasil. (2014). Disponível em:

<https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Anexos/03fe25bf-f2c9-459a-bee2-f00c1b0b2a0e.pdf>. Acesso em: 25 maio 2017.

LUCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009.

MELCHIOR, Gabriela Piazera. A participação da família na escola de educação

infantil. (2015). Disponível em:

<http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br/2015/08/a-participacao-da-familia-na-escola-de.html>. Acesso em: 22 maio 2017.

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática na escola pública. São Paulo: Ática, 2001.

______. Gestão democrática na escola pública. 3.ed. São Paulo, Ática, 2005.

______. Gestão democrática da escola pública. 3.ed. São Paulo: Ática, 2006

PORTAL EDUCAÇÃO.Gestão democrática e participativa na escola. (2014).

Disponível em:

<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/gestao-democratica-e-participativa-na-escola/56866>. Acesso em: 06 out. 2017.

SOUZA, Jacqueline Pereira de. A importância da família no processo de

desenvolvimento da aprendizagem da criança. (2002). Disponível em:<http://www.apeoc.org.br/extra/artigos_cientificos/A_IMPORTANCIA_DA_FAMILI A_NO_PROCESSO_DE_DESENVOLVIMENTO_DA_APRENDIZAGEM_DA_CRIAN CA.pdf>. Acesso em: 20 maio 2017.

VASCONCELLOS, Celso dos S.Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2006.

ZAGURY, Tania. Escola sem conflito: parceria com os pais. 10. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.

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