Resumo: A justaposição dos excertos Electronicolírica e faz-se contra a carne e o tempo no título deste trabalho sugere um modus operandi caro à poética de HerbertoHelder: a tessitura combinatória. Trata-se de um estudo sobre a poesia experimental herbertiana, que privilegia a investigação do ludismo combinatório de uma escritura não avessa à consistência estrutural, mote para a reflexão sobre instrumentos de criação e processos compositivos acionados pelo / no espaço cibernético. Palavras-chave: Electronicolírica, HerbertoHelder, poesia experimental Abstract: The juxtaposition of the excerpts “Electronicolírica” and “faz-se contra a carne e o tempo” on the title of this work suggest a modus operandi precious to the poetics of HerbertoHelder: the combinatory texture. It is a study of the herbertian experimental poetry that privileges the investigation of a ludic combinatory of a writing not averse to a structural consistency, motto for reflection about instruments of creation and combinatory processes activated by/on the cybernetic space.
De novo me ajoelho e vejo os pés dos carrascos de um lado para o outro. Distingo as vozes do povo, a sua ingénua excitação. Escolhem-me um sítio das costas para enterrar o punhal. Estremeço de frio. Foi o punhal que entrou na carne e cortou algumas costelas. Uma pancada de alto a baixo do meu corpo, e verifico que o coração está nas mãos de um dos carrascos. Um moço do rei espera com a bandeja de prata batida estendida sobre a minha cabeça, e onde o coração fumegante é colocado. A multidão grita e aplaude, e só o rosto de D. Pedro está triste, embora, ao mesmo tempo, se possa ver nele uma luz muito interior de triunfo. Percebo como tudo isto está ligado, como é necessário que todas as coisas se completem. Ah, não tenho medo. Sei que vou para o inferno, visto que sou um assassino e o meu país é católico. Matei por amor do amor — e isso é do espírito demoníaco. O rei e a amante também são criaturas infernais. Só a mulher do rei, D. Constança, é do céu. Pudera, com a sua insignificância, a estupidez, o perdão a todas as ofensas. Detesto a rainha.
[...] poucas obras do século XX terão sido tão extremas nesta convicção de que para ser do mundo [...] para estar completa –, a obra deveria libertar-se de tudo o que não fosse a energia da matéria da poesia: linguagem, imagem (memória, figuração), som, ritmo. Mas, que essa matéria provém de um corpo que é carne sentiente, matéria que partilha a reverberação do som e das imagens, é o que o poema contínuo herbertiano narra ininterruptamente. E aí gera-se um efeito na aparência paradoxal: a narrativa decorrente deste processo de transmutação, ao mesmo tempo que externaliza o autor, faz da obra e das imagens que ela convoca o retrato indirecto de uma figura autoral afinal fortíssima, cujo estilo se define como memória singular, única, isto é, pelo acervo das imagens que o poema organiza e pelo modus faciendi que as transforma em organismo vivo, criado em forma. (MARTELO, 2016, p. 19).
No panorama português, o nome de HerbertoHelder (1930-2015) – que sintomaticamente frequentou o curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – surge, neste contexto, como inevitável paradigma dessa obsessão com um poema contínuo, constantemente reescrito 4 . Compreende-se, por isso, que um herdeiro do legado herbertiano, como Valter Hugo Mãe – também ele aliás com formação académica na área da literatura 5 – surja ainda marcado por essa ânsia da revisão, claramente assumida nos seus livros, encarados como “um corpo em mutação, dinâmico, orgânico, uma obra não acabada mas em permanente construção” (Lage, 2006: 19).
As práticas tradutórias haroldiana e herbertiana aceitam o luto da tradução absoluta em favor da felicidade de se traduzir a diferença, representando assim, segundo Ricoeur, a hospitalidade linguística, que é a aceitação da língua estrangeira dentro da língua materna como forma de alargamento de estruturas e formas, tanto poéticas quanto estéticas. A consciência dessa hospitalidade entre as línguas permite a compreensão do sentido não como algo imanente à obra, mas sim como algo que precisa ser construído e criado. A construção do sentido se dá por meio de metáforas e semelhanças entre o que está expresso na língua de partida e o que está expresso na língua de chegada. É no contato entre línguas distintas que a língua materna do tradutor irá se alargar para receber a língua estrangeira e assim propor uma nova leitura, uma nova criação poética. Além disso, é possível constatar que as práticas dos dois poetas possuem as mesmas particularidades presentes na tradução de poesia, no sentido de que ambos valorizam a leitura crítica e reflexiva das obras traduzidas, da mesma maneira que veem a tradução como uma partitura musical, onde somente o som, o ritmo e o tom das palavras serão levados em consideração, pois é deles que o sentido emergirá. Ao fazerem isso, Haroldo de Campos e HerbertoHelder deixam “o abrigo confortável das equivalências” (RICOEUR, 2011, p. 69) e partem rumo ao mundo da linguagem e dos signos, onde somente o tradutor-transcriador pode adentrar. Com isso, vemos que as práticas tradutórias tanto de Haroldo de Campos quanto de HerbertoHelder são exemplos de aproximação entre a língua materna e a língua estrangeira na expressão de uma tradução poética que propõe a ruptura das ideologias dominantes.
Tal transmutação significa, perante o leitor, a irrelevância da identidade, não simples- mente pessoal e biográfica, mas até no que diz respeito à função (de identificação) autoral extrínseca à obra, que tenderíamos a identificar com uma imagem de poeta ausente. Se o Ou que liga o nome de autor à ideia de Poema Contínuo não anula a função autoral que é própria desse nome, essa conjunção consegue no entanto reduzir tal função ao mínimo porque atrai o nome de autor para uma posição intrínseca à obra. O nome «HerbertoHelder» passaria, assim, a referir essa obra na qual a intensificação da experiência da subjectividade fora levada até ao ponto extremo de indistinção comunicante que «(…) há nalguns sítios de alguns poemas / abruptos, sem autoria» 10 . No nome expandido que é a equação «HerbertoHelder Ou o Poema Contínuo», Ou é uma disjunção inclusiva, pelo que desvaloriza o referente autoral e expõe um certo entendimento da relação com a escrita: a entrega sem restrições à voracidade de um percurso tão exaltante quanto mortífero, a transformação do nome de poeta em poema, «filho» da obra – ou, mais simplesmente, o outro nome da obra.
O poema em questão, texto que parece reivindicar uma aliança entre não só amigos, mas amigos poetas, indica, por meio de uma série de imagens que nos remete ao universo do ofício da escrita (os dedos, os livros, o talento), alguns dos topoi da poética herbertiana que mais de perto aqui nos interessa. A loucura (“Os amigos que enlouquecem e estão sentados [...]”), primeiro desses topoi que gostaria de assinalar, marca da desrazão dionisíaca que rege esta poesia, surge em simultâneo com a condição sentada dos amigos, condição que simbolicamente aponta para a situação criativa, como é possível notar em outros passos da obra de Herberto. Sendo assim, loucura e criação são tópicos correlativos, de modo que podemos inferir ser a criação uma espécie de loucura, ou um gesto por ela movido, o que faz do poema (o objeto criado) uma obra que resguarda sentidos à margem da lógica racional – organizadora do mundo profano do trabalho e da produtividade. A obra poética é, por assim dizer, em termos herbertianos, um anti-trabalho, uma ação geradora de improdutividade. Em Herberto, a criação é consumo excessivo, dispêndio. Talvez por esse motivo os amigos evocados tragam “os livros a arder para toda a eternidade”: imagem de ecos infernais que, por analogia, pode nos remeter a Lúcifer, o Príncipe das Trevas.
Resumo: Entre os poemas de HerbertoHelder em que há uma certa ênfase à relação entre as noções de mundo, de corpo e de linguagem, merece destaque Do mundo (2006), publicado pela primeira vez em 1978. Nele, há referências tanto a um mundo em gênese e formação quanto a um corpo orgânico que se move em seus processos de metamorfose. Todavia, tais imagens são produtos de uma construção que se dá por referências inconcretas. Estas, por sua vez, no devir de uma linguagem que irradia significações, enfeixam-se em um movimento de convergência que resulta em imagens como: o “corpo-poema”, ou o “poema-corpo”, e o “mundo-poema”, ou o “poema/mundo”; ou ainda o corpo-mundo- poema. Tais blocos de imagens materializam-se na poesia de HerbertoHelder pelos processos de fusões, transmutações e de metamorfoses porque passam a linguagem, o que ocorre na mesma medida em que as palavras tornam-se coisa, corpo, mundo; corpo-mundo naquilo que esses espaços possuem de afinidade, como reitera Maffei: “Um profundo vitalismo, assim, faz a ‘imagem’ possuir características de corpos vivos e do próprio universo, por sua vez também um corpo vivo.” 1 Apesar da
Este estudo visa aprofundar a linguagem herbertiana, relacionando-a com os símbolos elementares naturais. Propomos uma leitura dos elementos essenciais – a água, o fogo, a terra e o ar, juntamente com o quinto elemento, aqui entendido como o sangue – parte integrante da imaginação poética de HerbertoHelder, como arquétipos. O simbolismo material entra em diálogo com a metáfora, com as imagens e com a memória do eu. Apresentaremos um diálogo com transcendência poética seguindo a teoria elementar de Gaston Bachelard, explorando os devaneios do poeta madeirense e destacando temas incontornáveis como a infância, o amor, a mulher (amante e amada) e o ofício da escrita. Deste modo, explorar a vida vivida, em contraste puro com a morte, irá compor a força da palavra poética do nosso corpus.
objectos e dos corpos, a sua energia oculta aproxima a cada momento o início da vida e a morte; indiferentes ao tempo em que se situam carregam consigo essa eternidade capaz de explicar a origem e o caos, “o angélico e o demoníaco” (p. 579). Esta energia que de algum modo representa o espírito dos corpos e dos objectos encontra-se parcialmente identificada com o ar e com o vento (recorde-se o sopro da vida): “a luz do vento abria as searas profundas / encapelava o ouro”. O distúrbio provocado pelo movimento do ar (leia-se: capacidade criadora da palavra poética) ilumina os objectos, destaca deles o ouro, a essência e a perfeição representadas pelo metal conseguido à custa das transmutações do processo alquímico e neste processo o brilho significa intensidade, excesso de energia reunida para que se verifique a purificação: o brilho mantém-se ao longo de todo o percurso vertical em que os corpos e os objectos transitam: “os corpos são varas de ouro plantadas. / A seiva rutila nelas”. O tempo está neles, vivem intensamente pela memória, trazem consigo a disponibilidade e a capacidade de elevação: “os objectos eram espasmos / do espaço […] os corpos são varas de ouro”.
Só em 1339, tendo como cenário a Reconquista e a necessidade de apoio mutuo entre os dois monarcas, que, após uma guerra movida por D. Afonso XI contra Portugal e um tratado de paz, pôde D. Constança Manuel, finalmente casar-se com D. Pedro, em Lisboa, a 24 de agosto. Viverá com ele cerca de cinco anos, até 1345(?), data de sua morte, não se sabe ao certo se vitimada pela peste ou por consequência do parto do terceiro filho, futuro herdeiro do trono. Aquando de sua vinda para Portugal traz consigo três aias, uma delas será a amante de seu digníssimo esposo. A história do trágico amor entre Pedro e Inês atravessará gerações, ganhando espaço no vox populi, nas Artes, na Literatura, servindo de alimento para a História, até alcançar nossos dias sob epíteto de mito (CORRADIN, 2007).
quem pode ainda recomeçar seja o que for? O poema que se escreve – longo texto fluindo, denso e venenoso, a imitar a substância ao mesmo tempo vivificante e corruptora do sangue – não é sequer uma oferta dirigida a Deus. É a ironia, onde desliza a arma da nossa obscuridade. Tremenda força, essa. Escrevo o poema – linha após linha, em redor de um pesadelo do desejo, um movimento da treva, e o brilho sombrio da minha vida parece ganhar uma unidade onde tudo se confirma: o tempo e as coisas.
E m Photomaton & Vox, HerbertoHelder reúne uma série de tex- tos de naturezas e origens diferentes, construindo um livro de fo- lhetos com uma arquitetura complexa e instável. A montagem parti- cular do livro alinha num mesmo nível poemas, textos de poética au- toral e alguns quadros autobiográficos dispersos e fragmentários. Dispostos lado a lado, constituem uma rede de implicações que de- sestabiliza a leitura, fazendo com que todos sejam ironicamente colo- cados sob o signo da dúvida, da hipótese. Assim são também pensa- dos como ambíguos e plurais os biografemas de um sujeito que es- creve sempre sobre a sua experiência de escrita. O autobiógrafo fala enquanto o seu texto dura, movendo-se entre o silêncio anterior ao texto e o silêncio que o vai encerrar. Helder chama “(a morte própria)” ao último folheto de Photomaton & Vox e, falando ainda, inscreve aí o seu epitáfio. Depois deste, outros silêncios fecharam livros finais, que novamente foram abertos, recorrentemente, alternando escrita e silêncio, como vida e morte.
grafado com inicial maiúscula, como se se tratasse de um nome próprio. Este fato gera uma ambiguidade de partida, já que não há garantia de que o “Autor” em questão corresponda estritamente à pessoa empírica HerbertoHelder (modo de manifestação explícita). Considerando a variação do foco na dramatização do discurso: de primeira a terceira pessoa (em alguns momentos, a segunda pessoa também é evocada), lançamos a hipótese de que, no caso de Helder, uma investigação sobre si implicaria numa investigação sobre o humano, isto é, tratar-se-ia, levando a hipótese às últimas consequências, de uma investigação ontológica, em que, como aqui se apresenta, o indivíduo seria apenas uma parte do todo que se investiga. A ambiguidade, portanto, reside no fato de que a figura do Autor seria uma remissão, por um lado, a si próprio (HerbertoHelder na condição de autor), bem como, por outro lado, uma investigação – mediante a escrita – sobre as paixões, as formas de conhecimento e os percalços de caráter amplamente humano, sempre em relação com uma perspectiva totalizante.
A expansão da carga horária do aluno encontra-se no Plano Nacional de Educação (PNE) em vigor, Lei Nº 13.005, de 25 de Junho de 2014, com a meta de: “oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica.” (Brasil, 2014). Em 2013, na Superintendência Regional de Ensino de Divinópolis (SRE Divinópolis), em Minas Gerais (MG), a expansão da carga horária do aluno nas escolas estaduais já abrange 53 escolas (40% do total) para atender as diretrizes do Plano Decenal de Educação de Minas Gerais, Lei nº 19.481, de 12/01/2011, conforme orienta a Secretaria Estadual de Educação (SEE). Nesse contexto, esta dissertação apresenta os resultados de pesquisa realizada com o objetivo de analisar a expansão da carga horária com base no Projeto Educação em Tempo Integral (Proeti), implantado na SRE Divinópolis. Igualmente, busca identificar desafios para as equipes de gestão em promover uma maior aproximação a concepção da política de educação em temo integral e as especificidades em cada contexto escolar. Por meio da metodologia de abordagem qualitativa, descritiva e interpretativa, utiliza fontes documentais para caracterizar o estudo de caso. As entrevistas com atores educacionais das duas escolas selecionadas para a pesquisa propiciam reflexões sobre o contexto escolar onde se dão a implementação das políticas de expansão da carga horária. O suporte teórico de autores e estudiosos sobre gestão pública e formulação de políticas públicas amplia o campo de visão do estudo de forma a subsidiar a apresentação de um Plano de Ação Educacional (PAE) voltado para o aprimoramento e a expansão da jornada em tempo integral, na SRE Divinópolis. Ainda que singela a contribuição acadêmica, espera-se que a análise realizada possa se somar aos olhares dos atores educacionais que, nas escolas principalmente, lidam com os desafios cotidianos da implantação da política de expansão da carga horária.
The second issue of Poesia experimental, published in 1966, saw Ernesto de Melo e Castro join the team of editors alongside Aragão and Helder (with a cover designed by Ilídio Ribeiro and a text by Lewis Carroll on the back cover) and featured experimen- tal poems by the editors as well as by José-Alberto Marques, Luiza Neto Jorge, Salette Tavares, António Barahona da Fonseca, Álvaro Neto and Ana Hatherly. In addition, it included the off-print ‘Music and Notation’ by Jorge Peixinho, as well as contributions from the international guests Henri Chopin, Ian Hamilton Finlay, Mike Weaver, Pedro Xisto, Pierre Garnier, Haroldo de Campos, Emilio Villa and Edgard Braga.
A consciência deste deslocamento, pelo qual provisoriamente se abandona a janela da persona para que se ganhe distância quanto a ela, é sutil e indispensável. (Mais do que isso, não é indicador de inevitável resgate: posso descolar-me de meu papel para que seja meu próprio voyer. Não é sempre que o autodistanciamento provoca o voyant). Seu êxito é dificultado pela própria proximidade com a experiência genérica da persona-papel. O vir a cultivar a mão esquerdca, como se diz no poema de Cabral, porque a direita estava demasiado sabida, é uma estratégia muitas vezes necessária contra a proximidade excessiva da persona. (LIMA, 1993, p. 51)
O próprio ritmo da chora semiótica, retomada por Kristeva (1974), é fundamentalmente marcado por tal concentração dos pólos negativo e positivo, sugerindo ambiguidade e dualismo na sua economia pulsional. As descargas de energias que ligam o corpo, que ainda não é corpo próprio, à mãe são, ao mesmo tempo, assimilantes e destrutivas. A pulsão é, portanto, sempre ambígua. Segundo propõe a autora, o dualismo pulsional segue a configuração da dupla hélice das moléculas de ADN e ARN, fazendo da chora lugar de permanente cisão. A organização sensorio- motora do corpo semiotizado é, por exemplo, dominada pelas pulsões anais e orais em relação ao corpo da mãe, o mediador da lei simbólica. O mesmo ordenamento ambíguo se mantém em relação às pulsões de morte e de vida na chora, entendida na perspectiva platônica como receptáculo alimentar e maternal.
O engraçado é que, embora o esquerdismo repila os keynesianos, a repulsão não é mútua. O keynesianismo atrai os esquerdistas. O argumento de Mann examina aqui o longo caminho da crítica marxista usual do keynesianismo como sendo apenas uma sirene do reformismo ou um baluarte da contra- revolução. O autonomista Antônio Negri, por exemplo, afirmou que “a classe trabalhadora britânica aparece nos escritos de [Keynes] em toda sua autonomia revolucionária”; e que Keynes, por isso mesmo, planejou um remédio para o “antagonismo inerente da classe trabalhadora” que era mais sutil e mais eficaz do que a repressão autoritária das “classes dominantes imaturas”.