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GLUTAMINA E DO ÔMEGA-3 SOBRE A SEPSE 96 5 DISCUSSÃO

1.13 MECANISMOS ANTIOXIDANTES – GLUTATIONA

1.14.2 Ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 e ômega-

São duas famílias de ácidos gordurosos poliinsaturados (PUFA). Cada uma, representada por um ácido essencial: o ácido linoléico (família ômega-6) e o ácido alfa-linolênico (família ômega-3), que por sua vez, dão origem a outros ácidos essenciais de cadeias mais longas, chamados de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LCPUFA).

Os ácidos ômega-6 e ômega-3 são conhecidos como ácidos graxos essenciais, porque os humanos tal como os mamíferos, não podem sintetizá-los e, portanto, precisam obtê-los a partir da dieta (BRENNER, 1987). Os humanos e os animais carnívoros podem converter o ácido linoléico (LA, ômega-6) em ácido araquidônico (AA), e o ácido alfa-linolênico (ALA, ômega-3) em ácido eicosapentaenóico (EPA), ácido docosaexaenóico (DHA) e ácido docosapentaenóico (DPA). Ainda que seja reconhecida a competição entre as famílias ω-6 e ω-3 pelas mesmas enzimas de dessaturação (delta-6 saturase), estas preferem os ácidos ômega-3 em relação aos ácidos ômega-6 (FAGUNDES, 2002).

A família ômega-6 produz eicosanóides inflamatórios e cancerígenos, aumentando o risco de situações como: câncer, morte súbita, doenças cardíacas, vasoconstrição, aumento da pressão arterial, elevação da taxa de triglicerídeos, artrite, depressão entre outras doenças inflamatórias. Os ácidos graxos ômega-3 são antiinflamatórios, antitrombóticos, antiarrítmicos e reduzem os lipídeos do sangue, tendo propriedades vasodilatadoras. Esses efeitos benéficos foram demonstrados na prevenção de doenças cardíacas, da hipertensão, do diabete melito tipo 2, da artrite reumatóide entre outras (YEHUDA, 1997 apud FAGUNDES, 2002; CARVALHO, 2003).

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De acordo com vários estudos, as doenças degenerativas como diabete melito, artrite e o câncer, estão relacionadas em parte à desproporção da concentração dos ácidos ômega-6 e ômega-3 que constituem a alimentação humana na atualidade, ou seja, uma grande concentração de ômega-6 e uma escassez de ômega-3 (FAGUNDES, 2002; CARVALHO, 2003). Assim, segundo Simopoulos et al. (1999), é consenso científico de que é necessário reduzir a quantidade de ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 das dietas e aumentar a concentração de ácidos ômega-3.

Segundo Fagundes (2002), este desequilíbrio entre essas duas famílias de ácidos é “apenas parte do problema” relativo às doenças degenerativas. Ainda mais difícil é a previsão sobre os resultados finais deste desequilíbrio sobre a composição da gordura, uma vez que estes ácidos competem em humanos pela mesma enzima para dessaturação (delta-6 dessaturase), assim como, seus principais derivados (AA e EPA) também apresentam concorrência por um único sítio para sua dessaturação, realizada pela enzima delta-5 dessaturase.

Ômega-3 é encontrado em algumas sementes, alguns peixes e no leite materno. São constituintes de todas as membranas celulares e indispensáveis nos processos de regeneração celular. Suas maiores concentrações são encontradas nos tecidos nervosos. Estudos clínicos têm demonstrado que grande consumo de óleo de peixe pode estar relacionado com uma redução na incidência de doenças cardiovasculares e também à diminuição de doenças inflamatórias (McGORISK et al., 1996; UAUY e VALENZUELA, 2000). O óleo de peixe possui quantidades consideravelmente grandes de ácidos graxos ômega-3 e estes estão principalmente na forma de ácido eicosapentanóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) (ALEXANDER, 1998).

O ácido araquidônico (AA) dá origem tanto à PGE2 como ao LTB4, respectivamente através das vias cicloxigenase e 5-lipoxigenase. O EPA, um ácido graxo da série ômega-3 corresponde ao AA, pode inibir o metabolismo do mesmo de uma forma competitiva, pelas vias enzimáticas já citadas e assim suprimir a produção destes mediadores inflamatórios (ALEXANDER, 1998). O EPA é um substrato em potencial para a cicloxigenase produzir PGE3, que apesar de também possuir atividade inflamatória, sua síntese ocorre com baixa ou nenhuma eficiência. O EPA também é um substrato para a 5-lipooxigenase e pode levar à formação de LTB5, que possui ação inflamatória muito menor que o LTB4 (STENSON et al.,

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Os cientistas observaram uma incidência curiosamente baixa de doenças cardiovasculares entre os esquimós da Groenlândia, apesar de sua alimentação conter alto teor de gordura. O motivo seria sua alimentação constituída de peixes ricos em ácidos graxos ômega-3. Este foi o ponto de partida para maiores estudos sobre a importância do ômega-3 para a saúde humana. O ômega-3 é um suplemento alimentar indicado na prevenção primária e secundária da aterosclerose e da doença coronária (SPECHER, 1981; SIMOPOULOS, 2002).

Entre os ácidos graxos, o ômega-3 (ácido graxo poliinsaturado) é o que possui a mais potente atividade imunomoduladora e entre os ácidos graxos poliinsaturados - ômega-3, o ácido eicosapentanóico (EPA) e o ácido docosaexaenóico (DHA) são mais potentes, biologicamente, que o ácido alfa- linoléico (LA – da família ω-6). Alguns dos efeitos do ômega-3 são provocados através da modulação da quantidade e tipos de eicosanóides produzidos como já referidos, e outros efeitos são produzidos por mecanismos eicosanóides- independentes, incluindo ações em mecanismos intracelulares que sinalizam caminhos, atividade em fatores de transcrição e expressão gênica (SIMOPOULOS, 2002). Ao ser submetido a esforços intensos, o organismo, tanto dos ratos como dos homens, produz naturalmente uma série de substâncias e compostos químicos e bioquímicos, relacionados às lesões, como protaglandinas, tromboxanos e algumas enzimas. São substâncias mediadoras de processos inflamatórios, de estrutura semelhante aos ácidos graxos poliinsaturados ômega-3. A diferença é que os ômega-3 não estimulam processos inflamatórios. Quando o atleta adota uma suplementação dietética, portanto, o ômega-3 compete com os outros compostos na síntese bioquímica, mas sem produzir as lesões (SPECHER, 1981; SIMOPOULOS, 2002).

Diante do exposto, vê-se que é inquestionável a importância do conhecimento a respeito deste complexo processo que envolve a resposta metabólica e o estresse oxidativo no trauma e na sepse. Apesar dos recentes avanços no entendimento da fisiopatologia desta resposta, na grande melhoria tecnológica e científica no suporte artificial das funções orgânicas, pouco se tem avançado, de forma concreta, no sentido de diminuir a morbimortalidade decorrente destas agressões. As

30 investigações experimentais e clínicas sobre o uso de agentes que possam interferir na evolução deste processo é muito rudimentar. Apesar da escassez de estudos clínicos sobre os efeitos de antioxidantes na sepse, evidências sugerindo um papel importante das espécies reativas de oxigênio na sua patogênese e em suas complicações secundárias, como a SARA, justificariam mais estudos sobre a eficácia destas substâncias. Desta forma, destaca-se a importância de mais estudos experimentais e clínicos utilizando nutrientes isolados em doses farmacológicas (nutracêuticas), no sentido de evidenciar e caracterizar novos nutrientes que exerçam ação modificadora da resposta biológica do hospedeiro frente ao trauma e à sepse.

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OBJETIVO

Estudar os efeitos da L-alanil-glutamina e dos ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 e ômega-3 sobre a resposta metabólica e o estresse oxidativo em ratos Wistar submetidos ao trauma operatório e à sepse.

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MÉTODO

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